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Farc: Terrorismo Na America Do Sul
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Farc: Terrorismo Na America Do Sul
E-book458 páginas6 horas

Farc: Terrorismo Na America Do Sul

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Sobre este e-book

Em 400 páginas reforçadas com mais de 30 fotos históricas, o livro “La Selva Roja” (A Selva Vermelha,traducido por Biblex como Farc Terrorismo na America do Sul) analisa a inocultável união histórica das FARC com o Partido Comunista Colombiano, correlacionado com a teoria marxista-leninista da combinação de todas as formas de luta.
Dividido em três etapas pontuais: bandoleirismo crônico, barbárie comunista e narco-terrorismo fariano, o livro resume a trajetória delitiva de Pedro Antonio Marín, cognome “Tirofijo”, cabeça das FARC durante cinco décadas; reconstrói a conjuntura histórica e as razões pelas quais uma dissidência das FARC criou o M-19; explica os pormenores do massacre de Tacueyó perpetrada por Javier Delgado, homem de confiança do Secretariado das FARC; a incidência das sexta e sétima conferências das FARC na imersão no narco-tráfico; a organização das auto-defesas camponesas revolucionárias depois convertidas em Milícias Bolivarinas e a transformação das FARC em grupo terrorista.
O texto foi classificado por experts no tema como a mais concreta e completa análise escrita acerca da evolução política, financeira e armada das FARC, desde seu nascimento em 1964, devido a que seu conteúdo se sustenta em documentos apreendidos por tropas da Sétima Brigada, durante a Operação Colômbia contra o Secretariado das FARC em “Casa Verde”.
A bibliografia utilizada pelo autor para escrever “La Selva Roja” contém textos escritos por Tirofijo e Jacobo Arenas; o resumo de todas as conferências guerrilheiras e os plenos ampliados do Secretariado das FARC; o regulamento das Milícias Bolivarianas e os chamados “documentos programáticos” das FARC, como por exemplo, o “Programa Agrário Guerrilheiro”, o “Regulamento Fariano”, a guerra de guerrilhas e os livros escritos por Jacobo Arenas.
Em essência, “La Selva Roja” é um livro de história contemporânea colombiana e uma radiografia da perversa influência do terrorismo comunista na desordem pública que tem afetado a Colômbia desde a década dos sessenta, quando o Exército exterminou os grupos de bandoleiros liberais e conservadores, mas que, por miopia estratégica da direção política, sempre alheia aos interesses nacionais, as guerrilhas comunistas encabeçadas por Tirofijo se fortaleceram no Sul do Tolima e se estenderam como um câncer por toda a geografia nacional.
Por sua estrutura literária e sua concisão acadêmica, “La Selva Roja” foi o primeiro livro que condensou com argumentos sólidos os componentes básicos do Plano Estratégico das FARC, assim como o primeiro texto que revelou com detalhes precisos a realidade da vida no interior das FARC, em particular, o terrorismo contra seus próprios integrantes.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de fev. de 2017
ISBN9781370489220
Farc: Terrorismo Na America Do Sul
Autor

Luis Alberto Villamarin Pulido

Luis Alberto Villamarín Pulido, natural de Fusagasugá - Cundinamarca, coronel retirado del Ejército colombiano, con 25 años de experiencia militar (1977-2002), más de la mitad de ellos dedicado a las operaciones de combate contra grupos narcoterroristas en Colombia, y después de su retiro del servicio activo, profuso investigador de temas relacionados con la geopolítica del Medio Oriente, el Asia Meridional y el continente americano; el terrorismo internacional islámico y comunista, historia y proyección estratégica de grupos islamistas como Al Qaeda, Isis, Hizbolá, el conflicto árabe israelí y la Primavera Árabe, así como la amenaza nuclear del régimen chiita de Teherán.Sus obras Narcoterrorismo la guerra del nuevo siglo, Conexión Al Qaeda, Primavera Árabe: Radiografía geopolítica del Medio Oriente, ISIS: la máquina del terror yihadista, el Proyecto Nuclear de Irán y Martes de Horror (atentados terroristas del 9-11), son referentes para el estudio, conocimiento de la complejidad política, geopolítica y geoestratégica del convulso Medio Oriente.Algunas de sus obras han sido traducidas a inglés, francés, alemán, portugués y polaco. Su libro En el Infierno traducido a inglés como In Hell, es base para una película en Hollywood-California, y los demás textos son utilizados como material de estudio en diversas universidades del mundo.

