Nos bastidores das Narrativas Transmídia: a convergência do fenômeno Harry Potter
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Nos bastidores das Narrativas Transmídia - Roberto Rodrigues Campos
A todos aqueles, cuja magia desperta pesquisas contra-hegemônicas.
Agradecimentos
Gostaria de agradecer, primeiramente, à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão da bolsa, mesmo que temporariamente, que facilitou a realização dos estudos e produção da dissertação defendida em 2015, da qual este livro se origina. Em seguida, estendo os agradecimentos à minha família – meus pais Paulo, Leila, José Aberto e Maria Aparecida, e irmãos Ana Carolina, Ricardo, Vitor e Guilherme –, pelo apoio, suporte e crença em mim; bem como a Emile Uise, que, na época, soube conduzir bem os momentos tensos de escrita; e agradeço profundamente a Gabriel Aguiar e Eumara Maciel, pelo apoio e contribuição fundamentais e indispensáveis à concretização e publicação deste livro.
Não poderia esquecer do Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens (PPGEL-UNEB), local de muito aprendizado, de professores e funcionários sempre atenciosos e preocupados com nosso caminho na pesquisa, e de colegas que sempre compartilharam comigo as angústias e os dilemas de ser um mestrando. Um agradecimento especial à minha orientadora, a Profa. Dra. Sayonara Amaral de Oliveira, por ter acreditado no meu trabalho, pelo carinho sempre demonstrado, por ter suportado meus momentos de bloqueio intelectual, e por toda a teoria que dividira comigo, aumentando minhas leituras e senso crítico; bem como à Profa. Dra. Márcia Rios da Silva e ao Prof. Dr. Maurício Matos dos Santos Pereira, por terem aceitado compor as minhas bancas de Qualificação e Defesa, pela apreciação e comentários que fizeram no intuito de melhorar meu trabalho – melhoria essa, que tornou possível a finalização do texto deste livro.
Por fim, sabendo que não caberia, aqui, a lista de pessoas, às quais gostaria de agradecer, deixo registrado minha gratidão ao apoio dos colegas de trabalho do Campus V da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e do Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE) – locais onde trabalhava durante a produção do texto, bem como alguns nomes importantes para a eterna (re)construção do meu eu
: Jamile Silva, Juliane Costa, Caio Brito, Antônio Carlos Sobrinho, Rodrigo Matos, Cláudia Norete Luz, Márcia Cordeiro, Rita de Cássia Lima, Pérola Cunha, Marcos Vilela, Matheus Oliveira, Fabio Rothmans e Gabriel Almeida.
A magia da convergência reside na capacidade de criar uma sinfonia a partir de diferentes vozes e perspectivas.
(Henry Jenkins, 2006)
Prefácio
Que Harry Potter constitui um sucesso extraordinário de público, disso não resta dúvida. Mesmo para aqueles que não leram nenhum dos livros da série ou não assistiram às adaptações cinematográficas, é quase impossível ficar indiferente a esse fenômeno editorial e cultural ou dizer que dele nunca se ouviu falar. Mas a pergunta que fica é: como se constrói tal fenômeno? Ou, em outros termos: Que fatores concorrem para a sua edificação?
Esse é o questionamento levantado por Roberto Rodrigues Campos em Nos bastidores das narrativas transmídia: a convergência do fenômeno Harry Potter, livro que trata de uma produção da atualidade, dado que merece consideração, tendo em vista a iniciativa do autor por se dedicar a um objeto de estudo relativamente novo, cuja fortuna crítica ainda se faz escassa, ao menos junto à área especializada de Letras, na qual as produções massivas, os chamados best-sellers, ainda padecem de certo desprestígio. Na contramão dessa postura e afinado com um pensamento crítico que não dispensa a dimensão da cultura na abordagem do fato literário, Roberto Rodrigues Campos traça, neste livro, uma trajetória de pesquisa que articula as relações entre literatura, mídia e mercado, enfocando aspectos atinentes à produção e à recepção dos bens culturais.
Para discutir o grande êxito da série Harry Potter, o caminho percorrido não foi o mergulho nas aventuras do jovem bruxo na escola de magia, nem tampouco a apreciação das estratégias textuais que fazem de sua autora, a britânica Joanne Kathleen Rowling, uma das mais hábeis contadoras de histórias na contemporaneidade. Leitor e conhecedor atento do universo ficcional criado por Rowling, Roberto Campos resolve seguir por outra rota: aquela que se trafega no exterior do texto, no campo expandido da cultura, lugar em que a literatura e seus autores se institucionalizam, vindo a se constituir em cânones mais ou menos estáveis, conforme o funcionamento do campo literário e as formas de investimento aí promovidas.
