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Entremagos
Entremagos
Entremagos
E-book860 páginas17 horas

Entremagos

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Sobre este e-book

EntreMagos conta a aventura de Max, um jovem que pode abrir portais e se teletransportar, o que acaba colocando não somente ele em perigo, mas também seu melhor amigo, Natan. Juntos, esses jovens descobrem que o mundo que vivem não é o que pensam, e mais, descobrem um universo cheio de dimensões, criaturas, organizações e pessoas, muitas boas e outras nem tanto. No entanto, essa aventura não vai terminar tão bem quanto se imagina.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento4 de jul. de 2023
Entremagos

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    Pré-visualização do livro

    Entremagos - Neto Coelho

    Agradecimentos

    Agradeço primeiramente a DEUS por ter me dado a chance de escrever uma história desse tamanho, uma história que significa muito mais que um livro, uma história que significa um estilo de vida que sigo há muito tempo.

    Depois agradeço a minha família, Jaylma Silva, minha esposa, que teve a paciência de me ver escrever por horas e horas em vários dias sem ter tempo para ficar com ela. Agradeço também a minha mãe Maria Cardozo, meu pai Moisés Coelho e a minha irmã Mayra Coêlho, pois os três são pessoas importantes que também me motivaram a fazer a obra, com destaque para última que me ajudou com a revisão do conteúdo.

    Por último e não menos importantes, tenho que agradecer a Carlinhos Oliveira, o primeiro a ter interesse em ler minha obra e o primeiro a elogiar com sinceridade, não há como esquecer; a Helder Rocha, o segundo a ler e que sempre se manteve atualizado nas informações sobre o livro; e a Victor Cardoso, aquele que me deu críticas que me fizeram atualizar a obra para um formato melhor e que também me passou a sua para que eu apreciasse.

    Além disso, houve pessoas que sequer estavam perto de mim e também tiverem interesse em ler, ajudando com críticas e até mesmos conselhos. Eles não podem deixar de serem mencionadas, são eles Klebiane e Ilson Junior. Ambos moram distantes, mas isso não os impediu de me ajudarem de todo coração.

    Todos tiveram papeis muito importantes na construção de tudo isso.

    Obrigado.

    — Capítulo 1 —

    Entre Perseguições e Esconderijos

    Início. Ano atual no Universo: 11.989.

    Ano atual na principal subdimensão da terceira dimensão, especificamente no planeta Terra: 2016.

    Numa floresta gigante e densa, dentro de uma velha cabana de madeira com menos de dez metros quadrados, estavam dois garotos, Natan e Max. O primeiro era negro, de cabelo muito curto, olhos castanhos, de uma altura abaixo do normal e com dezenove anos de idade, vestia uma camiseta cinza de regata, uma bermuda jeans clara e uma sandália preta.

    O rapaz acordou com sons estranhos vindo do lado de fora, então decidiu observar pelas vagas na madeira que as paredes velhas tinham, na tentativa de ver o que estava lá fora. Depois de alguns segundos, ele foi até seu amigo rapidamente e, tentando não fazer muito barulho, sussurrou:

    — Max... acorda, cara! — ele empurrava o corpo do seu amigo, um garoto branco, com cabelos cheios e ondulados de cor castanho claro, seus olhos tinham cor de âmbar, sua altura era na média dos homens, tinha vinte anos de idade, vestia uma camisa azul clara, uma bermuda cinza e um tênis branco. — Acho que nos encontraram de novo!

    — O quê!? Não é possível. De novo? — Max acordou assustado.

    — Parece que sim, ouvi barulhos estranhos lá fora e quando olhei pela brecha da parede, vi alguns vultos — Natan falou como se estivesse com medo.

    — Eu vou ver — Max se levantou.

    — Não, Max, não se tele... transporte de novo — Natan ficou frustrado. — Quando é que ele vai parar com isso? — então, algum tempo depois seu amigo voltou dizendo:

    — São seis deles, é melhor a gente ir embora antes que algo ruim aconteça!

    — MAX! — gritou alguém do lado de fora. — ATÉ QUANDO ACHA QUE VAI CONSEGUIR FUGIR DE NÓS? — ele olhou na direção da voz.

    — Não responda, Max — Natan sussurrou novamente.

    A porta foi colocada para dentro com uma força descomunal, ficando em pedaços e abrindo um buraco na parede oposta que foi atingida, por pouco não atingiu os garotos. Logo em seguida, Max pegou rapidamente na mão do amigo, se teletransportou para floresta e gritou:

    — CORRA, NATAN! — Ambos começaram a correr por entre as árvores.

    — NÃO VÃO ESCAPAR NOVAMENTE! — novamente a mesma pessoa gritou, dessa vez dava para ver que estavam numa distância maior.

    — Preste atenção! — falou Max enquanto corria. — Quando eu falar agora!, você vira à direita e entra num portal que vou abrir.

    — Você tá doido? Não vou fazer isso sem você!

    — Eu fujo desses homens há mais tempo que você, confie em mim! — Natan não concordou, mas como não viu outras opções, balançou a cabeça positivamente, então Max começou a contar: — um...!

    — Para onde você vai me mandar? — falava Natan ainda correndo.

    — Não importa! Dois...! — os inimigos estavam se aproximando.

    — Claro que importa, não vá me mandar para um lugar mais complicado que esse!

    — Três. AGORA! — Max empurrou Natan para direita, fazendo seu amigo sumir num portal e parando de correr logo após.

    Não dava para ver as pessoas que os perseguiam, mas era possível ouvir os passos nos galhos e folhas, seis passos perceptíveis, arrastados e cautelosos, mas o silencio da floresta facilitava a audição de Max.

    — O QUE QUEREM DE MIM!? — gritou Max com voz de cansado.

    Não houve resposta, somente passos que ficavam cada vez mais próximos. Então houve um breve silêncio, até o vento pareceu se calar. Quando Max percebeu, estava cercado por seis homens com roupas pretas semelhantes à de monges medievais, também usavam capuzes.

    — O que diabos vocês querem de mim?

    — Já faz quatro anos, não é, Max? — o homem que falou sorriu sarcasticamente, o resto do rosto estava coberto, não dava para ver muito além da boca e da ponta do nariz.

    — Sim, quatro anos que sou perseguido e não sei nem o porquê! — o garoto estava nervoso e em guarda, esperando algum movimento brusco de qualquer um deles.

    — Não vou te falar o porquê, mas posso dizer que você é uma peça essencial para nós! Temos que te levar, queira você ou não!

    — Me levar? Só vão conseguir me pegar no dia que eu morrer!

    — Você é bem arisco — o homem falava calmamente, sem demonstrar qualquer tipo de atitude brusca. — Não vou ficar eternamente nesse jogo de gato e rato com você, temos coisas importantes a fazer, por isso preciso que venha logo conosco! — ele estendeu o braço em direção a Max com a mão aberta, mas antes que pudesse dizer ou fazer alguma coisa, seu alvo se teletransportou, sumindo da frente dele subitamente.

    — Merda! Até quando vamos ficar nesse joguinho!? — falou um dos outros seis que estavam lá.

    — Senhor, se ao menos pudéssemos machucá-lo ou algo que o desacordasse — falou um terceiro homem.

    — Não podemos machucá-lo, não podemos matá-lo, é por isso que é tão difícil capturá-lo. Já o deixamos imóvel uma vez, e mesmo assim ele sumiu. Desacordá-lo é fácil de falar, mas desse jeito que consegue fugir, também me parece difícil — o homem suspirou. — Infelizmente, essas são as ordens que temos, vamos segui-las.

