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O Brasil Jogo A Jogo
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E-book280 páginas3 horas

O Brasil Jogo A Jogo

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Sobre este e-book

Uma análise minuciosa sobre todos os 109 jogos que a seleção brasileira de futebol já participou na maior competição esportiva do planeta. Para quem não assistiu imaginar como foi e quem viu relembrar os momentos em que a “Canarinho” tanto nos alegrou e também por vezes nos fez chorar.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de jul. de 2021
O Brasil Jogo A Jogo

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    O Brasil Jogo A Jogo - Haley Brandenburg

    HALEY BRANDENBURG

    O BRASIL JOGO A JOGO

    (Detalhes de todos os jogos do Brasil em Copas)

    1

    2

    HALEY

    BRANDENBURG

    O BRASIL

    JOGO A JOGO

    (Detalhes de todos os jogos do Brasil em Copas) 3

    4

    A relação do brasileiro com a Copa do Mundo de futebol sempre foi algo especial. Não é pra menos. Afinal, somos o país mais vitorioso na maior competição mundial desse esporte. O

    fascínio que é exercido quando as camisas amarelas entram em campo atrai das camadas mais populares à elite. Até quem não se interessa por futebol durante quatro longos anos, na hora da Copa do Mundo para tudo e fica vidrado em frente à TV, torcendo, xingando e vibrando a cada gol da nossa seleção.

    E essa magia que esse livro pretende

    registrar. Todos os jogos que o Brasil fez em Copas. Escalações, ficha técnica, um breve resumo de como foi a partida e a descrição dos gols. Para quem não assistiu imaginar como foi e quem viu relembrar os momentos em que a

    Canarinho tanto nos alegrou e também por vezes nos fez chorar.

    Não perca mais tempo. Vire mais algumas

    páginas e comece a se deliciar com tudo que esse livro tem reservado de emoções.

    O autor.

    5

    Índice

    1930 A seleção carioca........................................10

    1934 Amadorismo em tudo..................................15

    1938 O mundo descobre o Brasil........................18

    1950 Estragaram a festa......................................29

    1954 Pra recomeçar.............................................45

    1958 Aprendendo a vencer..................................53

    1962 Deixa tudo como está.................................69

    1966 A bagunça voltou........................................85

    1970 O time dos sonhos..................................... 92

    1974 O Brasil na defesa.....................................111

    1978 Arte ou força?............................................128

    1982 Sonho interrompido...................................144

    1986 Uma segunda chance...............................159

    1990 Deu tudo errado........................................172

    1994 Um por todos.............................................181

    1998 Engole essa..............................................198

    2002 A grande família........................................217

    2006 Achou que já estava ganho......................238

    2010 De um extremo a outro............................ 250

    2014 Da euforia ao caos....................................261

    6

    2018 Juntando pedaços.....................................278

    Os números do Brasil......................................290

    Os jogos do Brasil data por data....................291

    7

    8

    Dedico esse livro a

    João Coelho Neto, o Preguinho,

    o primeiro a proporcionar uma das

    maiores alegrias de todos nós:

    um gol do Brasil em Copas.

    9

    1930 URUGUAI

    Uma seleção carioca

    A velha rixa entre paulistas e cariocas prejudicou a participação brasileira no primeiro campeonato mundial (como a Copa do Mundo era chamada na época).

    A Associação Paulista de Esportes Atléticos (Apea) resolveu boicotar o ingresso de jogadores do estado na seleção que iria embarcar ao Uruguai para a disputa do certame em represália ao fato de a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), com sede no Rio, ter negado a participação de um dos membros da Apea na comissão de organização de todo o evento. Enquanto jornais de São Paulo parabenizavam a coragem da entidade em tomar a iniciativa, os noticiários do Rio atacavam cruelmente a falta de patriotismo e as imposições absurdas

    dos paulistas.

