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A Conexão Ericksen
A Conexão Ericksen
A Conexão Ericksen
E-book386 páginas4 horas

A Conexão Ericksen

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Sobre este e-book

A Conexão Ericksen é um thriller de espionagem sobre traição, TEPT, corrupção, conspiração, terrorismo e assassinato. Mark Ericksen, o ex-operador da Marinha SEAL Team 6 e vice-presidente executivo da EyeD4 Systems, uma empresa de defesa biométrica com sede em Wilsonville, Oregon, tinha tudo a ver com dever, honra e país. Ele renunciou à sua comissão em 2002 e, nos anos seguintes, trabalhou para três empreiteiros de defesa, mantendo sua autorização de segurança ultrassecreta enquanto escondia seu TEPT.

Em 2009, a CIA recebeu informações muito importantes sobre um chefão terrorista saudita auxiliado por traficantes de armas russos que precisavam de um sistema de comunicações de criptografia biométrica classificado da EyeD4 Systems, para direcionar seus agentes de células adormecidas no lançamento de um terrível ataque nuclear em cidades norte-americanas.

Quando os Estados Unidos precisam urgentemente de seus serviços novamente, a CIA o incumbe da Operação Águias Vingadoras para sabotar a trama. Ericksen pode evitar a descoberta e impedir o ataque nuclear antes que uma rede de terroristas realize seus planos?

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento11 de out. de 2023
ISBN9781667464497
A Conexão Ericksen

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    A Conexão Ericksen - barry becker

    Capítulo Um

    NO DIA 18 DE ABRIL DE 2002, À 0H40, um Boeing CH-47 Chinook decolou da base aérea de Bagram, no Afeganistão, para a noite escura com um bramido, escoltado por dois helicópteros armados Apache, dirigindo-se para a aldeia de Zarghun Mekh, a 32 quilômetros de Khost, também no Afeganistão. Mark Ericksen, um tenente SEAL da Marinha do Grupo Especial de Desenvolvimento de Guerra da Marinha (o DEVGRU), e o segundo em comando, se inclinou para frente no assento de metal. Ele respirou fundo e, cerrando os dentes, lembrou da última coisa que sua esposa, Karen, disse a ele:

    Estou orgulhosa de você por proteger nosso país, mas quero você em casa de volta inteiro. Amo você.

    Ele lançou o olhar para seus homens, e o comandante do esquadrão, Major Jeb Templeton — do 1º Grupo de Destacamento Operacional das Forças Especiais Delta do Exército — fez um sinal de positivo com a cabeça e as mãos. Dezoito homens na Equipe Bravo, parte dos operadores de elite de nível 1 do Comando Conjunto de Operações Especiais, o CCOE, estavam em uma missão de alvos de alto valor. Estavam vestidos para batalha, e tinham barbas e cabelos longos para se misturar entre os cidadãos locais. Os rostos da equipe pintados de camuflagem verde e marrom, em tom de terra, realçavam o branco de seus olhos. Após vários minutos de voo, alguns soldados fecharam os olhos para descansar, prevalecendo apenas o barulho do helicóptero. As pás do rotor trabalhavam como uma batedeira e as engrenagens ganiam como uma motosserra em alta velocidade.

    Ericksen participou de 32 missões desde que chegou ao Afeganistão no fim de 2001. Ele pensou sobre a apresentação mais recente da missão. Onze dias antes, a Agência — era como os militares se referiam à CIA —, recebeu informações importantíssimas sobre uma reunião dos líderes que estavam vigiando, para o dia 18 de abril às 9h. O drone Predador já tinha sido enviado para reconhecimento e vigilância da aldeia nos últimos seis dias, enviando de volta informações para a Agência no Centro de Operações Táticas da base aérea de Bagram, o COT. Dois dias antes a câmera do Predador fez um vídeo ao vivo do segundo em comando do Talibã, em companhia de um comandante militar sênior.