    — Ele é muito habilidoso em se teletransportar, não diz uma palavra ou sequer mexe um dedo, simplesmente some e nos deixa ainda mais longe de capturá-lo — falou outro deles.

    — Sim, isso não posso negar, mas lembre-se que ninguém consegue fugir para sempre, um dia ele terá que nos encarar de frente!

    Havia muita coisa que Max não sabia, mas sua curiosidade estava num nível exorbitante, ele se perguntava a todo instante sobre o porquê dessas coisas estarem acontecendo, também não sabia como conseguia abrir portais ou se teletransportar, só sabia todas essas coisas estavam relacionadas por algum motivo. Além disso tudo, estava preocupado com seu melhor amigo.

    Natan estava sentado num chão sujo e empoeirado de uma casa abandonada e muito velha quando Max apareceu, então se levantou rápido e perguntou nervoso:

    — Você tá bem? Se feriu ou fizeram algo com você?

    — Espera! — Max respirou fundo, olhou para o teto, que tinha vários buracos, olhou para as portas e janelas, depois disso sorriu aliviado e falou: — está do mesmo jeito que deixei!

    — Que!? Essa casa é sua!? Desde quando!? — Natan continuava nervoso.

    — Claro que não, mas está abandonada, me escondi aqui por algum tempo. Como eles sempre me acham aonde quer que eu vá, prefiro não passar muito tempo num só lugar. Mas agora você precisa se acalmar!

    — Certo! Eu sei disso. — Ele respirou profundamente algumas vezes e voltou a falar: — onde estamos, mais precisamente?

    — Marrocos! — disse Max enquanto olhava para rua pela janela suja.

    — O que? Da Canadá para o Marrocos? — ele olhou diretamente para Max, que havia sentado numa poltrona cheia de poeira após perceber que estavam seguros. — Você sabe que quando viaja uma distância muito grande pode ficar exausto, temos que descansar um tempo aqui, não tem jeito.

    — Relaxa, Natan! Estamos seguros agora — ele reclinou a poltrona. — Não estou cansado, com o tempo acho que meu corpo vai se acostumar ainda mais com isso.

    — Você disse a mesma coisa quando chegamos naquela cabana — Natan ainda demonstrava um pouco de nervosismo.

    — Sobre estar cansado ou sobre estarmos seguros?

    — As duas coisas! Tá difícil desse jeito, precisamos fazer algo a respeito.

    — Eu sei disso, só não sei o que fazer! — Max respirou fundo e fitou seu amigo. — Outra coisa, não está mais seguro para você ficar andando comigo, não posso arriscar sua vida desse jeito.

    — O que? — Natan se assustou ao ouvir aquilo. — O que sugere? Me deixar por aí?

    — Não por aí, o melhor é que você volte para o orfanato.

    — Se eu quisesse ir embora já tinha falado ou até mesmo ido sem te avisar — ele pareceu irritado. — Eu sei que quando você voltou lá e me chamou para vir nessa loucura, eu agi por emoção. Quando vi o que você pode fazer, é claro que fiquei animado, quem não ficaria? — Natan também se sentou. — Não sei o que fazer em relação a tudo isso, mas sei que ir embora não é solução.

    — Você é teimoso demais, isso seria uma solução para você, por que não entende?

    — Isso é a mesma coisa que te abandonar, não adianta insistir, não vou mudar minha opinião.

    — Não quero ficar com culpa de nada, Natan!

    — Pare de pensar nisso, até agora estamos vivos, melhor esquecer essa história — Max preferiu não discutir mais, então depois de algum tempo em silêncio, Natan perguntou: — pelo menos, dessa vez conseguiu algo de diferente da parte deles?

    — Não, a mesma conversa de sempre, que sou essencial, que vão me levar e todo o resto de sempre que você já sabe.

    Eles esperaram até o outro dia para resolver o que fazer, Max não queria demorar ali, pois considerava o lugar como um esconderijo para casos de emergência, um abrigo para quando quisesse fugir de tudo e de todos, mas ele precisava descansar e por isso não partiu depressa. Então, logo ao amanhecer os dois já estavam de pé.

    — Para onde vamos? — perguntou Natan.

    — Vamos para o aeroporto — Max respondeu enquanto batia sua roupa para tirar a enorme quantidade de poeira que pegou da poltrona.

    — Por que o aeroporto?

    — Você sabe que eu só posso me teletransportar para um lugar onde já fui, né? — Natan respondeu balançando a cabeça. — Eu conheci uma parte do mundo durante o tempo que você não estava comigo assim, ia nos aeroportos e entrava nos aviões clandestinamente, ou seja, é só escolher o voo e partir.

    — Isso é totalmente ilegal — ele contestou achando a ideia ruim.

    — Um crime sem vítimas? — Max tentou justificar.

    — Não importa. É um crime do mesmo jeito.

    — Então você pode ficar! — Natan olhou para ele com a cara de raiva, mesmo sabendo que era brincadeira, e respondeu:

    — Só que não!

    Os dois saíram da casa, que ficava em uma rua movimentada de Rabat, capital do país. O local era uma feira popular, a quantidade de gente era apropriada para passar despercebido, muita gritaria e muita confusão de compra e venda, o que ajudava a não serem notados.

    Mesmo se apertando no meio do povo, Max estava atento a tudo, com o tempo aprendeu a não baixar a guarda e ser pego de surpresa no meio de uma multidão.

    — Quantos países você acha que já visitou?

    — Não sei, acho que uns... — um forte estrondo surgiu do nada atrapalhando Max.

    Eles olharam ao redor e viram as pessoas começando a correr em uma única direção, logo perceberam uma forte onda de poeira subindo no ar.

    — Max!! O que aconteceu? — seu amigo perguntou nervoso.

    — Merda, a casa abandonada desmoronou — ele falou apontando.

    — Como assim? Ela não cairia sozinha!

    — Claro que não! Aquelas paredes antigas eram grossas e resistentes! Provavelmente nos acharam de novo! Corra! Temos que ir! — eles corriam na direção contrária da casa.

    — Precisamos de um mapa — falou Natan correndo.

    — Eu já estive aqui antes, tenho noção de onde fica o aeroporto. Rápido! — eles correram até cansar, então tiveram que parar, se escondendo rápido numa rua estreita e sem movimento.

    — Por que não nos leva até lá? — disse Natan muito cansado.

    — Eu nunca estive lá, eu disse que tinha noção! — Max estava ofegante.

    — Que merda! — ele se enfureceu. — Nunca vamos ter paz?

    — Parece que não. Com o passar do tempo percebi que eles sempre me encontram mais rápido que a última vez, mas hoje eles bateram recorde.

    — Acha que eles têm algum tipo de GPS até você?

    — Não sei! Mas deve ter alguma coisa, não é possível que consigam me encontrar numa distância dessas e num período tão curto de tempo! É impossível.

    — Com certeza eles podem fazer coisas que você não pode, isso é um problema.

    — Eu sequer consigo quebrar um tijolo, já eles destruíram uma casa com paredes enormes como aquelas em pouco tempo, se quisessem me matar, teriam feito quando me encontraram da primeira vez, já tiveram chances suficientes.

    — Acho que estão atrás dos seus poderes — ambos ainda falavam um pouco ofegantes.

    — Por que estariam? Eles são mais fortes que eu, podem se teletransportar também, como estariam aqui se não pudessem fazer isso?

    — Não tenho a mínima ideia, mas é minha intuição!