    E nessa quebra de braço, quem perdeu foi a

    seleção, que ficou desfalcada de estrelas como o goleador Friedenreich entre outros. A seleção

    brasileira, composta quase em sua totalidade por jogadores cariocas, não teria sua força máxima para disputar o torneio em Montevidéu.

    10

    BRASIL 1 X IUGOSLÁVIA 2

    (Primeira fase, 14 de julho, segunda-feira, 12h45*) Local: Parque Central (Montevidéu); Público estimado: 24.059; Juiz: Aníbal Tejada (Uruguai); Auxiliares: Ricardo Vallarino (Uruguai) e Thomas Balway (França); Gols: Tirnanic 21 e Bek 30 do 1º; Preguinho 17 do 2º.

    Brasil: Joel; Brilhante e Itália; Hermógenes, Fausto e Fernando; Poly, Nilo, Araken, Preguinho e Teóphilo.

    Técnico: Píndaro de Carvalho.

    Iugoslávia: Jaksic; Ivkovic e Mihajlovic; Arsenijevic, Stevanovic

    e

    Djokic;

    Tirnanic,

    Marjanovic,

    Bek,

    Vujadinovic e Sekulic. Técnico: Bosko Simonovic.

    Por onde o vento soprar

    O Brasil entrou em campo com um uniforme composto de camisas brancas de manga comprida, com punhos de cor anil e calções azuis. As meias eram pretas, com frisos brancos e azuis. No lado esquerdo do peito, o escudo da CBD. E assim atuaria até a Copa de 1950.

    O primeiro adversário do Brasil foi o frio. A temperatura era de um grau e para se esquentar, nossos jogadores deram uma volta olímpica empunhando uma bandeira uruguaia, para agradar a torcida local, soltando fumaça pela boca e pelo nariz.

    Com a ventania a seu favor, os iugoslavos deram a saída. Nos primeiros dez minutos, o Brasil exigiu duas boas defesas do goleiro Jaksic, mas a Iugoslávia logo equilibrou o jogo e fez 1 a 0. O

    ponteiro Sekulic rolou a bola para Tirnanic, que de 11

    frente pro gol, chutou cruzado antes da chegada do zagueiro Itália.

    Nove minutos depois, em outro lance fortuito, os europeus ampliaram. Da ponta esquerda, a bola foi cruzada por Sekulic para a área do Brasil. Parecia um lance tranquilo, mas Brilhante, na marca do pênalti, rebateu mal. Dessa vez a bola sobrou para Bek chutar de primeira no canto direito. Aos 41 minutos, o árbitro Aníbal Tejada ainda anularia, por impedimento passivo de Vujadinovic, o que seria o terceiro gol iugoslavo, marcado outra vez por Tirnanic.

    No segundo tempo, com o vento a seu favor, o Brasil chegou seguidas vezes à área adversária.

    Numa delas, aos 17 minutos, saiu nosso primeiro gol em Copas. Após um escanteio rebatido de cabeça por Stevanovic, Fausto recuperou a bola, deu um corte no marcador e fez um cruzamento alto para a área. Preguinho saltou com Ivkovic e, na caída da bola, chutou de voleio no canto esquerdo de Jaksic.

    Daí em diante os brasileiros dominaram as ações, mas sem eficiência, pois o campo pesado e lamacento impedia o melhor toque de bola dos nossos. Até o final do jogo, o Brasil se limitou a fazer cruzamentos para a área iugoslava, mas sem sucesso. Nos poucos lances de perigo, o goleiro Jaksic, com bela atuação, intervinha. Uma pena.

    Perdemos nosso primeiro jogo em Copas. Só quem comemorou foram os paulistas, que torciam contra o time de cariocas.

    (*) O horário refere-se à hora local do jogo.

    12

    BRASIL 4 X BOLÍVIA 0

    (Primeira fase, 20 de julho, domingo, 13h)

    Local: Centenário (Montevidéu); Público estimado: 25.466; Juiz: Thomas Balway (França); Auxiliares: Francisco Mateucci (Uruguai) e Gaspar Vallejo (México); Gols: Moderato 37 do 1º; Preguinho 22, Moderato 28 e Preguinho 38 do 2º.

