Amor Puro
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Amor Puro - Rosa Rosileia
Rosa Rosileia
Amor Puro
São Luís
2ª edição - 2023
Amor Puro
A Deus, meu maior incentivador; A Jesus Cristo, meu amigo; A Nossa Senhora, minha protetora.
Aos meus pais, que eu amo muito:
Manoel, homem cuja honestidade não se pode macular; e Maria da Natividade, mulher forte, inteligente, que ilumina a todos com o seu brilho estrelar. Pelo carinho, investimento intelectual e amor dispensado.
Às minhas amadas irmãs;
Leia, minha amiga inseparável;
Dejenane, minha menina decidida; Márcia Cristina, minha fonte espiritual;
Gilzete, minha menininha sorridente;
Délia Maria, minha delícia, e
Sandy Rachel, meu clone.
Aos meus amados irmãos;
Macssuel, meu maninho;
Odoriel, meu carinhoso;
Maílson, meu menininho, e
Saulo Iving, nosso caçulinha.
Aos meus irmãos, por parte de pai, em especial as meninas: Luíza Helena, Jozélia e Eline, que me ajudaram a entender de amor.
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Rosa Rosileia
Aos meus sobrinhos: Emilly Tamara, Letícia, Samara,
Vyctor Macssuel, Ana Paula, Amanda e Vinícius, que me alegram muito.
Ao meu afilhado Sedan Filiph, que me ama muito.
A André Almeida, meu sempre
aluno. Isadora de
Jesus, minha fofinha. Luana, minha querida. Eliana, minha estimada.
Aos meus amigos, em exclusividade: Lina, Claudete,
Patrícia Simone, Elilson, Márcio Julião, Jesus Almeida,
Ibraim Almeida, Maria Léa, Luciene, João Gusmão, que eu torturo com minhas cartas a cada estação.
A Marinalva, minha sempre amiga.
A todos que me acompanham na minha linda jornada.
O meu...
Muito Obrigada!
E...
Ao meu amor.
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Amor Puro
Nota da Autora
No dia dez de outubro de 2003, fui presenteada com um livro budista. Como de costume, apressei-me em ler e li esse impresso em menos de duas horas. Gostei tanto, que voltei a lê-lo uma página por dia para que refletisse sobre suas palavras.
Descobri através desse livro: a meditação. Coloquei uma almofada no meio do quintal da minha casa e sentei-me. Queria tentar meditar. Então, fechei os olhos e fiquei inerte percebendo o vento bater em meu corpo. Ouvi pela primeira vez as batidas do meu coração e senti medo. Abri os olhos rapidamente e levantei-me, pois sentia-me sufocada. Saí correndo para casa, agarrada na minha almofada, fugindo de mim mesma.
No dia seguinte, fui experimentar novamente. Só que dessa vez, resolvi fazer diferente; além de me concentrar em ouvir o pulsar das minhas veias irrigando todo o meu ser, tentei me transportar para outro lugar. O que consegui foi me olhar correndo entre muitas flores amarelas. Na verdade, um campo cheio dessas flores e fiquei muito, mais muito feliz. Abri os olhos e ri. Um sorriso que me acompanha.
Uma semana depois, voltei os meus pensamentos unicamente para Deus, porque uma lembrança voltou a rondar minha cabeça. Um sonho de infância que eu queria me esquecer.
Quando eu era criança, sonhava tentando subir uma 4
Rosa Rosileia
rampa escura que não tinha fim. Fazia um esforço tremendo para dar um único passo e não conseguia; acordava cansada e ficava enroladinha em meu lençol, ou pedia para dormir com minha mamãe. A recordação do sonho voltou a me perseguir.
Fiz uma retrospectiva do meu passado na presença de Deus e descobri que não conseguia dar esse passo, porque a minha vida sempre foi de muitas provações. A rampa do meu sonho é escorregadia. Tive a impressão de que nunca iria conseguir chegar ao topo. Chorei muito e deitei-me no solo com a cabeça no coxim.
Olhei para o céu e vi um lindo cometa passar; uma das visões mais bonitas que meus olhos puderam contemplar.
