Quem Foi Meu Bruno?
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Quem Foi Meu Bruno? - Romilda Galiardi
Quem foi meu Bruno?
Romilda Galiardi
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Quem foi meu Bruno?, por Romilda Galiardi 2
Quem foi meu Bruno?, por Romilda Galiardi SUMÁRIO
I. Lei Italiana...........................................................7
II. Famílias Italianas............................................. 11
III. Batismos e Registros...................................... 14
IV. Início da árvore genealógica paterna..............24
VI. Buscas..............................................................37
VII. Cunhado com nome trocado.......................... 42
VIII. Meu pai, um sobrevivente............................ 46
IX. Informação oral...............................................50
X. Primeira núpcia do tio Pascoal com Ermantina 57
XI. Cidadania Italiana........................................... 61
XII. Documento inesperado recebido................... 62
XIII. Descobertas..................................................67
XIV. Pesquisas em Brognaturo- Calábria, grandes descobertas........................................................... 71
XV. As duas esposas.............................................. 88
XVI. Quem foi meu Bruno?..................................108
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Quem foi meu Bruno?, por Romilda Galiardi 4
Quem foi meu Bruno?, por Romilda Galiardi Dedico este livro a todos os descendentes deste misterioso Bruno Gagliardi e, principalmente, a minha filha Caroline Galiardi Guerra, meu neto Igor Galiardi Guerra, meus irmãos João Alberto Galiardi, Cacilda Galiardi Cobo, aos meus primos paternos Derbio Galhardi, Carolina Galhardi. In memorian, dedico aos que já se foram, meus primos Arnaldo Gagliardi e Adalberto Gagliardi, meus tios Francisco Gagliardi, Maria Galhardi, Virgínia Galhardi, Filomena Gagliardi, Paschoal Galhardi, Angelo Gagliardi e Armando Gagliardi.
Em especial, meus queridos pais João Gagliardi (in memorian) e Júlia Camargo Gagliardi (in memorian) 5
Quem foi meu Bruno?, por Romilda Galiardi AGRADECIMENTOS
À minha filha Caroline Galiardi Guerra pela revisão, edição e capa.
À minha prima Carolina Galhardi, seu filho Ricardo Galhardi José e sua neta Juliana Ferreira Galhardi José Tukuafu, que me auxiliaram com fotos, documentos e algumas histórias da família.
E, especial agradecimento à minha amiga Eliete Schincariol, também pesquisadora genealógica que colaborou com minhas pesquisas, tanto na Itália, quanto no Brasil
6
Quem foi meu Bruno?, por Romilda Galiardi I. Lei Italiana
A Lei italiana número 555 de treze de junho de 1912 ou a Lei 91 de 1992 determina que a pessoa é cidadã italiana desde o seu nascimento se for de pais italiano, não importando se nasceu na Itália ou não. Isso é chamado ius sanguinis;(jus sanguinis), ou seja: direito de sangue. Isto também é previsto pela Constituição brasileira, pois não é possível ignorar a condição de crianças filhos de pai ou mãe brasileiros nascidos no estrangeiro. Por exemplo, um filho de brasileiro nascido na Itália não é italiano e sim brasileiro.
A Itália não reconhece o ius solis (jus solis), ou seja, a lei do solo. Pela lei italiana, um filho de estrangeiro nascido na Itália não é italiano. Italiano é aquele que nasceu com cidadania italiana, seja na Itália ou no exterior. Portanto, de acordo com essa lei italiana ,a pessoa tem sua cidadania desde o nascimento e sem limite de gerações.
Quase todos os países americanos concedem nacionalidade automática aos nascidos em suas terras. Há também as nações que aderiram a Convenção de 1961
sobre a redução apátrida e concedem ius solis (jus solis) aos que nascem em avião ou navio com bandeira nacional. Mas, a maioria dos outros países reconhecem 7
Quem foi meu Bruno?, por Romilda Galiardi também o direito de sangue e o direito de solo (jus sanguinis e jus soli).
No século passado, grande foi a imigração da Itália para a América. Todos pobres e fugindo da fome que assolava o país, esse era o sonho de uma grande maioria.
Os filhos de italianos nascidos aqui no Brasil, sempre tiveram a cidadania italiana, mas para isso teriam que ser registrados nos consulados italianos. Como isso era possível se para dizer a verdade muitos nem no Brasil foram registrados? Muitos desses viveram como apátridas até a idade adulta. Eram os filhos dos agricultores italianos nascidos em terras brasileiras e sem registro de nascimento. As mulheres conseguiam adquirir algum documento ao se casarem, e os homens só quando se apresentavam para o serviço militar eram contabilizados como
cidadãos
brasileiros.
Caso
os
homens
permanecessem solteiros esse certificado seria o único documento que os identificariam como brasileiros. No caso das mulheres solteiras, se não tivessem sido registradas, nem contabilizadas como cidadãs seriam.
Quando esses italianos sem registro nascidos em solo brasileiro se casavam, todos os filhos oriundos desse casamento deveriam também ser registrados no Brasil pois nasceram em solo brasileiro (ius solis). Porém, qualquer erro em um desses documentos brasileiros passa de geração a geração e dificulta o reconhecimento a dupla cidadania italiana futura ,caso essa pessoa ou seus 8
Quem foi meu Bruno?, por Romilda Galiardi descendentes assim o desejem.
Todos descendentes de italianos têm direito à dupla cidadania mas, resvala na comprovação de que o antenati (nascido antes), ou o dante causa (o que lhe dá a causa), prove sua cidadania pelo registro de nascimento. O dante causa é o primeiro italiano na família, aquele que lhe dá o direito à causa. Antenati são todos os que vem depois do seu dante causa até você, podendo ser seu pai, mãe, avô, avó que nasceram em solo brasileiro, mas por força da lei italiana 555 de 1912 são italianos também. Só quem faz genealogia sabe a sensação de abrir os livros de registros de Cartório, ou de Igreja ,e ver toda uma geração de italianos vivendo na Itália ou no Brasil. Você se familiariza com aquelas pessoas, e imagina como viveram. Esses registros te abrem portas para uma outra dimensão. Você se transporta para um outro mundo, que não é o atual.
Não é o seu mundo.
Nesses registros, você pode encontrar detalhes ou não, dos ancestrais dessas pessoas. Quanto mais longe esse mergulho no passado, menos detalhes se tem. Um olhar atento a esses registros antiquíssimos, nascimento, casamento, óbitos e, em cada um deles, um despertar de sentimentos diferentes. Começamos a fazer parte da vida daquelas pessoas, imaginamos o tipo de vida que tiveram.
Ao ver as profissões, temos: vaqueiro, alfaiate, sapateiro, trabalhador braçal, agricultor, pedreiro e artesãos. Às mulheres a profissão de parteira, artesã, fiandeira ou 9
Quem foi meu Bruno?, por Romilda Galiardi agricultora. Havia pouca opção de trabalho e tutti illeteratti
. Analfabetos
não por opção, mas, pela
contingência da vida que levavam. Poucos os