Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Lamento por Darley Dene
Lamento por Darley Dene
Lamento por Darley Dene
E-book209 páginas2 horas

Lamento por Darley Dene

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Baseado em fatos reais.


Após a Segunda Guerra Mundial, o garoto Ben descobre uma história sinistra. Em 1941, num bombardeio, soldados morreram exatamente onde está o terreno que costuma jogar. Com os terríveis acontecimentos do passado e o seu lento desdobramento, Ben se envolve em uma série de estranhos, inexplicáveis incidentes, com velhos segredos e verdades ocultas lentamente sendo reveladas.


Esta é uma história de autodescoberta e de superação do medo, pois aquilo que está sob o solo é verdadeiramente arrepiante. Ben está prestes a descobrir os segredos de sua família e terá de ajudar a sepultar o horror do que aconteceu em Darley Dene.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento8 de mar. de 2023
Lamento por Darley Dene

Leia mais títulos de Stuart G. Yates

Autores relacionados

Relacionado a Lamento por Darley Dene

Ebooks relacionados

Artigos relacionados

Avaliações de Lamento por Darley Dene

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Lamento por Darley Dene - Stuart G. Yates

    UMA MEMÓRIA COMPARTILHADA

    No momento que Tio Ben abriu a porta e deixou Henry entrar, ele pode ver imediatamente o quanto vulnerável seu sobrinho estava se sentindo. Com a cabeça pendida, o garoto se arrastou ao longo do corredor, um pequeno animal caçado se rendendo ao seu destino. Pai e Mãe não havia contado o porquê que eles tinham que sair, isso era muito evidente. E tão típico. Demasiado ocupados com a sua própria vida para se preocupar com o seu filho. Ben captou um rosto pressionado contra o vidro abaixado da janela do carro do lado do passageiro e, quando o veículo parou de andar, ele ergueu a sua mão frouxamente. Ele estava aqui, para poupá-los de preocupação, para aliviar a tristeza de Henry…o que era também bastante típico.

    Ben ajudou Henry com seu casaco. Nenhuma palavra quebrou a atmosfera pesada existente entre eles. Henry sentou para assistir televisão enquanto Ben preparava o jantar. Eles pediram para fazer isso também. Uma chamada telefônica, um balbuciar de palavras ilegíveis. Ben resmungou, aceitando os seus apelos para receber ajuda. Não havia mais ninguém. Ele poderia cuidar do Henry, apenas por algumas horas? Por favor?

    Mais tarde, após o prato principal, Henry moveu a sua colher em torno da tigela, sem comer quase nada da sobremesa que Tio Ben tinha colocado na frente dele. Ele parecia estar mergulhado nos seus pensamentos. Tio Ben, percebendo o seu estado de ânimo, suspirou e olhou de forma significativa para o seu sobrinho. Desculpe por não ser muito falador. Não estou realmente acostumado com isso, disse ele.

    Henry baixou a sua colher quietamente e olhou para o seu tio, com uma ligeira expressão de tristeza ainda no seu rosto. Não é isso. Ele se encostou na sua cadeira. O que está acontecendo Tio Ben? Por que minha mãe e meu pai me deixaram aqui, sem uma palavra? Alguém morreu?

    Tio Ben piscou, tossiu, endireitou sua posição na sua cadeira. Quantos anos você tem mesmo?

    Doze. O que é que isso tem a ver com isso?. Perspicaz. Para um menino de doze anos de idade.

    Per-o quê?

    Perspicaz, significa que você pode adivinhar muito bem as coisas.

    Portanto, estou certo, de que alguém morreu?

    Bem, não. Realmente, não.

    Tio Ben se levantou, pegando a tigela intocada e a colher na frente de Henry. Sua mãe está muito chateada, Henry. Tão chateada que ela não sabia o que te dizer. Tão pouco o seu pai. É o Avô Frank. Ele não está muito bem. Sua mãe achou que ele estava se sentindo melhor, mas isto não é realmente o caso.