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    Farc - Luis Alberto Villamarin Pulido

    Breve biografia do Autor

    O coronel (r) Luis Alberto Villamarín Pulido é investigador científico certificado por Colciencias da Colômbia. Durante 25 anos de experiência militar no Exército da Colômbia, não só participou de exitosas operações de combate contra todos os atores geradores de violência, como se destacou como o escritor militar do século XX na Colômbia.

    Sem dúvida, é o militar colombiano que mais conhece a problemática do conflito e o melhor analista de assuntos estratégicos da Colômbia.

    Alguns de seus livros foram traduzidos para o inglês, português e polonês, e têm servido de referência bibliográfica para a elaboração de centenas de livros, artigos especializados, teses de universidades e escolas militares do mundo.

    É colunista permanente da revista Military Review do Exército dos Estados Unidos, conferencista convidado em diversas universidades e centros de estudos políticos em todo o mundo e suas obras receberam três prêmios internacionais em Los Angeles, Califórnia, Elizabeth, New Jersey e Washington D.C.

    Seu livro En el Infierno está em estudo para se tornar um filme em Hollywood.

    Todas as suas obras podem ser adquiridas em formato impresso ou eletrônico:

    1. Ganar la guerra para conquistar la paz

    2. El Eln por dentro

    3. En el Infierno

    4. In Hell (English)

    5. El Cartel de las Farc I

    6. El Cartel de las Farc II

    7. El cartel de las Farc III

    8. The Farc Cartel (English)

    9. La Selva Roja

    10. Farc: Terrorismo na America du Sul (Portugués)

    11. Drama, Pesadilla y Espectáculo

    12. ¿Cesó la Horrible Noche?

    13. Deyanira, canto de guerra y paz

    14. Cóndor en el Aire

    15. Martes de Horror

    16. Narcoterrorismo la Guerra del Nuevo Siglo

    17. Conexión Al Qaeda

    18. Siec Al Kaida (polaco)

    19. Delirio del Libertador

    20. The Delirium of the Liberator (English)

    21. Mágica Leyenda del Dorado

    22. Complot contra Colombia

    23. Operación Jaque

    24. Guerra Sicológica, victoria de la mente sobre la espada

    25. Operación Sodoma, muerte del mono Jojoy

    26. Operación Odiseo, muerte de Alfonso Cano

    27. Fallo Salomónico o Piratería Jurídica

    28. Primavera Árabe

    29. Estado Islámico: Isis

    30. Superación Personal I

    31. Superación Personal II

    32. Superación Personal III

    33. Genios de la Estrategia Milita III

    34. Genios de la Estrategia Militar IV

    APRESENTAÇÃO

    Farc—Terrorismo na América do Sul versa sobre a origem, o desenvolvimento e a atuação da guerrilha colombiana conduzida pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

    Seu autor, o Coronel do Exército colombiano Luis Alberto Villamarín Pulido, assina também as obras Ganar la guerra para conquistar la paz, El ELN por dentro, El Cartel de las Farc e, mais recentemente, Complot contra Colombia, Operación Jaque, Guerra Sicológica Victoria de la Mente Sobre la Espada y Operación Sodoma.

    Complot contra Colombia é revelador das estreitas ligações entre o movimiento colombiano e o Foro de São Paulo, expostas de forma contundente no disco do computador do chefe guerrilheiro Raúl Reyes, morto na incursão do Exército da Colômbia ao acampamento das Farc situado em território equatoriano.

    O livro estuda em profundidade a organização terrorista Farc: suas origens, evolução, ligações com o narcotráfico e, acima de tudo, o verdadeiro relacionamento que a liga umbilicalmente ao Partido Comunista Colombiano.

    Apoiado em farta evidência documental, testemunha de apreciável esforço de pesquisa, revela também a história, o perfil psicológico de seus chefes, os objetivos, a hierarquia e os métodos das Farc.

    Fundamentalmente, ele desmistifica a ideia de que o comunismo nada tem a ver com as Farc, engano no qual incorrem úteis idiotas e outras mais ou menos inocentes personalidades da vida política, do Poder Judiciário, da mídia, do clero, da comunidade acadêmica e de sindicatos, colombianos e não colombianos.

    O relato expõe ao leitor as motivações ideológicas da guerrilha, moldada segundo os rígidos princípios marxistas-leninistas, bem como as técnicas de luta armada utilizadas e a interdependência entre aspectos políticos e militares na atuação da organização. Ao final, a descrição de algumas ações executadas pelas Farc evidencia a responsabilidade dos guerrilheiros em episódios que resultaram na morte e no sofrimento de inúmeros inocentes colombianos.

