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Minha vida com Papa Jones
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E-book201 páginas2 horas

Minha vida com Papa Jones

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Sobre este e-book

Muitos fatos importantes aconteceram entre 1968 e 1981 um deles é a decisão de um ex-policial chamado Papa Jones de formar uma família adotando Carmen, uma menina de origem venezuelana que batia carteiras no metrô e Alex, um nerd de carteirinha.
Papa Jones acreditava que sua família estava completa, no entanto aparece Ângelo, um menino de treze anos, de personalidade forte e origem italiana, que já passou por vários lares adotivos e que carrega consigo um terrível trauma do passado.
A adaptação não será fácil, contudo durante o processo, Ângelo, assim como está acontecendo com o resto da América, descobrirá um novo significado para a palavra família e descobrirá coisas que mudarão para sempre sua percepção sobre si mesmo e sobre o mundo.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento18 de out. de 2018
ISBN9780463786635
Minha vida com Papa Jones
Autor

Y.N. Daniel

Em 2016 completo 10 anos escrevendo livros. 10 anos já é um tempo respeitável. Aqui é onde eu deveria escrever sobre mim. Mas ao invés disso vou lhe dizer uma coisa. Eu não sei o que as pessoas querem ler. Mas sei exatamente o que quero escrever. :D

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    Minha vida com Papa Jones - Y.N. Daniel

    ÍNDICE

    CAPÍTULO 1

    CAPÍTULO 2

    CAPÍTULO 3

    CAPÍTULO 4

    CAPÍTULO 5

    CAPÍTULO 6

    CAPÍTULO 7

    CAPÍTULO 8

    CAPÍTULO 9

    CAPÍTULO 10

    CAPÍTULO 11

    CAPÍTULO 12

    CAPÍTULO 13

    CAPÍTULO 14

    CAPÍTULO 15

    CAPÍTULO 16

    CAPÍTULO 17

    CAPÍTULO 18

    CAPÍTULO 19

    CAPÍTULO 20

    CAPÍTULO 21

    CAPÍTULO 22

    CAPÍTULO 23

    CAPÍTULO 24

    CAPÍTULO 25

    CAPÍTULO 26

    CAPÍTULO 27

    CAPÍTULO 28

    CAPÍTULO 29

    Trilha sonora

    Muitos fatos importantes aconteceram entre 1968 e 1981 um deles é a decisão de um ex-policial chamado Papa Jones de formar uma família adotando Carmen, uma menina de origem venezuelana que batia carteiras no metrô e Alex, um nerd de carteirinha.

    Papa Jones acreditava que sua família estava completa, no entanto aparece Ângelo, um menino de treze anos, de personalidade forte e origem italiana, que já passou por vários lares adotivos e que carrega consigo um terrível trauma do passado.

    A adaptação não será fácil, contudo durante o processo, Ângelo, assim como está acontecendo com o resto da América, descobrirá um novo significado para a palavra família e descobrirá coisas que mudarão para sempre sua percepção sobre si mesmo e sobre o mundo.

    DEDICATÓRIA E AGRADECIMENTOS

    Dedicado a todas as crianças do mundo que ainda estão à espera de um lar.

    Todos temos rachaduras. Mas existem aqueles que são mestres em escondê–las.

    CAPÍTULO 1

    As memórias de alguém são enganosas. Às vezes acreditamos que alguma coisa aconteceu de um certo modo, mas, na verdade, aconteceu de outra forma completamente diferente.

    Mas existem as memórias difíceis de esquecer. Memórias das quais não se tem nenhuma dúvida de sua veracidade.

    Os eventos imediatamente anteriores a minha atual vida, por exemplo.

    Naquela noite, eu havia tido um aniversário maravilhoso.

    Meu pai, como sempre, cantou muitas canções italianas. Uma delas, eu me lembro com clareza, IO CHE AMO SOLO TE, de Sergio Endrigo. E enquanto ele cantava, minha mãe e minhas irmãs o contemplavam em uma espécie de êxtase.

