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Academia de Magia Laetus: 1, #1
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Academia de Magia Laetus: 1, #1
E-book440 páginas5 horas

Academia de Magia Laetus: 1, #1

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Sobre este e-book

Em um mundo permeado pela mana, a energia vital presente na natureza, apenas manipulável por mulheres, a elas são reservadas as instituições especializadas no ensino da magia, renegando aos homens as academias militares. No entanto, o jovem Petrus é aceito como novo aluno da Academia de magia Laetus, apesar da ideia de um homem invadir um ambiente dominantemente feminino ser rechaçada, mesmo que seu desejo fosse ser apenas um estudante comum.
Com o tempo perceberiam que essa estranha excepcionalidade nada seria frente à imensa tempestade que conturbaria suas pacatas vidas, as recordando de que nunca deveriam ter olvidado que seu ingresso indicava o retorno do rei demônio. Entretanto suas intenções demonstravam-se em desalinho com seu título. Seria um indicativo de uma mudança de paradigma? Por que essa mudança ocorreu?

IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de nov. de 2023
ISBN9786500824476
Academia de Magia Laetus: 1, #1

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    Pré-visualização do livro

    Academia de Magia Laetus - Pedro Augusto C R Garcia

    Texto Descrição gerada automaticamente

    2ª Edição

    Capa: ThiAM

    Copyright © Pedro Augusto C. R. Garcia

    Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos xerográficos, incluindo, ainda, o uso da internet, sem a permissão expressa do autor.

    A violação de direitos autorais é crime, estabelecido pela lei nº 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do código penal.

    Sumário

    1.A chegada

    2. Oportuna missão

    3. Primeiras confusões

    4. Primeiro dia

    5. A primeira conquista

    6. Surpresas e provocações

    7. Confrontos inesperados

    8. Perigos iminentes

    9. Acontecimentos... Estranhos

    10. Do amor ao ódio

    11. Rotina árdua

    12. Importante dia

    13. Uma grande tempestade

    14. Na toca dos lobos

    15. Retorno conturbado

    16. Prelúdio da batalha

    17. Batalha final – Revelações indeléveis

    Breve Aviso

    Bom dia, boa tarde, boa noite!

    Antes que comece a ler, gostaria de te pedir que, caso você goste da leitura, avalie meu livro.

    Se quiser ir além, me escreva ou me marque nas redes sociais. O endereço é @entremagasedemonios no Instagram, no Youtube e no Facebook.

    Caso você não goste tanto, peço que me avalie da mesma forma, pois irá me ajudar a crescer e me aprimorar.

    Se você conhecer alguém que poderia gostar desta leitura, indique Academia De Magia Laetus para ela. Claro que existe a possibilidade de você ser um amigo legal e dar-lhe esse presentão.

    1.  A chegada

    A floresta era repleta de árvores e flores de diversas cores que se estendiam pelo longo território. Havia numerosas clareiras, sendo três delas formadoras de um triângulo equilátero, duas na divisa com a academia, uma na ponta esquerda e outra na direita, e, a última, pouco antes do centro, descansava uma rasa lagoa.

    Caminhando a passos rápidos por entre as arvores encontrava-se um grupo, o qual era composto por um jovem e duas crianças, um menino e uma menina, onde apenas o jovem carregava um pequeno saco contendo seus pertences.

    O mais velho possuía cabelos negros, curtos e lisos, com aparência de serem cortados com desleixo, olhos castanhos, assemelhando-se à coloração de sua pele, acostumada a estadias extensas perante o sol.

    As expressões de sua face, denotavam sentimentos dúbios quanto ao grau de sua permissividade, sendo acentuadas por seu físico, que, apesar de não possuir uma musculatura muito acentuada, lhe concedia ar nada amistoso.

    Os pequenos, por sua vez, se diferenciavam por sua pele alva e suas alturas de meramente um metro. Ínfimas, se comparadas aos oitenta centímetros adicionais do companheiro.

    O garoto possuía olhos mais escuros do que o jovem e cabelo mais fosco, enquanto a menina, portava olhos mais claros e cabelo mais brilhante.