    O retrato que emerge está em total desacordo com a imagem romantizada da luta armada elaborada por certos intelectuais, políticos e académicos brasileiros, que teimam em negar o caráter terrorista da organização e insistem em apresentá-la como recurso legítimo de massas oprimidas e sequiosas de justiça. O culto da violência, o absoluto desprezo pela vida humana e o gradual domínio da guerrilha pelo Partido Comunista e, posteriormente, pelo narcotráfico transparecem ao final da leitura.

    Pela riqueza da documentação e pelo grande conhecimento demonstrado pelo autor, constitui preciosa fonte de consulta para todos aqueles que se interessam pela evolução dos acontecimentos em país fronteiriço e se preocupam com o eventual surgimento — ou evolução — em nosso territorio de movimentos originados e nutridos na mesma ideologia.

    Ao final da leitura, incômoda e inevitável comparação com certos aspectos da realidade brasileira comprova e reforça a necessidade de se estudar, acompanhar e aprender, com a dramática situação colombiana, lições que poderão poupar nosso país de tão grave e complexo drama.

    Faz bem, portanto, a Biblioteca do Exército Editora em oferecer a seu público obra merecedora de figurar na estante de todos os interessados em tema tão atual e de tanta relevância para o subcontinente sul-americano e, por que não dizer, para o nosso país.

    Boa leitura!

    Rio de Janeiro, RJ, 4 de novembro de 2009

    Ulisses Lisboa Perazzo Lannes

    General de Divisão e Membro do Conselho Editorial da Bibliex

    Nota do autor

    A história escrita sobre a violência fratricida que consome a Colômbia está sendo desfigurada por narradores insensatos, que, de uma forma ou de outra, favorecem os interesses dos bandoleiros porque relatam com visão distorcida os acontecimentos característicos da complexa situação de desordem pública vivida pelos colombianos do século XX desde o final da década de 1940.

    Realidade tão evidente impõe o dever de preparar e escrever para as futuras gerações colombianas muitos documentos testemunhais avaliados dentro do rigor da pesquisa científica que relatem, sem paixões políticas nem manipulação de propaganda, a essência da ação terrorista do cartel das Farc, assim como a verdadeira fonte ideológica, da qual derivam seus integrantes, o credo político, com o qual pretende justificar a obscuridade de suas ações.

    Dedico este livro a todos os integrantes das unidades de contraguerrilha do Exército Nacional (EN) que diariamente oferecem grandes cotas de sangue, suor e lágrimas, como disse o estadista e estrategista inglês Winston Churchill, para defender uma sociedade que é injusta, no reconhecimento que ditos heróis merecem.

    CONCLUSÃO COMPROMETEDORA

    E por fim a diferença das demais concentrações proletárias, camponesas ou profissionais, somos, em conjunto, todos os integrantes das Farc; somos décimos do PC.

    As Farc, cujos integrantes, absolutamente todos, são militantes comunistas, têm a obrigação de criar células do PC na periferia das guerrilhas, nas organizações de massas, nos sindicatos, nas ligas camponesas, nas autodefesas, nas uniões de luta, nas juntas comunitárias, nos comités em prol da construção de estradas, em prol da construção de bondinhos, em prol da criação de postos de saúde comunitária; enfim, nos comitês que defendem todas e cada uma das reivindicações específicas, de acordo com a localização social e econômica do campo.

    Conclusões da reunião do Secretariado das Farc com as ajudâncias, novembro de 1979, em Uribe (Meta)

    PRÓLOGO

    Sempre temos dito que a Colômbia vive há mais de 30 anos uma guerrairregular; guerra que o país resolveu considerar benigna e, ilusoriamente, como um simples problema de ordem pública.

    É a mesma atitude suicida deum doente de câncer que, para sua própria tranquilidade e para evitar operações cirúrgicas e tratamentos drásticos, resolve considerar como simplesdistúrbios intestinais um mal a ponto de fazer metástases.

    Para esse engano coletivo, contribuímos todos, de uma forma ou deoutra. Contribuem em primeiro lugar aqueles políticos que, tomando seusanseios por realidade, confiam no milagre do diálogo, sem ver que toda a negociaçãopossível exige um interlocutor válido para o qual seja melhor negócio a paz, e não a guerra. Contribuem magistrados, juízes e fiscais.

    Suas interpretações da Lei ou da Constituição movem-se nos terrenos da mais cega abstraçãojurídica; assimilam em uns casos ao delito da rebeldia os crimes mais atrozes, em outros, os deixam na mais absoluta impunidade por intimidação, porvenalidade ou por afinidade ideológica com os rebeldes armados.

