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Contornos humanos: Primitivos, rústicos e civilizados em Antonio Candido
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Contornos humanos: Primitivos, rústicos e civilizados em Antonio Candido
E-book267 páginas3 horas

Contornos humanos: Primitivos, rústicos e civilizados em Antonio Candido

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Sobre este e-book

Este livro analisa aspectos da obra de Antonio Candido, talvez o mais consagrado e importante estudioso da cultura brasileira da segunda metade do século XX. O foco da autora está no estudo da ideia de humanização, central no pensamento candidiano. Trata-se de atentar para os tipos humanos — o "primitivo", o "rústico", o "civilizado" — que surgem, em textos do autor, associados a certas funções que a literatura deveria desempenhar. Nesse sentido, a autora visa discutir o arcabouço teórico etapista de Antonio Candido, atentando especialmente para a ideia de que o homem se faz propriamente humano à medida que se afasta da natureza. Ao analisar os textos de Antonio Candido, Anita Moraes coloca à mostra certas dissonâncias entre a cosmovisão do crítico e as de outros autores por ela debatidos, como Luiz Costa Lima e Ruy Duarte de Carvalho.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de nov. de 2023
ISBN9786554391115
Contornos humanos: Primitivos, rústicos e civilizados em Antonio Candido

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    Contornos humanos - Anita Martins Rodrigues de Moraes

    Prefácio

    Contra as gradações da humanidade,

    as diversas configurações do humano

    Alfredo Cesar Melo

    Unicamp

    Como inicio um prefácio a um livro sobre Antonio Candido, talvez seja importante partir da relação bastante produtiva entre o autor de Formação da literatura brasileira e os prefácios. O prefácio é um gênero textual que tinha em Antonio Candido um dos seus mais destacados artífices, afinal, Candido talvez tenha sido o mais consagrado e importante prefaciador da cultura brasileira da segunda metade do século XX. Como alguém que dominava o gênero, sabia que podia fazer coisas muito diferentes com o prefácio, sendo assim capaz de escrever vários tipos de apresentações aos trabalhos para os quais queria chamar atenção, evidência inequívoca de sua polivalência intelectual: os prefácios que abençoavam as obras dos discípulos (o prefácio do Pai); o polêmico prefácio do livro Intelectuais e classes dirigentes, do sociólogo Sérgio Miceli, em que ele faz um conjunto de sérias objeções ao esquema interpretativo de Miceli (o prefácio do contra); e o famoso prefácio de Raízes do Brasil, espécie de apoteose parafrásica do pensamento social brasileiro, em que ajudou não apenas a canonizar a tríade de intérpretes composta por Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Junior, como modulou a leitura hegemônica feita em relação ao primeiro livro de Sérgio Buarque (o prefácio do canonizador).

    Por razões óbvias, este prefácio não se enquadra em nenhum dos tipos descritos anteriormente. Este prefaciador não tem capital cultural nem para canonizar obras nem tampouco para ser um respeitado pai de família intelectual. Também não vê o que se ganharia em escrever um prefácio do contra. O que este prefácio pretende fazer é mostrar ao leitor como Contornos humanos: primitivos, rústicos e civilizados em Antonio Candido navega dentro das coordenadas dos estudos pós-coloniais. Destacar os pressupostos teóricos do livro é um passo fundamental para encaminhar um debate fecundo, sobretudo se levarmos em conta o ambiente intelectual passional e personalista em que vivemos, sempre disposto a transformar argumentos sólidos e bem construídos em intriga da oposição, que nunca devem ser seriamente debatidos, mas ignorados. Concordar ou discordar das teses de Anita Martins Rodrigues de Moraes em Contornos faz parte do jogo, desde que nos engajemos efetivamente com os argumentos expostos e esclareçamos as diferenças de pressupostos teóricos.