    Havia pequenas alterações entre os trajes que usavam, sendo, basicamente, uma camiseta branca, uma bermuda marrom escura e uma bota de couro muito velha.

    — Por que temos que ir para lá? — perguntou o menino.

    — Eu já disse. Temos que ir para continuar nossa preparação — respondeu o jovem.

    — Mas estaríamos bem melhores se continuássemos sozinhos —retrucou.

    — Porque você se recusa a conviver com outros humanos, irmão? — perguntou a garota.

    — Não recuso apenas humanos — retrucou, esboçando um leve sorriso maléfico.

    Se incomodando com a mesma discussão que ouvia, incessantemente, há dias, resolveu intervir, afinal não poderiam continuar se portando como crianças para sempre.

    — Calados vocês dois — ordenou — Eu já falei que essa instituição é especialista nesse assunto, portanto precisamos ir para lá independentemente do que vocês quiserem.

    — É isso ou você está excitado em ficar perto de dezenas de mulheres? — Questionou o irmão em tom provocativo.

    — E se estiver, qual o problema? — não conseguiu esconder sua face.

    — Homens. Sempre tão imaturos — suspirou.

    — Falem menos e apertem o passo para não chegarmos tarde demais — repreendeu o jovem, aumentando a velocidade de sua caminhada.

    Do alto de uma encosta os viajantes pararam para apreciar a vista de seu objetivo, enquanto recobravam as forças e pensavam no futuro que os aguardava. Seria tão conturbado quanto seus passados?

    — Marcus, Amira. Finalmente chegamos à Academia Laetus — exclamou o líder.

    — Já não era hora — suspirou levemente o irmão.

    — Ahh... Ela é muito grande e linda — suspirou admirada, Amira.

    Por um instante permaneceram quietos, contemplando a magnífica vista do alvorecer, como soldados que finalmente vislumbram o refúgio de seus lares. Com uma única olhadela Petrus examinou apuradamente o local.

    Ao pé do barranco, na extrema esquerda, o adorado cantinho das flores da diretora resplandecia, abrangendo toda a extensão do barranco lateral, findando no início dos muros da pequena cidade erguida para suprir as necessidades das alunas.

    Levemente acima estava o pátio que divisava com a cidade à esquerda e a entrada oeste da instituição à direita, possuindo dois longos bancos por toda a extensão de suas paredes externas. Todos os andares possuíam a mesma dimensão, com exceção do primeiro, onde a área interna fora substituída pelo pátio, e o telhado, que possuía acréscimo horizontal de piso por toda sua largura, visando cobrir parco espaço da entrada sul.

    Por fim enxergava a estrada principal à sua direita, localizada entre o barranco e a floresta, iniciado na mesma linha em que ambos encerravam. Seguindo reto pela estrada, topava-se com o portão de entrada sul.

    O jovem, após breve admiração, murmurou, Espero que dessa vez consigamos, alertando os irmãos de que precisavam impedi-lo de se perder em seus pensamentos.

    — Creio que você esteja pensando em outras belezas — provocou Marcus, mantendo leve sorriso nos lábios.

    — Não ponha palavras em minha boca — defendeu-se, fingindo ignorância.

    — Negará que não pensou nem um pouquinho nisso? — cutucou a menina, não acreditando em sua encenação.

    — Bem... Talvez um pouquinho só — admitiu, desmanchando completamente sua face de seriedade corando levemente.

    Olhou para o lado e percebeu o semblante irônico dos irmãos, surpreendendo-o sobremaneira e o irritando levemente por ter sido pego tão facilmente.

    — Já chega de conversa, vamos em frente para falar com a diretora — explodiu.

    — Petrus, como podemos continuar em frente se há uma ribanceira diante de nós? — gritaram os irmãos em uníssono.

    — O que estão querendo dizer? — perguntou coçando a cabeça.

    Ambos o fitaram com enorme espanto por ser tão despreocupado ou por possuir um instinto demasiadamente suicida. Trocaram olhares e se puseram a contestar, mesmo sabendo que não obteriam resultados.

    — Não está vendo esse barranco bem na nossa frente, seu idiota? — praguejou o garoto.

    — Nós chegamos quase pela lateral da escola. Eu avisei que deveríamos nos manter na estrada — lembrou a irmã.

