Helena: De Katyn A Porto Velho
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Helena - Jrpt
HELENA
DE KATYN A PORTO VELHO
HELENA
DE KATYN A PORTO VELHO
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Projeto Gráfico e Arte final da Capa: J. R. P. T
Diagramação: J. R. P. T
Contato do autor: ricardochicute@gmail.com
Copyright © 2023 José Ricardo P. Tavares
HELENA
DE KATYN A PORTO VELHO
Mesa de madeira com vaso de planta Descrição gerada automaticamente com confiança baixaKetubah dentro de uma Hupah no meio da Floresta Amazônica. O Mistério da Câmara Nupcial.
ÍNDICE
PREFÁCIO
CAPÍTULO 1: A PARTIDA
CAPÍTULO 2: O CHORO DA NOITE
CAPÍTULO 3: A ENCRUZILHADA
CAPÍTULO 4: O DIBBUK
CAPÍTULO 5: A FÊNIX
CAPÍTULO 6: O RIO DE JANEIRO
CAPÍTULO 7: DE BELÉM À SANTO ANTÔNIO
CAPÍTULO 8: JUDYTA E ANTONIA MARCELINA
CAPÍTULO 9: PRECONCEITO
CAPÍTULO 10: CAN-CAN
CAPÍTULO 11: A ALFORRIA
CAPÍTULO 12: HOTEL BRASIL
CAPÍTULO 13: HOSPITAL DA CANDELÁRIA
CAPÍTULO 14: NOVAMENTE, HOTEL DUAS NAÇÕES
CAPÍTULO 15: A MISTERIOSA MORTE DE LYDIA XAVIER
CAPÍTULO 16: A PARTIDA
CAPÍTULO 17: O DIA DA VINGANÇA
CAPÍTULO 18: VINGAR LYDIA
CAPÍTULO 19: RECONSTITUÍNDO UM CORAÇÃO PARTIDO
CAPÍTULO 20: O ROSTO DESFIGURADO QUE TOMOU FORMA
CAPÍTULO 21: PEDIDO DE MÃO
CAPÍTULO 22: O CASAMENTO
SOBRE O AUTOR
PREFÁCIO
No limiar desta narrativa, desvela-se um romance entrelaçado com os fios da cabala, uma trama repleta de mistérios e segredos sussurrados entre as linhas, onde cada personagem é um elo nesse intricado tecido. Infelicidade, contudo, é para quem vê somente as palavras impressas, sem penetrar no véu que esconde a essência. Este é um conto que aguarda ansioso para desvendar seus segredos, um sabor misterioso pronto para ser degustado.
Ao adentrar estas páginas, o leitor se verá imerso em um universo onde cada detalhe o acolhe como parte essencial do enredo. É uma jornada que transcende o texto e nos convida a vislumbrar algo maior, algo que permeia nossa própria existência. Cada símbolo, meticulosamente entrelaçado, reflete um fragmento de nossas vidas, como a sábia instrução Divina a Abrahão: Adentra-te, partindo de tua matéria terrena, do teu invólucro carnal, da linhagem de teus antepassados, em direção ao Mundo Ideal que te revelarei.
Ao nos voltarmos para nosso interior, desvelamos não apenas a essência de nós mesmos, mas também o conhecimento de Deus e de tudo aquilo que verdadeiramente necessitamos. Neste prefácio, deixo algumas dicas para interpretar cada passagem deste livro que guarda os segredos mais profundos da Cabalá, com uma eterna gratidão àqueles que aceitam receber essa dádiva. Que esta jornada literária seja uma porta aberta para a compreensão mais profunda de nossa própria existência.
O Autor.
CAPÍTULO 1 A PARTIDA
Judyta à direita, sua mãe Bonena acima e seu pai Moyses à esquerda.
Era o ano de 1905, e a vila polonesa de nome Katyn se abraçava nas sombras das árvores, suas casas de madeira contando histórias antigas ao vento. As paredes envelhecidas, marcadas pelo tempo, guardavam segredos sussurrados pelo vento e sussurros de gerações passadas. Entre as estreitas ruas de paralelepípedos, onde os passos ecoavam em harmonia com o coração da vila, e os campos verdejantes, onde a vida florescia em cada canto, uma jovem judia de olhos azuis brilhantes e coração cheio de sonhos erguia suas preces ao céu.
Judyta Krawczyk, uma promessa de juventude e determinação, era como um raio de luz em meio à pacata vila. Seus olhos, profundamente azuis, brilhavam com a sabedoria de uma alma antiga, e sua devoção à Torah, ao Pentateuco de Moisés, era evidente em cada palavra que fluía de seus lábios durante as preces. O Shemá Israel ecoava como uma melodia de esperança, um elo entre ela e o Divino.
Ao lado de sua velha mãe Bonena, cujos olhos carregavam as marcas dos anos vividos com sabedoria, e seu velho pai Moyshe ben Krawczyk, cujas mãos calejadas eram testemunhas do labor árduo no campo para sustentar a família, Judyta encontrava apoio e amor incondicional. A casa de madeira, com suas paredes que guardavam segredos e histórias, era o porto seguro para essa família unida pelo laço indissolúvel do afeto.
Judyta também tinha um lindo irmãozinho de nome Adam, cujos olhos brilhavam como estrelas no céu noturno. Juntos, eles corriam pelos campos verdejantes, rindo e brincando, compartilhando sonhos e segredos de crianças que enxergavam o mundo com olhos de encanto.
Mas foi em Shevat, o mês dos namorados no calendário judaico, que o destino começou a traçar os caminhos que levariam Judyta a uma promessa de amor e mudança. Um jovem judeu, que outrora brincara com ela nos campos de Katyn, retornou à vila. Seu nome era Binyamin, mas Judyta o chamava carinhosamente de Bibi
. Agora, ele trazia consigo a promessa de uma vida repleta de riqueza e aventuras na América do Sul, onde trabalharia para os chefões da Borracha. A ideia de uma nova vida, cheia de possibilidades, prosperidade e liberdade, capturou a imaginação de Judyta.
Quando os olhos de Bibi encontraram Judyta, foi como se o tempo se dissipasse, e os anos de separação se tornassem meras sombras no passado. Em meio às flores que desabrochavam, seus corações reencontraram a sintonia perdida, e a beleza que parecia emanar da alma de Judyta o envolveu como um feitiço.
O amor que floresceu entre Judyta e Bibi era como uma chama que iluminava seus corações, aquecendo-os com a promessa de um futuro juntos. Os dias que se seguiram foram preenchidos com a efervescência dos preparativos para a cerimônia de casamento. Katyn se enfeitou com cores vibrantes, e o ar pulsava com a energia da celebração iminente.
Quando Bibi pisou na taça de vidro, o estalo ecoou como um prenúncio de mudanças irrevogáveis. O brinde ressoou no salão festivo, e todos ao redor da Hupáh irromperam em um alegre coro de Mazal Tov
. O destino de Judyta estava selado, um futuro incerto aguardava-a do outro lado do oceano, em um continente cuja cultura lhe era totalmente desconhecida.
No dia de sua viagem, o sol tingia o porto com tons dourados, enquanto a brisa marinha acariciava o rosto de Judyta. Ela fitou seu irmãozinho, os olhos azuis espelhando a inocência da infância, e o abraçou com força, como se pudesse conter em seus braços todo o