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Portugal, um Perfil Histórico
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E-book120 páginas1 hora

Portugal, um Perfil Histórico

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Sobre este e-book

Este ensaio analisa o dinamismo da invenção e tematização da identidade dos portugueses como povo, comunidade e nação por alguns dos intelectuais que mais decisivamente marcaram o sentido e configuração deste percurso. Trata-se de fixar criticamente caminhos onde se inscrevem as etapas da consciência histórica de um povo, equacionando-o, por isso, no contexto dinâmico de sucessiva reinvenção de si, mostrando as linhas de continuidade, os dramas de alternativa, a oposição ou articulação entre diferenças enriquecedoras e as opções por percursos distintos que fomos capazes de ir idealizando.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de out. de 2016
ISBN9789898838636
Portugal, um Perfil Histórico
Autor

Pedro Calafate

Pedro Calafate é licenciado em História, Mestre e Doutor em Filosofia pela Universidade de Lisboa. É Professor Catedrático do Departamento de Filosofia da FLUL, tendo exercido funções de Professor Convidado em várias instituições nacionais e estrangeiras, com destaque para as Universidades do Minho, Porto, Nova de Lisboa, Autónoma de Madrid, Viena e UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Entre as suas obras mais relevantes destacam-se: História do Pensamento Filosófico Português (dir.) 5 vols, Ed. Caminho, Lisboa,1999-2004; Portugal como Problema, 4 vols. Ed. FLAD-Público, Lisboa, 2006; A Ideia de Natureza no Século XVIII em Portugal, Lisboa, IN-CM, 1994 e, mais recentemente, com a colaboração de Rámon Gutiérrez, Escuela Ibérica de la Paz: la conciencia crítica de la conquista y colonización de América, Ed. Univ. Cantabria, Santander, 2014. Atualmente é Investigador Responsável pelo projeto financiado pela FCT “De Restitutione: a Escola Ibérica da Paz e a ideia de justiça na colonização da América".

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    Portugal, um Perfil Histórico - Pedro Calafate

    Portugal, um Perfil Histórico Pedro Calafate

    Este ensaio analisa o dinamismo da invenção e tematização da identidade dos portugueses como povo, comunidade e nação por alguns dos intelectuais que mais decisivamente marcaram o sentido e configuração deste percurso.

    Trata-se de fixar criticamente caminhos onde se inscrevem as etapas da consciência histórica de um povo, equacionando-o, por isso, no contexto dinâmico de sucessiva reinvenção de si, mostrando as linhas de continuidade, os dramas de alternativa, a oposição ou articulação entre diferenças enriquecedoras e as opções por percursos distintos que fomos capazes de ir idealizando.

    Na selecção de temas a tratar, a colecção Ensaios da Fundação obedece aos princípios estatutários da Fundação Francisco Manuel dos Santos: conhecer Portugal, pensar o país e contribuir para a identificação e para a resolução dos problemas nacionais, assim como promover o debate público. O principal desígnio desta colecção resume-se em duas palavras: pensar livremente.

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    Pedro Calafate é licenciado em História, Mestre e Doutor em Filosofia pela Universidade de Lisboa. É Professor Catedrático do Departamento de Filosofia da FLUL, tendo exercido funções de Professor Convidado em várias instituições nacionais e estrangeiras, com destaque para as Universidades do Minho, Porto, Nova de Lisboa, Autónoma de Madrid, Viena e UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Entre as suas obras mais relevantes destacam-se: História do Pensamento Filosófico Português (dir.) 5 vols, Ed. Caminho, Lisboa,1999-2004; Portugal como Problema, 4 vols. Ed. FLAD-Público, Lisboa, 2006; A Ideia de Natureza no Século XVIII em Portugal, Lisboa, IN-CM, 1994 e, mais recentemente, com a colaboração de Rámon Gutiérrez, Escuela Ibérica de la Paz: la conciencia crítica de la conquista y colonización de América, Ed. Univ. Cantabria, Santander, 2014. Atualmente é Investigador Responsável pelo projeto financiado pela FCT "De Restitutione: a Escola Ibérica da Paz e a ideia de justiça na colonização da América".

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    Largo Monterroio Mascarenhas, n.º 1, 7.º piso

    1099-081 Lisboa

    Portugal

    Correio electrónico: ffms@ffms.pt

    Telefone: 210 015 800

    Título: Portugal, um Perfil Histórico

    Autor: Pedro Calafate

    Director de publicações: António Araújo

    Revisão de texto: Raul Henriques

    Design e paginação: Guidesign

    © Fundação Francisco Manuel dos Santos e Pedro Calafate, Novembro de 2016

    O autor desta publicação escreveu ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990.

    As opiniões expressas nesta edição são da exclusiva responsabilidade do autor e não vinculam a Fundação Francisco Manuel dos Santos.

    A autorização para reprodução total ou parcial dos conteúdos desta obra deve ser solicitada ao autor e ao editor.

    Edição eBook: Guidesign

    ISBN 978-989-8838-63-6

    Conheça todos os projectos da Fundação em www.ffms.pt

    Pedro Calafate

    Portugal, um Perfil Histórico

    Ensaios da Fundação

    Introdução

    I. Idade Média e Renascimento: a génese de um destino coletivo

    II. O Seiscentismo

    III. As Luzes

    IV. Cinco perfis de Portugal no século XIX

    V. Três perfis de Portugal no século XX

    Conclusão

    Bibliografia de Autores Citados

    Introdução

    É indispensável que nos tornemos certos de que, hoje, a verdadeira inutilidade cultural é a uniformidade. A verdadeira derrota é não sabermos manter as diferenças conquistadas.