    Ele parou por um momento lutando para encontrar as palavras certas. Sua voz soou baixa e pesada quando ele continuou. Todos nós achamos que ele estava se sentindo melhor. Ele estava no estado que os médicos chamam de remissão. Mas a quimioterapia destruiu a capacidade do seu corpo de se defender e ele apanhou algum tipo de infecção… Ele deu de ombros e foi para a pia com os pratos. Sua mãe não quer que você veja ele do jeito que está agora. É por isso que você está aqui enquanto a sua mãe e pai vão e… a sua voz se apagou e ele começou a lavar os pratos na pia. Vai ser apenas por alguns dias.

    Mas Tio Ben, eles poderiam me dizer isso eles mesmos. Porque eles não me contaram? Do que eles têm medo?

    Tio Ben deu uma leve risada. Bom, eu suponho que eles estavam pensando em você, pensando que poderia ter medo… ou se perturbar. Que eu suponho que você está começando a ficar, Henry.

    O rosto de Henry permaneceu estático, com as palavras de seu tio sendo filtradas através dele. Sim, eu gosto do Avô Frank. Eu não o vi muito ultimamente, e agora eu sei o porquê, mas… Henry tinha movido o seu dedo ao redor de uma pequena mancha de creme que tinha pingado da sua tigela, Você vai ver, a coisa é bem assim, o Pai e a Mãe, eles são sempre assim. Sempre preocupados ou assustados sobre o que eu vou ver ou fazer. Eles nunca, nunca me deixam fazer alguma coisa por mim mesmo. Todos os meus outros amigos vão para a cidade, vão lá para a pista de skate e coisas desse gênero. Eu não. E agora isto. Não se trata apenas de…Deus, eu desejo que eu fosse mais velho. Quinze ou - ou dezoito anos.

    Tio Ben voltou para a mesa e sentou-se. Ele encheu um copo com suco para Henry e o deslizou sobre a mesa. Sim, eu sei. Incrível como isso pode soar, eu também tive doze anos - há muitos anos.

    Aposto que a sua mãe te deixava brincar, não deixava?

    Tio Ben resmungou novamente. Primeiro. Ben negou, É isso que realmente te preocupa, que sua mãe não confia em você o suficiente para deixar você sair por sua conta? Sua mãe tem apenas medo, Henry, medo de muitas coisas. E este negócio com o pai dela, é tudo um resultado de coisas que torna você ainda mais precioso para ela. De modo que provavelmente é por isso que agora é muito protetora.

    Mas ela sempre foi! Quando você tinha doze anos, você disse que sua mãe te deixava sair.

    Não é tão simples - o mundo era diferente. Mais seguro. Não havia tantos carros. Ele sorriu com a memória. Mas sim, ela me deixava sair sozinho. Eu sempre estava na rua, chutando uma bola, ou brincando de esconde-esconde. Um monte de passeios de bicicleta e indo atrás de aventuras. Indo atrás de todos os tipos, mas tudo isso era bastante inocente. Mas então - bem como eu disse, em primeiro lugar ela me deixava fazer essas coisas, mas então tudo ficou muito assustador. Ele levantou e se ocupou preparando uma xícara de café para ele mesmo, detectando os olhos entediados de Henry nas suas costas. Lutando para manter a emoção controlada, ele limpou a sua garganta ruidosamente e pressionou a palma da sua mão em seu olho, esperando sinceramente que seu sobrinho não tivesse notado.

     Então, o que aconteceu naquele tempo, Tio Ben? O que aconteceu que era tão assustador?

    Ben segurou na borda da pia e deu uma longa respirada. Henry era muito mais um terrier do que ele esperava. Ele virou para olhar para ele. Foi nesse momento, que se seguiu, que ele perguntava a si próprio. Revelar as coisas do passado sempre foi repleto de perigos e aberto a mal-entendidos. O mundo estava mudando com uma velocidade alarmante e os jovens... Bem, eles queriam tudo para agora. Mensagens instantâneas. Uma espiada no passado pode não resolver nada, pode até mesmo piorar as coisas. Mas então, como Ben tinha estudado seu sobrinho, ele viu a dor, a confusão e ele chegou a uma decisão. Se ele poderia ensinar a Henry um pouco sobre como chegar a termos com a vida, o modo como ela pode mudar, como com a perda de alguma forma faz você se sentir mais forte e mais preparado para enfrentar os desafios da vida, então só pode fazer bem. 