    Enquanto estavam parados, tentavam pensar em algum lugar ou alguma coisa que os livrasse daquela situação, nem que fosse por algumas horas. A pressão sobre Max era imensa, pois o que mais pesava em sua consciência era saber do risco de vida que seu amigo corria, não havia outro jeito de salvá-lo a não ser deixá-lo contra sua vontade.

    Max poderia levá-lo a um lugar seguro, desaparecer e nunca mais voltar, afinal qualquer lugar era seguro para Natan, o problema não era com ele. Mas como os dois eram órfãos, sabia que seu amigo não tinha local para ficar, só o antigo orfanato onde os dois viveram, porém isso seria uma grande traição aos olhos dele.

    — Eu vou me entregar! — disse o jovem num momento de desespero.

    — Não fale isso nem de brincadeira! — seu amigo tentou acalmar a situação. — Nós vamos conseguir sair dessa, sempre conseguimos, não é?

    — O que é vou fazer dessa vez? Não tem um local onde esses idiotas não me achem — eles se calaram por instante, então Max percebeu um papel pendurado na parede ao seu lado. — Espere aí! — ele pegou aquele papel, que na verdade era um jornal.

    — O que foi? — perguntou seu amigo curioso.

    — Aqui tem uma foto do aeroporto! — por sorte tinha uma página inteira sobre uma reforma do local.

    — O que quer fazer com essa foto?

    — Acho que consigo viajar até lá... — Natan franziu a testa e falou:

    — O que? Você já fez isso antes?

    — Não, mas acho que consigo! É nossa única chance — ele o encarou por um instante. — Além disso, se eu não conseguir, não terá consequência nenhuma! — ele respirou fundo e falou baixinho em seguida: — eu acho.

    — Acha? Endoidou de vez? — apesar de confiar em seu amigo, Natan tinha medo de algo ruim acontecer.

    — Eu vou abrir um portal! — Max se concentrou e viu que não estava conseguindo, então se concentrou mais, se esforçando até o máximo que pôde.

    — Não vá estragar mais do que já está estragado! — de repente um portal se abriu na frente dos dois, era possível ver o aeroporto, Max tinha conseguido abrir próximo ao estacionamento, num local escondido entre carros.

    Natan percebeu que as pessoas tinham parado de correr e o tumulto tinha amenizado, porém não disse nada, achou mais seguro atravessar o portal e seguir para o aeroporto.

    — Eu consegui! — disse Max assim que atravessaram.

    Eles apareceram ao lado do edifício próximos a alguns arbustos, para a sorte deles, não tinha ninguém que pudesse ver o portal.

    — Ufa! — Natan respirou fundo. — Essa vida é agitada demais para mim.

    — Pra você? — Max riu ironicamente.

    — O que faremos agora? — ele olhava através dos arbustos.

    — Vamos ver os voos e os embarques antes que eles nos achem de novo.

    — Mas como vamos fazer para entrar no avião?

    — Todos os aviões são iguais, eu sempre viajo no mesmo modelo.

    — Então da primeira vez precisou entrar de outra forma! Como fez isso?

    — Eu comprei!

    Eles foram procurar as informações sobre os voos dentro do aeroporto. Enquanto isso, viam as notícias sobre a confusão na feira que passava em todas as TVs do local. O noticiário dizia que a casa havia desmoronado por causa de sua idade, que tinha poucos feridos e que procuravam por pessoas nos escombros.

    — Como conseguiu abrir um portal tão escondido?

    — No jornal tinha uma foto aérea do local, só me concentrei pensando no ponto que escolhi, foi simples.

    Depois da explicação, procuraram na lista até que encontraram vários voos diretos para algumas capitais e cidades do mundo, como Londres, Nova York, Cairo e Johanesburgo. Também havia voos com conexões e escalas para outras cidades como Berna, Nova Deli, Buenos Aires e Pequim.

    — Pra onde vamos? — perguntou Natan.

    — Não sei! Não conheço Buenos Aires, Cairo, Pequim e Nova Deli.

    — Talvez Nova Deli seja uma boa ideia, afinal tem muita gente lá, será muito mais fácil de se esconder.

    — Que droga! — disse Max com raiva. — Não vai adiantar de nada ir para esses lugares, eles vão nos achar como sempre fazem.

    — Até agora não vi nenhum deles chamar atenção em público. Provavelmente já sabem que estamos aqui, mas não fazem nada por medo de chamarem atenção demais.

    — Acho que você tem razão, por enquanto estamos seguros aqui.

    Eles disfarçaram tentando agir normalmente como se nada estivesse acontecendo, sentaram-se numa mesa e pediram algo para comer numa lanchonete do local, estavam confiando que a presença de muita gente no lugar ia impedir a ação dos perseguidores naquele momento.

    — Capítulo 2 —

    Entre Estranhos e Criaturas

    Os dois conversavam enquanto olhavam cautelosamente em todas as direções com medo de uma abordagem rápida dos inimigos, mas sem que eles percebessem e muito repentinamente, um homem sentou-se junto a eles na mesa da lanchonete.

    Ele era branco, de cabelo descolorido e um pouco alto na frente, provavelmente com gel, de estatura média e aparentando ter uns trinta anos, vestia uma calça jeans escura, uma camisa polo branca e um tênis preto com detalhes vermelhos.

    — Desculpe, mas... — Max não conseguiu terminar de falar, pois foi interrompido pelo homem que falou:

    — Vocês não são nada discretos, sabiam? — ele parecia estar disfarçando também.

    — O que quer dizer com isso? — Natan perguntou.

    — Abrir um portal ao ar livre tão próximo do aeroporto? Quer que as pessoas vejam vocês dois?

    — Não sei do que o senhor está falando, mas agradeceria se fosse embora, estamos esperando nossos amigos — disse Max.

    — Por mim tudo bem, mas se seus amigos vão salvar vocês daquele pessoal lá fora, eu quero conhecê-los pessoalmente! — os dois ficaram espantados, se impressionaram com o que ele sabia, a expressão de como assim? estava estampada em seus rostos.

    — O que você sabe? — perguntou Max assustado com a situação.

    — Sobre vocês? Nada! Mas vi aqueles magos perseguindo os dois desde a feira lá no centro, isso me chamou muito a atenção e quero saber o motivo.

    — Magos? — ao mesmo tempo Natan e Max falaram, mas só o segundo continuou: — como assim, magos?

    — Sim, magos, como nós! — o homem franziu a testa ao ver a cara deles — por que o espanto?

    — Então esses caras são magos? Só faltava essa, um louco!

    — Então abrir um portal é loucura? — ele ficou com uma expressão muito séria, não gostou do que Max tinha falado. — Vai negar o que você pode fazer? Estou dizendo que isso é magia, como definiria, então? Já que não acredita em mim... — Max só encarou, não respondeu, então o homem voltou a falar ignorando o que tinha sido dito antes: — vocês são magos e nem sabem disso? Muito estranho.

    — Espere aí! — falou Natan. — Eu não sou nada, sou um ser humano comum, se alguém aqui é alguma coisa, esse alguém é ele — falou apontando o dedo para o amigo. — Segundo, se você sabe quem eles são, provavelmente sabe o que querem.

    — Não é bem assim, mas não podemos ficar aqui conversando o tempo todo, vou ajudar vocês a se livrarem deles, depois eu explico tudo.

    — Se isso fosse possível — disse Max com a expressão de decepção.

    — O quer dizer?

    — Eu já estive em uns trinta países diferentes tentando fugir desses desgraçados, tem quatro anos que vivo assim.