    Brasil: Velloso; Zé Luis e Itália; Hermógenes, Fausto e Fernando;

    Benedicto,

    Russinho,

    Carvalho

    Leite,

    Preguinho e Moderato. Técnico: Píndaro de Carvalho.

    Bolívia: Bermúdez; Durandal, Chavarria; Saínz, Lara e Valderrama; Reyes, Bustamante, Méndez, Alborta e Fernández. Técnico: Ulises Saucedo

    A primeira de muitas

    Brasil e Bolívia entraram em campo de camisas brancas. Os calções também não ajudavam na diferenciação (azul escuro o dos brasileiros e preto o dos bolivianos). Por isso, após alguns minutos de jogo, o juiz francês Balway decidiu interromper a partida e como nenhuma das duas equipes possuía uniforme reserva, o jeito foi os bolivianos pegarem emprestadas uma de treino da seleção do Uruguai. E

    assim o jogo prosseguiu.

    Com a vitória dos iugoslavos sobre os bolivianos, entramos em campo para a segunda partida já desclassificados. Mas queríamos voltar para casa com pelo menos uma vitória. Foram feitas várias modificações. Nesse dia, com Russinho, Carvalho Leite e Moderato no ataque, jogamos mais soltos e 13

    conquistamos nossa histórica primeira vitória em Copas.

    Mesmo

    enfrentando

    um

    adversário

    tecnicamente muito inferior, o Brasil demorou até conseguir o primeiro gol: Carvalho Leite chutou no travessão e no rebote Moderato fez 1 a 0. Antes, um susto. Uma falta cobrada quase na risca da grande área por Saínz obrigou nosso goleiro Velloso a uma sensacional defesa.

    A goleada viria no segundo tempo. Aos 22

    minutos, o goleiro Bermúdez rebateu, sem força, um cruzamento de Benedicto. Na marca do pênalti, Fausto ajeitou para Preguinho, que fez 2 a 0. Aos 28, Carvalho Leite, famoso por seu estilo trombador, dividiu com dois bolivianos e a bola sobrou para Moderato, que concluiu para marcar o terceiro gol. E

    aos 38, Preguinho fechou o placar, com um chute rasteiro de dentro da área, pela meia esquerda.

    Foi bom, mas ficou para sempre aquela sensação de que poderíamos ter ido mais longe no primeiro mundial se tivéssemos com um time completo.

    Classificação: 6° lugar

    14

    1934 ITÁLIA

    Amadorismo em tudo

    As brigas continuavam. Desta vez não entre cariocas e paulistas, e sim entre a Confederação Brasileira de Desportos, que defendia o futebol amador, e a Federação Brasileira de Futebol, que congregava os times profissionais. O futebol brasileiro havia se profissionalizado e os principais times cariocas e paulistas estavam do lado da Federação. Porém a FIFA só reconhecia a CBD, que se viu obrigada a pagar para alguns jogadores ligados a times da FBF aceitarem participar da Copa do Mundo. Novamente não iríamos contar com nossos principais jogadores.

    O amadorismo não era só entre os jogadores.

    Não

    houve

    preparação

    adequada.

    Alegando

    problemas financeiros, a CBD adiou em um dia a viagem de navio que levaria a delegação brasileira a Itália. O time pisou em solo europeu apenas três dias antes do jogo de estreia, sem ter tempo para se recuperar da extenuante viagem de 15 dias, nem se aclimatar com o local.

    15

    BRASIL 1 X ESPANHA 3

    (Oitavas de final, 27 maio, domingo, 16h30) Local: Luigi Ferraris (Gênova); Público estimado: 21.000; Juiz: Alfred Birlem (Alemanha); Auxiliares: Etore Carminati (Itália) e Mihaly Ivancsics (Hungria); Gols: Iraragorri (pênalti) 18, Iraragorri 25 e Lángara 29 do 1º; Leônidas 10 do 2º.