    No final do dia 16 de abril a Equipe Bravo enviou uma equipe pequena e avançada para reconhecer e vigiar o local. Na manhã seguinte, Fico Delgado da Delta — usando uma câmera com lente de zoom teleobjetiva — reuniu fotos de Saad Al-Fulani, um importante líder saudita da Al-Qaeda, saindo do complexo. Al-Fulani se dirigia diretamente a Osama Bin Laden. A presença dele ali confirmou ao Comando da CIA/CCOE o significa da reunião.

    Ericksen relembrou os horríveis ataques terroristas apenas sete meses antes, em 09 de setembro: os aviões que atingiram os edifícios do World Trade Center, o Pentágono e o quarto avião sequestrado, o voo 93 da United Airlines que seguia para Washington, DC. Se não for pelos corajosos soldados que investiram contra os terroristas e lutaram para retomar o controle do avião, a Casa Branca ou o prédio do Capitólio teriam sido destruídos. Infelizmente, a aeronave caiu em uma área rural na Pensilvânia, matando todos a bordo. Naquele dia, mais de 3 mil pessoas morreram em solo norte-americano.

    Alguns minutos antes da inserção, o piloto — um membro do 24º Esquadrão Tático Especial (ETE) — fez um anúncio: Faltam dez minutos. Ericksen e os outros homens colocaram os capacetes, luvas e os dispositivos de visão noturna. Os lemas de Ericksen eram dever, honra e país, e esperar menos do que cem por cento de esforço da sua equipe era um pensamento inaceitável. Ele confiava em seus homens e sabia que se fosse ferido ou morresse em combate, eles nunca o deixariam para trás. Fracasso não fazia parte de seu vocabulário.

    O helicóptero se aproximou da Zona de Aterrissagem Infravermelha (ZA), marcada como ZA 8E, que se destacava em um planalto a dois quilômetros de onde os alvos de alto valor estariam. A turbulência do ar chacoalhou o helicóptero enquanto ele pairava a 12 metros do chão, espalhando poeira, pedras e areia. Os homens desceram por uma corda na área que ficava acima da aldeia, a mais de 3 mil pés de altura.

    Rapidamente a equipe se reuniu a cem metros de distância do local de preparação. O vento uivava vindo do leste a mais de 20 quilômetros por hora, a temperatura seguia a 14 ºC, enquanto a chuva caía deixando o caminho encharcado de lama. Os olhos dos soldados começavam a se adaptar à pouca luz com as imagens intensificadas em verde no monitor de fósforo para melhor direcionar a linha de visão. A equipe encontrou Bashir Sadozai, um oficial da inteligência afegã que estava engajado em vários missões do CCOE. Também encontraram quatro operadores da Equipe Bravo: Vinnie Goldman, operador de rádio/satélite comunicador da SEAL Team 6; o Sargento Delgado da Força Delta; um agente paramilitar da CIA (da Divisão de Atividades Especiais); e um controlador de combate da Força Aérea.

    A tecnologia infravermelha iluminou as casas nas quais, duas noites antes, um informante pashtun havia instalado balizas de indicação. Eles só podiam ser vistos por certos tipos de óculos de visão noturna e pelas câmeras termográficas do drone Predador. As duas casas de barro e tijolo que eram os alvos ficavam bem ao final do vilarejo, próximas de outras três casas e envoltas por um muro de tijolos. Se a missão falhasse, os operadores do Predador estavam prontos para lançar mísseis Hellfire nas casas designadas como alvo.

