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Olhando Por Cima do Ombro
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Olhando Por Cima do Ombro
E-book407 páginas5 horas

Olhando Por Cima do Ombro

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Sobre este e-book

Só porque você é paranoico, não significa que eles não estejam atrás de você

As coisas estavam indo muito bem para Abe. Apesar de suas lutas passadas com doença mental, ele estava em um casamento feliz, tinha três filhos maravilhosos, uma bela casa e uma fantástica empresa de consultoria que satisfazia sua criatividade e trazia uma boa renda para a família.

Mas nunca se pode ficar muito confortável. Quando Abe se torna o principal suspeito de um roubo de jóias - um dos maiores e mais bem-sucedidos roubos de jóias da história - sua esquizofrenia se torna incontrolável e tudo começa a sair dos trilhos. A investigação particular de Abe fez os ladrões começarem a segui-lo de perto... mas será que eles realmente estão atrás dele ou será que Abe está perdendo a batalha contra as vozes de sua cabeça?

IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de jun. de 2024
ISBN9781667475295
Olhando Por Cima do Ombro
Autor

P.D. Workman

P.D. Workman is a USA Today Bestselling author, winner of several awards from Library Services for Youth in Custody and the InD’tale Magazine’s Crowned Heart award. With over 100 published books, Workman is one of Canada’s most prolific authors. Her mystery/suspense/thriller and young adult books, include stand alones and these series: Auntie Clem's Bakery cozy mysteries, Reg Rawlins Psychic Investigator paranormal mysteries, Zachary Goldman Mysteries (PI), Kenzie Kirsch Medical Thrillers, Parks Pat Mysteries (police procedural), and YA series: Medical Kidnap Files, Tamara's Teardrops, Between the Cracks, and Breaking the Pattern.Workman has been praised for her realistic details, deep characterization, and sensitive handling of the serious social issues that appear in all of her stories, from light cozy mysteries through to darker, grittier young adult and mystery/suspense books.

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    Olhando Por Cima do Ombro - P.D. Workman

    1

    JUNEAU TENTOU SAIR DE FININHO rapidamente antes que sua mãe começasse a falar a que horas tinha que estar de volta ou lhe dar uma infinidade de outros conselhos para mantê-la sã e salva. Ela abriu a porta, vestindo seu suéter, e agarrou sua bolsa tudo ao mesmo tempo. Theo ficou diretamente em seu caminho, impossibilitando a partida rápida de Juneau. Por mais que ela gostasse de ver seu namorado, sorrindo apaixonadamente para ela, seu cabelo escuro ligeiramente longo e desordenado emoldurando seu rostinho bonito; ela estava frustrada por ele bloquear sua rota de fuga. Juneau virou para trás seus cabelos, longos e loiros cor de mel com impaciência.

    Olá, Sra. VanRam, Theo cumprimentou em um tom amigável, coçando a cabeça. Como vai?

    O cabelo de Ursula costumava ser loiro claro como o de Juneau, mas estava muito mais escuro agora. Foi pintado para evitar que o cinza aparecesse, com permanente e babyliss formando cachos saltitantes em um dia bom, e puxado para trás em um rabo de cavalo bagunçado em um dia mau.

    Oi Theo, Ursula cumprimentou, uma ligeira ruga entre as sobrancelhas surgiu enquanto olhava para ele e forçava um sorriso. O que vocês estão planejando para essa noite?

    Juneau revirou os olhos, fazendo caretas.

    A gente só vai sair pra comer, mãe. E assistir um filme.

    Qual filme? Ursula questionou.

    Um de romance, retrucou Juneau. A classificação é A12.

    Parece legal, disse Ursula calmamente, com os olhos vagando da filha para o pretendente outra vez. Você está ciente das alergias da Juneau, né? Vocês vão para um lugar seguro, e você sabe sobre o autoinjetor dela?

