Quando o amor chama
De Soraya Lane
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Sobre este e-book
O soldado Alex Dane prometera ao seu companheiro moribundo que cuidaria da sua esposa e da sua filha. No intuito de cumprir essa promessa, foi até à sua casa com o coração acelerado.
Lisa Kennedy amara o marido profundamente, mas entregara-se de corpo e alma à filha Lilly, que tinha emudecido após a morte do pai. No entanto, o mínimo que podia fazer era oferecer refúgio àquele torturado herói de guerra.
E quando Lilly estendeu a sua mãozinha para a mão forte e vigorosa de Alex, Lisa sentiu no seu interior emoções que estavam há muito tempo adormecidas.
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Quando o amor chama - Soraya Lane
Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2011 Soraya Lane
© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.
Quando o amor chama, n.º 1466 - Março 2015
Título original: Soldier on Her Doorstep
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-687-6013-1
Editor responsável: Luis Pugni
Conversão ebook: MT Color & Diseño
Sumário
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Epílogo
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Capítulo 1
Alex Dane não precisava que nenhum médico lhe dissesse que tinha o coração acelerado. Respirou fundo, tentando tranquilizar-se. Se não possuísse um sentido de dever tão agudo, teria posto o carro a trabalhar, novamente. Contudo, não podia fazê-lo.
Confirmou a morada, mais uma vez, apesar de a ter memorizado no dia em que um amigo moribundo lha ditara.
Ao fim de tantos meses, chegara o momento de cumprir a sua promessa. Saiu do carro e tirou um saco de papel do banco traseiro. O coração voltou a acelerar e Alex praguejou. Aquele lugar era como o imaginara mas, ao mesmo tempo, diferente.
O cheiro das árvores, da erva e do ar puro de que tanto sentira a falta nas suas caminhadas intermináveis pelo deserto, atingiu-lhe o rosto.
Do lugar onde se encontrava, conseguia ver a casa, um pouco afastada do caminho de acesso, cujas tábuas de madeira branca apareciam por cima da copa das árvores. Era como William Kennedy a descrevera.
Alex começou a andar com passo militar, apertando o saco com força, ao mesmo tempo que combatia o sentimento de culpa que o assaltava regularmente, desde que voltara para a sua terra.
Só tinha de aparecer, entregar os objetos, sorrir e ir-se embora. Recordar a sequência e não saltar o guião. Não podia beber um café, nem sentir pena dela, nem olhar para a menina.
Chegou ao alpendre. No chão, havia vários brinquedos espalhados e um pequeno tapete que devia pertencer ao cão. À frente da porta, respirou fundo, contou até quatro e bateu com os nódulos dos dedos.
O barulho proveniente do interior anunciou que havia alguém em casa e Alex teve a tentação de deixar o saco no chão e fugir. A testa cobriu-se de suor.
Não devia ter ido.
Lisa Kennedy alisou o cabelo que apanhara numa trança e ajustou o avental, antes de abrir.
Viu um homem virado de costas, como se tencionasse ir-se embora. E não era preciso ser um génio para o identificar como militar, pelo corte de cabelo e a postura marcial.
– Posso ajudar em alguma coisa?
Seria um amigo do marido? Recebera numerosas chamadas e mensagens de homens que tinham estado com ele. Iria apresentar as suas condolências, ao fim de tantos meses?
Quando se virou, Lisa viu que o homem, cujo cabelo era loiro, tinha uns olhos do castanho mais escuro que alguma vez vira e um sorriso que revelava uma tristeza profunda. Uma parte dela desejou abraçá-lo e perguntar-lhe pela sua tristeza, mas a parte que sabia o que significava ser esposa de um soldado sabia que não era conveniente fazê-lo pensar na guerra. E muito menos quando o rosto revelava tanta tristeza.
– Lisa Kennedy?
– Lamento… Mas, conheço-o?
O homem deu um passo em frente.
– Era amigo do seu marido – esclareceu.
Lisa sorriu. Era por isso que parecia estar prestes a ir-se embora. Sabia como era difícil para os militares enfrentar aqueles que tinham perdido um ente querido. Supôs que aquele teria pertencido à mesma unidade que William e que acabara de voltar para casa.
– Obrigada por ter vindo.
Lisa estendeu a mão e tocou-lhe no braço, mas ele saltou como se o tivesse queimado. Cruzou os braços. Estava bem claro que aquele homem sofria e que não estava habituado a ser tocado. O leve nervosismo que a fez sentir diluiu-se, quando recordou que estivera com William e que podia confiar nele.
Depois de o observar um pouco mais, apercebeu-se de que era muito bonito e que seria ainda mais se fosse capaz de sorrir. Ao contrário do marido, que se ria muito e que tinha um rosto que era um livro aberto, aquele homem parecia um papel em branco. Lisa pensou no seu silêncio, como sendo timidez.
– Quer entrar? Tenho chá gelado.