    À 1h45 da manhã, eles já tinham avançado um quilômetro e faltava mais outro até o ponto de vantagem de ataque. A equipe parou por um tempo, pegaram seus cantis e beberam um pouco de água. O ponto de vantagem ficava em cima de uma falésia com vista para as casas-alvo. A maior parte dos soldados carregava submetralhadoras Heckler & Koch MP5 com supressores, cada um acoplados com lasers verdes e uma luz estroboscópica branca, centenas de cartuchos de munição cada, algumas carabinas HK-MP4 com três carregadores cada, suporte de granada em velcro nos coletes à prova de bala, um rádio comunicador de canal seguro, microfone labial e fone de ouvido. Alguns carregavam lançadores de foguete com altos-explosivos, rifles de precisão, metralhadoras e explosivos para arrombar portas.

    À 1h55, Goldman recebeu uma ligação do COT em seu telefone via satélite encriptado. Ericksen estava a 6 metros à frente da equipe quando ele os soldados ouviram a voz de Goldman através dos fones do rádio comunicador:

    — Abortar missão! Fomos descobertos!

    — Merda! — disse o comandante da Equipe Bravo, Major Templeton, no microfone. — De volta à área de pouso.

    Um minuto depois, uma enxurrada de balas foi disparada na direção deles como chuva de granizo bombardeando uma plantação de milho. Percebendo que agora eles eram os alvos na zona de matança, os soldados dispararam procurando proteção. Uma bala atravessou o ombro de Templeton, derrubando-o no solo lamacento. Segundos depois, uma granada lançada por foguete explodiu a quatro metros dele, espirrando estilhaços em suas pernas. A perna de Templeton abaixo do joelho sangrava copiosamente. Ericksen virou para Sadozai, que estava a três metros dele, e acenou que Bashir o seguisse. Os dois se apressaram em ajudar Templeton, puxando-o para encostar em uma rocha mais próxima, e aplicaram um torniquete para estancar o sangramento.

    Crepitação alta vinha de fuzis AK-47, granadas destroçavam rochas, espalhando poeira e destroços montanha abaixo. Um minuto depois, um SEAL e Delta foram mortos em uma saraivada de balas. Um operador Delta foi abatido e baleado na coxa. Um médico de combate SEAL correu em seu auxílio e começou a tratar seu ferimento quando foi atingido por uma bala que atravessou seu pescoço e também morreu. O controlador de combate da Força Aérea e outro operador correram na zona de matança para resgatar o Delta caído, e enquanto o carregavam em direção a outra rocha, foram baleados e mortos. O odor acre dos explosivos permeava o ar. Tiros de AK-47 e granadas continuavam a explodir em direção a equipe enquanto eles corriam para a encosta.

    Goldman recebeu um chamado no telefone via satélite e o passou para Ericksen, que agora estava no comando:

    Zulu-Gold Eagle, Condor está morto. Na escuta? — disse Ericksen.

    — Entendido. A FRR está a caminho. Câmbio? — perguntou Pathfinder.

    — Câmbio e desligo — respondeu Ericksen.

    Dez minutos depois, Pathfinder ligou.

    — O vídeo do Predador identificou 25 insurgentes armados[1] se aproximando a toda velocidade do cume. Chamamos vários caças AC-130 e o CH-47 de Medevac em Jalalabad.

    — Obrigado, Pathfinder, câmbio e desligo.

    Ericksen estava bem protegido atrás de uma rocha larga enquanto as balas continuavam em disparada. Ele arrumou o microfone e avisou o restante da equipe.

    Alguns minutos depois, os ataques pararam. Medo e incerteza invadiram a mente de Ericksen por um momento, o que era de se esperar de qualquer bravo SEAL Team 6 ou de um operador Delta, mas ele é endurecido pela batalha e mentalmente forte como muitos de seus companheiros. O foco deles se concentrou na missão: capturar ou matar os insurgentes. Se tudo se resumisse a um combate de sobrevivência: mate o inimigo antes que ele mate você. Os homens carregaram os cadáveres e os feridos de volta à ZA. Ericksen percebeu que a extração seria perigosa e a chance de explodirem o helicóptero aumentou sua preocupação pelo bem de sua equipe.