    O homem olhou para ele fixamente por alguns segundos, olhava como se tivesse pensando em algo que resolvesse esse problema, então falou:

    — Pelo que percebi, eles estão no mínimo em quatro, o que torna as coisas difíceis para mim! Mas tem uma coisa boa, estamos em público, se não fosse isso eles já teriam atacado, o que não quer dizer que deixaram de rodar lá fora esperando por você, estão realmente interessados em algo que você tem.

    — Interessados em algo que eu tenho? Eu não tenho porcaria nenhuma!

    — Temos que despistá-los primeiro, depois iremos até o palácio! — ele viu a expressão dos dois e continuou: — suponho que não conhecem nenhum, não é? — o homem não estava entendendo a situação, por isso ficou curioso.

    — Não! — novamente responderam juntos.

    — Esperem aqui! — ele falou e saiu, foi em direção a saída do local e ficou olhando pela porta de vidro o movimento do lado de fora.

    — Max, você confia nesse cara? — perguntou Natan desconfiado.

    — Qual saída nós temos? Não é questão de confiança, mas nada nele indica que está do lado dos outros que encontramos, nem a maneira de falar, nem o comportamento, nem os trajes ou qualquer outra coisa.

    Eles ficaram observando e viram o homem sair, então foram até a porta de vidro olhar o que ele estava fazendo, para surpresa dos dois, o suposto mago estava conversando com um dos perseguidores encapuzados.

    — O que vocês, magos das trevas, estão querendo perseguindo dois jovens? — o homem sabia que eles eram perigosos, mas sabia também que eles não iriam atacar no meio de tanta gente que passava por ali.

    — É melhor não se meter, para o seu próprio bem, permaneça quieto no seu lugar! — o tom era ameaçador, afinal, ele tinha mais dois companheiros observando de longe caso fosse necessário agir.

    — O que querem com aqueles dois? — o homem insistiu.

    — Não é da sua conta — o outro já demonstrava irritação.

    — Saiba que a partir de agora eles estão comigo, para pegá-los terão que passar por cima de mim! Se ignorarem essa multidão, é claro!

    — Cuidado, mago! — o perseguidor se aproximou ainda mais dele para falar. — Você não vai estar rodeado de pessoas o tempo todo — disse o perseguidor que virou as costas e foi embora caminhando.

    De longe, Natan e Max observavam e cochichavam o que poderia estar acontecendo. Então o homem voltou até onde eles estavam e falou:

    — Vamos embora daqui!

    — Espere aí! O que aconteceu? — perguntou Natan.

    — Digamos que eles têm medo da multidão — o homem parou antes de caminhar, virou e falou para eles: — me desculpem, não me apresentei, meu nome é Hendrix, mago alfa do quadrante três — eles não entenderam nada.

    Vendo aquelas expressões, Hendrix entendeu e continuou:

    — Não espero que entendam agora, mas não se preocupem. Por enquanto, vamos sair daqui, tenho um trabalho a fazer e não posso me atrasar, por favor não se distanciem de mim e nem das pessoas na rua, eles ainda não desistiram.

    — Somos Max e Natan! — falou o segundo, apontando para o seu amigo e depois para si mesmo.

    Mesmo sem confiar totalmente em Hendrix, os dois seguiram a única alternativa que viram ser uma saída daquela situação.

    Eles seguiram pelas ruas da cidade, parecia que Hendrix procurava algo, ele olhava para todas as ruas e becos, seu olhar pensativo deixava os dois curiosos, mas Max estava impaciente.

    — Hendrix! Preciso saber quem eram aqueles caras, eles me perseguem há muito tempo! — perguntou Max ainda caminhando.

    — Já disse que são magos!

    — Mas nessa sua lógica, você deveria estar me perseguindo também.

    — Não confunda as coisas, Max! — Hendrix parou de andar e se virou para ele. — Somos magos porque conjuramos magia, mas isso não quer dizer que nós seguimos a mesma linha de pensamento ou o mesmo grupo de pessoas.

    — Então que linha de pensamento eles seguem? — Natan perguntou.

    — São magos das trevas, um grupo conhecido como Dulkenheits, são muito poderosos, não aceitam magos medianos e buscam poder acima de tudo.

    — Estão atrás do meu poder? — perguntou Max.

    — Isso eu não sei responder, minha decisão de levá-los ao palácio foi justamente por pensar assim! O que o grupo de magos das trevas mais poderoso do mundo quer com você? Um garoto que nem ao menos sabia que era um mago.

    — Que reconfortante! — disse Natan. — Era melhor quando não sabíamos dos detalhes.

    — Vamos deixar isso de lado por enquanto, estou procurando uma coisa — eles voltaram a caminhar pelas ruas.

    A preocupação de Max só fez aumentar, agora ele sabia que era um mago e que outros magos o perseguiam, quanto mais pensava em como as coisas poderiam terminar em relação a seu amigo, mais ele queria se entregar, era uma decisão difícil e talvez egoísta, mas era tudo que passava por sua cabeça. Além disso, estava andando por aí com um cara que acabaram de conhecer e que se diz ser mago também, mas que não falou nada sobre si mesmo e que para completar, estava procurando algo que não revelou ainda.

    Depois de algumas horas andando, com o sol escaldante e uma sede absurda, Natan parou, sentou-se numa calçada e falou:

    — Não consigo mais andar, nem água tem para nós?

    — Infelizmente, não! — Hendrix não deu muita atenção para ele. — Esqueci que ainda estava com roupas comuns — ele entrou num beco próximo onde ninguém podia vê-lo, abriu os braços e conjurou: — Vade Magus! — suas roupas se transformaram instantaneamente.

    — Droga! — disse Max ao ver as roupas. — Você é um Dulkenheit! — ele deu alguns passos para trás com medo quando viu as vestes do homem que tinha acabado de conhecer.

    — Tá maluco? Se é pelas vestes, eles vestem preto em tudo, o meu sobretudo longo é cinza e a roupa de dentro é uma blusa azul escura com botões. Não dá para confundir. Sem falar que muitos deles usam capuz — Hendrix respirou fundo e voltou a falar, dessa vez com mais tranquilidade: — cara, se eu quisesse ter levado você aos Dulkenheits já teria feito isso, com certeza não cometeria a burrice de mostrar as minhas roupas te revelando quem eu sou. É melhor a gente ir beber algo.

    Max e Natan se conformaram depois do breve sermão que tomaram, então saciaram a sede numa pequena mercearia ali próxima e saíram novamente em busca de algo que só Hendrix sabia.

    — O que você está procurando, exatamente? — perguntou Max.

    — Um dos papéis de nós magos é defender nosso mundo de tudo que o ameace, isso inclui outros magos ou qualquer tipo de criatura, principalmente criaturas que não são do nosso planeta.

    — Quer dizer que estamos procurando algo que não é desse planeta?

    — Fui mandado aqui para investigar se algo entrou em nossa dimensão sem permissão.

    — As coisas não podem melhorar só uma vez? — clamou Natan.

    — Dimensões? — Max franziu a testa.

    — Sim, dimensões! Existem muitas delas, porém nós somos impossibilitados de abrir portais interdimensionais, na verdade só um mago no mundo todo pode fazer isso.

    — E por que somos impossibilitados?

    — As dimensões escondem coisas poderosas e mundos estranhos que muitos magos adorariam dominar para ter poder, as pessoas são instáveis e não são confiáveis, isso daria brecha para mais problemas do que já temos.