    — Vocês realmente acham que irei dar essa volta enorme só para chegar ao mesmo lugar? — apontava em direção à estrada que desembocava no portão sul da escola.

    — Pule até lá! — ponderou simplesmente o garoto.

    — A ideia é não chamar a atenção — explicou Petrus.

    — Então você está planejando descer esse barranco? — perguntou a irmã sem acreditar.

    Observando como estava decidido, os pequenos mudaram suas posturas, voltando a agir normalmente, visto que nada mais obteriam com a conversa, por mais que insistissem.

    — Não que me importe, mas você tem um plano? — questionou o irmão impaciente.

    — Não estou me importando nem um pouco com essa questão — respondeu cruzando os braços e jogando a cabeça para o lado. — Além do mais, estamos bem além do horário que informei para minha tia.

    — Hum, então você quer cortar caminho para não levar bronca dela. — Concluiu a irmã, caricaturando uma expressão séria misturada com um sorriso sarcástico.

    Seu olhar se dirigiu automaticamente para Amira, admirado com o fato de ter deduzido mais um de seus intentos tão facilmente. Ela se tornou muito esperta. Maldita., pensou, porém, refez sua expressão e indicou, mais uma vez, para descerem.

    — Vamos.

    — Fazer o que? — suspiraram.

    O trio iniciou a descida calmamente e cuidadosamente para não perderem o atrito com o solo e nem tropeçarem nas pedras. Rapidamente avançaram pelo primeiro quarto do trajeto, o qual era parcialmente coberto por uma grama rasteira e poucos pedregulhos.

    À frente se deparam com um trecho desprovido de qualquer gramínea, redobrando a cautela, pois, nessas condições, o terreno se tornava muito mais escorregadio. Para piorar constataram que estava coberta por pedras de diferentes formatos e tamanhos.

    Quando atingiram o terceiro quarto, se depararam com imenso obstáculo que os forçou a se deterem para que refletissem em como transpô-lo. Se tratava de uma longa faixa coberta por pedras de tamanho razoável em cada milímetro, abrangendo um espaço considerável para impedir que uma pessoa normal saltasse.

    — Complicou a vida agora — constatou Petrus com um leve sorriso.

    — Isso parece uma espécie de barreira para aqueles que tentam atravessar pelo lado errado — refletiu Marcus com um semblante que simulava seriedade.

    — Quem foi mesmo o incompetente que quis descer a ladeira só porque era mais rápido? — questionou a irmã com uma face extremamente irônica.

    Tais palavras fizeram ambos a observarem, tornando a se entreolhar, como se planejassem algo. Fazendo um gesto de afirmação com a cabeça, a fitaram novamente e, ao mesmo tempo Petrus simulou tristeza, o irmão fingiu surpresa.

    Observando que demonstravam reações que há muito haviam combinado, pode revisar seu último comentário, percebendo que havia exagerado levemente, tornado a situação séria por demais, ficando chateada consigo mesma por ter cometido tal erro. Verificando que havia terminado como pretendiam, cuidaram para que tal momento fosse esquecido.

    — Não seja mal-humorada, isso é só um obstáculo de nada para incríveis e poderosos combatentes — respondeu o irmão.

    — É verdade. Isso não é nada para nós — completou o garoto.

    — Certo. Mostrem-me suas grandes habilidades, poderosos combatentes — ironizou.

    — Que aura ruim. Você deveria aprender a sorrir mais, irmã — afirmou o menino com um semblante de seriedade.

    Instantaneamente começaram a rir de Marcus, pois ele era sempre muito irônico e moderadamente obscuro, sendo assim raramente esboçava um sorriso normais.

    — Por que estão rindo? — percebeu a gozação.

    — Vamos parar com a brincadeira e pensar em um meio de passar por esta armadilha. — Colocou a irmã enquanto apontava para a longa linha de pedregulhos no chão.

    — Deixem isso comigo. Já pensei no que fazer — indicou Petrus. — Aproximem-se de mim que eu irei pegá-los e saltar por essas pedras irritantes.

    Após trocarem olhares, consentindo com a ideia, executaram dois passos, se aproximando do irmão que, abrindo os braços e se agachando, os agarrou com firmeza.

