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Noções Básicas Para O Estudo De Latim
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E-book222 páginas1 hora

Noções Básicas Para O Estudo De Latim

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Sobre este e-book

Toda língua tem suas peculiaridades, características que a distinguem de outras línguas. Tais características podem ajudar ou atrapalhar um estudante, dependendo de como se aproximam ou se distanciam das características da língua nativa de cada um. No caso do latim, as muitíssimas semelhanças com o português podem ajudar - afinal, o português se originou do latim, sendo mesmo possível dizer, sob um certo ponto-de-vista, que o português nada mais é que uma forma moderna de latim. Por outro lado, certas semelhanças podem acabar atrapalhando, quando se encontram em palavras que não têm nenhuma relação entre si, ou em casos nos quais o português divergiu muito do latim. Assim, um falante de português não vai ter problema nenhum em aprender a palavra latina campus como equivalente do nosso campo , ou aqua significando água &c.; mas uma palavra como malum levar o aluno a pensar apenas em mal , esquecendo ou ignorando seu outro significado, maçã . O que dificulta mais a situação do estudante iniciante é que o latim é o que se costuma chamar de língua morta , ou seja, uma língua que está parada no tempo, que se cristalizou em um momento no passado e vem sendo mantida intacta ao longo dos séculos (na verdade, já lá se vão bem dois milênios). Quando aprendemos uma língua moderna, o que interessa é basicamente adquirir vocabulário e ser capaz de se comunicar de maneira viva, tratando de assuntos comuns da vida moderna. Com o latim, tudo é diferente: não temos com quem conversar, temos poucos materiais multimídia e o foco do estudo é totalmente diferente. Geralmente o latim é incluído nas faculdades e universidades com foco em um ou mais dos pontos a seguir: • leitura de obras antigas, seja da literatura romana clássica, seja da literatura medieval, seja de textos religiosos • linguística histórica, estudando a evolução do português e das outras línguas descendentes do latim (espanhol, francês, italiano, romeno &c.) Ou seja, ainda que o latim seja usado hoje, tal uso é restrito a poucos fãs da língua, e o estudo acadêmico é sempre focado no passado, geralmente ignorando por completo o uso moderno da língua latina. Ainda relacionado ao foco na leitura e tradução de textos, e mais ainda ao estudo da evolução das línguas que descendem do latim, está o grande peso que se dá ao estudo da gramática formal, ou seja, o estudo teórico de áreas como morfologia, análise sintática &c., incluindo toda a nomenclatura relacionada a essa área. Ou seja, no estudo acadêmico do latim, não basta aprender vocabulário e ser capaz de traduzir ou formar uma frase: é necessário saber fazer a autópsia de tal frase, ou mudando de analogia, é necessário mostrar e analisar toda o projeto daquela frase, explicando detalhadamente sua estrutura. Por isso, mais do que qualquer outra língua, o estudo do latim exige que você esteja em dia com o conhecimento teórico do português. (Ou, em alguns casos, pode-se dizer que é o contrário: você está estudando latim para aprofundar seu conhecimento teórico do português.) É importante salientar que esta obra não é um curso de latim. Ou seja, você não vai encontrar aqui explicações completas, vocabulário didaticamente escolhido, exercícios, textos para traduzir &c. Nossa proposta aqui é ajudar o estudante a sanar as dúvidas que certamente vão surgir no início dos estudos de língua latina. Para isso, abordamos conceitos gramaticais tanto específicos do latim, quanto pertinentes também à língua portuguesa. A primeira parte traz um apanhado geral dos conceitos gramaticais e linguísticos cujo conhecimento é imprescindível no estudo da língua latina, organizados de maneira estrutural. A segunda parte traz algumas das dúvidas com as quais os estudantes iniciantes se deparam com maior frequência, e que não se limitam a simples conceitos gramaticais. A terceira parte traz um glossário, com definições sucintas para os conceitos abordados nas duas partes anteriores, em ordem alfabética para facilitar a con
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de fev. de 2023
Noções Básicas Para O Estudo De Latim

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    Noções Básicas Para O Estudo De Latim - Sérgio Domingues

    Introdução

    Toda língua tem suas peculiaridades, características que a distinguem de outras línguas. Tais características podem ajudar ou atrapalhar um estudante, dependendo de como se aproximam ou se distanciam das características da língua nativa de cada um.

    No caso do latim, as muitíssimas semelhanças com o português podem ajudar - afinal, o português se originou do latim, sendo mesmo possível dizer, sob um certo ponto-de-vista, que o português nada mais é que uma forma moderna de latim. Por outro lado, certas semelhanças podem acabar atrapalhando, quando se encontram em palavras que não têm nenhuma relação entre si, ou em casos nos quais o português divergiu muito do latim. Assim, um falante de português não vai ter problema nenhum em aprender a palavra latina campus como equivalente do nosso campo, ou aqua significando água &c.; mas uma palavra como malum levar o aluno a pensar apenas em mal, esquecendo ou ignorando seu outro significado, maçã.