    — E como se impossibilita o uso de uma magia?

    — Muito simples, Max, é uma magia de tão alto nível que só um mago no mundo inteiro consegue usá-la.

    — Nossa! — isso deixou ele surpreso.

    — Existem outras magias do mesmo nível, mas vocês vão aprender muita coisa na biblioteca do palácio, lá tem tudo sobre criaturas, magias e heróis do passado.

    — Onde fica exatamente esse palácio? — perguntou Natan.

    — Esse que nós vamos, fica em Tierra Del Fuego! Já ouviram falar?

    — Não — falou Max que em seguida parou pensativo e continuou: — espere aí! Existe mais de um palácio?

    — Claro que sim! Mais três, para ser mais exato, totalizando quatro.

    Natan e Max trocaram aquele olhar de desconfiança, mas seguiram com ele enquanto conversavam.

    Chegaram numa rua estreita entre duas casas grandes onde não havia ninguém, mas dava para ouvir muitos barulhos estranhos, sons que com certeza nenhum ser humano era capaz de fazer. Então, Hendrix parou, olhou para cima e para os lados, como se estranhasse a situação e estivesse esperando algo aparecer.

    — Fiquem quietos — ele disse sussurrando enquanto se movia devagar.

    Aos poucos, os barulhos que se pareciam com patas se arrastando ficavam maiores. Max e Natan perceberam que havia algo preso no alto da parede de umas das casas.

    — Hendrix... o que é aquilo? — falou Max pausadamente e apontando para uma criatura que parecia um morcego gigante, mas com a cabeça mais arredondada e com nariz menor, além disso tinha uma pele muito espessa e olhos vermelhos.

    — Droga! — disse ele com calma e sussurrando. — Aquilo é uma gárgula de fogo. Fiquem quietos, pode ser que não tenha nos notado ainda.

    A gárgula pulou do alto na direção de Hendrix.

    — Merda!!! — gritou Natan colocando os braços na frente do rosto.

    Repulso! — Hendrix conjurou a magia apontando a mão direita aberta na direção da criatura, ela até chegou a se aproximar, mas foi jogada na direção contrária a alguns metros de distância com uma certa brutalidade.

    O monstro não se machucou ou se arranhou com a queda, então logo se levantou e ameaçou atacar de novo, seus olhos brilhavam cada vez mais, então, repentinamente, ela abriu a boca e começou a cuspir fogo em cima dos três, um lança chama poderoso que não demoraria para transformá-los em cinzas.

    Force Protector! — Hendrix envolveu todos num campo de força, que impediu que o fogo e o calor chegassem até eles.

    Enquanto a batalha acontecia, Natan e Max pareciam cada vez mais abismados com aquela situação, a dúvida que ainda havia persistido em ficar, sumiu naquele instante, dessa vez se convenceram que o mago estava falando a verdade.

    O fogo cessou e a gárgula se sentiu encurralada depois de perceber que o ataque não surtiu efeito, começando a dar leves passos para trás.

    — Ela está planejando fugir! — falou Hendrix.

    Cada pequeno passo que a gárgula dava para trás era sucedido por um pequeno passo para a frente de Hendrix, ela já se sentia ameaçada e parecia já estar com medo, então começou a correr, fugindo deles.

    — Vamos! Rápido! — Hendrix saiu correndo e gritando.

    A gárgula era muito rápida e usava suas garras para se prender nas paredes facilmente, o que dificultava a perseguição, e dificultou mais ainda quando ela começou a correr pelos tetos das casas.

    — Nunca vamos alcançá-la desse jeito — parou Hendrix quando viu o que ela fez.

    — Eu tenho uma ideia — falou Max. — Segure no meu ombro — assim os outros dois fizeram, sendo teletransportado instantaneamente até o teto onde a gárgula tinha ido.

    — Como fez isso? — disse Hendrix surpreso.

    — Sou um mago, você mesmo disse! — Hendrix fixou o olhar em Max estranhamente e falou em seguida ao ver a criatura se distanciando.

    — Droga, não temos tempo! — começaram a correr novamente atrás do monstro. Dessa vez já estava muito distante deles.

    — Posso ir até lá — disse Max.

    Então os outros seguraram novamente em seu ombro com firmeza, mas antes de se teletransportarem de novo, Hendrix falou:

    — Temos que ter cuidado, ela pode nos transformar em espetinhos num segundo, fiquem atentos quando aparecermos lá. Nos aproxime dela, mas não o suficiente para corrermos o risco de ficarmos como churrasco.

    Max os teletransportou até uma certa proximidade, mas ela logo percebeu e voltou a descer pelas paredes, entrando num galpão portuário perto do oceano, o local estava cheio de estantes com caixotes de madeira.

    Os três a seguiram voltando para baixo nas ruas e pararam em frente ao galpão, que era gigante, um espaço enorme para o monstro se esconder e pegar alguém de surpresa.

    — E agora? — perguntou Natan.

    — Não sei — respondeu Hendrix após respirar fundo. — Esses monstros são ariscos demais, o que os tornam perigosos.

    — Eu percebi! — disse Max. — Se não fosse pelo seu escudo, teríamos virado cinzas naquela hora!

    — Isso faz parte do trabalho de um mago!

    — O que vai fazer quando pegá-la? — perguntou Natan.

    — Vou mandá-la para o departamento de deportação interdimensional do palácio, eles cuidarão para que ela volte para o lugar de onde veio!

    — Como vai fazer para mandar aquela coisa para lá?

    Hendrix pegou do bolso e mostrou um objeto que mais parecia um relógio quebrado com os ponteiros fixos e em posições opostas.

    — O que é isso?

    — Isso é um TIF, Max! Teletransportador Instantâneo Forçado. Assim que eu conseguir colocar isso nela, já era! Será mandada para o lugar que o dispositivo foi programado, nesse caso, será levado para o departamento de deportação interdimensional no palácio do quadrante três!

    — Se ela ficasse quieto seria ótimo — ironizou Max.

    Além do tamanho do galpão, a quantidade de caixotes e objetos aleatórios era absurda, o risco de serem pegos de surpresa era muito maior que as chances de acharem o monstro primeiro.

    — Natan, fique aqui do lado de fora e avise se ele aparecer! Não vou pôr você em risco!

    — Então eu posso correr risco? — perguntou Max nada satisfeito.

    — Você acabou de dizer que era um mago, use sua magia.

    — Minha magia é bem limitada, você consegue fazer coisas que eu nem sabia que eram possíveis de fazer.

    — Sua magia é bem poderosa, com o tempo você vai aprender muita coisa, mas lembre-se que o objetivo principal dela é a defesa e não a fuga.

    Os dois entraram, Hendrix era mais experiente e consequentemente sabia como agir na situação, ele era mais sorrateiro, parecia ter a visão mais aguçada para o serviço. Então ouviu-se um barulho, Hendrix avistou Max e apontou na direção sem emitir nenhum som.

    Logo chegaram perto do fim do galpão, mas não acharam nada lá. Quando perceberam, o monstro já estava correndo na direção de Natan, que estava sozinho do lado de fora.

    — Natan, fuja! — gritou Hendrix.

    Quando Max pensou em se teletransportar, a gárgula já tinha saltado para cima de seu amigo, que usou de seus reflexos e se abaixou rapidamente, evitando um ataque direto. Mas isso não foi o suficiente para se esquivar completamente do golpe, pois o monstro conseguiu ferir seu ombro esquerdo fortemente com suas garras muito afiadas.

