O movimento biológico na agricultura e, bem assim, na vinha, surgiu dada a constatação de que as práticas agrícolas das últimas décadas, com a introdução de produtos de síntese, conduziram a fenómenos como o aumento da presença de resíduos de pesticidas no solo e na água, alterações da vida microbiana no solo, perda de matéria orgânica e aumento dos riscos de erosão e desequilíbrios nos ecossistemas, incluindo a substituição da flora autóctone por outras mais competitivas.
Lentamente, muitos operadores começaram a ganhar consciência dos efeitos nefastos de tais práticas abusivas e a adoptarem medidas de conversão para o modo de produção biológico (MPB). Não cabe, nestas páginas, fazer um levantamento dessas medidas, trabalho que foi exemplarmente levado a cabo pelo jornalista Luís Alves nas edições de junho e julho da Revista de Vinhos. Dizemos, antes, que este, que poderia ser considerado um epifenómeno, converteu-se numa tendência alargada, fruto, também, da maior pressão dos consumidores.
Afluente deste movimento, a viticultura biodinâmica (que explanamos noutra secção desta mesma revista), foi concebida em 1924 por Rudolf Steiner. Esta integra a planta num sistema mais amplo, em que os parâmetros de qualidade e rendimento dependem das relações entre forças terrestes (o solo, como organismo vivo) e forças cósmicas (o meio