    Mã-ããe! Protestou Juneau, envergonhada. Só me deixa sair, tá? Eu não vou morrer! Vamos sair pra comer pizza, vai ficar tudo bem.

    Ursula suspirou.

    A questão é que você poderia morrer, se for exposta a alguma coisa por acidente. Adolescentes pensam que são imortais e que nada nunca vai acontecer com eles, mas você sabe como é, Juneau. Você já sentiu o que é não conseguir respirar. Ele tem que se sentir confortável em te dar uma injeção se alguma coisa acontecer.

    Tá bom, resmungou Juneau. Ela se virou para o seu Romeu de cabelos escuros com os olhos cintilantes. Eu já te falei, né? Você tira a tampinha e enfia na minha coxa. Não se preocupa se vai me machucar, só enfia como se tivesse tentando estourar um balão. Ele tá bem aqui na minha bolsa. Ok? Ela abriu a aba frontal da bolsa e mostrou-lhe dois autoinjetores bem presos ao interior do bolso.

    Theo assentiu.

    Ok. Vai ficar tudo bem, Sra. VanRam. Vou cuidar bem dela. Amendoins, ovos e mariscos, certo?

    Ursula acenou com a cabeça, parecendo um pouco mais relaxada com seu recital.

    Mesmo que seja só um pouquinho, lembrou ela.

    Sim senhora. Vou ter cuidado. Eu já estive neste lugar antes, e eles são bem limpos. E não vai ter amendoim nem ovo nem nada na pizza. Não vai ovo na massa, eu já perguntei.

    Está bem. Disse Ursula. Bom, não se arrisque. E você volta até às onze?

    Eu não sou um bebê, protestou Juneau.

    Não, se você fosse um bebê eu teria dito oito. Onze em ponto. Te espero em casa até esse horário.

    Eu trago ela pra casa, concordou Theo.

    Vamos, insistiu Juneau, agarrando a manga de Theo e tentando fazê-lo virar e sair para que ela pudesse fugir.

    Tchau, Sra. VanRam, disse Theo educadamente. Ele recuou para deixar Juneau sair e colocou o braço em volta dela enquanto caminhavam até o carro. Theo abriu a porta de seu pequeno beater vermelho para Juneau e fechou-a quando ela estava assentada.

    Ela me trata como uma criança, disse Juneau irritada quando ele entrou no banco do motorista.

    Ela está preocupada com a sua saúde, acalmou Theo.

    Ele se inclinou para beijá-la e, por alguns minutos, distraiu-a com seu ardor, mas Juneau se afastou dele.

    Não é como se eu não pudesse cuidar de mim mesma, ressaltou ela. Theo ligou o carro e afastou-se da casa. Quero dizer, eles confiam em mim para cuidar das crianças quando eles não podem estar por perto. Mas eu não posso cuidar de mim mesma? Como é que isso funciona?

    As pessoas nem sempre fazem sentido, disse Theo filosoficamente. Ele ligou o rádio, ainda tentando acalmá-la e distraí-la.

    Sempre que o meu pai fica doente e a minha mãe tem que ficar no hospital, quem cuida do Crispin e da Meggie? Eu! Se eu consigo cuidar de duas crianças pequenas, dar comida e cuidar da casa sozinha, por que não conseguiria de cuidar de mim mesma? Quando eu saio, eles ficam doidos. Eles não acreditam que eu consigo cuidar de mim mesma lá fora, no mundo real!

    Eu sei, concordou Theo. É claro que você consegue. Os pais nem sempre percebem que os seus filhos cresceram. E a sua mãe realmente tem muito com o que se preocupar.

    Juneau bufou e recostou-se em seu assento, parecendo desapontada. Theo parou em um semáforo e aproveitou a oportunidade para se inclinar e beijá-la novamente. Uma buzina soou por trás deles quando o sinal mudou para verde e Theo se afastou, rindo, e voltou a dirigir.