    Parece-me que o centro da argumentação de Contornos humanos está num verbo que é muito caro aos críticos literários e professores de literatura em geral: humanizar. Quando dizemos que a literatura humaniza alguém, cabe o seguinte esclarecimento semântico: o quão insuficientemente humana uma pessoa deve ser para ser resgatada por uma força humanizadora como a literatura? Não há dúvidas de que as várias histórias do colonialismo, da escravidão e do totalitarismo oferecem amplo repertório de situações extremamente opressivas, em que a dignidade mínima dos grupos sociais atingidos foi destruída. Mas não me parece que esse tipo de horror desumanizador tenha na literatura a sua cura. A pergunta, portanto, permanece: se a literatura humaniza as pessoas, o quão humanas eram as pessoas antes de terem contato com a literatura? Como também parece absurda a tese que a obra literária humanizava uma pessoa não humana, a descrição mais correta do que está em jogo quando falamos do poder de humanização parece ser outra: a ação pedagógica da literatura trabalharia com uma espécie de continuum da humanização, que iria de um humano mais primitivo e elementar a um humano mais sofisticado e civilizado. Humanizar o humano seria empurrar o objeto da ação pedagógica para um patamar superior na gradação da humanidade. O estudo de Anita reflete sobre como a obra do principal crítico literário brasileiro pressupõe esse arco evolutivo para definir a função humanizadora da literatura.

    Para entender as implicações de Contornos humanos talvez seja necessário resgatar as coordenadas teóricas de um debate fundamental. Tomemos como ponto de partida o artigo de Dipesh Chakrabarty (2002) sobre as tensões entre a política como performance e a política como pedagogia. O discurso da política como performance pressupõe que todos os seres humanos, independente de quão iletrados ou supostamente despreparados eles sejam, agem politicamente. O discurso da política como pedagogia, por sua vez, enfoca na necessidade que as pessoas têm de se politizar, uma vez que elas não são inerentemente políticas. As pessoas se tornam políticas quando se educam, isto é, se politizam.

    Essa distinção entre a política como pedagogia e a política como performance é crucial para entender o cerne das diferenças entre certas abordagens marxistas e pós-coloniais. Enquanto o foco da historiografia marxista tradicional incidia sobre um certo déficit de racionalidade na ação política de insurgentes e rebeldes, por estarem ainda na esfera do pré-político (Hobsbawn, 1969) e não internalizarem uma gramática política moderna, que orientasse suas ações de modo mais consequente; a historiografia subalterna indiana preferia resgatar a dimensão performativa da política operada pelos insurgentes do campesinato indiano, dentro de sua própria lógica de ação (Guha, 1983). Enquanto o pós-colonial estaria muito mais interessado na imaginação política dos diferentes atores dentro de sua diversidade cultural e das várias e respectivas maneiras de conceber o mundo, o marxismo tenderia a operar com um roteiro de emancipação social bem mais restrito e eurocentrado, desprezando outros mapas de insurgência e outros modos de buscar emancipação. Onde os pós-coloniais enxergam uma diversidade sincrônica de práticas políticas, seguindo diferentes estratégias, a partir de variados diagnósticos, os marxistas comumente veem um padrão diacrônico de atuações políticas (daí os marcadores do pré-político).

    Não precisamos nos ater ao debate entre pós-coloniais e marxistas na historiografia anglófona. Observemos o pensamento progressista e marxista brasileiro para abordarmos a mesma questão. Na parte final de Formação do Brasil contemporâneo (1942), Caio Prado Jr., o fundador do marxismo brasileiro, narra como o sistema colonial, com suas contradições internas, começou a entrar em colapso. As transformações estruturais aconteciam, muitas vezes, sob a inspiração da filosofia da Enciclopédia e dos pensadores franceses do século XVIII.¹ Com suas novas ideias, os philosophes forneciam uma interpretação justa e harmoniosa dos fatos universais do século XVIII (o autor lembra que universal se refere à civilização ocidental a que nos filiamos), que no Brasil poderiam servir de lema a todos que pretendiam alguma coisa: senhores de engenho e fazendeiros contra negociantes; mulatos contra brancos; pés-descalços contra calçados; brasileiros contra portugueses (Idem, p. 386). Prado Jr. ainda observa uma ausência marcante nesse conjunto de antagonismos que emerge da sociedade colonial, transformando-a lentamente:

