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Do Grego Antigo Ao Moderno
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E-book114 páginas44 minutos

Do Grego Antigo Ao Moderno

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Sobre este e-book

De todas as variedades de grego, em geral as mais relevantes para um estudante não-nativo são o Grego Moderno e o Grego Antigo (e/ou Koiné), sendo estas, por isso mesmo, as variedades sobre as quais mais se encontram materiais de estudo e recursos relacionados, dando origem a uma dicotomia Antigo×Moderno que, apesar de prática, não passa de uma hipersimplificação minimalista da realidade linguística grega. Seja como for, na prática costuma-se usar a expressão Grego Antigo para se referir aos períodos históricos, em especial do período Antigo propriamente dito até o período Bizantino, ao passo que Grego Moderno se refere à língua usada atualmente na Grécia. E aí nos deparamos com uma questão polêmica: Grego Antigo e Grego Moderno são duas línguas distintas, ou apenas duas variedades de uma mesma língua? Como sempre acontece com questões desse tipo, não há uma solução ou resposta simples ou definitiva, pelo simples fato de se tratar de algo subjetivo. Por exemplo, para uma pessoa nascida na Grécia, falante nativa da variedade atual da língua grega, faz sentido ver no Grego Antigo apenas uma variação ou uma forma arcaica de sua língua, seja por uma questão de identidade cultural, que o faz enxergar uma continuidade milenar, seja por uma simples questão de familiaridade com a língua antiga, por meio do contato, ainda que sutil, com as obras escritas na antiguidade. Por outro lado, um estrangeiro estudioso da Ilíada e da Odisseia, fluente em Grego Homérico, que vá passar as férias na Grécia, vai descobrir que será muito difícil, se não impossível, se comunicar com os nativos usando a língua antiga que ele passou tanto tempo aprendendo. Da mesma maneira, um estrangeiro que aprenda o Grego Moderno por exigências profissionais, por exemplo, dificilmente conseguirá entender mais que algumas palavras soltas ao tentar ler um texto escrito na Antiguidade. Aqui não temos a pretensão de responder ou resolver esta questão. Entendemos que a resposta será sempre subjetiva, dependendo de vários fatores, como p. ex. como cada um define o que é uma língua . Porém, ao estudarmos um assunto, precisamos escolher uma perspectiva com a qual possamos nos orientar, mantendo tanta consistência quanto possível para que o trabalho não se torne um caos. Assim, partindo do ponto-de-vista de um estudante estrangeiro - ou seja, que não seja falante nativo da língua grega - , entendemos que as variedades coletivamente conhecidas como Grego Antigo e a variedade conhecida como Grego Moderno são, efetivamente, duas línguas distintas, uma vez que cada uma tem sua própria fonologia, sua própria prosódia, seu próprio vocabulário e sua própria gramática. Como respaldo, lembramos de um caso muito próximo: ainda que o Italiano moderno seja claramente uma versão moderna do Latim, não se questiona que sejam duas línguas distintas. Dito isto, é importante salientar que o objetivo deste trabalho não é convencer a quem quer que seja de que o nosso ponto-de-vista é o certo : se, por um lado, a questão línguas diferentes × variedades da mesma língua é subjetiva e não admite solução definitiva, por outro lado as diferenças entre as duas são incontestáveis, podendo ser verificadas por qualquer pessoa que se dedique a compará-las. Portanto, o objetivo deste trabalho é trazer a parte objetiva, concreta, real, indiscutível, que são as características peculiares da língua grega, em sua forma antiga e em sua forma moderna, para que o estudante interessado possa melhor compreender o assunto e, caso deseje prosseguir no estudo dos dois idiomas, tenha uma espécie de mapa ou guia para iniciar sua jornada. Há que se notar ainda que esta não é uma gramática completa, seja do Grego Antigo, seja do Grego Moderno. O que trazemos aqui é uma comparação entre as duas línguas (ou, dependendo do ponto-de-vista, entre os dois estágios da língua).
IdiomaPortuguês
Data de lançamento18 de ago. de 2023
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    Do Grego Antigo Ao Moderno - Sérgio Domingues

    Introdução

    O Grego é um ramo independente da família indo-europeia de línguas, nativo da região que compreende Grécia, Chipre, Itália (na Calábria e Salento), sul da Albânia e outras regiões dos Bálcãs, a costa do Mar Negro, a Ásia Menor e o Mediterrâneo Oriental. Tem a história documentada mais longa de qualquer língua indo-europeia, abrangendo pelo menos 3.400 anos de registros escritos. Seu sistema de escrita é o alfabeto grego, utilizado há aproximadamente 2.800 anos e descendente da escrita fenícia. Este alfabeto, por sua vez, foi a base do latim, cirílico, copta, gótico e muitos outros sistemas de escrita.

