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Grilo Green
Grilo Green
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E-book456 páginas4 horas

Grilo Green

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Sobre este e-book

Grilo Green é um homem grito que após um grande caos, perdeu tudo que amava, ficou sozinho em sua terra natal por causa da destruição provocado pelos Vitches. Sua irmã volta para encontrá-lo. Enquanto isto, outra pessoa procura algo, não é alguém e sim seu passado. E acaba sendo ligada também a seita do mal.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento24 de nov. de 2021
Grilo Green

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    Grilo Green - Rose Freire

    Grilo Green

    Rose Freire

    Rose Freire

    Grilo

    Green

    Editora Barauna

    São Paulo 2014

    1

    Grilo Green

    Rose Freire

    Copyright 2014 by Editora Baraúna Se Ltda Capa

    Monica Rodriguês

    Diagramação

    Caminla C. Morais

    Revisão

    Daniel Viníciu

    Revisão e capa modificada 2020 por Rose Freire Instagram @rosefreire77

    Wattpad.com Rosefreire77

    CIP-BRASIL CATALOGAÇÃO-NA-FONTE

    SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

    F935g

    Freire, Rose

    Grilo Green/Rose Freire –(1.ed.) – São Paulo: Baraúna, 2013

    ISBN 978-85-7923-757-7

    1,romance brasileiro. 1. Titulo

    13-05510 CDD: 869.93

    CDU:

    821.134.3(81)-3

    25/09/2013 27/09/2013

    Impresso no Brasil

    Printed in Brazil

    Todos os direitos reservado a autora da obra.

    2

    Grilo Green

    Rose Freire

    1 – O regresso

    Pela janela, uma bela moça muito alva de cabelos ruivos e lisos, na altura dos ombros, olhava as nuvens passarem pela asa do avião com grande ansiedade no coração. Isto se deve por estar tão perto de casa seu coração batia mais forte. Lágrimas caíam de seus olhos verdes. Num reflexo da luz contra o vidro da janela, um brilho surgia mais forte que a luz do Sol. Clarisse tinha certeza que o veria de novo.

    Num suspiro tão forte de alívio, sua mente trazia vários pensamentos de dor e tristeza da separação de Jósafa, seu irmão.

    Do seu lado, outra mocinha morena de cabelos pretos e cacheados na altura da cintura lia o livro Vidros Escuros, por um instante, passou a olhar também de forma esperançosa para a janela do avião, visualizando um novo futuro. Ela irá também queria encontrar um parente perdido.

    Então as duas se olharam nos olhos pela primeira vez naquele ambiente de forma a se identificar.

    Ambas tinham perdido muita gente importante, e torciam que eles estivessem ainda lá, em sua terra natal.

    3

    Grilo Green

    Rose Freire

    Essas moças voltavam de Portugal. Eram duas fugitivas da invasão ao seu país. Depois de quatro anos exiladas, após o ataque maciço de um grupo terrorista, elas estavam regressando.

    As duas perderam tudo: casa, parentes, sonhos e paz. Como muitas outras famílias que fugiram sem levar nada.

    E no seu retorno, a maior preocupação das moças era encontrar seus parentes, pois elas perderam total contato com eles. Na grande fuga, muita gente se separou dos pais, dos irmãos, dos maridos, dos namorados e dos amigos. E muitas pessoas nunca mais reviram ninguém da família devido ao grande dia de terror causado pelos adoradores dos Vitches.

    Era a primeira vez que essas duas moças se encontravam.

    Ambas moravam antes em Fortaleza, capital do Ceará, porém uma era de Manaus, mas seus pais eram cearenses, e havia se mudado quando pequena para o Ceará. Esta se chamava Duana Guerra, de 18 anos, estatura mediana de 1,70m. A outra nascera e se criara na capital cearense, a Clarisse Paes, de 27 anos, um pouco mais baixa, com 1,68m.

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    Grilo Green

    Rose Freire

    2 – Coincidências das famílias

    Ambas nunca tinham se visto antes, mas algo as ligava. Elas não sabiam, mas existia um forte vínculo entre elas. Ao conversarem no avião, descobriram uma forte coincidência.