    Ele deu outra profundo e irregular respiro. Esta iria ser uma jornada emocional, rebuscando eventos há muito esquecidos. Mas se ele realmente poderia ajudar… Ok, disse Tio Ben enfaticamente, Eu acho que você irá gostar de uma boa história. Ela é longa, mas é verdadeira. E é tudo uma questão de se ter doze anos, porque quando eu tinha essa idade algo aconteceu comigo que acabou por mudar a minha vida para sempre. Eu não sabia isso no momento, naturalmente, porque tendo doze anos, bem, você apenas recebe as coisas na cabeça, sem pensar.

    Eu tento pensar, de ser inteligente, mas não é fácil.

    Não. Naturalmente não é. Ele suspirou. Portanto, esta história da mina, você deseja ouvir?

    Henry deu um único aceno de cabeça e os seus olhos arregalaram com expectação. Você tem que contar!

    Tio Ben sorriu calorosamente, Ok, vamos para a sala de estar e sentarmos com nossas bebidas junto ao fogo e eu vou contar a minha história sobre Darley Dene.

    UM

    Era o início de uma daquelas gloriosas férias de verão de muito, há muito tempo atrás, o tipo que parecia continuar para sempre. Ben, sem dúvida como todos os outros da sua idade, tinha muitas ambições para as férias da escola. As aulas estavam suspensas por sete gloriosas semanas - sete semanas.  Uma vida quando você tem apenas doze anos. Por mais que ele tentasse, ele não conseguia realmente se lembrar das férias de verão anteriores. Não que ele estivesse fazendo um duro esforço, não havia nenhum motivo – Por que tentar recordar o passado? Ele se foi, está morto e enterrado. Mas de uma coisa ele se recordava - nunca acontecia nada. Assim desta vez seria diferente. Este iria ser o primeiro ano em que ele efetivamente se sentiu determinado em fazer algo memorável, algo novo. Talvez seja um indício de que ele estava crescendo, tornando-se um jovem adulto, o que o tornava mais determinado. Férias, mesmo curtas ou longas, era uma oportunidade para a exploração, a experiência. Certamente ele encontrou a si mesmo querendo saber mais sobre a vida agora. Ele gostava de ler livros por horas, olhando para fora da sua janela apenas pensando, esperando pelos próximos finais de semana quando ele poderia perambular pelo parque, descobrindo novos tipos de flores ou de árvores, ou pássaros. Ele ia muitas vezes até a biblioteca - se os seus amigos descobrissem, eles iriam gozar da cara dele - e ele tinha lido sobre gorilas, tigres, orcas. O mundo estava mostrando para ele os seus tesouros, e era um baú repleto de delícias maravilhosas. Então, ele fez para si mesmo uma lista mental de todas as coisas que ele gostaria de realizar durante esse longo verão quente. 

    Ele gostaria de melhorar sua natação, aprender a chutar uma bola de futebol adequadamente, escalar " Granny´s Rock" pela primeira vez…tanto para fazer e ansioso por fazer. Ele olhou para cima para o seu teto e deu um longo suspiro de satisfação. Sete semanas. Como isso era bom.

    Ele virou e se revolvia no conhecimento de autossatisfação que apesar de ter tanta coisa para fazer, por agora, neste primeiro dia, o plano era de não fazer nada mas ficar deitado até onze ou mesmo meio-dia. Haveria tempo de sobra para todas as outras coisas. No entanto, ele tinha de ser cuidadoso. Sua mãe voltava do trabalho por volta de meio-dia, e se ela pegasse Ben na cama naquela hora, ele estava perdido. Isto provou ser um pouco desconcertante com ele deitado todo confortável sob a sua roupa de cama, porque ele não tinha ideia de que horas eram. Ele bocejou, deu uma esticada e relutantemente saiu do calor da sua cama, procurou seu jeans e camiseta e se vestiu.