    Com talengano, contribuem também os meios de comunicação que atuam às vezescomo simples espectadores de uma luta, sem levar em consideração a parcelade responsabilidade que têm nessa guerra como defensores da ordem legal e deum sistema democrático gravemente ameaçado.

    Contribuem, finalmente, sindicalistas, catedráticos, teólogos da liberdade e todos quantos foram catequizadospor uma ideologia que admite a luta de classes como elemento essencialdo desenvolvimento histórico e da suposta liberação dos oprimidos por intermédio de uma opção violenta. E frente a todos esses fatores coligados, nãohá, às vezes, senão indiferença e passividade de uma nação cega ante o perigo.

    Sim. A sociedade civil não chegou a ver as dimensões dessa guerra irregular. Não é, como se chegou a dizer equivocadamente, uma guerra civil. Ela não divide a nação, simplesmente a horroriza com atos que aparecem a cada manhã nas primeiras páginas dos jornais e a cada noite nas telas da televisão.

    Essa guerra irregular, a qual não vemos, que não temos desejado ver, está a cargo de uma minoria bem organizada, colocando a serviço de sua ideologia (marxista-leninista) uma mistura de métodos próprios da guerra de guerrilha, do terrorismo e do banditismo comum, como são os assassinatos, os atentados e os sequestros.

    A estratégia da subversão desenvolve-se em três planos: militar, político e econômico; e sua progressão constante devese a um simples fato; simples e grave: o Estado não tem nenhuma.

    Há políticas de Governo que se reduzem a pouca coisa: esperar uma opção favorável para a negociação política. Entretanto, nunca se conseguiu articular uma ação concertada dos três poderes públicos, como ocorreu na Venezuela na década de 1960, para enfrentar, vitoriosamente, a subversão.

    A estratégia militar dos rebeldes em armas, inspirada na dos vietcongues, seguiu as pautas já conhecidas da guerra irregular: mobilidade e iniciativa, sem se apresentar nunca em combate aberto, apoiando-se em emboscadas, em atentados e em incursões e assaltos a municípios desprotegidos.

    Suas ações tendem a imobilizar, em funções de vigilância e prevenção, boa parte dos efetivos das forças regulares. A estratégia econômica que, segundo cálculos, produz valores superiores a um bilhão de pesos diários combina a vacuna, o boleteo e o negócio sinistro dos sequestros com a mais rentável de suas operações: a estreita aliança com os narcotraficantes, o que permitiu definir a subversão armada como narcoguerrilha ou um terceiro cartel na droga.

    De todas essas estratégias, a mais eficaz, provavelmente, é a que desenvolve a subversão no plano político. Seu objetivo essencial é a de debilitar e depreciar o poder defensivo do Estado, deixando as Forças Armadas sem recursos legais operacionais e utilizando os organismos públicos fiscalizadores (Procuradoria e Defensoria do Povo) para hostilizar e processar seus oficiais.

    Nesse campo, graças a uma ação sutil em que intervêm como seus colaboradores os chamados por Lênin idiotas úteis, a subversão tem alcançado limitar o foro e a justiça penal militar e privar a inteligência militar dos meios legais tão essenciais na luta subversiva como a possibilidade de cumprir funções de Polícia Judicial.

    Jamais se travou, por parte das Forças Armadas de um país, uma guerra em condições tão desvantajosas. A tudo isso devemos somar a infiltração de simpatizantes e de colaboradores da subversão no Poder Judicial, na Procuradoria, na Defensoria do Povo e em outros órgãos do Estado, bem como no estamento sindical, nos centros universitários e em organizações de Direitos Humanos, convertidos em instrumentos muito eficazes na chamada guerra jurídica contra os comandos militares.

    Por último, como corolário dessa ação múltipla e muito bem articulada, desenvolve-se no país sob o falso emblema de poder popular a tomada por parte da subversão das administrações municipais, mediante a intimidação e graças à negligência do próprio Estado.

    Em cerca de 600 municípios, esse poder permitiu colocar sua gente em cargos públicos, obter contratos, reter porcentagens de soldos e, inclusive, impor condições a quem quisesse fazer ali campanha política. Dessa maneira, a subversão consegue também projetar uma influência no próprio órgão legislativo.

    Trata-se de uma tomada progressiva do poder. Nem mais nem menos. De acordo com um panorama como o que aqui se descreve sumariamente, o livro Farc —Terrorrismo na América do Sul, do Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido, tem uma considerável importância documental.

