Meu Filho Cão

De Roger Cardoso

O número de cães no mundo já ultrapassa um bilhão, esses animais que caminham ao nosso lado há mais de quinze mil anos participam cada vez mais das nossas vidas, porém o mundo moderno com seus conflitos torna essa convivência cada vez mais conturbada. Este livro propõe uma nova abordagem para solução de problemas comportamentais e estabelece um novo padrão de convivência entre humanos e cães em um mundo pós pandemia em que milhares de cães saíram dos abrigos para dentro de casas de pessoas que jamais conviveram com o mundo canino. Um livro simples e direto que mostra que viver ao lado de um cão pode ser tudo menos monótono, ao mesmo tempo que ensina a transformar tudo em boas experiências.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 25 de set. de 2023

Pré-visualização do livro

É importante que você compreenda que o plano é tratar o cão como um livro em branco, não importando se ele é um filhotinho ou um cão adulto cheio de problemas de comportamento.

A ideia é reescrever esse livro do zero.

Ao fim você vai ter um grande companheiro e amigo, que proporcionará um convívio feliz e agradável para ambos.

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Eu iniciei diversos livros sobre cães e todos estão parados pelo meio, alguns próximos do fim, mas todas as vezes que eu estava escrevendo esses livros em alguns momento me batia uma sensação de que alguma forma aquele livro não era tão necessário. Não que eles fossem ruins, mas havia outros livros semelhantes que já haviam sido escritos sobre o tema. De alguma forma isso me desanima porque queria compor alguma coisa que fosse realmente relevante para quem ama cães.

Um livro que fizesse a diferença na vida de quem tem um cão, e principalmente, na vida do cão.

Foi depois dessas várias tentativas de escrever, e de muitas e muitas vezes em que me pediram ajuda pessoal para solução de problemas comportamentais, que me veio à luz o que realmente eu poderia produzir de relevante na vida das pessoas e dos cães.

Não um livro sobre adestramento canino, ou sobre como resolver problemas de comportamento e etc.

Um livro sobre como conviver com um cão de forma saudável, feliz, animada e produtiva. Um guia que pudesse elevar o relacionamento humano-cão a um estado de harmonia, como o que eu sempre conheci nos meus relacionamentos com tantos cães que tive ao longo da minha vida.

Aqui está esse livro, ele não se propõe a ditar soluções específicas para problemas que você tem com o seu cão. Muito mais do que isso, esse livro se propõe a mostrar ao leitor como construir um relacionamento equilibrado, capaz de eliminar os problemas de comportamento, de relacionamento do cão com pessoas e outros cães.

Para quem tem um cão problemático ou para quem ainda não tem um cão e deseja ter, leia esse livro como um guia para construir desde o início, o seu melhor cão.

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Sou muito grato a todos que de alguma forma me incentivaram e ajudaram a fazer esse livro. Letícia, minha esposa tão compreensiva da minha dedicação aos cães, minhas filhas Louise e Laura que aguentaram todas as loucuras dos meus cães, mas que aprenderam muito crescendo ao lado deles. Aos tantos amigos que deixaram eu ajudar com seus cães e acreditaram em mim. Mas principalmente minha maior gratidão é para meus tantos cães que me ajudaram a crescer como ser humano e tanto me ensinaram.

Obrigado a:

Wally, Diana, Rosinha, Gigi, Tango, Kika, Bernardo, Bianca, Dulce, Ariane, Charles, Yuri, Yago, Fama, Lord, Byron, Helga, Capitú, Fama, Una, Frida, Meggy, Lucky, Hanna, Jully, Juma, Lion, Nina I, Nina II,  Pity, Íris, Xuxu, Chapolin Colorado (Chapinha), Cookie e Zoe.

Aos cães dos meus amigos que também fazem parte da minha vida: Johan, Bart, Mit, Pipoca, Baloo, Banzé e Calvin.

Mas principalmente a minha alma gêmea canina Bolt.

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Capítulo I

o cão

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Qualquer que seja o animal dotado de instintos sociais acentuados, incluindo aqui as afeições parentais e filiais, adquirirá inevitavelmente um senso moral ou consciência assim que suas faculdades intelectuais tenham se tornado tão ou quase tão desenvolvidas quanto em humanos.

Charles Darwin,[1871]

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Quem é o seu cão?

O seu melhor amigo pode ter muito para te ensinar

…Ele nos ajudou a caçar e encontrar comida, ajudou-nos a viajar e a transportar as nossas mercadorias, cuidou dos nossos animais, nos protegeu de nossos inimigos, salvou-nos do frio e do afogamento, nos guiou através do terreno mais difícil.

Ele encontrou um lugar para si mesmo em nossas casas.

Ele nos ama, nos conforta, nos ajuda a suportar a solidão e a doença.

Ele se tornou nosso aliado inabalável.

Mas o que realmente sabemos sobre cães?

De onde eles vieram?

Como eles fizeram para serem tão importantes para nós?

Hoje, a ciência nos permite entender  melhor nossa conexão com uma espécie que pensávamos conhecer.

As descobertas mais recentes foram verdadeiramente notáveis.

Este é um conto épico da aliança entre homem e cão, de como o descendente de um lobo se tornou o melhor amigo do homem.

Eurásia: 30.000 anos atrás. Neste momento, duas formidáveis  espécies governaram as estepes: humanos e lobos.

Ambos viviam em grupos, eram inteligentes e altamente organizados.