    Ela tem muito com que se preocupar, concordou Juneau. Só o meu pai estar doente seria suficiente. Mas ela tem eu e as minhas alergias e Crispin com as convulsões. É bom que pelo menos a Meggie seja normal; ou a minha mãe poderia entrar em um colapso nervoso. Mas isso ainda não é desculpa pra me tratar como uma criança!

    Mais cedo ou mais tarde, você vai ficar por sua conta e risco, concordou Theo. Ela tem que saber disso. Então você vai tomar todas essas decisões por si mesma; comer e fazer compras e ir a lugares. Ela não vai poder ficar te protegendo toda hora.

    Theo colocou a mão no joelho dela enquanto dirigia, e Juneau colocou a mão dela sobre a dele, acariciando-a levemente.

    Assim que terminar a escola, ponderou Juneau, vou sair de lá. Vou arranjar um lugar pra mim. Vou tomar todas as minhas próprias decisões, e ela não vai ficar grudada em mim para se certificar que eu tô sempre bem. Eu sou quase uma adulta. Ela não pode continuar me tratando como uma criança.

    Theo assentiu.

    Quanto mais cedo você sair de lá, melhor, ele concordou.

    Ouvir isso de Theo deixou Juneau mais ansiosa e agitada, em vez de acalmá-la.

    Quando eu for embora, quem vai cuidar das crianças? questionou ela pensativamente. O que eles vão fazer? Arranjar uma velha para ser babá? Como é que ela vai cuidar do Crispin se ele tiver uma convulsão? E se no meio da noite a minha mãe tiver que levar o meu pai pra emergência ou algo assim? O que eles vão fazer?

    Eles vão ter que dar um jeito, disse Theo dando de ombros. Se você não tá lá, você não tá lá. E se acontecesse alguma coisa você? Não é o seu trabalho ser babá deles.

    Sim, disse Juneau preocupada, " mas eu sempre fui. Não sei o que eles fariam sem mim. É sério. Aquela casa só tá de pé por minha causa.

    O canto da boca de Theo esquivou-se. Janeau percebeu o início de um sorriso e ficou ofendida.

    É sério! Você acha que a minha mãe consegue manter as coisas numa boa quando o meu pai fica no hospital durante algumas semanas? Ela não consegue Eu que faço isso.

    Quando foi a última vez que ele ficou por algumas semanas? Ele parece bastante estável. Normal.

    Juneau ponderou a respeito.

    Bem, já se passaram alguns anos. Agora é mais um episódio ocasional quando eles precisam ajustar as prescrições. Aí ele fica de boa de novo por um tempo. Mas quando alguma coisa acontece e ele acaba indo pro hospital por algumas semanas... você não entende como é. É difícil.

    Eu sei. Eu acredito em você. Eu só não acho... Eu não acho que eles precisam tanto de você como você acha. Todo mundo é dispensável. Tipo, se você fosse atropelada por um ônibus vindo da escola, o que eles fariam? Eles iam ter que achar alguém pra cuidar das crianças. E quando você sai de casa, é a mesma coisa. Eles vão que lidar com isso.

    É, acho que sim, concordou Juneau a contragosto.

