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A Estadia
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E-book226 páginas3 horas

A Estadia

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Sobre este e-book

Em um mundo de ilusões e de sonhos estranhos, Kyle, Alia e Sunny, correm contra o tempo após descobrirem que suas mães não foram mortas por acidente, e o verdadeiro culpado está as seguindo para coloca-las em covas perto das suas mães. A cada minuto que se passam, essas meninas tem que desvendar vários segredos para que assim, elas consigam achar o verdadeiro culpado e desmascará-lo antes que ele cave suas próprias covas e as enterre sem pudor. Será que as suas mães estão mesmo mortas? O que elas realmente não sabem, é que quanto mais se cava mais uma cova é aberta, e os seus nomes já estão cravados sete palmos debaixo da terra.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de jan. de 2016
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    A Estadia - Johny Moura

    Capítulo 1: Sonhos não são apenas sonhos

    Ela entrou no quarto e encostou a porta, nada mais doloroso para ela do que ouvir aquilo. Amigos, conversando sobre algo sério. Muito sério! Algo que envolvia vidas, algo que era difícil para ela aceitar. Ela já trabalhara há muito tempo ali, e nunca imaginava isso.

    Andou até a cama do paciente e mediu sua temperatura. 37º graus, disse ela baixinho para se mesma, ajustou o travesseiro e o deixou confortável ali. Luan era o nome dele, ela vira na ficha na qual tinha nas mãos. Ele já estava com muita febre há dias, e ninguém tinha descoberto o que estava fazendo aquilo com ele. Quando ela menos esperava, ele agarrou seu punho, olhando firme para ela com seus olhos azuis e seus cabelos suados. Sua pele estava pálida e fria, como se fosse neve.

    - Não se preocupe. Eu ficarei bem.

    - Sim, ficará. Agora feche seus olhos, eu ficarei aqui até você dormir. - Ela disse.

    - Quando eu fechar meus olhos, minha alma não estará mais aqui.

    - Do que você está falando? Não diga isso, vai ficar bem.

    - Nós sabemos o que eles fazem com todos daqui do sanatório. Você também sabe agora, e eu posso ir tranquilo.

    - Você também sabe?

    - Sei, tentei detê-los e agora estou aqui. Morrendo…

    - Não diga isso, eu irei ajudar.

    - Não, não irá. Ela vai.

    Ele disse, colocando a mão sob a barriga dela, e a assustando. Pude perceber que ela estava grávida. Uns três ou quatro meses. Ela deu um leve passo para trás e engoliu em seco.

    - Como você sabe que é menina? Ainda não fiz a ultrassom.

    - Meus sonhos, o remédio que eles nos dão nos faz ter alucinações, sonhos, ver coisas que nunca vimos.

    - E por que ela irá ajudar e não eu? Se ela vai ser um pequeno bebê...

    Ela parou e olhou para ele como se tivesse entendido. Ele fazia o mesmo sinal.

    - Então você está me dizendo que… Nos seus sonhos eu irei morrer?

    - Eu sinto muito. É isso o que eu vejo. - Ele respirou fundo, e fechou os olhos. - O sono está vindo. Eu acho que é essa a sensação de está morrendo. Meus olhos pesam, e sinto um aperto no coração.

    - Fique aqui, chamarei as meninas.

    - Não. - Ele pegou em sua mão. - Fique aqui comigo, eu ficarei bem.

    Ela não pôde esconder suas lágrimas, alguém estava morrendo ali e ela não podia fazer nada, apenas respirar e aceitar. Também não conseguia entender como podia sentir tanta segurança em uma criança. Sete... Oito anos? Ela não sabia a idade certa. Mas ele estava invicto, e tinha aceitado sua morte. Coisa que ela nunca fizera, ela não estava invicta, mesmo ao saber que alguém dissera que iria morrer. Perguntava a cada minuto para se mesma, porque sentia tanta feição por aquele garoto, se a enfermeira oficial dele, Beth, estava de folga.

    Ela fechou os olhos e o sentiu minimizando a força que fizera apertando sua mão. Mais lágrimas caíam de seus olhos, a fazendo ficar com mais medo de abri-los. E quando fizera, ele já não estava mais lá. Ela verificou seus batimentos, e nada, já não existiam.

    Ela escutou o som da porta abrindo nas suas costas e recolheu as lágrimas. Uma mão enorme e forte segurou nos seus ombros, o fazendo tremer.