    Max e Hendrix se teletransportaram para perto de Natan e conseguiram evitar o segundo ataque do monstro, que provavelmente tiraria a vida do outro.

    Repulso! — a magia foi suficiente para jogar a gárgula numa distância considerável, pois ela já estava se armando para atacar novamente.

    Dessa vez ela não parecia querer fugir, pois foi de contra o inimigo, porém Hendrix sabia que aquela magia simples não iria derrotá-la, usou essa medida apenas para abrir uma boa distância e pensar em algo melhor.

    Rapidamente ele teve uma ideia. O galpão estava a uns vinte metros do oceano, que estava logo abaixo de um quebra mar, então ele foi se aproximando da criatura.

    — O que esse maluco vai fazer dessa vez? — perguntou Natan, que estava ajoelhado segurando o ombro que sangrava muito.

    — Não sei! Precisamos cuidar desse ferimento o mais rápido possível ou você vai perder sangue demais.

    Aqua Carcerem! — eles ouviram quando Hendrix conjurou num tom acima do normal, dessa vez suas mãos estavam diferentes de antes, elas se moviam de um jeito que parecia estar prendendo algo, mas na verdade estavam separadas a uns vinte centímetros uma da outra.

    Com o efeito da magia, uma porção da água do mar começou a subir, foi em direção ao monstro e o cercou, o impedindo de sair do local onde estava, formando uma espécie de globo com correnteza em círculos, o mesmo movimento das mãos de Hendrix a água repetiu, era uma magia impressionante de se ver, os outros dois ficaram de bocas abertas.

    Não foi necessário muito tempo para gárgula parar de resistir e ficar desacordada quase se afogando, então com rapidez, o mago jogou o TIF na criatura e falou:

    Nonm! — um portal apareceu no centro do corpo dela, de fora para dentro, e a sugou, fazendo o monstro desaparecer.

    Sem perder tempo, Hendrix logo correu na direção ao dois e falou:

    — Temos que ir para o hospital mais próximo — ele viu que o ferimento era profundo.

    — Ele tá perdendo sangue demais! — disse Max, que se preocupou mais ainda quando perceberam que ele tinha desmaiado, então o seguraram cada um de um lado e o levantaram.

    — Você deve saber alguma magia de cura! — disse Max.

    — Quem dera que magia fosse assim!

    — Mas que droga! — Max estava ficando desesperado com a situação, então do nada falou para Hendrix: — segure ele um instante, eu já volto! — ele sumiu sem esperar resposta.

    — Capítulo 3 —

    Entre Apuros e Calor

    Max começou a se teletransportar pelos cantos da cidade procurando por um hospital, ele aparecia e desaparecia com tanta rapidez nas ruas e praças da cidade, que as pessoas estavam se assustando, vendo vultos por todas as partes.

    Contudo, a preocupação e o nervosismo embaçavam sua vista fazendo-o perder a concentração, era como correr com os olhos tapados.

    Ele voltou até o mago e seu amigo depois de um tempo e disse:

    — Vi uma farmácia! Vamos nos teletransportar até lá!

    — Não podemos aparecer assim na frente das pessoas, podemos expor nosso mundo e isso é terminantemente proibido!

    — Acha que vou ficar aqui vendo meu amigo morrer porque suas regras dizem que não pode isso ou aquilo? — ele realmente não estava preocupado com isso. — Que se dane!

    — Max! — disse Hendrix num tom de bronca e falou calmamente em seguida: — se acalme, você tem que estar preparado, saber lidar com certas situações não é nada fácil! Eu sei o que você tá pensando, mas eu garanto que ele não vai morrer.

    — Claro que não! — disse um homem que surgiu repentinamente na frente dos três, o capuz para trás mostrava sua pele branca, além disso era de estatura média, cabelo laranja espichado para cima, com o rosto liso sem barba, aparentando ter no máximo vinte e cinco anos de idade, usava roupas negras semelhante à dos magos, o que na verdade deixava claro que era Dulkenheit.

    — Parece que as coisas não estão andando a nosso favor!

    — Droga! — sussurrou Max. — O que vamos fazer?

    — Vá para o aeroporto, para o mesmo lugar que você foi da última vez, não deixe que vejam você se teletransportando, seja cuidadoso!

    — O que? E o que eu vou fazer lá enquanto ele perde sangue?

    — Eles farão algo quando o virem assim, diga que foi atropelado ou invente qualquer coisa, mas saia daqui.

    — E você? — perguntou Max.

    — Acha mesmo que eu vou deixar vocês escaparem? Dois de vocês só partem daqui para o além, vou matá-los antes que percebam... — Max agarrou Natan e sumiu antes que o Dulkenheit pudesse terminar de falar.

    — O garoto é habilidoso, começo a entender o interesse do mestre — falou o mago das trevas num tom de surpresa.

    — Vá embora! Deixem-nos em paz!

    — Sabe que isso não vai acontecer, mas quero que me responda uma coisa! O que está fazendo aqui, tão longe do seu palácio e com aqueles garotos?

    — Estou a serviço do meu palácio, acabei saindo um pouco do meu quadrante enquanto seguia essas aparições de gárgulas. Encontrei os garotos por acaso, cruzei com eles e pelo visto esse é o único motivo de ainda estarem vivos.

    — Não ia matar os dois, só um, o outro nos interessa!

    — Sua vez de me responder, por que magos da sua organização estão perseguindo garotos!?

    — Isso só interessa aos Dulkenheits, ninguém mais precisa saber!

    — Agora perseguem magos indefesos? Os famosos Dulkenheits, se acham os deuses do mundo e no final das contas, são covardes.

    — Cuidado com a boca mago, você não suportaria dez segundos contra mim — ele deu um sorrisinho de canto de boca. — Tenho certeza de que você sabe qual o nível necessário para ser um de nós, não é?

    — Do que adianta ser poderoso e não ser um mago de verdade? Vocês envergonham a todos quando dizem que são magos.

    — Até que eu te entendo, me sinto como você! Envergonhado por uma raça de idiotas que se limitam a usar seus poderes e serem lacaios. Eu sou livre, meu caro, e você pode ser também, não há nada que te impeça.

    — Na verdade existem valores que me impedem de agir como vocês, gananciosos e cruéis! — Hendrix demonstrava ódio.

    — Sem ganância não podemos chegar a lugar nenhum — enquanto Hendrix falava com um tom de raiva, o outro falava simplesmente como se estive numa conversa de amigos, parecia que estava dando conselhos.

    — Não vou deixar que ponham as mãos naqueles dois garotos, não vou deixar que vocês destruam mais duas vidas, não matará Natan, nem levará Max para o caminho das trevas.

    — Você chama de caminho das trevas, nós chamamos de busca por poder, uma ótima motivação para seguir esse caminho. E só mais um detalhe, você não pode me impedir! — eles se encaram por algum tempo, até que o inimigo continuou: — como vai ser, vem para o nosso lado?

    — Nunca vou fazer isso! — Hendrix não queria batalhar, mesmo sabendo que o poder do mago das trevas era maior, não tinha outro jeito.

    — Você teve sua chance, já te dei uma oportunidade, mas como prefere o seu caminho, vai morrer como um qualquer! — então ele conjurou disparando uma magia contra Hendrix: — Impetu Corpus! — o mago desviou e a magia atingiu a parede do galpão logo atrás dele, deixando rachado o local atingido.

    Vendo aquilo, Hendrix percebeu a intensidade da magia conjurada, viu que o mago das trevas estava disposto a matá-lo.