Entendi que era um sinal de Deus para mim. Tive absoluta certeza de que Ele me escutara e os meus anos incumba iriam passar. Eu sei que precisamos rezar, agradecer, conversar com o Senhor, mas sei que o Pai Celestial sabe das nossas necessidades mesmo antes de pedirmos. Às vezes, somos fracos na fé e não acreditamos que existe uma Força muito maior que a nossa própria.
Elevo as minhas reflexões até Deus quando vou meditar, e nesse momento de comunhão comigo vou ao meu campo florido de amarelo. Tentei mudar a tonalidade das flores para a cor de que mais gosto, azul, e não obtive êxito. Empreendi o vermelho, a cor mais comum de flores e não consegui. Posso ir até o topo de uma montanha sentir o vento gelado bater em meu rosto deixando o meu nariz congelado, mas não consigo trocar a cor das flores. Então, decidi não tentar mais removê-la, porque descobri nesse domínio cheio de flores amarelas o caminho da felicidade e eu sou muito, mais muito feliz.
Contemplando o céu numa dessas noites, eu o vi 5
Amor Puro
belíssimo, todo estrelado, e uma lua linda iluminava-me.
Olhando-o, um romance começou a povoar as minhas ideias. Corri, peguei um lápis, um caderno e comecei a escrevê-lo. Escrevi no trabalho, à noite à luz da lua, sentada numa cadeira de ônibus e até abancada na praça de alimentação do cinema. Em duas semanas, concluí o livro que intitulei de Amor Puro.
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Rosa Rosileia
* * *
— Não! — falou baixo. — Quer fazer o favor de se sentar em outro local? — pediu, com voz aguda e elevada.
— Você está me perturbando.
Levantou-se, olhou para a turma e disse:
— Agora chega! Meus nobres colegas devem estar adorando esse teatrinho... Acredito até que estejam se divertindo... Não posso acreditar que todos conspiram contra mim... Meu Deus!... Tudo era tão claro e só uma idiota igual a mim, que ainda não havia percebido... Mudar de mesa?... De que adianta?... Vai sempre sobrar uma cadeira ao meu lado para esse idiota se sentar...
O professor entrou apressado e exprimiu:
— O que está acontecendo aqui?... Escutei do corredor uma...
— O que está acontecendo? — interpelou a discípula, irritadíssima. — O senhor ainda não percebeu que estou sendo incomodada a aula inteira por esse...
— Do que você está falando? — perguntou o professor.
— Não posso mais continuar estudando essa disciplina... Comunicarei o fato à Reitoria — vociferou a aluna.
Sentindo-se humilhada, maltratada e com muita raiva, saiu da turma com os olhos rasos d’água.
O professor atordoado e sem entender as reclamações da aluna, seguiu os passos dela, mas não conseguiu alcançá-la.
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Amor Puro
Ela foi em direção à saída, com um caminhar apressado que demonstrava algo ocorrido, rosto molhado, uma sensação de derrota. Desceu a Rua da Estrela açodadíssima e sentou-se numa cadeira de uma mesa ao ar livre que pertencia a um restaurante.
Preciso recuperar a calma
, pensou. Abriu um livrinho de bolso que costumava carregar consigo e foi lendo, refletindo em cada palavra para tentar se acalmar. Enxugou as lágrimas e ficou observando o horizonte.
Alguns metros dali um rapaz a observava. Olhou quando a moça desceu a rua entristecida. Viu que chorava.
Esperou um pouco para saber se a abordava ou não, e depois de alguns minutos decidiu conversar um pouco com ela. Cabelo castanho-claro, pele branca queimada pelo sol de agosto, olhos verdes, aparentando ser um turista conhecendo São Luís. Chegando à mesa onde a jovem estava sentada, perguntou:
— A senhorita poderia me informar, como faço para chegar à Praça Pedro II?
Ela se assustou, mas logo se recompôs e numa reação rápida levantou-se. Abriu os braços, falou:
— Nunca consegui discernir direita e esquerda...