    - Pobre garoto. Sofria há dias.

    - Por que fizeram isso com ele? Por que estão fazendo com todas as crianças daqui?

    - Emmy... Não é o que você está pensando...

    - Não? Então vai me dizer que eu escutei errado quando o Leroy falou para você, sobre medicamentos ilegais que vocês usam nas crianças daqui do sanatório como cobaias?

    - Senhorita Hones, Pare de gritar! Você pode acordar algumas crianças.

    - Eu me recuso a ajudar vocês se for assim, por mim eu estou fora.

    Ela tirou seu crachá e o jogou na cama do menino, fez o mesmo com a ficha só que dessa vez em cima da escrivaninha. Saiu do quarto ainda chorando e limpando as lágrimas, ainda estava com o avental também.

    Ao descer de elevador para o térreo, Emmy amarrou os cabelos e prendeu no alto. As recepcionistas olhavam para ela como se devessem fazer algo, mas não fizeram. Emmy olhou para trás e viu alguns seguranças indo a sua direção, ela lembrou que aqueles seguranças eram brutos, serviam para acalmar pacientes que tentavam fugir. Então ela sabia que aquilo não era uma boa coisa. Olhou para o portão de saída e existiam homens lá, ela precisava de seu crachá para sair, ficou se imaginando o quanto foi tola em ter deixado lá em cima.

    Naquele momento, lembrara que tinha um buraco que viu alguns pacientes fazendo na parede, para sair e comprar doces. Ela entrou nos arbustos e abriu todos eles para sua passagem. Então, deu de cara com um buraco que cabia um corpo de um adolescente, mesmo assim resolveu passar. Arranhou-se, mas passou para o outro lado, onde tinha uma enorme estrada de terra. Jogou seu avental para um lado aonde não iria, para desse jeito fazer com que eles se confundissem. E seguiu até um posto que existia ali perto.

    Entrou e existiam pessoas conversando e rindo, não era um dos lugares mais clássicos, porém servia para se esconder. Algumas pessoas olhavam para ela se perguntando o que uma mulher tão linda, e cansada, estava fazendo ali. Ela era morena, pele muito bem bronzeada, cabelos negros e lisos. Uma mulher típica do Havaí, você a olhava e a imaginava de biquíni, pegando sua prancha e indo surfar.

    Emmy entrou e foi até o balcão. A cada passo que dava, ela se sentia mais vigiada. Encostou o cotovelo no balcão, e inclinou o corpo para se sentar.

    - Um café, por favor. – Ela disse se sentando.

    Todos riram. Ela não sabia o verdadeiro motivo da risada, mas olhava para trás tentando entender. Talvez seja a minha alça da blusa caída pra fora do meu ombro, ou o meu penteado muito formal. Disse ela pra se mesma, bagunçando o cabelo e tentando ser um deles.

    - Não se preocupe! O problema não é você.

    Disse outra mulher que estava do seu lado. Ela tinha sarda na parte do nariz e debaixo dos olhos, seus olhos azuis reluziam ao lustre que estava em cima dela e seu sorriso era de invejar. Ela também estava grávida.

    - É o café. Aqui é um bar, não vende café. – Ela disse ainda sorrindo.

    - OH! Desculpe, que ignorância a minha. Então me dê...

    - Aqui está. – Disse o senhor servindo um café em uma pequena xícara para Emmy. – Fiz um pouco para mim está tarde, sobrou e apenas esquentei para a Senhorita... – Ele fez sinal para que ela revelasse seu nome.

    - Emmy. Em é o meu apelido!

    - Aqui todo mundo se conhece, você deveria vim aqui mais vezes. – Ela disse esticando o braço e dando a mão para Emmy. - Aliás, meu nome é Carmen Brendan. Prazer.

    Emmy pegou sua mão e apertou a chacoalhando de cima para baixo.

    - Sou arquiteta, trabalho em uma agência distante daqui. E você, Em?

    - Sou enfermeira, me mudei do Havaí para Manhattan porque vim trabalhar nesse sanatório daqui perto.

    - Sei... Gradley o nome, certo?

    - Isso!

    - Percebi que estava grávida, quantos meses?

    - Irei fazer cinco.

    - Já sabe o sexo?

    - Menina... – Emmy pensou se essa era a resposta certa a se dar, então tomou um gole de café. – Mas ainda não fiz a ultrassom.