    Pugnus! — Hendrix disparou revidando, no entanto, seu inimigo conjurou em seguida:

    Semitis! Pugnus desviou de sua rota e não atingiu seu alvo, pois ficou sobre efeito da outra conjurada posteriormente. — Acha que esse nível de magia vai me derrotar? Vou te ensinar o que é magia de verdade! — ele ergueu os braços para cima, depois estendeu pros lados e falou: — Ignis Circulum! — os dois ficaram em volta de um círculo de fogo com chamas imensas, mais de dois metros de labaredas, a temperatura aumentou absurdamente, deixando o local inabitável e insuportável, tudo que era plástico e outros materiais menos resistentes começaram a derreter.

    O Dulkenheit não era afetado pelo calor, o fogo era fruto de sua própria magia, o que fazia com que ele não sentisse nada, estava protegido de qualquer chama. Porém, Hendrix não estava protegido, então com um dos joelhos no chão e ficando tonto pela falta de ar, conjurou:

    Force Protector! — como antes, um campo de força o protegeu.

    — Muito bem, alfa, muito bem! Está protegido do calor, mas esse escudo não vai durar muito tempo! — gritou o Dulkenheit em meio ao barulho imenso das chamas. — Vamos ver quanto tempo sua defesa dura! — então, movimentando as mãos, ele começou a fazer as próprias labaredas lançarem bolas de fogo em cima do campo de força do adversário usando a magia Ignis Motus.

    Hendrix estava em apuros, tinha que pensar em algum jeito de sair dali, mas ainda estava voltando ao normal depois de quase desacordar.

    — Você tem força, mago! — falou o inimigo jogando mais bolas de fogo na defesa, que ficava mais fraca a cada ataque que recebia, o que aos poucos ia expondo Hendrix a um calor mortal. — Foi bom lutar com você — ele gargalhou.

    Lacus me! — Hendrix se teletransportou, pois não conseguiu sair daquele enrasco de outra forma.

    — Merda! — disse o Dulkenheit assim que ele sumiu, porém Hendrix se teletransportou para o mar, muito próximo da costa, foi o mais longe que sua força permitiu naquele momento.

    Assim que caiu, ele sofreu um choque térmico na água devido à alta temperatura que estava exposto e apagou.

    — Ele conseguiu se teletransportar naquela situação? — ele se perguntou enquanto as chamas desapareciam pela sua vontade. — Parece que tem potencial — ele percebeu o impacto na água e conjurou rapidamente: — Aqua Carcerem! — Hendrix tinha água o rodeando por todos os lados assim como fez com a gárgula, estava suspenso no ar e próximo ao inimigo, que se logo o aproximou.

    O Dulkenheit o trouxe até terra firme, onde encerrou a magia, fazendo seu adversário cair e acordar subitamente, colocando muita água pra fora. O mago das trevas apoiou o pé em seu estômago, mirou com uma das mãos e falou:

    — Eu te dei uma chance.

    — Me mate... — sussurrou Hendrix com dificuldade. — Deixe de conversar tanta besteira e faça logo.

    — Talvez seja melhor te deixar vivo, vejo muito potencial em você. Mas terá que... — Hendrix interrompeu.

    — Nunca farei parte dessa organização, eu já disse isso antes e repito, não importa o que diga ou me prometa, é melhor me matar.

    — Por que essa teimosia? Prefere a morte que ser um Dulkenheit? Quanto ódio para um mago que, teoricamente, busca a paz para o seu mundo, ou esse não é seu objetivo? — eles voltaram a se encarar. — Você é um idiota de verdade, a sua vida está em minhas mãos, uma única magia agora, um simples Impetu Corpus seria o suficiente para você ficar no chão para sempre.

    — Pode me queimar, afogar ou congelar se quiser, nada vai mudar! — Hendrix continuava a falar com dificuldade, mas seu tom era muito firme.

    — Você me dá ideias, sabia? — ele tinha um sorriso maléfico, seu jeito era frio e não se importava de ter alguém quase morrendo nos seus pés. — Estou curioso... — falou olhando para cima e colocando a mão no queixo. — Por que tanto ódio? Não encontro isso com tanta frequência até entre nós.

    — Não vou te falar, não importa o quanto insista — Hendrix ainda colocava água para fora.

    — Se me falar, prometo que pego leve com Max, posso até deixar o amigo dele vivo, mas isso não é uma promessa, só tô dizendo que posso pensar no assunto — seu sorriso maléfico foi maior dessa vez.

    Hendrix tentou se levantar, mas quando apoiou seus dois braços no chão para se erguer, levou um chute forte nas costelas que o fez se revirar no chão e gemer de dor.

    — Acha mesmo que tem forças para se levantar? Já deve tá difícil de respirar e você ainda faz isso? É como eu disse antes, você tem potencial, mas é teimoso demais — ele conjurou sussurrando: — Puppetus! — o corpo de Hendrix se ergueu no ar com o efeito da magia, ficou como se estivesse de pé a poucos centímetros do chão, contudo estava visivelmente mole. — Posso te enfiar na água várias vezes até você me falar porque nos odeia tanto.

    — Vai ficar fazendo isso até minha pele cair, eu não direi nada — Hendrix riu debochando, então o mago inimigo, olhando nos olhos dele, falou:

    — Sua teimosia já tá me deixando nervoso — Hendrix novamente abriu um leve sorriso. — Está nessas condições e ainda tem coragem de rir da minha cara? — o mago inimigo também riu. — Já que insiste... — antes que pudesse fazer qualquer coisa com Hendrix, uma mão segurou em seu ombro muito rápido, ele virou a cabeça imediatamente e se surpreendeu quando viu quem era.

    Max segurou nele e se teletransportou até o local onde sua vista alcançava na direção do oceano, aparecendo a vários quilômetros da costa e ficando a pouquíssimos metros da lâmina d’água, ele arremessou o Dulkenheit na água e voltou rapidamente até Hendrix antes que caísse também.

    — Max, você... — Hendrix não conseguiu terminar.

    — Calma! Vou te levar para o hospital — ele sumiu, coincidentemente o Dulkenheit se teletransportou ao mesmo tempo de volta ao lugar, contudo, não encontrou mais ninguém ali, isso o deixou em fúria e com um grande desejo de vingança, pois não tinha como segui-lo, afinal, ele não tinha ideia para onde Max tinha se teletransportado, mas jurou para si mesmo que os reencontraria e os mataria da pior forma.

    Max apareceu no banheiro do hospital e saiu rapidamente correndo pelos corredores, gritando:

    — AJUDEM, POR FAVOR, ELE SE AFOGOU! — os gritos chamaram a atenção dos enfermeiros, e vê-lo molhado ajudou a identificar o problema, já que Max não sabia o idioma local.

    Depois que o pessoal levou Hendrix, Max se sentou num banco que estava ali no corredor e apoiou as mãos na cabeça, ele só pensava em como tinha ido parar ali naquela situação, vendo seu amigo internado e um desconhecido quase morrendo.

    Ele se sentia responsável, pois aceitou que Natan viesse com ele mesmo sabendo que estava sendo perseguido e confiou na ajuda de um estranho que acabou lutando para salvar sua vida.

    Depois de alguns instantes, se levantou e foi até a janela do hospital, estava agoniado sem notícias de nenhum dos dois, observava apenas uma forte chuva repentina caindo do lado de fora.

    Apesar de ainda não ter se tornado amigo, as atitudes de Hendrix provaram que ele não era um inimigo. Max refletia no rumo que sua vida teria tomado se ele permanecesse no orfanato, o que acabou deixando-o confuso sobre suas decisões na vida.