    O ataque começou novamente vinte minutos depois. A equipe correu para se proteger. Vinte terroristas desceram correndo do sopé atirando nos soldados. Os terroristas que ficaram no alto da montanha dispararam de posições escondidas conta a equipe cercada.

    A equipe Bravo imediatamente os detonaram com suas submetralhadoras MP5 em modo automático. Três terroristas correram trinta metros em direção a Ericksen. Com o coração acelerado e adrenalina correndo nas veias, ele atirou e matou um dos homens, girou para a direita e alvejou o segundo. O terceiro homem correu até ele, parou e mirou para atirar, gritando:

    Allahu Akbar[2]!

    Quando Ericksen o abateu, vendo o cérebro e o sangue do homem esvair pelo seu crânio. Ele rapidamente virou para sua esquerda e viu Delgado atirando contra vários terroristas. Quando um deles mirou a arma em Delgado, a trinta metros de distância, Ericksen atirou para matar. Delgado olhou de relance para o homem morto enquanto ele caía no chão. Ele olhou para Ericksen com um aceno de agradecimento, quando os olhos dos dois se encontraram.

    O Predador lançou um míssil Hellfire num grupo de terroristas no cume. A equipe ouviu o som da explosão, sentindo o solo tremer embaixo deles. Rochas, poeira e partes de corpos voaram ao chão, quase acertando-os. Olhando para a esquerda, Ericksen avistou uma cabeça carbonizada e uma perna rolando em sua direção. Ele se virou para Goldman, arrumou o capacete e limpou o suor da barba com a mão enluvada. Seu coração ainda batia cada vez mais rápido.

    — Vinnie, ligue de novo e descubra a HPC do Medevac e dos caças.

    Naquele exato momento, Vinnie foi atingido no pescoço e na coxa. Ericksen ouviu um gemido, virou e viu o suboficial de primeira classe Vincent Vinnie Goldman no xisto molhado e nas pedras lamacentas. Ele correu até Goldman, puxou-o alguns metros para o lado da rocha e se inclinou sobre o amigo. Olhou para o uniforme camuflado ensopado de sangue:

    — A equipe de extração está quase chegando. Você vai sair dessa.

    — Mark, por favor, escuta. Fala para a minha esposa e para o meu filho que eu amo eles.

    Um minuto depois, ele tossiu mais sangue e morreu, segurando a mão de Ericksen. Seus olhos encarando o nada. Goldman, um operador SEAL Team 6, os dois estiveram juntos em várias missões na província de Candaar, e eles eram bons amigos. Eles eram ex-colegas de equipe na SEAL Team 8 antes de serem selecionados para o Team 6. As lágrimas de Ericksen rolaram pelo seu rosto suado e cheio de lama.

    Dez minutos depois, o tiroteio havia parado. O sargento mestre Lech Pulaski, o principal suboficial da Delta, correu até o local.

    — Mark recebeu uma ligação do COT, eles disseram que um ancião da aldeia Pashtun que eles detiveram alegou que Sadozai é um Talib[3].

    — O quê? — exclamou Ericksen com o olhar confuso. — Não pode ser.

    — Eles falaram Bashir Sadozai — falou Pulaski.

    Ericksen tinha estabelecido uma ligação com Bashir, que tinha recentemente entrado para a equipe Bravo. Ele combateu em muitos ataques armados lado a lado com a equipe, matando vários terroristas. Ele era inteligente, dedicado e muito corajoso no campo de batalha. Os homens confiavam nele.

    Ericksen balançou a cabeça descrente.

    — Não acredito. Chame o coronel Dawkins.

    Foxtrot-Raven... Na escuta? — chamou Pulaski. — Confirmado. Sadozai é um puta espião Talib. Coloca o Gold Eagle no canal.

    Gold Eagle, temos confirmação de que Sadozai é um Talib que fornecia informações ao Talibã sobre as nossas missões — disse Dawkins. — Na escuta?