    ─ Desculpe! Você está chorando?―Duana perguntou.

    ─ Não, sim... Não.. É apenas uma lágrima de saudade!―

    Clarisse respondeu.

    ─ Eh!... Entendo!

    ─ Oi, meu nome é Clarisse! ─ Disse a moça ruiva com uma mudança rápida de feições.

    ─ Oi, Duana, prazer!

    ─ Você tem alguém no Brasil? ─ perguntou Clarisse, timidamente.

    ─ Sim, Ivo, meu irmão!─ respondeu Duana.

    Duana pegou uma foto e mostrou a ela.

    ─ Como é? Você é irmã do Ivo? ─ perguntou Clarisse, notando certa semelhança com um amigo de longa data que perdera contanto há mais de 10 anos.

    5

    Grilo Green

    Rose Freire

    ─ Sim! ─ respondeu Duana ─ você o conhece? De onde?

    ─ Puxa vida, eu o conheci quando tinha 16 anos, e ele, se não me engano, tinha 14 anos... eu acho... A gente chegou a sair umas duas vezes, quase namoramos escondidos, mas descobriram.

    ─ Ah, foi?!

    ─ Era uma boa época!― Clarisse disse com um sorriso saudoso.

    ─ Hm mm! Nunca soube!― Duana estranhou.

    ─ Foi quando a gente fazia um curso de inglês, foi por um curto período.

    ─ Vocês chegaram a namorar sério?― Duana perguntou desconfiada.

    ─ Sim, quer dizer, não exatamente.

    ─ Sim ou não?― Duana insistiu.

    ─ Acho que posso dizer que chegamos a ‘ficar’, sim, pelo menos para mim ele foi meu namoradinho.― Clarisse disse, dando um sorriso fechado.

    ─ Tem certeza que foi com meu irmão?!

    ─ Porque o espanto? Ele não gostava da fruta? ─ Clarisse deu uma risadinha aberta.

    ─ Porque Ivo não tinha permissão para namorar ninguém!―

    Duana contou.

    ─ Pelo jeito seus pais eram muito rígidos, iguais aos meus, pois quando meus pais descobriram, não deixaram mais. Nunca entendi o motivo. ― Clarisse revelou.

    ─ Você nem pode imaginar quanto!

    ─ E como vai o Ivo? Ele está bem? ─ perguntou Clarisse, interessada.

    ─ Não sei, vim para encontrá-lo. Estou muito ansiosa para revê-lo logo.

    ─ Tomara que o encontre bem. ─ Disse Clarisse.

    ─ Eu sempre achei entranho meu pai nunca deixa meu irmão namorar ninguém.

    ─ É estranho, não é?!

    ─ Estranha é nossa situação. A semelhança nas nossas famílias.― Duana percebeu.

    ─ Pensei que fosse só lá casa essa esquisitice. ─ disse Clarisse ponderando. ─ Meu pai me deixava namorar, mas impedia o Jósafa, 6

    Grilo Green

    Rose Freire

    meu irmão mais novo de ficar e de namorar. Sempre papai o impedia de sair com as meninas. Já o Jonas, quando completou 14 anos, liberou geral.

    ─ Ah, é!?

    ─ Sim! Jósafa era muito animado e legal com todos, mas nunca ficou com ninguém, tudo porque meu pai não deixava; já meu irmão caçula, papai dava total liberdade para ele sair e sair. Parecia uma marcação com Jósafa!

    ─ Por quê?

    ─ Não sei! Mas lembro bem que comigo, ele só pegou no meu pé uma vez, quando comecei um namorico com o Ivo, seu irmão. Ele me impediu até de olhar para ele.

    ─ Estranho! Meus pais também faziam isto. Toda vez que Ivo tinha um encontro, meu pai o prendia e não o deixava sair. Eu achava aquilo o cúmulo do ridículo.

    ─ Por quê? Você soube? ─ Insistiu Clarisse.

    ─ Eu era pequena e não entendia muito das coisas. ─ respondeu Duana.

    ─ Você tem quantos anos? Parece novinha!