Viu que hesitava e sentiu pena de um homem tão bonito e forte, que tinha de travar uma batalha para se habituar novamente à vida civil.
– Eu… Bom… – e pigarreou, enquanto mudava o peso para outro pé, incomodado.
Lisa sentiu que lhe puxavam as calças e, instintivamente, baixou-se para pegar na filha. Desde que lhe tinham dito que o papá não ia voltar, Lilly não falava com ninguém senão com ela, e agarrava-se a ela como se temesse que pudesse desaparecer.
O rosto do militar transformou-se naquilo que Lisa interpretou como sendo medo e presumiu que não estava habituado a ter crianças por perto. A expressão toldou-se ainda mais.
– Lilly, vai procurar Boston – pediu, passando-lhe a mão pelo cabelo. – Podes dar-lhe um osso, que está no frigorífico.
Lisa olhou para o homem, que permanecia em silêncio. E, decidindo que, como bom soldado, reagiria melhor a uma ordem, ordenou:
– Soldado, sente-se! – e apontou para um baloiço. – Vou buscar alguma coisa para beber e depois pode contar-me o que o traz a Brownswood, no Alasca.
Ele obedeceu, embora visse uma emoção no rosto que não soube interpretar. Deduziu que devia sofrer de algum tipo de trauma por causa da guerra e que devia lidar com ele com amabilidade. Por outro lado, recebia tão poucas vistas, que a ideia de partilhar um momento com um homem, por muito calado que fosse, lhe parecia tentadora.
Além disso, estava convencida de que aquela visita devia ter um propósito.
Alex pensou em todos os sinónimos possíveis de «idiota». Aquela mulher devia pensar que fugira de um manicómio. Porque não seguira os passos do plano? Olhou para o saco de papel, que deixara no chão, junto do baloiço, e amaldiçoou-o, tal como fizera da primeira vez que pegara nele.
William falava muito da mulher, de como a amava e de como era boa mãe, mas nunca lhe dissera que era tão atraente. E, embora não soubesse porquê, isso fez com que o seu sentimento de culpa se intensificasse. Construíra uma imagem mental, que não correspondia à realidade.
Talvez se tratasse do cabelo comprido e castanho que apanhara numa trança ou dos olhos cor de avelã, de pestanas espessas. Ou talvez fosse por causa da forma como as calças de ganga lhe assentavam e a t-shirt que tinha por baixo deixava ver mais pele feminina do que vira em muito tempo.
Também era provável que estivesse perturbado por não a encontrar grávida, como esperara. Mas a verdade era que Lisa era uma mulher bonita, com um aspeto inocente, que não teria deixado nenhum homem indiferente.
Teria mentido ao marido a respeito da gravidez ou ele tinha perdido a noção do tempo e o bebé já nascera?
Alex recordou o plano e amaldiçoou-se por ter ido ali. Não se apresentara, não sorrira e não lhe dera o saco. Comportara-se como um perfeito idiota. E se a menina fosse intuitiva, devia ter-se assustado, ao observá-la como se se tratasse de um animal exótico.
Durante a sua missão, nunca falhara um plano traçado. Nunca.
Aparecia uma mulher bonita, com uma menina encantadora, e ficava mudo… Ou talvez fosse por causa da surpresa pois, ao contrário do que esperava, não estava grávida. Ou talvez fosse aquela cena familiar, o tipo de vida que sempre tentara evitar, que o deixara sem fala.
Ouviu passos. Levantou o olhar e obrigou-se a sorrir. Tinha de voltar a praticar. Sorrir por sorrir, por muito que isso parecesse impossível.
Porém, o seu esforço foi em vão, porque a criatura que se aproximou andava sobre quatro patas. Tratava-se de um golden retriever, que devia ser Boston.
– Olá, rapaz – cumprimentou, dizendo a si mesmo que conseguir falar com um cão e não com um ser humano era mais uma prova da sua inépcia.
Boston respondeu ao cumprimento, levantando a pata. Queria que a agarrasse?
– Também fico feliz por te conhecer – afirmou Alex.
Um barulho atrás dele fez com que parasse a mão a milímetros da pata de Boston. Lisa saiu de casa com uma bandeja e um sorriso que tentou esconder. Numa mesa, à frente dele, pôs um jarro com chá e bolachas, e Alex sentiu-se um palhaço, definitivamente.
– Vejo que já conheceste Boston – comentou.
Alex assentiu com a cabeça.
– Está muito bem treinado – elogiou, finalmente.
Lisa riu-se, perturbando-o ainda mais. Há séculos que não ouvia a gargalhada de uma mulher.
– Lilly gosta de lhe ensinar truques e ele aprende depressa – e deu-lhe meia bolacha. – Sobretudo, se houver comida por perto.
Permaneceram um momento em silêncio e Alex tentou procurar as palavras adequadas. O saco parecia estar a olhar para ele, como se tivesse vida própria. Sabia que, em algum momento, tinha de dizer aquilo que passara tantos meses a