    Ele se dirigiu a alguém que viu passando para pedir informação.

    — Quero saber de dois pacientes. Alguém por favor? — era inútil, como chegar num local que você não entende nem metade de uma palavra para pedir informações sobre duas pessoas feridas? Ninguém podia ajudar. O único jeito era aguardar, o que o fez adormecer no banco que voltou a sentar.

    Depois de algumas horas, já na madrugada, Hendrix apareceu, só meio pálido, mas muito melhor que antes, seu estado era urgente quando chegou, mas ele mostrou ter uma recuperação rápida. Então sentou-se ao lado de Max, começou a observá-lo e pensar sobre si mesmo, imaginando como teria morrido se não fosse salvo por um mago que até o mesmo dia não sabia que também era um deles.

    Ao perceber que estava chegando uma enfermeira próximo a ele, estalou os dedos e conjurou:

    Locutus so Lengua! — sussurrou essa magia que permitiu que ele falasse no seu idioma original, mas que o receptor da mensagem entendesse em seu próprio idioma, como um tradutor instantâneo, sendo a recíproca verdadeira, ele também conseguia entender o que ela falava em seu idioma. — Com licença! — ela parou e falou:

    — O que o senhor deseja?

    — Mais cedo um garoto com um machucado feio no ombro deu entrada aqui. Eu queria vê-lo por favor!

    — Me lembro desse caso, o senhor é parente?

    — Sim, sou tio dele! — uma clara mentira para poder se informar.

    — Na verdade, agora ele já está se recuperando, perdeu muito sangue, mas vai se recuperar logo, não precisa se preocupar, daqui a poucas horas você poderá entrar na sala.

    — Obrigado — ela saiu e ele murmurou: — droga! Tomara que se recupere logo, Natan.

    — Pode me dizer como você falou e ela entendeu e como ela falou e você entendeu? — falou Max bocejando e voltando a se sentar.

    — Max! — Hendrix se alegrou. — Magia, meu jovem, magia!

    — Como você está? — perguntou ao perceber a palidez.

    — Bem! Não estaria assim se não fosse por você, tenho que agradecer.

    — Eu tinha que voltar lá — Max sorriu levemente. — Mesmo sem saber o que fazer, não podia deixar você sozinho.

    — Eu agradeço muito, se você tivesse chegado segundos depois, talvez eu já estivesse morto — falou Hendrix baixando a cabeça e refletindo.

    — Eu agi por impulso, sabe? Mas para mim não tinha outra escolha.

    — Você se saiu perfeitamente bem, afinal salvou duas vidas — ele sorriu. — Ele foi pego de surpresa, se fosse um confronto direto a história seria bem diferente. Mas o que importa agora é que estamos todos fora de perigo, desde que não nos achem aqui.

    — Não vão achar, tem horas que estamos aqui! — Max levantou os braços se espreguiçando, de repente parou no tempo e se lembrou de seu amigo. — Natan! Como ele tá?

    — Ainda não está como queremos, mas ele vai ficar bem, agora é questão de recuperação e logo, logo, ele estará aqui com a gente.

    — Que bom! — respirou aliviado. — É tudo minha culpa.

    — Na verdade a culpa é minha por ter chamado vocês dois para caçar uma criatura mágica, fui descuidado!

    — Você pediu para gente ficar perto por achar que era mais seguro, a verdade é essa.

    — Não previ que poderia ser uma gárgula de fogo, apesar de seu nível de perigo ser considerado médio, eu também sou um mago de nível médio, acho que não estou preparado.

    — Eu duvido! — Max segurou em seu ombro. — Se não fosse preparado teríamos morrido contra ela e estaríamos como carvão agora. — Hendrix riu e falou:

    — Com suas habilidades de se teletransportar eu que duvido muito! Nós estaríamos em outro lugar a salvo de tudo — os dois sorriram juntos e depois de um tempo, Max olhou para ele sério, que percebeu e perguntou: — o que foi?

    — Você tem que me falar sobre os Dulkenheits, o que eles querem de mim? — o assunto não tinha deixado de martelar em sua mente, incomodando até aquele momento.

    — Como eu disse antes — Hendrix respirou fundo e continuou: — não sei responder o que eles querem de você, não faço ideia, acredite!

    — Então preciso saber o que você sabe sobre eles, talvez isso me ajude.

    — Certo! Eu contarei, mas saiba que não sei muito sobre eles também. A primeira coisa é que é uma grande comunidade de magos das trevas, não é um grupo pequeno, até porque é uma organização antiga, surgiu há mais de sete mil anos.

    — O que? — Max se surpreendeu. — Nesse tempo já existiam magos?

    — A magia existe há mais tempo do que você imagina, mas o mais importante é que magos são pessoas, entenda que sempre vão existir os bons e os maus, os fortes e os fracos, os humildes e os prepotentes! São seres humanos, as vezes usamos os termos humanos e magos como contrários, mas é só para facilitar o entendimento.

    — O que quer dizer com isso?

    — Que todo mago a princípio deveria ser do bem, nosso papel é defender o mundo das coisas ruins que existem, nosso dever é cuidar prioritariamente da vida e não deixar que ela se acabe em vão. Infelizmente nem todos os magos seguem esse princípio, você já percebeu isso, sua primeira experiência foi ser perseguido por um grupo de magos das trevas — Max baixou a cabeça pensativo e falou:

    — Acho que estou entendendo.

    — Max, os Dulkenheits são pessoas totalmente frias e poderosas, são perigosos demais. Você não encontrará um mago que faça parte desse grupo e seja muito diferente disso que estou dizendo, pelo menos eu nunca encontrei ou ouvir falar de algum que fosse muito diferente disso.

    — Eles são os únicos magos das trevas que existem?

    — Claro que não! — Hendrix deu um sorriso de canto de boca. — Quem dera! Há muitos por aí que vagam sozinhos, também existem outros grupos menores e mais fracos, mas com níveis ilimitados de maldade e de crueldade assim como os Dulkenheits. Existem muitos grupos formados por magos que não eram fortes o suficiente para ser um Dulkenheit e acabaram se unindo num grupo menor. Por isso pretendo te levar ao palácio, você precisa estar protegido desse tipo de mago.

    — O que vou fazer nesse palácio?

    — Vai ficar seguro em primeiro lugar! Na situação atual, o palácio é o único lugar que ninguém vai ousar entrar para perseguir você. Além disso, precisa aprender a conjurar magias, quer dizer, outras magias!

    — E Natan? Ele não é um mago, vai poder ficar comigo?

    — Esse é o grande problema.

    — O que? — Max se levantou. — Não vou sem ele, desista dessa ideia caso ele não possa entrar com a gente!

    — Max, podemos deixá-lo num local seguro, mas no palácio é proibido entrar humanos comuns! Não posso fazer nada.

    — Então não irei.

    — Não seja tolo! — Hendrix já estava meio nervoso. — Se continuar assim não vai sobreviver, você e ele vão ser mortos!

    — E você acha que eu vou abandonar meu amigo? Se ele for morto a culpa será minha! — Max respirou fundo e continuou: — até ontem, eu queria me entregar para que ele ficasse livre disso tudo, mas não fazia ideia do quão grandioso era o problema, agora que sei o que são capazes de fazer, não posso deixá-lo.

    — Droga! — Hendrix se levantou e foi em direção a saída do hospital.

    Max só olhou enquanto ele ia embora sem dizer nada, por dentro estava se

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