    ─ Eu tenho 18, na época tinha 7, por isso não me interessava muito saber sobre este assunto de amor.

    ─ Então, nunca soube!?― Clarisse disse desconfiada da situação semelhante.

    ─ Não, nunca! Se fôssemos nós, as mulheres, por querer ter mais cuidado, até que entenderia, mas meu irmão, já um rapaz crescido! Eles impediam de ele namorar! ─ Lamentou Duana.

    ─ É difícil de entender! Mas meu pai só prendia o Jósafa, nunca o Jonas. ─ Disse Clarisse pensativa.

    ─ Não entendo até hoje, o porquê de tanta proteção. De impedir o namoro... de ser contra as mulheres. Ivo era até vigiado!

    ─ O meu também nunca revelou o motivo de tanto impedimento com Jósafa.

    ─ Teve mais alguma coisa estranha na sua família? ─ Perguntou Duana.

    ─ Sim!

    ─ O quê?

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    Rose Freire

    ─ O mais estranho foi o desaparecimento do Jósafa.― Clarisse contou.

    ─ Não acredito! ─ espantou-se Duana. ─ Ele foi sequestrado?

    ─ Ele desapareceu, e apareceu misteriosamente.

    ─ Foi mesmo?!―Duana estranhou.

    ─ Sim.

    ─ Vixe Maria! Clarisse! Aconteceu algo semelhante ao Ivo.―

    Duana comparou.

    ─ O que houve com Ivo!?― Clarisse perguntou.

    ─ Não sei se foi um sequestro ou fugiu, apenas sei que sumiu, e nunca mais apareceu. Ninguém pediu resgate.

    ─ O que está me dizendo? O Ivo sumiu? Quando?― Clarisse perguntou preocupada.

    ─ Sim! Faz algum tempo. ─ respondeu Duana com pesar na voz.

    ─ Quando?

    ─ Há exatos 5 anos. ─ Duana respondeu com tristeza no olhar.

    ─ Verdade, que coincidência! ─ exaltou-se Clarisse.

    ─ Muita coincidência! ─ confirmou Duana.

    ─ Mas Jósafa voltou, quero dizer, ele fugiu dos bandidos. Ele não disse nada, o porquê do sumiço foi sempre um mistério.

    ─ Então, ele está bem agora?― Duana questionou.

    ─ Não sei, mas não era dinheiro.― Clarisse respondeu.

    ─ Então, ele está bem agora?― Duana insistiu.

    ─ Não sei também, ele ficou para trás na invasão.

    ─ E pegaram os bandidos na época?

    ─ Não. ─ respondeu Clarisse ─ E o Ivo foi salvo?

    ─ Não, nunca foi encontrado, nem vivo nem morto, nada se soube se foi um sequestro, se fugiu de casa. Isso é o que me dá mais angústia.― Duana contou lamentando o ocorrido.

    ─ Puxa, que horrível!

    ─ Bota horrível nisso!

    ─ Eu pensei que ele já tivesse casado, estava longe do país!

    Salvo!― Clarisse deduziu;

    ─ Eu sempre procurei por ele, mas nada de notícia, nunca o encontrei.― Duana disse triste.

    ─ Deve sofrer sua falta todo dia, não é?― Clarisse disse.

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    ─ Sim! E o seu irmão?

    ─ Felizmente Jósafa escapou ileso e continuou a vida, mas nunca revelou onde esteve nem como foi no cativeiro.

    ─ Puxa que bom que se salvou e ficou bem!

    ─ Não exatamente. ─ disse Clarisse com feições tristes. ─Ele ficou com traumas até a última vez que o vi, nunca foi mais o mesmo.

    ─ E seus pais?

    ─Nem te conto: meus pais nem ligaram. Disseram apenas que Jósafa tinha dado uma escapulida. Ele passou uma semana fora sem dar notícias, e isto não era do feitio dele fazer este tipo de proeza.

    Sempre foi um cara muito certinho.― Clarisse acrescentou.

    ─ Talvez tenha arranjado uma namorada! ― Duana deduziu.

    ─ Não!