    Na maioria dos dias Trevor dava sinal. Ben conhecia o Trevor há mais de oito anos. Foi naquela fatídica manhã, enquanto jogava na parte inferior da ruazinha que corria na parte de trás da sua casa, que Ben tinha visto Trevor pela primeira vez. A mãe de Ben disse para ele jamais atravessar a estrada pela parte inferior da ruazinha. Ela disse com os dentes cerrados que era proibido. Ben nunca soube realmente porque ela parecia tão preocupada com esta parte da estrada, e o que poderia estar escondido por trás, era quase místico. Todo o asfalto era um lendário mundo misterioso e diferentemente do seu próprio - de grandes casas com passagens particulares e jardins luxuosos. Considerando que a casa de Ben era um pequeno, sobrado alugado, as casas do outro lado eram próprias. Elas eram orgulhosas e fortes, mansões majestosas de velhos tijolos vermelhos, telhados de duas águas, jardins ornamentais na frente que levavam para entrada a partir do qual pessoas empertigadas emergiram, reluzindo suas roupas caras e na moda. Alguns até mesmo dirigiam seus carros. De onde vem o dinheiro para tais luxos? Ele muitas vezes se perguntava. Para Ben, ao longo de toda essa rua estreita, existia um mundo diferente, pronto para exploração. Talvez esse era o motivo de sua mãe não o permitir passear por lá. Qualquer que seja a verdade, muitos foram os dias que ele montado no seu triciclo, ficava olhando ansiosamente para essa terra inatingível, deixando a sua imaginação tomar conta da sua cabeça.

    Num dia especial, há muito tempo, Ben pedalava para cima e para baixo com seu triciclo com o habitual entusiasmo, ele tinha descoberto um garotinho de cabelo curto do outro lado, andando de bicicleta de duas rodas com confidencia, quase que numa arrogante facilidade. Ben parou e olhou em êxtase, olhos arregalados, boca aberta em descrença. Este garoto novo não poderia ser mais velho do que ele, montado numa bicicleta de verdade - e sem rodinhas! Saindo de uma dessas casas grandes, com sua cara lavada e roupas novas, mostrando pai e mãe que se importavam e tinham dinheiro para gastar - espelhado na reluzente novidade da sua bicicleta enquanto ele andava para cima e para baixo da calçada no lado mais distante da estrada proibida. 

    Ele parou de repente, este garoto reluzente, e olhou diretamente para Ben. Um sorriso de fantasma cruzou o seu rosto e a mão de Ben se levantou como se fosse essa sua própria vontade. O estranho fez uma saudação e os dois iniciaram uma conversa, gritando um para ao outro dos lados opostos do asfalto. Parecia tão fácil, assim tão fácil como se a sua amizade já existisse há anos. Eles tinham tanta coisa em comum, apesar de suas óbvias diferenças em termos de riqueza e privilégio e a partir desse momento eles tinham se tornado grandes amigos. A Mãe estava se aproximando e, após muito implorar ou choramingar, ela permitiu que Ben fosse visitar a casa de Trevor, que acabou por ser uma grande e sumptuosa residência, com telhados abobadados, amplos corredores e quartos grandes o suficiente, que parecia para Ben, acomodar uma manada de elefantes. Atrás estava esparramado um grande jardim com passos marcando seu caminho para baixo até um pequeno portão. Trevor explicou que sempre permanecia trancado. Para além, havia um outro caminho, era uma estrada de ferro.

    Vamos subir mais? Ben perguntou um dia, verificando primeiro se não havia adultos por perto.

    Eu não tenho permissão, disse Trevor, cabisbaixo, um pouco envergonhado.

    Ninguém vai saber.

     Um acordo silencioso, os olhos vivos de Trevor com expectativa, e eles pularam o portão e entraram em um novo mundo cheio de aventura e maravilhas. E, ao contrário da imprecisão do mundo do outro lado da estrada, isso provou ser verdadeiramente maravilhoso.

    Os anos se passaram e a amizade cresceu entre eles. Verdadeira, como os meninos de todo o mundo, eles tinham os seus argumentos, suas brigas, mas sempre faziam as pazes. Agora, com as férias escolares logo à frente deles, Trevor foi o primeiro a contar para Ben sobre Darley Dene.

    "Existe este garoto grande, que vive a algumas

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1