    - Então como sabe? Ah, já sei! Ciganas... Elas são ótimas, também frequento várias. Dizem que a minha é menina. E também estou com quatro meses. Deveria me indicar a sua, você fala tão confiante...

    - A minha morrera há pouco tempo.

    - Sinto muito. Você já se consultava há muito tempo com ela?

    - Pior que não... – Ela interrompeu os pensamentos antes que chorasse. – Mas o que você faz aqui, gosta do ambiente? – Trocou de assunto.

    - Não. Meu marido – Carmen apontou onde ele estava entre o bar com os amigos. – vem aqui sempre, e tenho medo dele dirigir sozinho pela noite nessa estrada de terra. Então fico aqui conversando com o Val, o senhor que te deu o café, a noite inteira enquanto ele toma todas. – As duas riram.

    Depois de um tempo em silêncio, Emmy acabara seu café agradecendo ao Val, o senhor que atendia ali.

    - E seu marido? Você tem?

    - Sim, tenho, ele está em casa. Pelo menos eu acho, nós estamos em uma pequena crise...

    - Sei como é, espero que vocês fiquem bem. Passo por várias dessas com o Arnaldo.

    Quando Emmy iria trocar de assunto novamente, as portas do bar se abrem com força, fazendo um enorme barulho. Todos olham dando de cara com dois enormes policiais. Eles estudam o local e acham quem eles queriam.

    - Emmy Hones? – Um deles disse.

    - Sim?

    - Poderia nos acompanhar? A senhorita está sendo acusada de envenenar uma criança de oito anos chamada Luan Braz.

    Emmy levantou da banca indignada. Eles a levaram por bem, porém ela não parava de gritar que era inocente. Todos do local se levantaram para ver a senhorita estranha que acabara de entrar sozinha, e saíra com a polícia. E eu observava do alto minha mãe sendo presa.

    * * *

    Acordei com a mão na cabeça, minha cabeça doía e eu tinha que tomar o remédio que estava em cima da minha escrivaninha. O peguei e o engoli rápido para não sentir o gosto amargo. Levantei e fui até o banheiro escovar os dentes.

    Se eu falar que moro em um sanatório para loucos todos irão pensar em crianças falando sozinhas. Loucos com camisas de forças, mulheres brigando por bonecas e assim sucessivamente. Mas a vida não era muito difícil no Sanatório Gradley. Nós éramos divididos em cinco níveis, para não ocorrer discussões ou acidentes. Eu sou do nível três, onde nosso diagnóstico não é tão grave. Não era problema às vezes vermos pessoas mortas, pessoas que não existem ou até mesmo pessoas que nem nasceram ainda, nós do nível três já até nos acostumamos com isso e levamos a vida normalmente. O bom disso tudo é que desde quando cheguei aqui eu não vejo mais nada, é como se isso tudo nos protegesse de algo, é como se isso bloqueasse todos os fantasmas e espíritos feitos pela nossa cabeça.

    Das pessoas do nível três, só conheço a Alia Brendan. Ela chegou um pouco depois que eu cheguei e ficava um mês inteiro no quarto. Acredite se quiser a Alia não gostava de mim logo no começo, ela vivia fugindo quando me aproximava. Mas algo em mim dizia que não era para desistir, eu sentia que tinha que ajuda-la. Até que hoje somos amigas e temos um tipo de emprego aqui. Nós fazemos roupas e acessórios para as pessoas do sanatório, já que os nossos uniformes foram proibidos e estamos permitidos usar roupas casuais.

    Tomei banho e vestir minha roupa para esperar o doutor Leroy. Era quinta-feira, tínhamos consulta. Sentei na cama, e tentei arrumar meu quarto o quanto pude, não queria alguém pensando que eu era louca a ponto de deixar meu quarto bagunçado. Quando ele chegou, já foi pondo uma cadeira na minha frente e me dando bom dia.

    - Seus diagnósticos estão bem melhores do que o da semana anterior, Kyle. Você viu mais... Algo estranho?

    - Leroy, se o senhor quer saber se eu vi um fantasma é só perguntar, nós não temos segredo. E a resposta é não.

            Leroy era um daqueles velhos charmosos que usavam roupas da atualidade, já que ele era um dos únicos médicos que tinha tempo pra sair da Gradley, enquanto outros dormiam no sanatório. Ele estava nos auge dos cinquenta e sete anos e me ajudava quando podia. Ele riscou um rabisco na fixa que estava na sua mão, e analisou o quarto como fazia todas às vezes para saber se eu tinha excesso de tensão, que nem os outros pacientes e quebrava os móveis.