    ─ Foi curtir sem avisar com uma galera!? ─ insistiu Duana.

    ─ Não!

    ─ Por que não? ― Duana questionou. ― Ele foi curtir a vida, pense, devido ser tão preso.

    ─ Menina, não foi isso, não! ─ disse Clarisse chateada. ─Se não ele teria me contado, a gente era muito amigo. Ele me contava tudo!

    ─ Então, o que foi?

    ─ Não sei, mas depois disso ele ficou muito calado, sempre saía correndo por motivos estranhos, de uma hora para outra desaparecia e só o via noutro dia todo machucado.

    ─ Mas você teve sorte!― Duana comentou.

    ─ Sorte?!― Clarisse disse estranhando.― Em que ?

    ─ Sim! O Ivo nunca mais voltou. ─ disse Duana, fungando.

    ─ Como é? ─ perguntou Clarisse surpresa. ─ Seus pais não pagaram o resgate?

    ─ Resgate? Não houve pedido nenhum, nem contato, nem busca!

    ─ É?!

    ─ Estou ainda a procurar por ele desde o dia que sumiu há 5

    anos. Meus pais não levantaram um dedo para procurá-lo.

    ─ Ele não era querido?― Clarisse perguntou, tentando entender este mistério.

    ─Ao contrário, era o mais paparicado, o mais protegido. Tudo era para ele. Verdadeiramente o favorito.

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    ─ Não entendo! ─ disse Clarisse, refletindo.

    ─ Coisas estranhas aconteciam lá em casa. Mas esta de não se importar com sumiço do Ivo bateu o recorde.

    ─ Eh! Que coisa horrível!? ─ disse Clarisse, meneando a cabeça.

    ─ É sim! Nunca me conformei.

    ─ Pensei que estava atrás dele devido à fuga que separou muitas famílias, por causa da grande invasão dos Vitches que sequestraram muitas pessoas e mataram muita gente nas ruas.

    ─ Não, não! Meu irmão está sumido desde aquele tempo. E

    choro desde então por ele está longe de mim. Nós não éramos muito unidos, sempre brigávamos, eu tinha raiva dele por ganhar tudo que eu queria, e sempre negavam a mim, mas não queria o mal dele. Eu fui má com ele algumas vezes. Mas quero muito encontrá-lo para pedir perdão.― Duana contou.

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    3 – Os Vitches estão ligados a nós

    Neste instante Duana começou a chorar copiosamente, não conseguia parar. As lembranças de seu irmão inundavam sua mente.

    Ela queria muito encontrá-lo. Clarisse se pondo no lugar da moça, lhe deu o ombro para a irmã de Ivo chorar a vontade. Pareci que algo lhe reserva mais dores, não teria aquele final feliz que tanto almejava.

    ─ Não seja tão dura consigo mesma! Você era uma criança. ―

    Clarisse a consolou.

    ─ Eu me arrependo muito das brigas bobas que tive com meu irmão. Nunca tive oportunidade de dizer que gostava bastante dele. Eu sempre estava disputando algo, meus pais não ajudavam, até parecia que gostava de ver a gente discutir.― Duana contou.

    ─ Que bizarro!

    ─ Muito mesmo! Meus pais também nunca foram atrás de Ivo, parecia que sabiam onde ele estava e não ligava se Ivo estava bem ou não.

    ─ O que tem de errado com nossos pais? ─ indagou Clarisse colocando a mão no queixo.

    ─ Não sei, mas vou descobrir. ─ disse Duana, determinada.

    ─ Algo me diz que tem ligação com os Vitches. ─ disse Clarisse convicta.

    ─ Por quê? ─ Duana estranhou.

    ─ Não sei, eu somente sinto algo negro, algo oculto dentro de minha casa. Jósafa passou a escrever um diário. Um dia eu o peguei, li algumas frases sem nexos, e vi muitas vezes a palavra Vitches antes 11

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    mesmo deles se mostrarem à sociedade e de fazeres aquelas atrocidades em público.

    ─ Hum! Então seu irmão estava envolvido com eles?― Duana perguntou.