    — Tome cuidado comigo. Sou uma dama — pediu antes do braço forte envolvê-la.

    — Pó deixar! — respondeu simplesmente.

    Ao apanhá-los, se levantou, levou seu pé direito levemente para trás e começou a contar em ordem crescente, até três, para que os irmãos realizassem pequeno impulso, a fim de livrarem-se temporariamente de seus pesos, facilitando deveras.

    Com um salto simples, porém eficiente, o intento inicial fora alcançado, levando o trio ao outro lado da lagoa de pedras, aterrissando levemente afastado em relação à borda.

    Ao verificar que havia conseguido, abriu seus braços, libertando-os, vendo-os se afastaram dois passos para o lado involuntariamente. Após recuperar seu fôlego com um longo suspiro, procurou o olhar de ambos para que pudesse cantar sua vitória.

    — Eu não falei que seria fácil? — disse orgulhoso ao estufar o peito.

    Contudo, ao executar o passo seguinte com seu pé direito e a sola de sua bota se encontrar com o solo, por este estar ligeiramente molhado e, principalmente, por sua falta de atenção, a marcha mal executada resultou em leve escorregão para frente.

    Instantes antes, havia percebido o prenúncio do desastre, empreendendo em sua face, de orgulho pela vitória, o desmanchasse em um borrão de preocupação e desespero, liberando assim uma interjeição de raiva.

    Percebendo seu abrupto movimento, os irmãos anteviram a situação que sucederia, vendo-se incapazes de deixarem de imprimir leve expressão de decepção, antes de começarem, definitivamente, a desfrutar de tal imprudência.

    Felizmente, antes que terminasse de escorregar, conseguiu mover agilmente seu pé esquerdo para frente, evitando uma queda, porém isso, em uma superfície inclinada, o impediu de cessar seus movimentos, instaurando ritmo de acelerada corrida em poucos segundos.

    — Lá foi ele! — disse simplesmente o menino, transparecendo naturalidade, assim se imaginando que o incidente seria costumeiro.

    — Vamos atrás dele antes que nos cause problemas — indicou com uma feição mista de zanga e diversão.

    Apesar de o espaço restante ser relativamente curto, sua corrida alcançou níveis impressionantes, inclusive por as pedras que tanto foram presentes durante o trajeto haverem desaparecido completamente.

    Coincidentemente, ou não, no momento em que se achava correndo loucamente pela ladeira, nos pisos abaixo, se encontrava a passear uma mulher que aparentava estar patrulhando o movimento nulo dos arredores.

    — Por aqui também está seguro — informava a si própria com ar de seriedade.

    A mulher se tratava de uma membro da guarda de segurança acadêmica, mais especificamente, sua chefe. Estava ali para vigiar os arredores da academia, enquanto não era iniciado seu cronograma de atividades.

    Pele branca e lisa, cabelo castanho escuro, médio e liso, olhos azuis escuros e altura de um metro e oitenta. Seus membros maiores evidenciavam a força que guardava dentro de si, sem sequer arranhar sua feminilidade.

    Trajava o uniforme que, perspicazmente, adivinhou ser o padrão que as estudantes utilizavam. Camiseta branca e saia verde escuro, ambas curtas, e uma sapatilha preta.

    — Nada de anormal acontecendo... Como sempre... Acho que as meninas tinham razão ao dizer para não me preocupar — curvava a cabeça ao se recordar da discussão que travara.

    Há alguns dias fora realizado um conselho da guarda para se discutir sobre o cronograma a ser montado para o início das aulas. Como era imaginado, a capitã expôs sobre a necessidade de se realizarem patrulhas ao entorno da instituição.

    Somente três alunas estavam presentes, pois eram as únicas membros da guarda. A primeira era Belatriz, a imponente líder, acompanhada de suas fiéis e únicas amigas, Rafaela Rynseht, e Tycia Bryn.

    Rafaela possuía pele branca, cabelo ruivo, médio e liso, olhos azuis claros e altura em torno de um metro e sessenta e cinco centímetros

    Tycia tinha sardas a marcar a pele branca, cabelo comprido, liso e ruivo, olhos verdes, altura de um metro e sessenta e, assim como as duas companheiras, usava seu uniforme.