    Brasil: Pedrosa; Sylvio Hoffman e Luiz Luz; Tinoco, Martim e Canalli; Luizinho, Waldemar de Brito, Leônidas, Armandinho e Patesko. Técnico: Luiz Vinhaes.

    Espanha: Zamora; Ciriaco e Quincoces; Cillaurren, Muguerza e Marculeta; Lafuente, Iraragorri, Lángara, Lecue e Gorostiza. Técnico: Salazar Garcia.

    Não podia ser pior

    Nosso adversário era uma das mais fortes seleções daquele tempo. Para piorar, a Copa foi disputada no sistema perdeu, volta pra casa.

    Desde os primeiros minutos, ficou evidente que os espanhóis estavam mais bem distribuídos em campo, enquanto os brasileiros dependiam do talento individual de Leônidas e Waldemar de Brito.

    O primeiro ataque perigoso foi brasileiro.

    Leônidas levou a melhor em uma dividida com o goleiro Zamora e Quinoces evitou a abertura do placar salvando embaixo das traves. O problema é 16

    que nesse lance, a bola tocou na mão do espanhol.

    O juiz ignorou.

    No entanto, em apenas meia hora, enquanto o Brasil tentava se organizar em campo, os espanhóis fizeram 3 a 0. Aos 17 minutos, o ponta Gorostiza bateu um escanteio e, na confusão que se formou na pequena área, a bola tocou na mão de Sílvio Hoffman. O juiz alemão Birlem dessa feita foi mais rigoroso e apontou pênalti. Os brasileiros reclamaram (não marcou pra nós e agora apita a favor deles?), mas juiz que é juiz nunca volta atrás em uma decisão sua. Iraragorri bateu e converteu. Aos 25 minutos, outra vez Gorostiza recebeu a bola, seguiu com ela e cruzou rasteiro para a área. Outra vez Iraragorri chegou antes de Luiz Luz e chutou com força, fazendo 2 a 0. Aos 29, de novo Gorostiza lança a bola na área, desta vez pelo alto. Pedrosa sai mal da meta e é encoberto. Lángara aproveita e toca para o gol vazio. A Espanha vai para os vestiários com uma vantagem considerável.

    No segundo tempo, os espanhóis demonstravam sinais de cansaço e o Brasil se aproveitou para tomar as rédeas da partida. Aos 10 minutos, Leônidas diminuiu, aproveitando uma rebatida do goleiro Zamora num chute de Patesko. Luizinho teve um gol anulado por impedimento e Valdemar de Brito desperdiçou um pênalti, defendido pelo formidável goleiro espanhol. A perda da penalidade esfriou o ânimo dos brasileiros, que não conseguiram mais criar oportunidades claras de gol até o fim do jogo.

    Os ibéricos controlaram o restante da partida e no último lance do jogo, quase ampliaram, em novo 17

    cruzamento de Gorostiza que Lángara cabeceou a bola no travessão.

    O Brasil até jogou bem, porém, diante de um adversário reconhecidamente superior, acabou fazendo sua pior participação em Copas.

    Classificação: 14° lugar

    1938 FRANÇA

    O mundo descobre o Brasil

    Pouco se conhecia a respeito do futebol brasileiro até 1938. A falta de informação dos europeus a respeito do nosso modo de jogar aumentou a surpresa e admiração deles ao ver nossa seleção em campo naquela Copa. Aos passes retos e repetitivos cruzamentos na área, tão comuns em jogos no Velho Continente, o Brasil veio com uma proposta de velocidade, tabelas rápidas e dribles, inúmeros dribles.