    Faltaram apenas escravos contra senhores, justamente aqueles a quem mais se aplicaria o lema reivindicador; é que os escravos falavam — quando falavam, por que no mais das vezes agiram apenas e não precisaram de roupagem ideológica —, falavam na linguagem mais familiar e acessível que lhes vinha das florestas, dos estepes e dos desertos africanos…²

    Formação do Brasil contemporâneo termina com essas palavras, enfatizando a inércia da história brasileira, uma vez que a contradição básica da sociedade colonial, aquela que está no centro de sua atividade econômica, não se traduz em um antagonismo propulsor de mudanças estruturais. As transformações substanciais não aconteceram porque, a despeito de agirem pontualmente ou se rebelarem contra a opressão senhorial, os escravos não conseguiam fazer dessa revolta uma ação política consequente, capaz de construir um novo mundo. E se não agiam de modo construtivo, é porque não falavam uma linguagem política moderna, sintonizada com os fatos universais do século XVIII,³ cabendo a eles apenas o recurso a um jeito de pensar que lhes vinha das florestas, dos estepes e desertos africanos.⁴ A contraposição aqui é entre a filosofia enciclopedista, que dá as coordenadas da gramática política moderna, e o pensamento selvagem dos africanos, incapaz de apontar a saída para o quadro de opressão no qual viviam os negros escravizados; exatamente por isso tratava-se de um pensamento inapto para gerar o antagonismo fundamental da sociedade em que viviam. A marcha do desenvolvimento histórico travava em razão do despreparo político dos principais oprimidos do sistema colonial. Não seria exagero afirmar que, para Prado Jr., o escravo era um sujeito pré-político, isto é, um ator social aquém da política moderna. O despreparo político se dava em razão de seu primitivismo cultural.

    Substituamos político por humano, e temos a mesma divergência teórica. Sob vários aspectos, os termos são sinônimos. No esquema caiopradiano, o que faltaria aos escravos seria uma politização que só viria quando eles subissem alguns degraus na escala civilizatória. A pergunta que fica é: já somos suficientemente humanos para nos libertar das intempéries dos ciclos naturais e das amarras político-econômicas ou precisamos avançar num gradiente de humanidade para aproveitarmos todo o potencial emancipador de nossa época, contida, por exemplo, nos ideais do socialismo? Já na belíssima epígrafe de Contornos encontramos uma resposta na voz de Clarice Lispector a nos dizer que não é necessário lutar para ser humano, talvez como Ranajit Guha diria que não é necessário adquirir uma educação política de esquerda para lutar politicamente. Se, para o marxista, o ser humano precisa ser politizado para transformar o mundo, qual seria o gradiente de humanidade necessário para se chegar a essa posição de ator político consequente e consciente do seu poder transformador?

    Parece-me que aquilo que chamamos de humanização no pensamento progressista orbita em torno de tal questão. Que o grande crítico literário brasileiro do século XX pense a literatura como agente humanizador, em termos progressistas, isto é, como força capaz de elevar padrões culturais ou gradientes de humanidade, não é algo que deveria causar qualquer tipo de celeuma. O ruído gerado por esse debate advém de um ambiente pouco propenso à discussão teórica e de seus pressupostos, além de parca reflexão sobre a tradição progressista no Brasil. Longe de um debate mais vigoroso de ideias, o que temos é uma tentativa de nublar os argumentos alheios, além de personalizá-los, atribuindo a crítica a uma má vontade ou birra diante de uma figura intelectual bastante admirável. Analisar os fundamentos teóricos de uma certa concepção de literatura incomoda porque nos leva a interrogar se estamos reproduzindo — por vezes de modo inconsciente e acrítico — tais pressupostos na rotina de nossa vida intelectual. Ou será que nós, profissionais das letras, não lemos O direito à literatura como uma profissão de fé do nosso campo? Não enxergamos a literatura como uma boa nova a ser espalhada e difundida entre os que ainda não a receberam, imbuídos de um espírito de catequese secular e humanista? O livro de Anita chama atenção para essa ideologia do literário emancipatório e humanizador, que tanto sustenta nossas práticas até os dias de hoje. O que desconcerta em Contornos é macular a autoimagem benevolente que construímos de nós mesmos, muitas vezes desconsiderando que a ideologia do literário emancipatório carrega em si tantos traços de hierarquização e subalternização.