    Eles chegaram à pizzaria e Theo abriu novamente a porta de Juneau para ela. Era um pouco antiquado, mas isso sempre a fazia se sentir especial. Theo era um quebra-cabeça. Ele era mais velho que ela, mas não muito velho. Theo e Juneau ainda eram da mesma geração. Mas Theo era muito mais maduro do que os outros meninos. Os meninos da escola. Meninos no sentido literal da palavra. Não eram homens ainda. Eles não pensavam por si mesmos. Eles ainda viviam na casa dos pais. Poucos deles tinham carros próprios ou mesmo trabalhos de meio período. Eles não tinham carreiras, apartamentos próprios ou quaisquer pensamentos reais próprios. Todos eles jorravam as mesmas coisas ouviam um do outro, uma espécie de consciência coletiva; um borg coletivo de adolescentes com hormônios desenfreados. Mas Theo era diferente. Theo era mais velho, com uma mentalidade profissional, alguém que sempre a tratava bem. Ele não era esmagadoramente bonito; não como uma estrela de cinema ou algo assim, mais como um garoto de uma banda de garagem. Casual e autoconfiante, um cruzamento entre um bom menino e um menino rebelde. Theo estava com a barba feita, mas com seus longos cabelos castanhos ondulados e um brilho travesso nos olhos. Ele tinha um carro pequeno com bom consumo de combustível, não uma motocicleta ou algo perigoso. Ele tinha tatuagens nos bíceps, mas geralmente não eram visíveis, e não eram enormes ou de mau gosto. Os pais de Juneau não podiam reclamar que ele era um caloteiro ou que estava apenas em busca de sexo. Mas ainda assim eles não pareciam confiar nele. Ursula sempre fazia aquela cara carrancuda quando olhava para ele, e o olhar de Abe era abertamente suspeito. Mas... O Abe suspeitava de tudo, não? Isso não era culpa dela nem de Theo.

    Theo abriu a porta da pizzaria para ela, e Juneau entrou, inalando o aroma quente, úmido e de pão fresco do restaurante.

    Ah, cara, isso tão cheira bem! irrompeu ela.

    Theo deu-lhe um aperto, parecendo satisfeito. Eles seguiram as instruções na placa que dizia para se sentarem e um garçom os atenderia em breve. Sentaram-se conversando e de mãos dadas sobre a mesa, acomodando-se e desfrutando da companhia um do outro. Um garçom logo veio e eles discutiram sobre qual sabor de pizza eles pediriam, beberam seus refrigerantes e esperaram pela pizza. O tempo passou agradavelmente, e os cheiros do restaurante funcionaram suficientemente em Juneau que ela estava pronta e ansiosa para comer quando a pizza chegou. Ela inalou o cheiro, fechando os olhos e saboreando-o. Ela abriu os olhos novamente enquanto Theo servia a cada um deles uma fatia e examinou a fatia para se certificar de que o restaurante havia acertado o pedido. Cada um deu a sua primeira mordida.

    Oooh, Theo gemeu. "Isso é muito bom. Não te disse que eles fazem a melhor pizza da cidade? Ah cara, queria poder comer isso o dia inteiro e não ficar cheio. Eu viveria aqui, e ficaria comendo, comendo e comendo.

    Juneau riu.

    Você não ia enjoar?

    Theo balançou a cabeça, afundando os dentes para arrancar outra mordida generosa da pizza, mastigando-a em êxtase.

    Não. Nunca.

    Tem um cara que o meu pai consulta, comentou Juneaeu. Ele é, tipo, um grande mafioso ou algo assim, eu acho. Banducci. Um cara mau mesmo. Ele foi preso e condenado à morte. Mas ele é enorme, obesidade mórbida. Já vi fotos dele. Aposto que ele conseguiria comer pizza o dia todo.

    Se eu pudesse comer isso o dia todo, não me importaria se estar preso. Eu ia preferir comer até morrer do que tomar a injeção. Né?

    Juneau lambeu o molho de pizza dos lábios e esfregou delicadamente com o guardanapo.

    Não sei. Acho que eu ia enjoar de comer pizza toda hora.

    Theo balançou a cabeça, puxando um pedaço de calabresa da pizza com os dedos e estourando-o na boca.

    Enjoar de pizza? Que sacrilégio! Hummm. Mas o que que o seu pai faz pra esse cara.?

    "Ele faz uma dieta pra ele. O que ele deve comer em cada refeição, pra tentar deixar ele mais saudável e perder um pouco de peso.

    Por que ele iria querer isso? Questionou Theo. Quero dizer, se ele está no corredor da morte, quem liga pra ser saudável? E se ele perder peso... bem, eles vão matar ele de qualquer forma, não vão?

    Juneau mordiscou a crosta de sua fatia de pizza, apreciando a borda crocante e apetitosa.