    Meu pai era um excelente cantor, disso tenho certeza. Sua voz tinha a qualidade do baixo profundo. Ouvi–lo era como ser envolvido em veludo. Em ocasiões como aquela, eu podia ver no rosto de minha mãe todo o amor que ela tinha por ele.

    De aniversário, pedi duas coisas. Uma bicicleta e um imenso bolo de chocolate. Quando se tem dez anos, estas são as duas coisas mais incríveis que se pode pedir para os pais no dia do seu aniversário.

    Depois que todos cantamos o Parabéns para Você, mio papa me trouxe uma bicicleta novinha. Era linda, e ainda por cima tinha marchas. Você tem ideia do que uma bicicleta novinha com marchas representa para uma criança? Tudo!

    Já era tarde para uma criança estar por aí, perambulando nas ruas de bicicleta, mas meu pai permitiu que eu desse algumas voltas com ela na rua em frente a nossa casa.

    A lua estava escondida, mas o céu estava repleto de estrelas.

    Eu estava tão contente que nem senti falta da lua.

    Depois de alguns minutos, como eu havia prometido para o meu pai, retornei a casa.

    Ele cantou um pouco mais, me deu uma taça com um pouco de vinho e me pediu para ir dormir.

    – Mas eu não quero ir dormir, papa.

    – As coisas boas duram o que têm que durar, Angelo, tutte le cose belle hanno una fine – disse minha mãe com um sorriso no rosto.

    – O que você quer dizer com isso, mãe? – perguntei.

    – Não há nada de errado em querer aproveitar as boas coisas da vida, mas é preciso deixá–las irem embora quando elas acabam. Se você aprender a fazer isso, Angelo, novas coisas boas sempre continuarão a entrar na sua vida.

    – Eu não entendo mamma.

    – Um dia você vai entender – ela disse pacientemente – Agora vá dormir Angelo.

    Eu subi as escadas pensando nas novas coisas boas de que minha mãe havia me falado.

    Mas por que preciso de novas coisas boas? Isso não faz sentido algum, pensei eu com minha cabeça de menino de dez anos.

    Até aquele dia eu nunca havia pensado sobre a felicidade. Eu era feliz, mas não sabia. Mas é exatamente isso que acontece quando se é feliz. Você simplesmente não pensa na felicidade que tem. Você age como se aquela felicidade fosse durar para sempre, e ao mesmo tempo não se dá conta de que é feliz. É algo maravilhoso e ao mesmo tempo invisível. Quanto mais feliz se é, mas se é cego para própria felicidade que se tem. Isso não é uma merda?

    De qualquer forma, nós éramos uma família feliz. Tenho certeza disso. E isso não é um tipo de idealização infantil. Tenho certeza de que éramos uma família muito, muito feliz.

    Minhas duas irmãs eram belas. E eu não estou dizendo isso porque elas eram minhas irmãs. Mesmo com dez anos de idade eu era capaz de perceber o que era beleza. E quando eu olhava para as outras garotas da idade das minhas irmãs, ficava claro para mim como elas eram bonitas. Alba tinha dezessete, e Adriana estava com dezesseis.

    Meu pai foi criado na Itália, na região da Calábria. Ele era um homem muito Italiano, muito mesmo. E isso significava, entre outras coisas, que suas filhas eram intocáveis. Ele tinha esse sonho maluco de que elas nunca casariam e de que nenhum homem jamais se aproximaria delas. E o que acontecia quando alguém, quero dizer homens, olhava para minhas irmãs com intenções que ele considerava inapropriadas? Bem, meu pai dava a eles um tipo de olhar que era capaz de congelar os gêisers de Yellowstone. Uma vez que ele dava esse olhar, o homem em questão nunca mais tentava se aproximar de qualquer uma de minhas irmãs. Mas pensando nisso agora, eu devia ter notado que os homens tinham um medo anormal de meu pai.