    — Acredito que não seria necessário organizar rondas logo no começo do período letivo, pois é muito cedo para que qualquer fato ocorra — declarou Rynseht.

    — Não podemos relegar o dever a nós confiado.

    — Não acredito que as veteranas causarão problemas e as novatas não terão coragem ou vontade de sair logo nos primeiros dias — argumentou Bryn.

    — Mesmo assim, ainda devemos nos manter preparadas para as adversidades — bradou.

    Após as amigas relutarem razoavelmente, cederam à pressão e aceitaram participar da vigilância, porém conseguiram convencê-la a manter apenas a tarefa do dia anterior ao início do ano letivo.

    — Fazer a ronda debaixo desse sol é uma tarefa cansativa — suspirou enquanto parava para enxugar o suor.

    Repentinamente ouviu um som, que se tornava cada vez mais alto, que reconheceu perfeitamente se tratar de um homem realizando um grito de guerra antes de seu ataque. Produzindo uma lança em suas mãos e incitando seu corpo a entrar em modo de defesa, checou as laterais, sem saber exatamente onde se encontrava seu alvo.

    Alguns passos antes do final o caminho se tornava plano, formando uma pequena rampa que se encontrava a poucos palmos do chão, porém era o suficiente para que, devido à alta velocidade, necessitasse pular.

    — Cuidado! — tentou gritar ao percebê-la.

    Pouco atrás se encontravam os irmãos a caminhar tranquilamente, conversando sobre a queda que sofreria presenciaram-no levantar voo, sustando, assim, suas lembranças e movimento instantaneamente para apreciar a visão.

    — Uuóóóó! — murmuraram boquiabertos em consonância.

    Ao conferir sua retaguarda era tarde, pois Petrus se encontrava a poucos segundos do impacto, não lhe restando alternativa alguma além de se preparar para o impacto.

    Este, por sua vez, não conseguiu alterar a sua trajetória um centímetro sequer, pois, se assim o fizesse, correria o risco imenso de tropeçar, tornando a situação deveras pior, então, ao saltar, apenas cerrou os olhos.

    Observando o desengonçado salto, o seguiram com o olhar até seu impacto com o chão, congelando ao verificarem que havia pousado sob uma jovem mulher. Ao se recuperarem se apressaram ao local para auxiliá-los.

    — Vixi, essa deve ter doído — exclamou com expressão de quem sentira a dor em sua própria pele — Mas foi maneiro.

    — Deve ter doido muito mais para a garota — ponderou Amira, demonstrando piedade em seu olhar. — Espero que aquele bruto não a tenha matado.

    Dentro de poucos instantes alcançaram seu destino, iniciando uma ligeira varredura, a fim de se informarem sobre as nuances da queda, sendo surpreendidos pela calma do irmão, que nem sequer se importou com o fato da moça estar sob o seu pesado corpo.

    — Olá irmão, gostosa a almofada? — perguntou o menino com extremo sarcasmo.

    — Calma! Estou um pouco atordoado ainda.

    — Não é à toa, pois você estava em grande velocidade — explicou a irmã, não prestando a mínima atenção à brincadeira entre irmãos. — Por que você não se segurou?

    — Esqueci — encarou a face incrédula da irmã com um sorriso torto.

    Ao se livrar do atordoamento se levantou vagarosamente, parando ao se ajoelhar de forma a manter a vítima entre as suas pernas.

    — Opa, opa. O que vejo? — sorriu estranhamente. — Seios médios bons para se apertar.

    — Ah não, odeio quando você dá esses sorrisinhos — preocupou-se a irmã.

    — Não posso perder essa deixa que aquele chato deu — retrucou enquanto levava suas mãos ao destino desejado.

    — Eu concordo com você — apoiou o menino. — Vai fundo cara.

    Tais palavras foram sucedidas da conclusão do ato vil, estampando no seu rosto um enorme sorriso, levando os irmãos a esboçarem certa surpresa.

    — Que canalhice a sua tomar o controle para fazer isso. E que irresponsabilidade a sua o apoiar — repreendeu, alternando seu olhar entre ambos.