    Bom, na verdade, disse ela no momento eles não podem matar ele. Muitas complicações por causa da obesidade. Então, se ele perder peso, eles poderiam matar ele, mas por enquanto eles não podem.

    Então por que ele seguiria qualquer dieta estúpida?

    Juneau deu de ombros.

    Meu pai não trabalha pro Banducci. Ele trabalha para a prisão pra consultar sobre ele. Ele tem que criar um menu saudável que gradualmente reduza o número de calorias que ele está consumindo, pra que ele possa perder peso lentamente. Mas Banducci tem muitos advogados muito poderosos e aí eles apresentam queixas por punições cruéis e incomuns. Eles dizem que eles estão indo contra os direitos humanos, matando ele de fome e essas coisas. Meu pai tem que preparar a dieta para mostrar que eles fornecem nutrientes suficientes e tudo mais, mas o Banducci fica alegando que meu pai está tentando matar ele de fome, que ele está sempre com fome com a dieta. É meio bizarro.

    Theo assentiu com interesse. A garganta do Juneau estava ardendo. Ela tomou um gole de seu refrigerante, olhando para a pizza para se certificar de que não tinha flocos de pimenta.

    É um molho bem picante, né? observou ela.

    Theo ergueu as sobrancelhas, dando outra grande mordida.

    Não, disse ele, é bem suave.

    Tá meio que queimando, reclamou Juneau, acariciando seu pescoço. Ela sentiu um aperto subindo do peito, subindo pela garganta, até o couro cabeludo, que picava e coçava.

    De repente, Juneau percebeu o que estava acontecendo. Ela olhou para os braços, começando a explodir em grandes vergões e manchas.

    Tô tendo uma reação, disse ela, com o coração acelerado enquanto largava a pizza, olhando para ela horrorizada. Tenho alergia a alguma coisa!

    Alergia do que? Theo perguntou com curiosidade. A gente tomou cuidado. A gente não pediu nada que pudesse dar problema

    Juneau respirou forte, suas respirações começaram a assoviar quando ela aspirava.

    Theo. Liga pro- disse ela gesticulando em direção ao seu telefone, sua voz falhando. 911!"

    Theo olhou para ela, com olhos arregalados. Ele pegou o telefone e ligou para a emergência. Ele, nervoso, gaguejou um relatório e pediu uma ambulância, olhando para o cardápio de sobremesas entre eles na mesa para se lembrar do nome do restaurante, que havia fugido de sua mente com o pânico.

    Ela tem epinefrina?o despachante de emergência questionou. Um Epipen ou outro autoinjetor?

    Sim, Theo se atrapalhou para segurar o telefone com o ombro enquanto pegava a bolsa de Juneau dela. Juneau estava tentando encontrar o autoinjetor, mas seus dedos estavam desajeitados e seu cérebro nebuloso, e ela não conseguia se lembrar onde encontrá-lo. Theo puxou um dos autoinjetores e tirou a tampa, deixando cair o telefone no chão por acidente e deixando-o onde pousou.. Um tumulto se iniciou em torno deles quando as pessoas começaram a notar o drama, e alguns garçons vieram perguntar, parecendo preocupados. Theo não conseguiu parar para ler as instruções do injetor. Ele enfiou-o na perna de Juneau, esperando que tivesse feito certo.

    A respiração difícil de Juneau diminuiu um pouco. Ela tentou falar, mas seus lábios e garganta não conseguiam articular muito mais do que um grunhido ininteligível. Ela gesticulou para o segundo autoinjetor. Theo olhou para ele.

    Você quer que eu te dê o outro também? ele questionou, confuso.

    Juneau balançou a cabeça e bateu no relógio.

    Ainda não? Mais tarde?

    Ela assentiu.

    Quando?

    Ela apontou novamente para o autoinjetor. Theo tirou-o da bolsa e estudou as letras pequenas na lateral. Em caso de sintomas persistentes...