    Ele não tinha a mortífera visão de calor do super–homem. Um olhar não deveria ser tão eficiente para espantar as pessoas, mas o olhar frio de meu pai tinha esse poder. Eu devia ter desconfiado. Devia existir algo por trás daquele olhar. Mas o que seria?

    Sobre minha mãe, eu não lembro muito. O que lembro é que ela era uma mulher paciente, mas, em seus momentos de fúria, até meu pai, que não tinha medo de nada e nem de ninguém, ficava realmente com medo dela. Mas isso era raro. Na maior parte do tempo, ela era uma mulher calma e adorável.

    E isso é o que me lembro de meus pais e de minhas irmãs antes daquela noite de aniversário.

    CAPÍTULO 2

    Eram onze da noite. Eu estava dormindo quando, de repente, acordei ao som de tiros. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito tiros.

    Os tiros fizeram meu coração bater mais rápido.

    Meu primeiro instinto foi descer as escadas correndo para ver o que estava acontecendo. Mas então ouvi a voz de meu pai dizer em minha mente, Angelo, esconda–se! Esconda–se, Angelo! Esconda–se!.

    Havia um esconderijo secreto no meu quarto, atrás da parede, próximo da cômoda, grande o suficiente para que eu pudesse me esconder nele. Um esconderijo sobre o qual, quase todo dia, meu pai falava. E quando o fazia, sempre dizia algo como, "Se alguma coisa der errado, você entra lá dentro e fica quieto como uma pedra, até que alguém venha para te buscar. Você entendeu? Capisce?".

    Ele sempre costumava ficar muito sério quando falava do esconderijo. E se eu respondesse em um tom que ele não considerava satisfatório, ele segurava meus dois braços com força e perguntava de novo, Você entendeu, Angelo? Isso é muito sério! Você entendeu?.

    Sim, eu tinha que dizer sim com uma entonação que mostrasse que eu entendia a seriedade do que ele estava falando.

    - Bom – ele dizia quando estava satisfeito com minha resposta – E nunca fale sobre isso com ninguém. Este é o nosso segredo.

    – A mamãe sabe. Adriana e Alba também sabem sobre esse esconderijo.

    – Você sabe o que eu quis dizer. Nunca fale sobre isso com ninguém fora da família, ok?

    – OK, papa.

    Depois daquelas palavras ele costumava me abraçar forte e dizer, Eu te amo, meu filho.

    Perdi a conta de quantas vezes isso aconteceu. Foram muitas vezes.

    Lembro-me de um dia em particular quando perguntei a ele, Mas pai, nós não temos tornados, terremotos, nem nada parecido com isso. Por que eu preciso de um esconderijo secreto? Além disso, esse esconderijo não deveria ser no porão?

    – Seria óbvio demais, Angelo, óbvio demais.

    A resposta dele me fez ficar ainda mais confuso.

    Óbvio demais?, pensei eu.

    Ele não falava nada mais do que isso. Tentei várias vezes conseguir algumas respostas de minha mãe e de minhas irmãs, mas elas sempre falavam, Faça o que o seu pai disse para você fazer, o.k.? Pare de fazer tantas perguntas, Angelo.

    Aquilo não fazia sentindo para mim, mas, ainda assim, sempre que ele tinha uma oportunidade, ele me lembrava do que fazer no caso de alguma coisa dar errado. Mas o que afinal poderia dar errado? Eu me perguntava.

    Finalmente, na noite do meu aniversário, eu entendi o que poderia dar errado.

    CAPÍTULO 3

    Eu estava ali, escondido, quieto como uma pedra, como meu pai, milhares de vezes, havia me pedido para ficar.

    Então ouvi passos. Eram passos de homem. Eles falavam italiano. Eu costumava entender italiano quando era criança. Mas eles falavam um italiano estranho, e eu não conseguia entender quase nada. Então, inesperadamente, o quarto ficou silencioso. Parecia que eles haviam ido embora, mas eu podia sentir que eles continuavam lá.