    - Você sabe... Tenho que fazer essas perguntas para o seu bem. Não quero que você pense que tem um melhor amigo e ele seja apenas um fantasma, que nem quando você tinha 13 anos de idade.

    - Amigos invisíveis são melhores do que pessoas reais.

    Respondi todas as perguntas olhando para a janela que estava aberta e mostrando o lindo dia que estava fazendo, observei o outro lado do muro gigantesco que a Gradley tinha. Como seria lá fora? Já havia tempos que eu estava ali que nunca tentei imaginar como Manhattan era de verdade.

    - Mas pode ficar despreocupada, porque a Alia é de carne e osso. - Leroy deixou aparecer um sorriso.

    - Eu sei...

    Ele ficou olhando pra mim por alguns minutos tentando entender como eu sabia daquilo. Mas eu não poderia explicar, apenas sentia quando alguém era real e quando minha mente estava inventando. Levantei e fui até a penteadeira, peguei a carta que tinha escrito pro meu pai e dei para o Leroy antes que ele saísse do quarto. Era uma tarde de quinta e eu sabia que ele entregava as cartas para uma associação de correios.

    Estava sozinha no quarto novamente. Olhava-me no espelho e acariciava meus cabelos na medida em que ele iria se penteando sozinho. Fiquei alguns minutos reparando o quanto eu parecia com minha mãe. Fiz o mesmo penteado que a vi fazendo no meu sonho e fiquei mais parecida ainda. Meus olhos claros não me deixavam ser tão parecida com a Senhorita Hones, já que eu tinha uns parecidos com o do meu pai.

    - Kyle? – Disse a Alia entrando no quarto.

    - Eu já iria descer. Apenas...

    - Estava fazendo o mesmo penteado da sua mãe!

    - Como você sabe?

    - Eu vi nas fotos. Semana passada você deixou a sua caixa de recordações em cima da cama, e não pude deixar de ver. Desculpe-me!

    - Não. Tudo bem. Alia. O que você veio fazer aqui?

    - Você se esqueceu? – Alia disse indo até a janela e abrindo mais as cortinas. – É o dia da visita.

    - Como eu pude esquecer? – Caminhei até a janela também, vendo o pátio com vários visitantes. – Eles transferiram o dia de domingo essa semana, mas ninguém sabe ainda por quê.

    Ficamos um bom tempo ali olhando alguns pais abraçando os filhos; visitantes de outros sanatórios inspecionando para ver se tinha algo fora do lugar; crianças jogadas de lado porque a família não veio.

    - Hoje é dia do teatro. Fingir que está feliz para manter as aparências. – Eu disse.

    - Você acha que o papai vem? – Alia disse.

    - Vamos descer e procurar.

    Saímos do quarto e fomos para o elevador. Apertamos para ir ao térreo, quando alguém coloca a mão para interromper o fechamento das portas e entra. Era um garoto mais ou menos da nossa idade, o seu cheiro me fez ficar alguns minutos o reparando, meu cérebro me dizia que já tinha o visto antes.

    - Vocês vieram visitar alguém? – Ele disse.

    - Não. Moramos aqui. – A Alia respondeu. – E você?

    - Um pouco dos dois... Meu nome é Luan Braz, e o de vocês?

    Eu fiquei intacta no chão. Aquele nome se repetia na minha mente, era o garoto do meu sonho. Eu não conseguia parar de olha-lo e muito menos fechar minha boca.

    - Alia Brendan, e essa é... Minha amiga Kyle Hones. Ela está um pouco ansiosa para hoje, e tem um pouco de retardo mental. – Alia riu. – Brincadeirinha.

    As portas se abriram e saímos.

    - Bem... Encontramos-nos por aí. Tchau.

    Ele fez sinal de tchau e saiu para o pátio, passando pela recepção.

    - Kyle, o que deu em você? Tem como ficar um minuto sem parecer que estava dando em cima do garoto?

    - Eu não estava dando em cima dele...

    - Então o que foi isso?

    - Alia. Eu preciso te contar uma coisa. Uma não... Várias. Quero dizer isso tem dias, mas eu não sei como.

    - Diz logo!

    - Eu venho tendo sonhos, aqueles que eu disse para você e sempre nos reunimos para discuti-los de noite. Mas dessa vez é sobre nossas mães. É muito mais do que eu te

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