    Dez a quinze minutos, disse Theo em voz alta. Se você ainda tiver tendo sintomas em dez a quinze minutos, eu te dou o segundo.

    Juneau assentiu. Sua respiração não estava mais assoviando, mas ela obviamente ainda não estava fora de perigo. Seus olhos estavam arregalados e apavorados.

    Tá tudo bem, tranquilizou-a Theo, tocando sua mão. A ambulância está a caminho, eles vão cuidar de você. Vai ficar tudo bem.

    Alguém colocou o telefone na outra mão dele, e Theo olhou para ele por um momento sem agir, depois levantou-o até o ouvido. O despachante ainda estava lá.

    Eu dei a epinefrina para ela, ele confirmou. E ela tem mais um autoinjetor se ela precisar antes da ambulância chegar.

    O despachante gritou um reconhecimento e assegurou-lhe que uma ambulância estaria lá em alguns minutos. Theo olhou em volta para os garçons parados e os outros clientes olhando abertamente para o drama.

    Ela vai ficar bem, ele tranquilizou o público. A ambulância já está chegando.

    Podemos fazer mais alguma coisa? um dos garçons de camisa branca perguntou ansiosamente, pairando por perto. Você quer um copo de água gelada para sua garganta? ele perguntou a Juneau.

    Juneau balançou a cabeça. Ela esfregou os braços, olhando para as irritações na pele e tremendo na sala quente.

    Você está com frio? o garçom perguntou. Você quer um cobertor ou algo assim?

    Juneau assentiu. Ela tentou responder em voz alta, mas sua garganta ainda não a deixava falar. O garçom recuou e voltou alguns minutos depois com um cobertor prateado brilhante, obviamente retirado de um kit de emergência em algum lugar. Ele ajudou a desdobrá-lo e envolvê-la com ele, e Juneau se amontoou ali miseravelmente, olhando para a pizza para a qual ela não tinha mais nenhum apetite. Parecia que havia se passado horas e eles ainda não tinham chegado. Sua respiração começou a assoviar novamente, e Theo tirou a tampa do outro autoinjetor, com o coração acelerado. Finalmente ouviram a sirene da ambulância. Juneau estendeu a mão para detê-lo. Em um minuto, a ambulância parou no estacionamento e um paramédico entrou e olhou em volta. Ele correu em direção àJuneau.

    Teve uma reação, não foi, amor? ele questionou, curvando-se sobre Juneau. Ele olhou para o autoinjetor descartado deitado sobre a mesa. Já tomou uma epi?

    Eu tava prestes a dar esse outro pra ela, Theo ofereceu, exibindo-o.

    O paramédico sentiu o pulso de Juneau e colocou seu estetoscópio por um momento para ouvir seu peito. Seus movimentos eram calmos e vagarosos.

    Vamos dar o outro pra ela, ele concordou e tirou-o da mão de Theo e aplicou-o na coxa de Juneau. A respiração de Juneau melhorou novamente e ele acenou com a cabeça.

    Tudo bem, amor. Vamos colocar você na ambulância e levar pro hospital pra gente poder cuidar de você. Consegue andar?

    Juneau acenou com a cabeça, fazendo um barulho na garganta. O paramédico olhou para a pizza que Juneau estava comendo.

    "Você sabe o que desencadeou a reação?

    Juneau balançou a cabeça. O médico pegou um garfo e começou a mexer na área em torno de onde Juneau estava comendo. Ele tirou todos os ingredientes e cutucou um pequeno pedaço rosa para o lado.

    Camarão. Você pediu isso?

    Juneau balançou a cabeça, e Theo também.

    Ela é alérgica a mariscos, disse Theo. O camarão é marisco?

    O paramédico acenou com a cabeça.

    Com certeza é, ele concordou. Você pediu pra colocar camarão na pizza?

    Não. Não sabia que o camarão era marisco, mas em nenhum momento a gente pediu isso.