    — Eu só falo isso porque sei que ele irá ser jurado de morte quando ela acordar. E isso será bom para começar nossas vidas neste lugar.

    Ao ouvir tal argumento, a irmã esboçou largo sorriso, principalmente ao perceber a vítima começar a abrir os olhos paulatinamente. Ao sentir o peso do jovem se recordou imediatamente dos acontecimentos anteriores, arregalando seus olhos.

    Antes que recobrasse os sentidos, recuaram alguns passos, de modo a concederem maior espaço para o espetáculo que ocorreria, enquanto Petrus se preparava física e moralmente para conceder uma desculpa razoável para a situação.

    — Não fique assustada, sou apenas uma ilusão — foi o melhor que conseguiu pensar.

    Sem que percebesse, porém não sendo negligenciado pelos irmãos, que riam sobremaneira da situação, as amigas da assediada apareceram em ambas as laterais da escola, devido ao barulho que a confusão rendera.

    Ao presenciarem a cena iniciaram veloz corrida, intentando auxiliá-la. Por sorte os cruzamentos se encontravam demasiado distantes do meio, onde se encontravam, além de estar de frente para a construção, podendo observá-las facilmente.

    Ouvindo a caída produzir incógnito ruído, voltou sua atenção a tempo de vê-la corar intensamente, misturando a seus sentimentos singelo pavor, levando-o a levantar-se em um salto, em claro reflexo. Atentando-se para os passos cada vez mais próximos, desesperou-se.

    Instantes antes da chefe da guarda gritar, foi capaz de ouvir, em sua mente, os dizeres, Estaremos lhe esperando, não morra, hein, o permitindo pressentir a magnânima face de satisfação do irmão.

    Encontrando-se distraído, não percebeu o momento em que a mulher principiou um brado tão agudo que seria capaz de destruir milhares de vidraças, tão vibrante que faria qualquer ser humano sentir suas fibras balançarem como um cata-vento em meio ao vendaval e tão profundo que poderia ser percebido até por um surdo.

    Percebendo-o disparar em direção ao pátio, visando o portão oeste, Tycia criou sua espada de cor vermelho vivo e a atirou, vendo-a passar distante do alvo por não ter mirado corretamente. Deixando-o de lado se apressou ao socorro da atacada. Se posicionaram em ambas as laterais, a fim de apoiá-la para se levantar.

    — O que foi que aquele maníaco te vez? — questionou a da direita.

    — Quem era aquele vândalo? — foi a vez de Rafaela.

    Devido às suas pernas acharem-se bambas, ergueu-se duramente com o amparo prestado, respirando fundo e balançando a cabeça levemente, retomando assim o controle de seus pensamentos e seu corpo.

    Apontou o dedo para onde seu algoz havia a pouco escapado, ordenando que apanhassem o mais novo inimigo da escola e das mulheres. O Grande Pervertido.

    Antes mesmo de escutarem a denominação concedida ao alvo, partiram em apressada marcha, adentrando a academia. Se esquecendo do ataque a pouco sofrido, colocou-se a segui-las em velocidade semelhante.

    Após pouco, avistaram seu alvo caminhando normalmente, por pensar que haviam desistido de persegui-lo. Ao simples contato visual, os olhos da líder brilharam como chama ardente, aumentando, assim, sua aceleração incrivelmente, incutindo enorme desespero em sua presa ao avistá-la.

    — Como são insistentes. Você me arrumou um problemão — pensou consigo mesmo, abrindo um sorriso descarado. — Terei que usar minhas técnicas secretas.

    Das perseguidoras, apenas a chefe se atentou ao sorriso, pensando na finalidade de tal gestual, porém afastou tais ideias, acreditando que não havia motivos para tentar compreender um mero pervertido.

    A cada passo que realizavam alargava seu sorriso, intentado distrai-las, apanhou algo de seu bolso direito e, levando a mão à nuca, atraiu as atenções para onde desejava, desfazendo-as com o uso de palavras selecionadas.

    — Super técnica. Desaparecimento do covarde — gritou antes de jogar algumas bolinhas com força no chão.