    ─ Acho que sim, e meus pais também! Eles trabalhavam para uma empresa chamada VTC Incorporações Internacionais, que pertenciam aos Vitches.

    ─ A VTC? ─ disse Duana surpresa ─ Não pode ser?

    ─ Por que o espanto?

    ─ Não, não pode ser! Tem certeza que era deles, Clarisse? Meus pais também eram dessa empresa.

    ─ Parece que juntas temos chance de descobrir. ─ Clarisse supôs. ─ As armações dos nossos pais estavam na nossa cara.

    ─ Prefiro não descobrir! Meus pais não eram bons comigo, mas eram meus pais, eu os amava. Não posso acreditar que eles eram associados com aqueles monstros.

    ─ O que houve com eles?

    ─ Fugimos juntos; nossa viagem foi bastante tranquila, por incrível que pareça. Vivíamos bem em Portugal, mas me deu uma vontade de procuram por Ivo... ― Duana contava, pausou um pouco, soluçou, e continuou. ― De repente sentir que ele estava vivo, mas eles não deixavam eu voltar ao Brasil. Foi quando morreram num acidente no mês passado.

    ─ Os dois de uma vez?

    ─ Sim. O carro perdeu o freio e capotou. Eu estava lá sozinha em casa quando recebi a notícia, e de imediato resolvi voltar para o Brasil.

    ─ Duana, infelizmente, acho que eles têm algo sim. Muita gente queria poder, riqueza fácil, inclusive os meus pais.

    ─ Não, os meus não queriam!― Duana disse se retraindo.

    ─ Mas, com certeza os meus queriam sim. E não se engane, Duana, se quer descobrir, você tem que ir até o fim, mesmo que sofra com a verdade.

    ─ É muito triste, não vou suportar a perda da honra deles também. Nem deveria pensar assim dos seus próprios pais. ─

    reclamou Duana.

    ─ Eu é que sei!

    12

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    ─ E eles estão vivos?

    ─ Não! Houve uma mudança de humor lá em casa, depois que Jósafa voltou. Eles ficaram esquisitos, queriam tirar férias de repente.

    Pedi uma explicação, mas logo se arrumaram e foram viajar. Eu disse que não ia, tinha universidade, trabalho. Eles foram sem mim e Jósafa, mas levaram meu irmão menor de 14 anos, o Jonas. Foi quando retornei da aula, estava tudo escuro em casa, quando acendi as luzes estavam os três mortos.― Clarisse contou lamentando.

    ─ Foi um assalto?― Duana perguntou admirada.

    ─ Não. Foi queima de arquivo!― Clarisse deduziu.

    ─ O quê!?

    ─ Está percebendo!?

    ─ Mas por quê? Os Vitches já tinham aparecido?

    ─ Não!!

    ─ Qual a relação? ― Duana questionou.

    ─ Não sei, mas parecia um castigo. Não gosto nem de lembrar, nós o achamos mortos na sala de casa, sem nenhum arranhão, mas estavam frios e com sinal na fronte.― Clarisse lembrou.

    ─ Que sinal?― Duana perguntou.

    ─ Parecia um V e três 6 em cada ponta da letra.

    ─Desenha para mim? ─ Pediu Duana.

    ─ Oh! Era assim! ─ Clarisse desenhou num lenço de papel.

    ─ Já viu isto em algum lugar! ─ disse Duana, se lembrando.

    ─Sim! Eu também me lembro.

    ─Eu vi. Tinha nos relatórios da empresa VTC. Naqueles mais confidenciais.

    ─ Viu como existe algo entre eles. ─ deduziu Clarisse. ─Na época não fazia ideia do que seria, mas eram eles. Era o sinal deles quando se apossaram das principais cidades do Brasil.

    ─ Sério?!

    ─ Sim! Você se lembra, não é? Começou com a capital do país, Brasília, aquele golpe, uma armação política, depois veio os ataques terroristas a Belo Horizonte, São Paulo, Recife, Florianópolis, Salvador, Manaus, Rio de Janeiro, Goiânia e outras que não lembro, até que invadiram Fortaleza.