    Bom, as vezes tem contaminação cruzada. Vamos lá, ele colocou um braço em volta de Juneau e a ajudou a se levantar. Vamos colocar você dentro da ambulância e vamos cuidar de você, ok?

    Juneau caminhou com ele até a ambulância, onde o outro paramédico ajudou a colocá-la no fundo e na maca. Ele verificou os sinais vitais de Juneau e colocou uma máscara de oxigênio no rosto dela.

    Só por precaução alertou ele. Você está respirando bem, mas vamos dar o próximo passo para ter certeza de que você vai estar confortável. Eu vou te dar uma injeção intravenosa também, pra termos um ponto de acesso se tivermos que injetar mais epinefrina ou alguma outra coisa. Ok?

    Juneau assentiu. O paramédico examinou sua pulseira de alerta médico de perto e começou a amarrar um torniquete para encontrar uma veia sob sua pele pálida, agora manchada por urticárias vermelhas. Ele conseguiu acertar a veia na primeira vez, ao contrário de algumas das outras experiências de Juneau, e colou a agulha firmemente no lugar. As portas dos fundos da ambulância foram fechadas e Juneau ouviu Theo perguntar se ele deveria ir junto com eles ou ir com seu próprio carro.

    Quando Ursula chegou ao hospital, seu rosto estava beliscado e branco. Ela foi direcionada para a maca de Juneau e encontrou Juneau descansando confortavelmente, conversando com Theo enquanto ele segurava sua mão.

    Ah, querida! Ursula chorou, curvando-se para abraçá-la e beijá-la. Você está bem?

    Juneau assentiu.

    Eu tô bem agora. Está tudo bem, mãe.

    Não acredito que isso aconteceu! A gente tinha acabado de falar sobre isso! Você disse que ia tomar cuidado!

    De alguma forma, tinha um pouco de camarão na pizza, explicou Theo. O sabor que a gente pediu não ia camarão, mas ele caiu na pizza ou algo do tipo. Ele tava debaixo de outras coisas, então a gente não viu. A Juneau começou a ter uma reação, mas não sabíamos porquê.

    Você tem que tomar mais cuidado, protestou Ursula, ainda em pânico.

    Não dava pra ver apontou Juneau. Ninguém sabia que estava lá. Nem sempre dá saber. É por isso que eu tenho a epinefrina.

    Ursula a abraçou novamente.

    Oh, meu bebê. Eu quero que você fique segura. Não é sua culpa, mas isso me assusta pra caramba!

    Você não é a única, disse Theo secamente.

    Ursula voltou sua atenção relutantemente para Theo.

    Você está bem? Deve ter sido muito assustador ver pela primeira vez. Mesmo depois de meia dúzia de vezes, ainda me assusta.

    Ele assentiu.

    Obrigado, estou bem. Mas foi assustador. Nunca tive que lidar com uma emergência como essa antes.

    Ele se saiu muito bem, disse Juneau. Me deu a epinefrina e ligou pro 911 e tudo mais. Ele não entrou em pânico.

    Bom para você, disse Ursula fervorosamente. Muito obrigado por cuidar da minha Juneau.

    Theo assentiu alegremente.

    Foi um prazer! Não deixaria que nada acontecessem com ela.

    Ursula colocou a mão brevemente em seu ombro e deu-lhe um aperto grato. Um médico entrou na sala e olhou em volta para eles.

    Então, você deve ser a mãe, ele cumprimentou.

    Ursula acenou com a cabeça.

    Ursula, ela se apresentou, estendendo a mão para apertar a dele. Acho que não nos conhecemos antes.

    Ele apertou a mão dela brevemente e soltou-a.

    Doutor Stonehawker. Não, acho que não, concordou. Estou aqui há apenas alguns meses. Você conhece a maior parte do pessoal da emergência?

    Ursula deu de ombros.

    Alguns deles, ela suspirou. Então, como está a Juneau?