    Devido à velocidade em que se encontravam, foi impossível deter-se ao verem a fumaça sendo expelida pelas esferas, se confundindo, perdendo o caminho e tossindo fortemente. Com isso conseguiu escapar pela encruzilhada acima, dobrando à direita.

    Após a cortina de fumaça se dissolver no ar, se encontravam lado a lado, razoavelmente aturdidas, refletindo em como havia escapado com um truque tão ridículo de Físicos.

    — Para onde aquele maldito foi? — urrou a chefe.

    — Eu não consegui vê-lo depois da fumaça aparecer — informou Bryn.

    — Eu também não. Ele é muito rápido — pontuou.

    Estava tão irritada que não aguentou escutar um mero adjetivo pronunciado inocentemente, dirigindo fuziladora expressão à amiga que se sentiu constrangida.

    — Ele está fugindo! Para onde iremos agora? — retirou os infrutíferos pensamentos de ambas as companheiras.

    Ele teria que sair da escola cedo ou tarde, então ordenou que o procurassem pelo corredor enquanto se dirigia a uma das entradas. O ideal seria que todos os quatro portões fossem vigiados, porém não dispunham de maior efetivo.

    Adiante o jovem virava por outro corredor, se apressando ao localizar seu destino. Era a sala da diretora, onde poderia tratar do que realmente importava, além de achar-se a salvo de suas implacáveis caçadoras.

    Havia três salas de semelhantes dimensões e tamanho da porta dupla, sendo até suas posições na exata metade da parede. Eram cópias idênticas que poderiam lhe confundir facilmente, contudo sentira que era a do centro sua procurada.

    Ao entrar, fechou rapidamente a grande porta dupla, sem deixar de observar a diretora em sua pose imperiosa no fundo da sala, sentada em sua mesa, de frente para a porta, com uma janela atrás de si.

    Se tratava de uma mulher que exalava imensa sabedoria e poder, mesclados com seu ar de seriedade e sua altura de um metro e sessenta e três.

    Branca, cabelo liso, médio e negro, olhos verdes escuros e estrutura óssea mais avolumada. Trajava um simples vestido curto rosa, com mangas curtas e gola alta, uma faixa bege, na cintura e sandálias de salto da mesma cor.

    Ambos permaneceram parados, observando-se por alguns segundos, como se não acreditassem no que seus olhos lhes mostravam. Repentinamente o jovem relaxou o corpo e a diretora se levantou.

    — Há quanto tempo tia — exclamou enquanto caminhava em sua direção para abraçá-la.

    2. Oportuna missão

    — Não me chame de tia, moleque — cessou seu gesto similar. — Me faz parecer velha.

    Surpreendido pelo veloz movimento de rejeição, abaixou seus braços como reflexo, concedendo-a a oportunidade perfeita de alcançar sua cabeça e forçá-la para baixo, apoiando-a em seu peito, como se fizesse a uma criança.

    — Que bom que você está aqui querido — murmurou acariciando seus negros cabelos.

    Permaneceram por longos momentos na íntima posição. Achando melhor interromper o reencontro para tratar do estritamente necessário no momento, o sobrinho fitou acima com o canto dos olhos, encontrando o olhar típico de uma mãe.

    — Seu peito continua quente e aconchegante como sempre.

    Percebendo sua intenção, levantou-lhe e o abraçou uma última vez, como se estivesse se despedindo de um filho, lançando-lhe um olhar significativo de carinho ao libertá-lo. Deixando-o se virou para esconder lágrimas que insistiam em brotar-lhe.

    — Quando recebi a sua mensagem fiquei incrivelmente surpresa — começou pausadamente, não querendo que sua voz se alterasse.

    — Eu esperava que você ficasse feliz — brincou.

    Volveu-se rapidamente para respondê-lo, porém se lembrou de que os vestígios das poucas lágrimas ainda não haviam lhe deixado por completo, retomando sua posição original com a mesma velocidade.

    — Claro que fiquei, mas me surpreendi mais por você sempre ter odiado esse tipo de lugares e preferir o estilo, lobo solitário.

    — Não se preocupe, pois, até eu mesmo fiquei surpreso — revelou rindo.