    Se atentarmos para a fortuna crítica da obra de Antonio Candido, vemos que o ângulo analítico escolhido por Anita é distinto daquele mais estabelecido para examinar criticamente a sua obra. Por muito tempo, o nacionalismo de Candido tem sido alvo de acerbas críticas. De Haroldo de Campos (1989) a Abel Barros Baptista (2005), passando por Luiz Costa Lima (1991), várias foram as vozes que denunciaram o nacionalismo como a força extraliterária que organiza esquemas interpretativos, hierarquiza obras e valoriza aspectos literários na grande narrativa produzida por Antonio Candido para dar conta da história da literatura brasileira. Anita vai por outra vereda, aberta por Marcos Natali em "Além da literatura" (2006), que é o de analisar as bases do humanismo literário ocidentalizante de Antonio Candido. Claro que, como bem nota Anita, essas duas frentes — o nacionalismo e o ocidentalismo — entroncam-se de maneira dialética no projeto candidiano. Sem um contravapor ocidentalizante, o nacionalismo se torna tosco provincianismo. Por sua vez, a ocidentalização sem uma inflexão nacional acaba virando um cosmopolitismo estéril. Candido é o artífice dos gradientes, o mestre da modulação do particular e do universal. Como nos mostra Anita, o nexo entre o nacional e o ocidental está no coração do projeto progressista de Antonio Candido.

    Para dar um exemplo de como o progressismo no Brasil se articula a partir de uma lógica nacional-ocidental, pensemos em Euclides da Cunha, lido e examinado minuciosamente por Candido (leitura essa que é estudada por Anita). Em Os sertões há um projeto de tanto ocidentalizar as massas ditas bárbaras e ignaras quanto nacionalizar a elite alienada, cosmopolita e descomprometida com o futuro do país. Os dois movimentos vêm articulados e a obra principal de Euclides é impensável sem essa coordenação.

    Um dos inegáveis méritos do trabalho de Anita é mostrar que a dialética entre o local e o universal está longe de ser apenas um instrumento analítico para se compreender a formação cultural brasileira, mas se constitui também e sobretudo num programa de ação levado a cabo pela obra de Candido. O autor de Literatura e sociedade abertamente advoga em seus textos movimentos de ocidentalização e nacionalização, sempre a depender das circunstâncias históricas e dos atores sociais envolvidos. A lógica nacional-ocidental acaba exercendo uma força centrípeta no projeto candidiano de construção da nação. Tal como em Euclides, a nacionalização da elite puxa o nefelibata cosmopolita para o chão histórico das questões nacionais, enquanto a ocidentalização do povo visa a uma suposta elevação cultural do bárbaro telúrico, que passará a participar da contemporaneidade da nação. A força centrípeta age assim de modo integrativo, juntando polos antagônicos da sociedade (o letrado desenraizado, que precisa ter seu pé trazido ao chão da realidade brasileira, e o tabaréu enraizado demais no seu rincão, que precisa sair do concreto de sua realidade limitada e se elevar à abstração da cidadania). Esse é o fio que une obras tão díspares — e redigidas simultaneamente — como Os parceiros do Rio Bonito e Formação da literatura brasileira. Se em Os parceiros, Candido está preocupado com a melhor maneira de integrar o caipira à modernidade, em Formação da literatura brasileira, Candido está convencendo o leitor/interlocutor sofisticado a dar uma chance à literatura brasileira, que certamente seria débil e modesta, mas que deveria ser amada, pois se não fo[sse] amada, não revelar[ia] a sua mensagem (1997, p. 10). O prefácio de Formação da literatura brasileira é um chamado para nacionalizar o leitor culto brasileiro.

    Avaliando bem, tanto o nacional como o ocidental fazem parte de um continuum progressista. Isto quer dizer que há sempre um uso ótimo de tais fatores (correndo o risco de também haver usos exagerados ou impróprios das proporções de cada elemento). Graças a Contornos, podemos verificar o quanto Candido faz uso dessas metáforas deslizantes de gradientes, estágios e intensidades. Tudo parece trabalhar conforme a abordagem do sociólogo funcionalista sempre tão preocupado com o equilíbrio.