    A primeira boa participação brasileira em Mundiais está diretamente relacionada ao fim da bagunça por aqui. Dessa vez, não houve problemas entre paulistas e cariocas, nem entre amadores e profissionais. Pela primeira vez, iríamos com força máxima para a Copa. Destaques para Leônidas da Silva (remanescente de 1934) e o excelente zagueiro Domingos da Guia. Houve até preparação antes da Copa, com o time treinando em Caxambu (MG).

    Agora, não iríamos mais fazer feio.

    18

    BRASIL 6 X POLÔNIA 5

    (Oitavas de final, 5 de junho, domingo, 17h30) Local: La Meinau (Estrasburgo); Público estimado: 13.452; Juiz: Ivan Eklind (Suécia); Auxiliares: Louis Poissant (França) e Ernest Kissenberger (França); Gols: Leônidas 18, Szerfke (pênalti) 23, Romeu 25 e Perácio 44

    do 1º; Wilimowski 8 e 14, Perácio 26 e Wilimowski 44 do 2º; Prorrogação: Leônidas 3 e 14 do 1º; Wilimowski 13 do 2º.

    Brasil: Batatais; Domingos da Guia e Machado; Zezé Procópio, Martim e Afonsinho; Lopes, Romeu, Leônidas, Perácio e Hércules. Técnico: Ademar Pimenta.

    Polônia: Madejski; Szczepaniak e Galecki; Gora, Nyc e Dytko; Piec, Piontek, Szerfke, Wilimowski e Wodarz.

    Técnico: Josef Kaluza.

    Chuva de gols

    Como as duas equipes jogavam de branco, foi feito um sorteio e o Brasil perdeu. Assim, os brasileiros entraram e campo com um calção azul e a camisa também azul (num tom mais pálido), usada nos treinos, sem o escudo da CBD no peito.

    19

    Choveu forte antes do jogo. Com isso o campo, que já não era tão bom, virou um lamaçal. Mesmo com as más condições do gramado, os dois times foram com tudo e o final foi um confronto cheio de gols.

    O jogo começa quente. Perácio acerta um de seus famosos petardos no travessão. Aos 18

    minutos, Leônidas recebe livre na marca do pênalti, gira e desfere um chute no ângulo direito. Mas poucos minutos depois, Domingos da Guia, como último recurso para brecar o ataque polonês, agarra Wodarz dentro da área, num lance típico de futebol americano. Szerfke converteu o pênalti e empatou.

    Aos 25, Romeu, sobe mais que a defesa em um cruzamento e marca nosso primeiro gol de cabeça em Copas. E nos instantes finais da primeira etapa, Perácio, cara a cara com o goleiro, chuta de pé esquerdo para ampliar a vantagem.

    Voltou a chover no segundo tempo, o que favoreceu o jogo mais truncado dos polacos. Com isso, Wilimowski conseguiu empatar o jogo com dois gols em menos de quinze minutos. Com o Brasil comandando novamente as ações do jogo, Perácio entra na área tabelando com Romeu e chuta forte no canto direito para fazer 4 a 3, aos 26 minutos. O

    incansável Wilimowski, porém, não desiste. Aos 39, ele acerta a trave esquerda do goleiro Batatais. E no penúltimo minuto, ele aproveita saída errada de Afonsinho na entrada da área e com um belo toque encobre nosso goleiro que caía para tentar a defesa.

    Nosso escrete, então, voltou arrasando no início da prorrogação. Logo aos 3 minutos, Leônidas recebeu, invadiu a área e chutou cruzado (ele afirma 20

    que fez esse gol descalço). Dois minutos depois, Hércules cobrou um escanteio e Lopes chutou no travessão. No fim da primeira etapa, Leônidas surge sozinho na área adversária e chuta no meio do gol.

    O goleiro Madejski ainda rebateu, mas a bola voltou para Leônidas, que ampliou para 6 a 4. Nos instantes finais, o persistente Wilimowski ainda marcaria seu quarto gol na partida e o quinto da Polônia, mas não deu mais tempo. É até hoje a única vez que o Brasil venceu um jogo na prorrogação em Copas. E

    finalmente, avançamos de fase em uma Mundial.