E eles se conheciam muito bem.

Eles eram os mais poderosos predadores do planeta. Nossos ancestrais caçavam como os lobos. Eles rastrearam suas presas por longas distâncias até desgastá-las por completo.

Mas como eles se juntaram?

Ambos gostavam da mesma comida. Os Lobos não atacavam os humanos, mas eles eram bastante preparados para roubar suas presas.

Esta rivalidade durou milhares de anos, até o dia em que aquele lobo mudou seu comportamento.

Provavelmente um jovem, tímido e vulnerável. Um lobo que não podia encontrar seu lugar no bando.

Um dia, o jovem lobo deixou o bando, para se aproximar dos humanos e roubar um pouco de comida.

Essa decisão gerou um grande desenvolvimento na história da humanidade.

Foi a origem do cão.

Por muito tempo, acreditou-se que os humanos domesticaram os lobos capturando e criando seus filhotes.

A realidade, parece agora, completamente diferente.

Foi o lobo que domesticou o homem.

Um lobo faminto, e atraído pela nossa comida.

Para os humanos, os lobos eram rivais perigosos e inteligentes. Eles preferiam manter eles a uma distância segura.

E, no entanto, os lobos tiveram um grande poder de sedução sobre nós.

Olhos encantadores, um choro tocante.

Pesquisas científicas recentes sugerem que é assim que a parceria entre humanos e lobos começou.

Um lobo sente o perigo antes de qualquer humano.

Graças ao seu poderoso nariz e seus ouvidos ultra-sensíveis.

Um lobo protege seus suprimentos.

Esta foi a primeira qualidade que notamos, sua capacidade de nos avisar do perigo…

…e gerou tantas possibilidades.

E assim, muito gradualmente, lobos foram transformados em cachorros. Eles viveram lado a lado conosco e nos protegeram do perigo.

Eles nos acompanharam em nossas viagens,  limparam nossos acampamentos comendo nossas sobras, nos mantinham aquecidos nas noites frias.

Os lobos demoraram muito para escolher entre sua vida na selva e um tipo de dependência dos humanos. Não aconteceu da noite para o dia.

Com o tempo, esses animais tornam-se excelentes companheiros. Seus filhos nasceram entre nós. Os que possuíam in stintos  mais selvagens puderam voltar para a floresta, mas o mais manso ficaria conosco.

Geração em geração davam à luz a filhos ainda mais dóceis, e assim por diante, ao longo de gerações, um novo tipo de lobo amigável para os humanos surgiria, o cachorro.

Esta descoberta impressionou as pessoas, os cães espalharam-se entre nós tão rapidamente quanto a própria notícia. Logo, toda a humanidade sabia que uma aliança com lobos era possível.

Mas ninguém poderia ter adivinhado o extraordinário potencial desta parceria.

Agora sabemos que todos os cães vivos na terra, cerca de um bilhão deles, são todos descendentes de um número muito pequeno de lobos cinzentos, talvez apenas uma dúzia ou um pouco mais.

Todos eles, sem exceção, do pequeno pincher ao grande dogue alemão.

O homem e o lobo formaram uma aliança que os tornou ainda mais poderosos e transformou o futuro das de nossas duas espécies, e de todo o planeta.

20.000 anos atrás, aqueles primeiros cachorros surgidos no Hemisfério Norte.

Na Europa, podemos rastrear uma raça primitiva de cachorro cuja linhagem não durou muito.

Na Ásia Central, porém, enquanto os primeiros cachorros ainda se pareciam muito com lobos, após contato com humanos, seus pelos clarearam e suas orelhas e caudas mudaram de forma. Mais ao sul, os cães tinham pelagem mais curta, para aguentar o calor.

Ao chegarem à Europa, essas raças asiáticas gradualmente substituíram raças européias primitivas.

Na Ásia, o número de cães aumentou e alguns migraram para a América do Norte.

Sua aparência mudou, mas isso foi inteiramente devido ao seu ambiente. Os humanos ainda não tinham descoberto que poderiam alterá-los por reprodução seletiva.

Há cerca de 10.000 anos, os cães já adaptados a climas mais quentes se espalharam pelo sul da Ásia, até a Austrália.

Eles também migraram para a América do Sul e África.

Cães logo acompanhavam humanos em todo o planeta.

Neste momento, nossa parceria levou a um desenvolvimento verdadeiramente surpreendente.

Os cães nos ajudaram a proteger nossas plantações.

Mas a habilidade mais incrível que os cães desenvolveram, foi a de se tornarem especialistas na compreensão da psicologia humana. Eles desenvolveram essa habilidade observando expressões faciais humanas, descobrir quem é perigoso, quem é gentil. Aprender a personalidade das pessoas

e avaliando seus humores.

Para sobreviver você quer tem que ser o mais forte ou o mais inteligente.

Há muito tempo, eles perceberam o comportamento peculiar dos humanos.

Quando os animais invadiam seus campos, os homens os expulsavam.

As espécies de animais invasores das plantações eram um grande incômodo para agricultores, que tinham grandes problemas em afugentá-los.

Para proteger suas plantações, as pessoas organizavam patrulhas.

Mas os cães conseguem detectar os invasores a grande distância, e quando eles encontram um grupo, seu instinto predatório entra em ação.

Sem que ninguém os tenha treinado para isso.

Claro que isso chamava a atenção das pessoas e logo uma nova utilidade