Perdoe-me! Agora já me localizei.
Você está vendo aquela rua à esquerda? Siga sempre em frente e chegará na praça. A rua é um pouco íngreme. Se dobrar à direita vai chegar lá também, mas terá que subir uma escadaria. É melhor preparar as suas pernas
.
— Obrigado! Senhorita...? — procurou saber o rapaz, esperando uma resposta.
— Ana — respondeu ela, apressadamente.
Ana se sentou e voltou a ler o livro, sorrindo do
mico
que acabara de pagar. "Onde já se viu uma mulher 8
Rosa Rosileia
deste tamanho não saber o que é direita nem o que é esquerda. O que será que aquele moço está pensando? Que pediu informação a uma... Não posso completar. Não sou nada disso. Apenas não ligo para convenções", falou baixinho e riu, riu muito.
O rapaz caminhou em direção ao itinerário descrito por Ana. Parou por um instante, olhou para trás e vendo-a sorrindo, voltou. Pediu:
— Posso sentar?
— Oh! Sim! Fique à vontade... Não encontraste à praça ou fui eu quem não dei a informação correta? — perguntou ela, com um semblante alegre.
— Nem uma coisa nem outra. Esqueci-me de descansar. A ladeira, lembra-te? Não te importas se eu te fizer companhia.
— Não! Claro que não! Não era uma escada? —
inquiriu ela, lutando contra o sorriso.
— Se eu estiver atrapalhando, posso sentar-me em outro local — disse ele, puxando uma cadeira. — Nem escolhi a rua.
—Eu já disse que pode se sentar. É um prazer. Quando terminares o teu descanso, se não for muito, posso te dirigir até a Praça Pedro II. Eu vou passar por lá.
— Ora, pois, eu adoraria.
— Desculpe-me a indiscrição, mas você não é brasileiro. Tem um sotaque diferente dos falados no meu país. Espera! Não diga nada! Eu adivinho! É... Português...
Não o meu é claro, mas o de Portugal... Acertei?
— Sim! Sim! Acertaste! Eu não tenho um sotaque assim tão forte. Eu só morei alguns anos em Portugal. Sou brasileiro.
— Oh! Mil desculpas! Agora que você parece 9
Amor Puro
estrangeiro, ah parece!
— Não! Não! Não me peças desculpas. Meu pai é português e minha mãe é brasileira. Acredito que tenha puxado a ela. A minha mãe é alemã brasileira — comunicou ele, feliz. — Já ouviste falar?
— No Sul do Brasil tem...
— Pronto! — disse ele, não permitindo que ela completasse a frase. — Descobriste a minha regionalidade.
Só que por esses dias, sou um turista em São Luís.
— Bom! Eu não sou turista, nem nasci no Sul. Eu sou são-luisense com muito orgulho. Estudo bem ali, naquela faculdade. Consegue ver?! Faço Arquitetura. E você? Além de turista parece ser representante de remédio.
— Dizes isso por quê? — perguntou ele, fascinado e olhando na direção do olhar dela. — Ah! Por causa da bolsa... Já descansei... Podemos ir? Eu posso levar as tuas coisas?
— Não és adepto dos Direitos Iguais
?
— Do que tu estás a falar?
— Alguns homens usam os tais para não ajudarem com os pertences da mulher, mas esquecem-se que assim estão deixando de ser cavalheiros — explicou ela.
— Eu sou um cavalheiro. Queres ver? Eu levo tuas coisas.
— Obrigada! Tenha a honra! Vamos!
Os dois rumaram para a praça, sem nenhuma pressa.
Ana estava necessitando caminhar e o rapaz precisando de um guia. Foi Ana quem quebrou o silêncio.
— Portugal é lindo, não é?
— Depende dos olhos de quem vê — exprimiu ele, pensativo. — Um local parece bonito a alguns, já outros acham sem graça. Eu, particularmente, gosto da capital 10
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Lisboa. Adoro ir ao porto ver corajosas pessoas embarcando em navios para fazerem cruzeiros.
— Corajosas por quê?