    Jorge Borges de Macedo, Portugal, um destino histórico, 1990

    Este ensaio analisa o dinamismo da invenção e da tematização da identidade dos portugueses como povo, comunidade e nação por alguns dos intelectuais que mais decisivamente marcaram o sentido e a configuração deste percurso.

    Trata-se de fixar criticamente caminhos em que se inscrevem as etapas da consciência histórica de um povo, equacionando-o, por isso, no contexto dinâmico de sucessiva reinvenção de si, mostrando as linhas de continuidade, os dramas de alternativa, a oposição ou a articulação entre diferenças enriquecedoras e as opções por percursos distintos que fomos capazes de ir idealizando.

    Nesse percurso há traços profundos que permanecem e se vão constituindo com anterioridade radical ao ato de pensar de sucessivas gerações, como horizontes de sentido que, não sendo inamovíveis, se inscrevem na longa duração, resistem à espuma dos dias e à vita brevis, e constituem, afinal, parte importante do universo da cultura em que nos movemos e que a cada passo recriamos.

    Então, o modo como nos pensámos no decurso do tempo constitui um pilar essencial da cultura portuguesa, cujo conhecimento se afirma relevante para que nos perspetivemos a partir de uma dimensão de fundamento. O modo como os pensadores portugueses questionaram e elaboraram as nossas razões históricas de ser, as várias imagens do nosso passado, do nosso presente e também as esperanças no futuro deu origem a interpretações que constituem um vasto e interessante espaço teórico que aqui queremos analisar, porque não há leituras teoricamente neutras da experiência, do mundo e da história.

    Como emergiu a consciência de que há fatores estruturantes que nos aproximam e que nos responsabilizam como povo? Como se foi verificando a crescente concentração centrípeta de vontades em torno de um viver em comum e de objetivos que o justificam? Como nos pensámos ao longo do tempo perante os desafios superados ou inalcançados, gerando manifestações de ufanismo, de desvalia coletiva ou de potência de esforço meditado? Que forças e fraquezas fomos consciencializando? Como fomos perspetivando a nossa condição perante os demais povos e nações? Como fomos emergindo de crises morais e políticas pela energia dos que a tal se propuseram? Quais os contornos mais ou menos nítidos do que consideramos ser, em cada momento, a nossa fisionomia espiritual, ou o que Antero de Quental chamava, não menos poeticamente, a atmosfera do nosso agir?

    São temas que resistem a métodos experimentais que os estabeleçam com a tecnicidade crescente de meios de verificação, mas trata-se de algo que sabemos existir e que muitas vezes acreditamos conseguir explicitar se necessário, mas não deixamos de nos surpreender, a respeito da sua complexidade, quando a isso somos instados, por não ser possível afastar traços de impressionismo e, por vezes, de alguma arbitrariedade, por se tratar de uma questão que, na sua essência, se compõe de elementos distintos mas confluentes, como o território, a língua ou o espírito de gregário, sendo sempre um desafio saber a que funduras da existência precisamos de descer para palpar as bases que lhe dão consistência.

    Pede-nos a Fundação Francisco Manuel dos Santos, com justo propósito, um texto acessível ao maior número, sem proliferação de referências bibliográficas, sem manifestação de erudição prolixa, breve e, por isso, com número reduzido e limitado de carateres. Assim estejamos à altura.

    Em todo o caso, não poderá o leitor esperar encontrar aqui um quadro completo ou exaustivo de um tema cuja vastidão é patente, mas antes uma escolha do autor, com base em critérios de valorização que não podem deixar de ser pessoais.

    I. Idade Média e Renascimento: a génese de um destino coletivo

    Ao longo dos finais da Idade Média e do Renascimento foi-se progressivamente afirmando um conjunto muito vasto de abordagens que confluíram de modo dinâmico na configuração do tema que nos ocupa. Entre elas julgo poder destacar: a construção dos heróis e dos chefes temporais na sua relação política e anímica com a comunidade de que emergiram, com destaque para os casos de Afonso Henriques e do Infante D. Henrique, seja em Duarte Galvão seja em Zurara; a perceção do nosso lugar privilegiado no curso da história, em Fernão Lopes; a expressão do sentimento de relação entre a terra e o sangue, na geração de Avis; o elogio de uma língua comum na relação com a sua origem latina, protagonizado pelos nossos humanistas, sobretudo João de Barros e Camões; o confronto entre os orgulhos nacionais por via do prestígio das universidades, expresso sobretudo no elogio da academia portuguesa nas várias orações de sapiência, de que se destacam as de André de Resende, Jerónimo Cardoso e Hilário Moreira; a busca de um tronco comum, antigo e valoroso para a filiação dos portugueses, sobretudo os lusitanos, sublinhado por André de Resende nas suas Antiguidades da Lusitânia, ou a filiação ainda mais remota no pós-dilúvio universal, protagonizada por Fernão de Oliveira; o confronto entre o prestígio das cidades capitais, em que assume especial destaque o elogio da cidade de Lisboa, elaborado por Damião de Góis e mais tarde por Luís Mendes de Vasconcelos, mostrando-nos a eloquência do espaço urbano; ainda a obra do mesmo Góis, elaborando a defesa do valor dos povos da Hispânia, perante a dinâmica dos demais povos europeus, sobretudo os do norte da Europa, que ele bem conhecia; a consciência de uma superior valia dos portugueses perante o saber dos Antigos, sobretudo no plano da filosofia natural, em autores

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