    Na segunda parte do livro, Anita demonstra como a lógica na-cional-ocidentalizante acaba por contaminar análises clássicas das literaturas africanas em língua portuguesa, assumidamente afiliadas ao método candidiano, como as de Benjamin Abdala Júnior e Rita Chaves. De acordo com Anita, os trabalhos de Chaves e Abdala Junior ecoam a defesa candidiana da literatura como [...] produção de sínteses culturais integradoras consideradas emancipatórias, não se prevendo a existência das culturas africanas nos seus próprios termos.⁵ Também na seara das literaturas africanas, Anita se dispõe a buscar modos outros de estudar a literatura, sem enaltecê-la como o auge de um certo tipo de conhecimento e de transmissão de cultura (pressuposto que é compartilhado por vários críticos à estreiteza nacionalista de Candido, como Luiz Costa Lima e Abel Barros Baptista), tensionando de maneira produtiva com a obra do escritor angolano Ruy Duarte de Carvalho, sobretudo com o Decálogo Neoanimista.

    O leitor terá diante de si uma obra repleta de análises rigorosas, leituras meticulosas, interpretações inovadoras e muita disposição para lidar com tantos vespeiros. Fazer a crítica aos fundamentos progressistas da crítica literária não é uma tarefa fácil, ainda mais num país onde as palavras esquerdista e progressista são tidas como sinônimas. Sobretudo num momento político difícil, em que a contraposição a um governo notadamente reacionário e obscurantista reativa todo o discurso benevolente em torno das Luzes, da Ciência e do Progresso. Apesar de todas as dificuldades do contexto, não tenho dúvidas que o leitor tem diante de si uma obra que se tornará clássica nos estudos pós-coloniais brasileiros, pois faz uma crítica lúcida ao projeto candidiano, de uma maneira que é intelectualmente muito generosa com o seu leitor, deixando clara a diferença entre os pressupostos progressistas (cheios de marcadores diacrônicos e hierárquicos) e os seus próprios pressupostos, baseados no reconhecimento da diversidade, de outras formas de saberes e de outros modos de imaginar o mundo, sem ter que necessariamente sacrificar tudo isso no altar benevolente (ma non tropo) da síntese nacional-ocidentalista.

    2022

    Referências bibliográficas

    BAPTISTA, Abel Barros. Livro agreste: ensaio de curso de literatura brasileira. Campinas: Editora da Unicamp, 2005.

    BRUGIONI, Elena. Literaturas africanas comparadas. Campinas: Editora Unicamp, 2019.

    CAMPOS, Haroldo. O sequestro do Barroco na formação da literatura brasileira: o caso Gregório de Mattos. Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado, 1989.

    CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. 2Vl. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1997.

    CHAKRABARTY, Dipesh. Museums in Late Democracies. Humanities Research 9, pp. 5-12, 2002.

    GUHA, Ranajit. Elementary Aspects of Peasant Insurgency in Colonial India. Oxford: Oxford University Press, 1983.

    HOBSBAWN, Eric. Bandits. London: Weidenfeld & Nicolson, 1969.

    LIMA, Luiz Costa. Concepção de história literária na Formação. Pensando nos trópicos. Rio de Janeiro: Rocco, 1991.

    NATALI, Marcos. Além da literatura. Literatura e Sociedade (USP), São Paulo, v. 9, n.30, 2006: pp. 30-43.

    PRADO JR., Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 2000.


    1 Prado Jr., 2000, p. 384.

    2 Idem, p. 386.

    3 Idem, p. 384.

    4 Idem, p. 386.

    5 Cabe indicar aqui um outro jeito de estudar literatura africana na academia brasileira, cf. Brugioni, 2020.

    Apresentação

    Investigo, neste livro, como a categorização do humano se articula, na obra de Antonio Candido, a certo entendimento acerca da literatura. Trata-se de atentar para os tipos humanos — o primitivo, o rústico, o civilizado — que, em seus trabalhos, surgem associados a certas funções que a literatura poderia (ou deveria) desempenhar.

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