    O que dificulta mais a situação do estudante iniciante é que o latim é o que se costuma chamar de língua morta, ou seja, uma língua que está parada no tempo, que se cristalizou em um momento no passado e vem sendo mantida intacta ao longo dos séculos (na verdade, já lá se vão bem dois milênios). Quando aprendemos uma língua moderna, o que interessa é basicamente adquirir vocabulário e ser capaz de se comunicar de maneira viva, tratando de assuntos comuns da vida moderna. Com o latim, tudo é diferente: não temos com quem conversar, temos poucos materiais multimídia e o foco do estudo é totalmente diferente. Geralmente o latim é incluído nas faculdades e universidades com foco em um ou mais dos pontos a seguir:

    leitura de obras antigas, seja da literatura romana clássica, seja da literatura medieval, seja de textos religiosos

    linguística histórica, estudando a evolução do português e das outras línguas descendentes do latim (espanhol, francês, italiano, romeno &c.)

    Ou seja, ainda que o latim seja usado hoje, tal uso é restrito a poucos fãs da língua, e o estudo acadêmico é sempre focado no passado, geralmente ignorando por completo o uso moderno da língua latina.

    Ainda relacionado ao foco na leitura e tradução de textos, e mais ainda ao estudo da evolução das línguas que descendem do latim, está o grande peso que se dá ao estudo da gramática formal, ou seja, o estudo teórico de áreas como morfologia, análise sintática &c., incluindo toda a nomenclatura relacionada a essa área. Ou seja, no estudo acadêmico do latim, não basta aprender vocabulário e ser capaz de traduzir ou formar uma frase: é necessário saber fazer a autópsia de tal frase, ou mudando de analogia, é necessário mostrar e analisar toda o projeto daquela frase, explicando detalhadamente sua estrutura. Por isso, mais do que qualquer outra língua, o estudo do latim exige que você esteja em dia com o conhecimento teórico do português. (Ou, em alguns casos, pode-se dizer que é o contrário: você está estudando latim para aprofundar seu conhecimento teórico do português.)

    É importante salientar que esta obra não é um curso de latim. Ou seja, você não vai encontrar aqui explicações completas, vocabulário didaticamente escolhido, exercícios, textos para traduzir &c. Nossa proposta aqui é ajudar o estudante a sanar as dúvidas que certamente vão surgir no início dos estudos de língua latina. Para isso, abordamos conceitos gramaticais tanto específicos do latim, quanto pertinentes também à língua portuguesa.

    A primeira parte traz um apanhado geral dos conceitos gramaticais e linguísticos cujo conhecimento é imprescindível no estudo da língua latina, organizados de maneira estrutural.

    A segunda parte traz algumas das dúvidas com as quais os estudantes iniciantes se deparam com maior frequência, e que não se limitam a simples conceitos gramaticais.

    A terceira parte traz um glossário, com definições sucintas para os conceitos abordados nas duas partes anteriores, em ordem alfabética para facilitar a consulta.

    Fundamentos

    Nesta parte abordaremos os conceitos que são fundamentais no estudo da língua latina.

    Substantivo

    O substantivo, também chamado de nome, é a classe de palavras que designa seres ou coisas, concretos ou abstratos, estados, processos ou qualidades. Num sentido amplo na gramática e na linguística, é qualquer palavra que siga a flexão nominal, ou seja, a declinação em contraposição à flexão verbal (ou conjugação). Portanto, não só substantivos, mas também adjetivos e, por vezes, as formas nominais dos verbos, podem ser considerados substantivos. No sentido restrito e no uso comum, o substantivo é um vocábulo ou locução que tem a função de designar uma pessoa, um animal, uma coisa ou um grupo de pessoas, animais e coisas. Em português, desinências específicas (-o, -os, -a, -as, -e, -es), bem como terminações características (p. ex.: -agem, -ade, -ia, -or, -mento, -ção &c.), ajudam a identificar os substantivos; p. ex.: gato, sapatos, cerca, ondas, ponte, dentes, viagem, cidade, covardia, ator, sentimento, opção &c. A presença de palavras acompanhantes, como artigos, numerais, pronomes indefinidos, pronomes demonstrativos, também ajuda a identificar substantivos; p. ex.: a cidade, os meninos, um dia, umas coisas, alguns problemas, certas pessoas, três ovos, este sítio, aquelas árvores &c.