    ─ Por que aqui foi o último lugar a ser invadido?― Duana perguntou sem entender.

    13

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    ─ Você não sabe o porquê?― Clarisse perguntou, parecendo já saber o motivo.

    ─ Não!

    ─ Nunca soube do G.G.?

    Gossip Girl?─Duana brincou.

    ─ Não! ─ disse Clarisse chateada. ─ Claro que não!

    ─ Então, o que é isso?― Duana perguntou novamente.

    ─ Grilo Green: O herói cearense!

    ─ Sério! Um homem-inseto? ─ Perguntou Duana rindo.

    ─ Era um homem que lutava sozinho contra os Vitches. Ele também era um deles, um Variante, mas ele ajudava o povo quando os monstros inventavam alguma artimanha para dominar aqui, o Ceará.

    Ele foi por muito tempo o coração da resistência em Fortaleza.

    ─ Puxa vida, nunca soube dele!― Duana disse surpresa por existir um herói.

    ─ Muitas pessoas foram salvas por Grilo Green quando os Vitches tentavam usar algum golpe para sequestrar e transformar mais pessoas em monstros, ou pior, em comida.

    ─ Quem é esse cara?― Duana perguntou mais interessada.

    ─ Não sei... ─ desdenhou Clarisse, parecia saber.

    ─ Tem certeza? ─ desconfiou Duana.

    ─ Não sei, mas sei que muita gente chegou a vê-lo.

    ─ Como soube dele, Clarisse? Então!

    ─ Ouvi por aí! Sabe! Era como se fosse uma lenda urbana.

    Muita gente comentava ter visto, ou ter sido salvo, mas não tinha nada para mostrar: nem foto, nem vídeo, nem desenho. Ele se movia muito rápido, por isso nunca apareceu em jornal ou televisão, nem mesmo na Internet.

    ─ Legal! Temos um super-herói cearense! ─ Brincou Duana rindo, ainda sem acreditar totalmente na história.

    ─ Não ria, ele realmente ajudou muitas pessoas. Grilo Green é real, e foi por isso que os Vitches foram derrotados.

    ─ Não foi o exército com ajuda dos Estados Unidos?― Duana duvidava.

    ─ Não! Foi com ajuda do Grilo Green que encontrou o lugar secreto onde os Vitches faziam mais monstros. Assim ele informou 14

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    para o exército onde explodir para evitar uma maior matança. O

    verdadeiro apocalipse!

    ─ Foi ele quem avisou o lugar certo?!

    ─ Sim, pois em cada capital, em certo ponto, havia a base dos terroristas! Se assim não fosse descoberto, teriam destruído toda a cidade, mas só era necessário nos covis, ou melhor, nos laboratórios, onde havia um lugar cheio de criaturas superpoderosas recém-criadas prontas para dominar todo o mundo.

    Duana ficou calada com tanta informação.

    ―Seriam necessários todos os exércitos do mundo junto para derrotá-los, pois eram criados de maneira geométrica. ― Clarisse ressaltou. ― Os Vitches não nasciam, e sim, eles eram produzidos em laboratórios sofisticados em plenos centros de grande concentração econômica.

    ─ Como você sabe tanto deles, Clarisse?

    ─ Não me pergunte isso. Apenas sei.

    ─ Agora você está como muito mistério. Conte-me tudo, eu preciso saber! ─ Pediu Duana.

    ─ Não posso, apenas sei. Eu também preciso de respostas exatamente como você.

    ─ Acho que você tem mais respostas do que eu.

    ─ Infelizmente, não. Eu ... ― Clarisse disse pausando.― eu ainda sei muito pouco.

    ─ Mas sabe muito mais do que eu.―Duana percebeu.― Estou me achando uma ignorante total perto de você!

    ─ Calma, não se desespere, as respostas irão surgir.

    ― Acho que um anjo me pôs próximo a você pra descobrir tudo.― Duana comentou.

    ― Tomara que sim! Juntas iremos.― Clarisse disse, dando a mão a Duana para fazer o pacto de ir até o fim para encontrar seus irmãos.