Neste livro, o autor examina o modo pelo qual J. K. Rowling investiu na carreira profissional, munindo-se de aparatos comerciais que fizeram de sua obra uma marca sólida, disponível ao consumo de públicos cada vez mais amplos, em escala mundializada. Além dos romances que compõem a série, conta-se com as adaptações fílmicas, os livros spin-off, audiobooks, jogos, brinquedos e até um parque temático – produtos culturais derivados, que contribuem para o alargamento e consolidação do fenômeno editorial conhecido pelo nome de Pottermania.
Considerando esses diversos meios, suportes e formatos a partir dos quais a narrativa do bruxinho se ramifica, Roberto Campos situa a Pottermania como a forma exemplar de uma cultura da convergência – conceito elaborado por Henry Jenkins para definir, entre outros aspectos, o fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos
. Nessa perspectiva, Harry Potter se caracteriza por ser uma narrativa transmídia, o que torna possível ao público desfrutar continuamente de renovadas formas de interagir com a história, a partir dos formatos e suportes colocados em circulação no mercado.
Como uma das instâncias mais significativas da convergência cultural que aí se configura, merece destaque a Plataforma Pottermore, site criado pela autora com o intuito de dar continuidade, no mundo digital, ao fenômeno que já havia se firmado junto às outras mídias. Os recursos da web ampliaram a capacidade de interação dos leitores e fãs, que agora, na condição de internautas, passam a consumir conteúdos adicionais das histórias originais publicadas nos livros, usufruindo de informações inéditas, somente divulgadas no site. E tudo isso vai acontecer a partir da iniciativa e do aval de J. K. Rowling, detentora de todos os direitos de publicação e de distribuição dos produtos da franquia Harry Potter, em parceria com as grandes casas editoriais que a representam.
Mas há uma dimensão da Pottermania que escapa a esse controle institucional, empresarial, e que, por isso mesmo, ganha relevo na pesquisa de Roberto Campos, vindo a confirmar o caráter expandido das produções transmidiáticas em tempos de cultura de convergência. Trata-se, aqui, das comunidades de fãs construídas e administradas na internet pelos leitores da série, a exemplo do sítio floreioseborroes.net, organizado por um grupo de fãs brasileiros para a criação e publicação de suas próprias narrativas em torno de Harry Potter – as chamadas fanfictions. Ao comentar algumas dessas ficções de fã
postadas no site, o pesquisador observa que o público goza de autonomia e liberdade para reescrever
a série: J.K. Rowling fala como uma autoridade sobre o mundo que ela criou, contudo, em termos de fanfictions, seus leitores se tornam as autoridades
.
Assim, os leitores também investem na institucionalização de Harry Potter, mas a partir das suas próprias experiências, o que lhes confere o lugar de autores-fãs, condição tornada possível graças ao crescimento vertiginoso do acesso à cultura digital nos últimos anos. O exame dessa recepção oriunda dos leitores confirma que o êxito de uma produção massiva, longe de qualquer visão apocalíptica, não está necessariamente nas mãos dos produtores culturais ou no poder coercitivo do mercado atuando sobre um público supostamente passivo e obediente. Ao contrário, cuida-se aqui de entender, como orienta Martín-Barbero, o lugar do receptor como sujeito ativo, produtor de sentidos, munido de saberes e expectativas diversas, podendo agir à revelia dos itinerários traçados no campo da produção.
O livro Nos bastidores das narrativas transmídia: a convergência do fenômeno Harry Potter não negligencia os saberes do público, assim como não dispensa uma apreciação das estratégias, meios e mediações acionados pela autora J K Rowling para firmar os seus domínios no concorrido mercado de bens simbólicos. Produção e recepção são as duas instâncias por intermédio das quais o fenômeno Harry Potter se concretiza. Neste livro, Roberto Rodrigues Campos nos convida a conhecer esse fenômeno, a partir de uma abordagem atual e instigante que por certo agradará tanto aos leitores e fãs de Harry Potter quanto àqueles que, não sendo seus leitores, estão abertos a conhecer de perto uma das manifestações literárias e culturais mais destacáveis em nossa época.
Agora, só basta virar a página.
Sayonara Amaral de Oliveira
Professora Titular da Universidade do Estado da Bahia
Docente permanente no Programa de Pós-graduação em Estudo de Linguagens (PPGEL/UNEB)