    A língua grega ocupa um lugar muito importante na história do mundo ocidental. Começando com os épicos de Homero, a literatura grega antiga inclui muitas obras de importância duradoura no cânone europeu. O Grego é também a língua na qual muitos dos textos fundamentais da ciência e da filosofia foram originalmente compostos. O Novo Testamento da bíblia cristã também foi originalmente escrito em grego. Juntamente com os textos latinos e as tradições do mundo romano, os textos gregos e as sociedades gregas da antiguidade constituem objetos de estudo da disciplina dos clássicos.

    Durante a antiguidade, o Grego era a língua franca mais falada no mundo mediterrâneo. Eventualmente, tornou-se a língua oficial do Império Bizantino e evoluiu para o grego medieval. Na sua forma moderna, o grego é a língua oficial da Grécia e do Chipre, sendo uma das 24 línguas oficiais da União Europeia. É falado por pelo menos 13,5 milhões de pessoas hoje na Grécia, Chipre, Itália, Albânia, Turquia e muitos outros países da diáspora grega. Além disso, raízes e radicais provenientes da língua grega têm sido amplamente utilizadas há séculos e, mesmo na modernidade, continuam a ser amplamente utilizados para cunhar novas palavras em inúmeras línguas.

    Considerando a extensão do território no qual foi e ainda é utilizada, e a história milenar, não deveria ser surpresa que o que chamamos de Grego não seja uma língua única e uniforme. Já na antiguidade o Grego era um complexo sistema de variações e dialetos. Pode-se mesmo dizer que seria mesmo uma família de línguas muito próximas entre si.

    Diacronicamente, o Grego é convencionalmente dividido nos seguintes períodos:

    Proto-grego: o ancestral de todas as variedades conhecidas de grego. A unidade do Proto-grego teria terminado quando os migrantes helênicos entraram na península grega em algum momento da era neolítica ou da Idade do Bronze.

    Grego Micênico: a língua da civilização micênica, registrada na escrita Linear B em tabuletas que datam do século XV AEC em diante.

    Grego Antigo: em seus vários dialetos, a língua dos períodos Arcaico e Clássico da antiga civilização grega. Era amplamente conhecido em todo o Império Romano. O grego antigo caiu em desuso na Europa Ocidental na Idade Média, mas permaneceu oficialmente em uso no mundo bizantino e foi reintroduzido no resto da Europa com a queda de Constantinopla e a migração grega para a Europa Ocidental.

    Grego Koiné (Grego Helenístico): a fusão do jônico com o ático, o dialeto de Atenas, deu início ao processo que resultou na criação do primeiro dialeto grego comum, que se tornou uma língua franca no Mediterrâneo oriental e no Oriente Próximo. O grego koiné pode ser inicialmente traçado dentro dos exércitos e territórios conquistados de Alexandre, o Grande; após a colonização helenística do mundo conhecido, foi falado do Egito até as margens da Índia. Após a conquista romana da Grécia, um bilinguismo não oficial de grego e latim foi estabelecido na cidade de Roma e o grego koiné tornou-se segunda ou mesmo a primeira língua no Império Romano, tendo se tornado também uma língua fundamental na origem do cristianismo. Por ser o idioma original do Novo Testamento, e o Antigo Testamento ter sido traduzido para ele como a Septuaginta, essa variedade do grego Koiné pode ser chamada de Grego do Novo Testamento ou, às vezes, Grego bíblico.

    Grego Medieval (Grego Bizantino): foi a continuação do Grego Koiné até o fim do Império Bizantino no século XV. O Grego Medieval abrange diferentes estilos de fala e escrita, variando de continuações vernáculas do Koiné falado que já se aproximavam do grego moderno em muitos aspectos, até formas altamente eruditas que imitam o ático clássico. Grande parte do grego escrito que foi usado como língua oficial do Império Bizantino era uma variedade eclética de meio-termo baseada na tradição do Koiné escrito.

    Grego Moderno (Neo-helênico): originário do grego medieval, o Grego Moderno pode ser rastreado no período bizantino, já no século XI. É a língua usada pelos gregos modernos e, além do grego moderno padrão, existem vários dialetos dela.

    De todas estas variedades, em geral as mais relevantes

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