    — Entendido, Iron Fist. — Iron Fist era o codinome do coronel Dawkins.

    — Senhor, me deixe buscá-lo para interrogatório. Não seria a primeira vez que um informante de uma aldeia tribal mentiu descaradamente.

    — Puta merda, Gold Eagle! Elimine Sadozai agora mesmo, é uma ordem. Ouviu?

    Ericksen sabia que matar uma pessoa desarmada violava as Regras de Engajamento e o CUJM. Ele queria que o chefe de Dawkis no CCOE, um contra-almirante, estivesse disponível, mas o Pentágono o chamou de volta para uma reunião. Ericksen não respondeu.

    Gold Eagle, estou dando a merda de uma ordem, espero que não faça nenhuma idiotice! Ouviu?

    Ericksen devolveu o telefone via satélite para Pulaski. Balançou a cabeça e não disse nada. Precisava de um tempo para pensar. Mas que merda!

    A emboscada poderia ser atribuída a várias possibilidades: poderia ter sido o informante da aldeia local que armou conta a gente; talvez a primeira equipe tenha sido avistada ou escutada durante a infiltração. Baseado no briefing da equipe Bravo, o Serviço de Inteligência do Paquistão (ISI) que forneceu a informação. Eles enganaram a gente? Talvez Bashir Sadozai fosse um espião. O coronel disse que tinha uma evidência sólida. Mas por que ele não me deixa interrogar Sadozai e dar a ele uma chance de contestar as alegações contra ele? Desobedecer as ordens do coronel no calor da batalha acarretaria graves consequências para mim, mesmo que meus instintos venham a provar que eu esteja certo.

    O tempo estava acabando. Ele precisava tomar uma decisão.

    Capítulo Dois

    O COT DA BASE AÉREA DE BAGRAM ficava numa grande tenda e altamente fortificada, cercada por paredes de barreira contra explosão. Dentro dela havia uma variedade sofisticada de tecnologias, monitores de alta definição, módulos de comando e estações de trabalho manuseadas por mais de quarenta especialistas em tecnologia do CCOE. Eles administravam os cruciais links de satélites para o centro de comando do Centcom, CCOE, COEEU, Pentágono e da CIA.

    A Divisão de Atividades Especiais da Agência, a seção clandestina paramilitar da CIA, dividia o COT e comandava as operações no Afeganistão do Predador da Estação de Controle Terrestre UAV, um trailer de três eixos de nove metros de altura, localizado a 25 metros do COT. A principal missão deles era guiar os drones predadores pelas linhas de visão para decolagem e pousos pelos pilotos e operadores de sensor, que usavam joysticks como controles, como aqueles usados para jogar videogame.

    Uma vez que o drone alcançava altitude de cruzeiro, a Agência passava os controles eletronicamente para os pilotos e operadores de sensor, localizados e mais de mil quilômetros de distância no Aeródromo de Indiana Springs, perto da Base da Força Aérea de Nellis, em Nevada. Esses operadores com base nos Estados Unidos, vigiavam monitores de tela plana de alta definição, com imagens ao vivo das câmeras do Predador, pelos comunicadores via satélite.

    Eles operavam os controles do mesmo jeito que os operadores da Agência fazia na Base Aérea de Bagram. A decisão de disparar os mísseis Hellfire ficava a cargo do presidente, do Conselho Nacional de Segurança, do diretor da CIA e pela recomendação do chefe da estação da Agência no Afeganistão.

    O Coronel Shane Dawkins tinha um pouco mais de 1,83 de altura, seu físico musculoso preenchendo o uniforme como se fosse um guerreiro ciborgue saído da linha de montagem. Com 42 anos, o oficial treinado pelo Delta tinha o cabelo cortado estilo militar e serviu como vice-comandante da Força-tarefa do CCOE. Ele causava medo nos soldados. Nenhum subordinado se metia com ele se quisesse manter sua posição. Dawkins deu mais um trago no charuto e voltou para as estações de trabalho.