    — O que você fará aqui?

    — Bem direta. Como sempre.

    Nesse momento o silêncio se instaurou no ambiente por breves instantes, os quais se apresentaram com ambos encarando-se, conversando em pensamentos. Por fim quebrou o próprio mutismo que iniciou.

    — Além do que foi dito mais nada. Admirar belas obras da natureza e, talvez, testar seus potenciais — riu sutilmente. — Arrumar uma namorada seria um bônus incrível. E talvez eu esteja mesmo precisando.

    Seu encerramento demostrara quantidades inimagináveis de dor, tristeza e angústia, fazendo-a alterar seu semblante e ser acometida por irrefreável instinto de abraçá-lo, o confortando. Antevendo seu gesto esticou a mão aberta, encerrando suas intenções.

    — Elas pioraram? — murmurou com extrema cautela.

    Reparando o que causara, tentou desconversar, porém não obteve mínimo sucesso contra o sentido aguçado da tia. Esboçando sombrio sorriso encerrou o assunto.

    — Há coisas que não devo contar nem para você.

    Silêncio assombroso se deu novamente, levando ambos a desviarem seus olhares, a fim de não evidenciarem suas feições. Sentiu que deveria mudar o rumo dos acontecimentos, assim modificando sua face para estampar um sorriso no recinto.

    — Temos mais duas pendências, tia — frisou a última palavra. — A primeira é para você não ficar espalhando nada sobre minha pessoa ou minha condição, pois eu não quero que fiquem me olhando estranhamente. Isso seria horrível para os negócios.

    — Como já disse antes, eu não revelarei nada, senhor estranho — respondeu, claramente recuperada do episódio anterior, abriu um leve sorriso.

    — Ótimo. Segunda. Onde vai ser o meu quarto? — perguntou ao esfregar as mãos. — Quero conhecer minhas belas vizinhas antes de ir para qualquer aula chata.

    Ao pronunciar da primeira sentença a diretora se encolheu e mordeu a língua, aproveitando-se do fato de prosseguir dialogando para dirigir-se à sua mesa e apanhar quaisquer papéis, fingindo estar os checando, porém suas táticas nunca foram efetivas.

    — Seu quarto... Vejamos. Ele está...

    Hora fingia ler, hora mirava acima da folha, esclarecendo completamente a situação e impelindo-o a levantar instintivamente a sobrancelha direita. Constatando o movimento do rapaz, organizou novamente os papéis e se entregou.

    — Há um enorme problema com os dormitórios — informou após longo suspiro.

    — Qual tipo de problema? — se preparou para o pior.

    Instantes antes de revelar a verdade, lembrou de uma questão que não fora resolvida e que estaria a cargo da guarda acadêmica. Oportunidade perfeita para obter algum tempo.

    — Meu querido Petrus, tenho aqui comigo uma questão simples de ser resolvida, porém demorada. Que tal se resolvesse para mim? — sorriu, esperançosa de que aceitasse.

    — Fazer o que né? — respondeu enquanto coçava a cabeça. — Qual é o negócio dessa vez?

    Não se surpreendera, pois imaginava de antemão que encontraria algo para afastá-lo, com a intenção de resolver seu problema. A dúvida era apenas quanto demoraria para lhe delegar aleatória atividade.

    — Uma maga de fogo novata ainda não chegou e nós temos que procurá-la.

    — Explique melhor — pediu.

    — Nós abrimos a instituição para abrigar as alunas há uma semana e instruímos para permanecerem em nossas dependências, porém uma aluna não seguiu nosso conselho e adentrou a floresta.

    — E ela ainda não voltou. Correto? — presumiu o término da história.

    — Exato.

    — Isso já faz quanto tempo?

    — Desde hoje de manhã.

    — Considerando que estamos no meio da tarde, o corpo ainda deve estar reconhecível — brincou.

    — Meu Deus. Não diga uma coisa dessas.

    — Só digo isso porque sei que essas nobres não aguentam condições adversas àquelas em que foram criadas — resmungou.

    Silenciosamente atirou um olhar de reprovação para si, como se dissesse Você terá que conviver com essas nobres fracas por bastante tempo, sendo respondida prontamente,

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