— Porque viajam por vias marítimas ou fluviais como se estivessem em vias térreas ou aéreas.
— Eu adoro viajar de barquinho — disse ela, animada.
— Eu gosto de ver e sentir as ondas do mar. É muito bom!
Você não sabe o que está perdendo.
— Obrigado! — Eu prefiro um teco-teco. Ver as nuvens de perto.
— Um dia, vou a Portugal. Tenho uma promessa para pagar: conhecer o Santuário de Nossa Senhora de Fátima. Vi pela televisão e achei lindo. Eu vou vê-lo pessoalmente, por isso a promessa, para que eu lute.
— És devota de Fátima?
— Com muito fervor. Só Ela sabe me entender.
— Eu sou devoto de Antônio — deu a conhecer, observando por onde passavam.
— Santo Antônio de Pádua!
— Pois é! Boa coincidência os dois terem igrejas imponentes no mesmo país! Tu não achas?
— Muito interessante!
— Visite-o! Santo Antônio é um cara
legal. A igreja de Fátima é muito bonita! Tu vais gostar.
— Se conseguir pagar minha promessa, farei uma homenagem a essa coincidência boa visitando a igreja de Santo Antônio. Eu o admiro. Vou lembrar de um brasileiro com sotaque português devoto de um santo que me sugeriu uma visita a igreja de outro santo que é o seu e não o meu
— disse ela, rapidamente. — Legal! Gostei! Eu adoro conhecer novas arquiteturas.
— Arquiteturas! Deixe Santo Antônio ouvir isso. Ele 11
Amor Puro
vai castigá-la! — falou ele, zombando. — Poderemos fazer esse passeio juntos. É só me dizer quando pretendes conhecer Portugal.
— É uma ideia — exprimiu ela, descuidada. — Sou teu guia em São Luís e você será o meu em Portugal. Eu estou a brincar. Acredito que vá demorar muito tempo. Até lá...
— Eu espero. Eu estou a gostar da tua companhia —
afirmou ele, parando em frente dela que se sentiu embaraçada com os olhares dele.
Desfeito o acanhamento, continuaram conversando animadamente que nem perceberam a chegada à praça.
— Sente-se, por favor, senhorita Ana! — pediu o rapaz, mostrando um assento.
— Obrigada, Cavalheiro! Veja se não temos um pouco de Portugal... A arquitetura de alguns prédios...
— Lembrou-me a arquitetura portuguesa realmente.
Sempre me falaram que São Luís tinha aspectos portugueses. Eu estava curioso em conhecê-la.
— As marcas do passado estão bem conservadas, mas compreendo que culturalmente os maranhenses já possuem sua própria identidade.
— O Brasil foi colônia portuguesa. É natural que ficassem marcas, senhorita Ana!
— Eu sei — disse ela, pensativa. — O Maranhão foi uma das últimas províncias brasileira a aderir à Independência do Brasil. Um dos motivos foi porque os comerciantes portugueses que aqui viviam não queriam perder os vínculos com Portugal.
— Talvez quisessem preservar a sua cultura, pois estavam longe da Mãe-Pátria.
— Pode ser. Se quiseres, poderemos conhecer o Palácio dos Leões (sede do poder Executivo do Maranhão) — falou 12
Rosa Rosileia
ela, apontando. — É aberto ao público.
— Muito bonita a fachada! — demonstrou ele.
Ana e o rapaz entraram no Palácio. Olharam tudo com muito cuidado. Os lustres, os cristais, os quadros, tudo encantou os olhos dos jovens. Ana conhecia as maravilhas do Palácio dos Leões, mas a cada visita via mais riqueza de detalhes; coisas de aspirante de arquitetura. Saíram felizes com o que viram e com o relato do guia.
— Gostarias de comer o quê, senhorita Ana?
— Obrigada! Já te atrapalhei demais. E, também não estou com fome.
— Tu não vais recusar o meu convite. Vais? Dissera que gosto da tua companhia. Tu disseste que seria meu guia.
— Se faz tanta questão assim, tomarei um sorvete. O
lanchinho que me dou de vez em quando — falou ela, olhando