    BRASIL 1 X TCHECOSLOVÁQUIA 1

    (Quartas de final, 12 de junho, domingo, 17h) Local: Parc Lescure (Bordeaux); Público: 22.021; Juiz: Pal Von Hertzka (Hungria); Auxiliares: Giuseppe Scarpi (Itália) e Charles de la Salle (França); Gols: Leônidas 30

    do 1º; Nejedly (pênalti) 20 do 2º. Expulsões: Zezé Procópio (14 do 1º), Machado e Riha (44 do 2º) Brasil: Walter; Domingos da Guia e Machado; Zezé Procópio, Martim e Afonsinho; Lopes, Romeu, Leônidas, Perácio e Hércules. Técnico: Ademar Pimenta.

    Tchecoslováquia: Planicka; Burgr e Daucik; Kostalek, Boucek e Kopecky; Riha, Simunek, Ludl, Nejedly e Puc.

    Técnico: Josef Meissner.

    Batalha campal

    A vitória contra a Polônia foi duríssima. Mas a Tchecoslováquia, então vice-campeã mundial, seria um adversário ainda mais difícil.

    Após os cinco gols sofridos diante da Polônia, estava evidente que o setor defensivo do Brasil tinha 21

    problemas. Mas o técnico Ademar Pimenta resolveu fazer uma única alteração: o goleiro Walter entrou no lugar de Batatais. Domingos da Guia, mesmo com febre, foi para o jogo.

    Mas o grande problema dessa partida não foi a defesa brasileira, mas a violência. Os tchecos, que jogavam um futebol metódico, e os brasileiros, que jogavam um futebol artístico, resolveram ambos fugir de suas características e partiram desde o início do confronto para lances violentos. Resultado: logo com 14 minutos de jogo, Zezé Procópio foi expulso de campo, após uma entrada desleal em Puc.

    Num dos raros momentos em que foi possível jogar futebol no primeiro tempo, Leônidas, como era o esperado, fez o gol do Brasil. Aos 30 minutos, Perácio cobra uma falta na entrada da área e rola para Romeu desferir um chute forte que explode na barreira e a bola vai à direção de Leônidas. Nosso artilheiro gira o corpo e emenda para as redes.

    O gol deixou os tchecos ainda mais irritados. Aos 34, Kostálek trombou violentamente com Leônidas, provocando a paralisação do jogo e um bate-boca entre os jogadores. No final do primeiro tempo, Leônidas ainda marcaria outro gol, mas dessa vez, foi anulado por impedimento.

    No segundo tempo, Leônidas, ainda sentindo dores da pancada sofrida no tempo inicial, foi deslocado para a ponta esquerda, com Afonsinho passando para o meio. Com um jogador expulso e seu principal atacante sem condições de jogo, o Brasil aguentou a vantagem durante vinte minutos.

    Então, Domingos da Guia tentou cortar de peito uma tabela entre Nejedly e Simunek e acabou conduzindo 22

    a bola com o braço. Pênalti que Nejedly transformou em empate.

    No restante da partida e em toda a prorrogação, o campo de futebol desfigurou-se em ringue de luta.

    Machado e Riha trocaram sopapos e foram ambos expulsos.

    Para aumentar o drama do combate, o goleiro Planicka, depois de um choque com Perácio, deslocou a clavícula. Na época, não podia se fazer substituição, e ele teve que jogar a prorrogação com um só braço. E o pior é que mesmo assim continuou defendendo e a igualdade persistiu. 48 horas depois, veio o jogo desempate.

    BRASIL 2 X TCHECOSLOVÁQUIA 1

    (Jogo desempate, 14 de junho, terça-feira, 18h) Local: Parc Lescure (Bordeaux); Público: 18.141; Juiz: Georges Capdeville (França); Auxiliares: Paul Marenco (França)

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