    Em latim, devido à falta de artigos e à maior liberdade na ordem das palavras, os substantivos podem ser identificados principalmente por meio das suas desinências, que são basicamente as seguintes: -a, -e, -i, -o, -u,  -ae, -ei, -ui, -am, -em, -im, -um, -as, -es, -is, -os, -us, -er, -bus (mais algumas terminações comuns na 3ª declinação, como p. ex. -ns, -l, -x, -en, -or &c.). Assim de cara pode parecer uma lista bem longa; porém, é um conjunto bem definido com o qual você se acostumará rapidamente quando começar a estudar a língua e perceber certos padrões (p. ex.: [a/e/o/u]+[i/m/s] &c).

    Em termos de significado e papel  na frase, os substantivos latinos correspondem exatamente a substantivos em português; p. ex., na oração: O urso matou o caçador, temos dois substantivos: urso e caçador; a tradução desta oração em latim é: ursus occidit venatorem, na qual encontramos o substantivo ursus correspondendo ao nosso urso e o substantivo venatorem correspondendo ao nosso caçador.

    Gênero

    Uma característica importante dos substantivos, tanto em português quanto em latim, é o gênero gramatical. Geralmente, a questão de gênero gramatical costuma causar confusão na cabeça dos estudantes de línguas. Para evitar cair nessa armadilha, basta entender que gênero gramatical é apenas a divisão dos substantivos em dois (ou mais) grupos, que determinam diferenças de concordância nos artigos, adjetivos e pronomes. O gênero gramatical não é fundamentado no gênero ou sexo biológico, social &c. É apenas uma categoria gramatical, morfológica, ou seja, que se refere à forma das palavras que acompanham os substantivos.

    O que mais costuma confunder a cabeça dos estudantes é que dois destes grupos são tradicionalmente chamados de masculino e feminino, correspondendo em grande parte ao sexo ou gênero biológico dos seres vivos, o que leva a uma associação entre o gênero puramente gramatical e o gênero do ser representado pelo substantivo. Se, por um lado, tal associação existe, por outro lado ela nunca deve ser entendida  como uma regra absoluta, nem se deve imaginar que substantivos representando objetos ou noções abstratas tenham qualquer traço de sexo ou gênero biológico.

    Assim, para evitar a confusão, o melhor é entender que os títulos de masculino e feminino foram escolhidos porque a maioria dos substantivos que representam seres vivos, especialmente seres humanos, do sexo biológico masculino, são tradicionalmente colocados em um dos grupos, enquanto a maioria dos substantivos que representam seres vivos, especialmente seres humanos, do sexo biológico feminino, são tradicionalmente colocados em outro grupo.

    Vamos fazer uma comparação e pensar nos substantivos como se fossem telefones celulares. Imagine que você está num país A, em que todos os celulares usam o mesmo tipo de carregador. Ou seja, não existe divisão, todos os celulares formam um único grupo. Quando você precisar recarregar o seu celular, pode usar livremente qualquer carregador que encontrar, pois são todos compatíveis com todos os celulares existentes naquele país.

    Agora imagine que você esteja num país B, no qual existem duas marcas concorrentes de celular. Cada marca usa um tipo diferente de cabo carregador. Se você tem um celular da marca X, você só pode usar um carregador compatível com a marca X; se o seu celular é da marca Y, você só pode usar carregador compatível com a marca Y. Ou seja, todos os celulares que são fabricados em tal país devem ser, necessariamente, de um tipo ou de outro, mas só são compatíveis com 50% dos carregadores existentes ali.

    O país A, no qual todos os celulares são do mesmo tipo, é como a língua inglesa: todos os substantivos pertencem a um único tipo, sem divisão. Assim, você pode usar qualquer adjetivo com qualquer substantivo, sem se preocupar em compatibilidade formal. Ex.: a good man, a good woman, a good book, a good house &c. - o artigo a e o adjetivo good são compatíveis com qualquer substantivo existente em inglês, sem precisar haver nenhum tipo de mudança em sua terminação. Isto equivale a dizer que o inglês não tem gênero gramatical.

    Já o país B, no qual existem celulares de dois tipos diferentes, é como a língua portuguesa: todos os substantivos da língua são divididos em dois grupos, dois tipos, que determinam a compatibilidade dos termos que os acompanham. Assim, cada artigo, adjetivo e pronome tem duas versões, uma que é compatível com os substantivos de um tipo, outra que é compatível com os substantivos do outro tipo. P. ex.: as palavras o, um, novo, outro &c. são usadas com os substantivos de um dos tipos, enquanto as palavras a, uma, nova, outra &c. são usadas com os substantivos do outro tipo; assim: o novo professor, um outro dia; mas a nova professora, uma outra ideia. O título masculino foi escolhido para o primeiro tipo porque é ali que se encontra a maioria das palavras como homem, pai, patrão, boi, cavalo &c. Já o título de feminino foi escolhido para o outro

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