    Ele parou ao lado de Clyde, comandante da Agência e chefe da estação, e de Dex, chefe de operações da Agência. Eles observavam o acontecido nos monitores de tela plana de alta definição que mostrava as câmeras do Predador pelo satélite militar, repassado ao COT por um dos uplinks de satélite nos veículos estacionados do lado de fora.

    — Nosso Medevac e o C-130 deveriam estar lá neste instante — disse Dawkins.

    — Vamos esperar que sim. Já perdemos homens demais — respondeu Clyde.

    Dex olhou de relance para a mão direita de Dawkins, agarrada no telefone de satélite. E olhou de volta para Clyde:

    — Melhor eu voltar para a equipe.

    Ele supervisionava os experts técnicos na Estação de Controle Terrestre, incluindo pilotos, operadores de sensor, engenheiros de comunicação via satélite e equipe. Dawkins tragou o charuto, olhou os anéis de fumaça saírem de sua boca e saiu do COT apressado. Ficou parado a uns 25 metros da entrada e fez uma ligação.

    Foxtrot-Raven — disse Pulaski.

    Raven, a Agência decodificou as interceptações. Chame Gold Eagle.

    — Entendido. — Pulaski foi até Ericksen e deu o telefone a ele. — O coronel recebeu as intercepções da Agência... Sadozai é um espião.

    Gold Eagle, a Agência me deu as interceptações decodificadas com as provas. Agora, elimine esse maldito canalha. Entendido?

    Ericksen balançou a cabeça, baixou o telefone e fechou os olhos por alguns segundos. Ele apertou os dentes, deixando o maxilar tenso, e abriu os olhos.

    — Entendido, senhor. — Ele olhou para seu uniforme e mãos encharcados com o sangue de Templeton e Goldman.

    — Mark, mate aquele traidor, pelo Vinnie e nossos irmãos.

    — Onde eles está?

    — Ele e Delgado carregaram o major para a ZA. — Ericksen agarrou Pulaski pelo braço e devolveu o telefone a ele. — Leve Vinnie para a ZA, e vamos dar o fora daqui.

    — É pra já.

    Ericksen ouviu o Medevac CH-47 Chinook e o AC-130 se aproximando, por causa do barulho alto cada vez mais perto. Três operadores ficaram em posição de defesa atrás das pedras, enquanto o time carregava os mortos e feridos para a ZA.

    Alguns minutos depois, eles viram Sadozai, vestindo o colete tradicional afegão shalwar kameez e uma boina de lã. Ericksen disparou na direção dele, agarrou o afegão de 35 anos, empurrou contra as pedras e lhe deu um soco certeiro no maxilar, derrubando no chão. Ele chutou a AK-47 do homem para longe, o suor caindo pelo seu rosto.

    — Seu Talib desgraçado, você armou pra gente.

    Sadozai ficou de joelhos, com o rosto ensanguentado, lágrimas e suor rolando pelo seu rosto. Ele olhou para Ericksen e alegou:

    — Não sou Talib. Eu odeio o Talibã!

    Ele tirou uma foto do bolso do colete e apontou para ela.

    Ericksen sacou sua Sig Sauer P226 e mirou no homem.

    — Você está mentindo!

    — Por favor, senhor, eu tenho esposa e duas filhas. Estou dizendo a verdade. Eu imploro.

    Dois tiros atravessaram seu rosto enquanto ele caía no chão. O corpo ensanguentando e sem vida jazia a poucos metros da foto. Sangue escorria do olho esquerdo e do buraco da bala em sua testa.

    Ericksen olhou para Delgado, fazendo um gesto para que ele se aproximasse. Delgado arregalou os olhos, quase surpreso com o que acabara de ver, e balançou levemente a cabeça.

    — Fico, confere se tem alguma coisa de útil nas roupas dele.