    Por que eles pararam de falar?

    Então ouvi algo que eu entendi, "Andiamo, que significava Vamos". Senti um alívio por alguns segundos. Foi então que eles começaram a atirar para todos os lados. E enquanto eles atiravam, eu cobria minha boca com as duas mãos para segurar os meus gritos.

    Finalmente os tiros cessaram e eles foram embora.

    Mas mesmo depois disso, eu ainda fiquei com as mãos na boca para evitar que meus gritos escapassem. E a única coisa em que eu conseguia pensar era na voz de meu pai dizendo, Quieto como uma pedra, quieto como uma pedra, quieto como uma pedra, quieto como uma pedra, quieto como uma pedra…

    O tempo passou e comecei a ter estranhos pensamentos.

    Lembrei de um dia em que eu e minhas irmãs estávamos falando de animais. Era um jogo. Alba me perguntou qual era o maior animal da Terra. E eu respondi que era o elefante. Ela me disse que eu estava errado. O maior animal da Terra era a baleia–azul. Disse-me ela. E logo depois que lembrei disso, senti aquela baleia–azul pressionar meu coração. Aquilo era esquisito.

    Comecei também a ter lembranças de coisas que nunca aconteceram.

    Eu estava na praia com meu pai.

    Estávamos sentados em um banco, tomando sorvete.

    Era uma linda manhã.

    Eu nunca havia estado naquela praia.

    As pessoas estavam vestidas como em um filme dos anos vinte. Na verdade, nós parecíamos estar dentro de um filme antigo, mas colorido.

    – Você gostou do sorvete? – meu pai me perguntou.

    – Sim, papa. Que gosto é esse?

    Pistachio.

    – Tem um gosto diferente, mas eu gosto.

    – Aqui na Itália fazemos o melhor sorvete do mundo. Aqui a gente chama sorvete de gelato.

    – A gente tá na Itália?

    – Sim e não.

    – Sabe, papa. Pra mim não faz diferença. Esse sorvete é o máximo!

    – Eu sabia que você ia gostar – Ele sorriu para mim.

    Ele estava todo vestido de branco. Estava vestido com uma camisa branca, shorts brancos e sandálias de couro. Seu cabelo, como sempre, estava impecável. Em seu antebraço esquerdo, ele estava usando seu adorado Rolex. Em sua mão esquerda eu podia ver a grossa aliança de casamento.

    – Sabe meu filho, você terá dias difíceis pela frente. E eu não estarei ao seu lado para ajudar você a enfrentar esses dias.

    – Não?

    – Bem, eu estarei lá quando você precisar, mas de um jeito diferente.

    – Por quê?

    – Porque você é uma joia que eu não fui bom o bastante para tomar conta.

    – Sem chance, papa. Você é o melhor pai do mundo.

    – Fico feliz que pense assim. Mas quero que saiba que seja lá o que acontecer, mesmo que você não me veja, eu estarei por perto. Vou ajudá–lo a atravessar cada obstáculo que aparecer na sua frente. E serão muitos, meu filho. Você entende?

    – Acho que sim.

    – Bom. Agora aproveite seu sorvete, e não se preocupe. Tudo vai dar certo.

    Durante quanto tempo eu fiquei lá, quieto como uma pedra, não sei dizer. Mas fiquei tempo suficiente para começar a pensar que estava morto. E que ninguém iria aparecer para me resgatar.

    Quando minha esperança de ser resgatado já estava se acabando, a porta do meu esconderijo se abriu.

    A luz feriu meus olhos. Vi um homem tentando me alcançar com as mãos. Ele estava usando um uniforme azul. Ele dizia alguma coisa, mas eu não conseguia entender. Parecia que eu estava debaixo d'água. Meu corpo se recusava a se mover. Minha mente estava branca. Duas pessoas

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