    Parece tudo bem agora. Os anti-histamínicos para os próximos dias devem fazer as urticárias desaparecerem. Se isso não acontecer, veja com o médico da sua família para ele receitar um creme específico. Ela está fora de perigo. Todos os sinais vitais dela parecem bons, e ela concordou que provavelmente não é uma boa ideia comer camarão tão cedo.

    Juneau revirou os olhos.

    Não foi de propósito, reclamou, mas de bom humor.

    A recepção vai te dar os documentos de alta, disse o médico. Ela provavelmente vai estar muito cansada, eu sugiro ir direto pra a cama.

    Juneau assentiu. Theo parecia desapontado.

    Sem filme hoje à noite então? disse ele.

    Hoje não disse Juneau, pedindo desculpas. Tô exausta. Eu vou dormir.

    Ah, disse Theo, abatido. Bom, tudo bem. Ele se inclinou para beijá-la, um rápido selinho nos lábios. Me liga quando acordar amanhã então, tá?

    Juneau assentiu.

    Claro. Desculpa ter acabado com os planos da noite.

    Você não planejou exatamente desse jeito, disse ele compreensivelmente. Vamos compensar em outro dia. Né?

    É. Valeu.

    Obrigada de novo, Theo, disse Ursula, dando tapinhas no braço de Theo. Ele sorriu, acenou com a cabeça e saiu do quarto do hospital.

    Tá se sentindo melhor hoje? Abe perguntou a Juneau enquanto ela se sentava em um dos bancos da cozinha.

    Juneau olhou para o pai. Alto, olhos e cabelos escuros, um rosto amigável e aberto. Ele era magro, seu rosto quase descarnado sob a brilhante luz do sol da cozinha, mas o brilho da vida em seus olhos o impedia de parecer insalubre, apesar de suas proemintentes maçãs do rosto.

    É, tô bem. Hoje está um pouco nublado, apontou Juneau, passando os dedos pelos longos cabelos loiros para domá-lo e amarrando-o em um elástico para fazer um rabo de cavalo.

    Sua garganta inchou? Crispin indagou, tendo perdido os detalhes na noite anterior.

    Juneau olhou para seu irmão mais novo, seu cabelo loiro sujo precisando de um corte e seus olhos cintilantes, como os de Abe, exceto pela cor azul brilhante. Ele se deleitou com a emoção de sua experiência de quase morte.  Ela balançou a cabeça.

    Sim, minha garganta inchou, disse ela repressivamente.

    Você teve que tomar uma injeção? De epinefrina?

    Sim. Duas.

    Os seus olhos ficaram redondos de surpresa.

    Duas? Uau. Você desmaiou?

    Não.

    Então eles não tiveram que fazer uma RCP? ele persistiu.

    Não. Já chega, tá bom? Juneau acenou significativamente para o pai, de costas para eles, não querendo que ele se preocupasse. Crispin revirou os olhos e deu de ombros, sentando-se no banco ao lado dela.

    Você lavou as mãos antes de comer ontem à noite? Abe questionou. Se você tivesse tocado em alguma coisa durante o dia e não lavasse as mãs antes de comer, poderia causar uma contaminação cruzada. Sem mencionar os germes, ele estremeceu com a palavra germes, como se isso o machucasse.

    Sim, mentiu Juneau, com um suspiro de irritação. Mas lavar as mãos não ajuda se alguém contaminar a sua comida. Não fui eu que coloquei o camarão lá. Não tinha nada que eu pudesse fazer.

    Talvez se você comesse com mais cuidado, sugeriu ele, carrancudo, comer mais devagar e verificar cada mordida antes de pôr na boca...

    Pai... Eu tomo cuidado. Mas não importa o quanto você olhe, você ainda pode deixar algumas coisinhas passarem batidas. Não dá pra ver cada molécula microscópica de contaminantes. Não dava pra ver o camarão.

    O paramédico conseguiu ver.

    "Ele conseguiu ver um pedacinho em um parte

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