    Delgado assentiu, ainda sem acreditar e suspirou:

    — Por que você matou ele?

    A mão direita de Ericksen tremia enquanto ele colocava a arma de volta no coldre.

    — A Agência deu ao Coronel provas de que Bashir era um Talib.

    Delgado encolhei os ombros e balançou a cabeça. Ele já tinha participado de várias missões com Ericksen, e como vários outros soldados em combate, especialmente os operadores CCOE, ele sabia que matar terroristas e danos colaterais vinham com o trabalho. Ericksen se inclinou e pegou a foto que das filhas e esposa de Sadozai e notou, para sua surpresa, que ela não usava burca. O rosto à mostra dela e as roupas casuais o surpreenderam. Ele colocou a foto no bolso, junto com a foto da própria esposa.

    O som metálico e rangente do Medevac e dos caças se aproximaram da ZA. Dava para ouvir o barulho penetrante mesmo com os headsets dos ouvidos.

    O AC-130 acompanhou o helicóptero até a ZA. Os pilotos explodiram as posições dos terroristas com balas de canhão de 105 mm e 40 mm, enquanto os soldados desciam a montanha em direção ao vilarejo. O céu escuro se acendeu com as explosões, poeira e rochas rolando pela encosta. Se havia algum terrorista ainda vivo, não eram páreo para a equipe Bravo agora. Destroços atingiram os homens. Suor e lama cobriam seus rostos enquanto eles subiam a trilha para a ZA.

    O Predador lançou seu último míssil Hellfire e em segundos atingiu uma das casas que eram o alvo, explodindo em uma gigante bola de fogo laranja, cuspindo lama e tijolos para todos os lados. Segundos depois, a casa ao lado pegou fogo como um raio do martelo do Thor, matando várias pessoas que estavam lá dentro. Dava para se ouvir o barulho a quilômetros.

    O piloto do Medevac pousou na ZA. A porta de carga foi aberta e os homens colocaram para dentro os mortos e feridos. Os operadores que ainda restavam em terra, se apressaram para subir no veículo, e eles decolaram. O risco para o Medevac teria sido maior se eles ficassem pairando pela ZA enquanto os homens içassem os corpos, além de tentar subir no helicóptero. Os caças acompanharam eles de volta a Bagram.

    Quando chegaram na base aérea, Ericksen voltou para sua tenda. Esse fim de mundo do inferno! Uma enxurrada de pensamentos tomou conta da mente dele sobre os homens da Operação Águias Ousadas. Ele ficou arrasado pelos companheiros, que morreram na emboscada, derrubados como patos numa galeria de tiros. Ele conhecia a maioria desses homens desde que chegaram no Afeganistão.

    Eles faziam tudo em equipe: comiam, bebiam, treinava, lutavam, dormiam lado a lado e matavam insurgentes. Em momentos mais tranquilos, dividiam histórias de vida e das famílias. Seus irmãos, seis no total, não voltariam mais para casa e não estariam mais com seus familiares. A morte é permanente. Ele sempre se lembrariam das batalhas e dos soldados que não mais voltariam.

    Ericksen tentou processar e entender o que aconteceu.

    Por que Bashir insistiria que estava dizendo a verdade? E por que Sadozai tinha, durante uma operação, uma foto da mulher sem a burca? Será que se o Major Templeton pudesse ter comandado a equipe, ele teria seguido as ordens de matar o homem? O Coronel Dawkins disse que tinha provas sólidas que a Agência interceptou.

    As vidas e missões da equipe dependiam do caráter de seus comandantes e da confiança que tinham neles. Esses eram os fios que teciam o tecido da liderança moral. Sem essa confiança, a honra, o dever e o país perderiam sua integridade moral.

    Capítulo Três

    EM DEZENOVE DE ABRIL, ERICKSEN ENTROU NO COT usando seu uniforme de camuflagem do deserto, procurando pelo sargento de comunicação. Ele queria respostas como aquelas

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