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    4 – Oh saudade da nossa antiga casa

    Passados alguns dias, as moças foram buscar notícias de seus irmãos por todos os meios, jornais, televisão, internet, amigos e conhecidos, mas nada de encontrarem seus parentes.

    Duana voltou ao antigo apartamento onde ela morava com seus pais e Ivo. Enquanto Clarisse foi a casa onde morava com seu irmão Jósafa. Ambas encontraram seus lares destruídos. Tudo estava revirado, quebrado e saqueado pelos simpatizantes dos Vitches. Mas não encontraram ninguém. Tudo estava abandonado, e devido à onda de saques que houve, muitos fugitivos procuravam se esconder e roubar alimentos das casas abandonadas.

    Antes as duas viviam bem no Brasil. Uma era de família de classe média alta. E outra vivia como uma rica mesma. Clarisse pertencia à família Paes, que era dona de uma pequena fábrica de remédios, ligada a multinacional VTC. Enquanto Duana pertencia à família Guerra, onde seu pai era sócio administrador de uma grande empresa de software que também fazia parte da VTC.

    Enquanto a Duana foi à casa de antigos amigos que conhecia, Clarisse percorreu rua e lugares onde Jósafa costumava ir. Depois de um dia inteiro na rua, buscando por notícia. Elas se encontram na casa de Clarisse.

    ─ Faz tanto tempo que não venho aqui. ─ disse Clarisse, saudosa ─ que já estava me esquecendo da beleza deste lugar, como 16

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    me lembro dos jardins, das flores, da piscina, das brincadeiras com meus amigos. Como tenho saudades dos meus irmãos e meus pais em casa.

    ─ Irmãos?

    ─ Sim! Eu te contei. ─ disse Clarisse, em lágrimas ─ Eu tinha dois; Jonas é o que morreu e Jósafa é o que se perdeu. Jonas morreu junto com meus pais, no mesmo dia.

    ─ Ah foi, desculpe, esqueci!― Duana disse encabulada.―

    Como foi isto? Quem matou e como foi?

    ─ Não sei, Duana, prefiro não falar nem lembrar.

    ─ Está bem!

    ─ Vou ter que gastar muito dinheiro para reconstruir minha casa.

    ─ E você tem grana?― Duana perguntou.

    ─ Tenho, mas não muita, talvez seja melhor eu alugar um apartamento, procurar um emprego, por precaução. Mas queria tanto ver minha casa bonita de novo.

    ─ Entendo, também gostaria de deixar meu apartamento como era antes. Roubaram tudo! Oh! Povo horrível!

    ─ Não sobrou nenhum móvel!

    ─ Deixa para lá, Clarisse! Vamos lembrar-nos das coisas boas.

    Você se lembra de quando tudo era tranquilo, sem os Vitches, sem desgraças, sem guerra...

    ─ E o pessoal reclamava que o país era ruim, imagine depois, como ficou. ─ comentou Clarisse.

    ─ Pois é. Eu também, nem me importava. A gente tem que dar valor o agora, o que temos hoje, o presente. Ver as coisas boas da vida!

    ─Realmente, Duana! Eu não dava valor à vida que tinha. Tudo era muito bom, com minha família junta. ─ enfatizou Clarisse.

    ─ Eh! ─ confirmou Duana com ar nostálgico. ─ Mesmo com as brigas, com a rabugice do Ivo, era melhor do que isto aqui!

    ─ Mas como as coisas mudaram tanto, tanto?!

    ─ Hoje, ninguém da minha casa vive mais. ─ disse Duana com ar de tristeza. ─ Só restou eu.

    ─ Não fale isso, Duana! Tenho certeza que o Ivo ainda está vivo.

    17

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    ─ Como pode dizer isso, nem sabe se seu irmão Jósafa está vivo?

    ─ Eu sinto! ─ Clarisse afirmou com certeza ─ Sei que vamos vê-los muito em breve. Os dois! Você vai ver, Duana!

    ─ Mas já procuramos tanto, e nada de notícias deles.

    ─ Sim, Duana ─ retrucou Clarisse ─ é porque você não sabe quem é o

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