    Não somente reconstrói as origens e a história dos movimentos subversivos, como contribui também com muitas luzes para conhecer seu perfil ideológico, seus objetivos, suas hierarquias e seus métodos. Numerosos testemunhos encontram-se nas páginas deste livro, revelando-nos até que ponto o autoritarismo e a violência impõem-se no interior da guerrilha.

    Nada do que nestas páginas descobre-se corresponde à imagem alienada que muitos intelectuais e acadêmicos, seguramente de boa-fé, têm da luta armada, considerando- a uma expressão de rebeldia ou legítima insurgência.

    O que advertimos, pelo contrário, é às vezes horripilante, pois em todas as ações dos chamados comandantes da subversão manifestam-se o desprezo absoluto pela vida, pelos direitos humanos e um culto pela violência profundamente interiorizada.

    A alternativa que Sarmiento planejava para nosso destino latino-americano, a de civilização ou barbárie, ou seja, a alternativa entre o império da lei e o império da força e do despotismo, cobra em nosso meio e graças às revelações desta obra toda sua terrível vigência.

    Farc —Terrorrismo na América do Sul mostra-nos também a outra face dessa luta interminável e tão desconhecida, apesar de tudo, por muitos colombianos: o sacrifício injustamente ignorado de tantos membros, soldados e oficiais das Forças Armadas, mortos no cumprimento de seu dever, sem falar das centenas ou milhares de camponeses sacrificados por aqueles que supostamente se propõem libertá-los.

    Oxalá o grande trabalho documental que representa esta obra consiga tocar a sensibilidade de uma opinião pública que, por desconhecimento e indiferença, tem permanecido alheia de uma maneira suicida a um conflito que compromete seu próprio destino.

    Plinio Apuleyo Mendoza

    CAPÍTULO I

    ORIGENS E EVOLUÇÃO DAS FARC

    Da guerrilha liberal à guerrilha comunista

    Como se infere da transcrição da página anterior, na qual se reproduz parte do acordo que chegaram os chefes do secretariado das Farc durante a reunião efetuada com as ayudantías{1} de cada um dos bandos integrantes, em 1979, do grupamento terrorista, a existência do grupo armado é interdependente e recíproca, com a atuação desonesta da coletividade política legal{2}.

    Esta, escudada nas bondades do sistema político colombiano, apadrinha a ação delituosa do cartel das Farc e, ao mesmo tempo, defende com veemência a principal tese marxista-leninista da combinação de todas as formas de luta.

    O pressuposto dessa composição inclui de maneira oculta a violencia terrorista, com cinismo denominada luta armada. Nela, intencionalmente, os integrantes do braço político do cartel das Farc desconhecem sua responsabilidade intelectual diante da opinião pública.

    Baseados nessa moral hipócrita, impulsionam a ação revolucionária integral conforme a concepção ideológica extremista, em nome da revolução socialista armada, a qual, ainda que caduca em outras latitudes, continua vigente na Colômbia para alguns setores do atual cartel das Farc e seus ideólogos.

    A violência como enfermidade social endêmica coexiste com o curso da história colombiana. Desafortunadamente, durante quase 150 anos de vida republicana, facções liberais e conservadoras, mergulhadas no fanatismo irracional, protagonizaram episódios sangrentos, em essência fatores constitutivos de uma latente guerra civil.

    Essa grave perturbação da ordem pública alcançou o clímax da cegueira fratricida, com aspectos e perfis desumanizados, na infausta e célebre época da violência ocorrida na Colômbia desde o final da década de 1940 até boa parte da década de 1960.

    Tal situação teve como origen o nunca esclarecido assassinato do caudilho liberal Jorge Eliécer Gaitán, cometido em 9 de abril de 1948, no centro da capital da República. Os ódios políticos, materializados em dantescos atos de barbárie, reviveram nos campos e aldeias do país anos lutuosos da violência, atrocidades similares e piores do que aquelas sucedidas nas guerras civis anteriores, aparentemente superadas.

    Contudo, depois de vários anos de enfrentamentos estéreis entre colombianos, as guerrilhas liberais que atuavam nas Planícies Orientais, provavelmente as mais ativas nos aspectos político e militar ao longo da história de conflitos armados internos na Colômbia, depuseram as armas em um primeiro assomo de boa vontade dos dirigentes políticos. Tudo isso com a intenção de construir a paz de espírito e de pensamentos necessários na Colômbia.

    Entretanto, a instabilidade política persistente no país, produto até hoje da incapacidade de os governantes exercerem a autoridade e imporem com firmeza o império da Constituição e das leis, desembocou nas mortes violentas dos chefes das guerrilhas desmobilizadas e na consequente captação oportuna que fez o PC de um importante potencial de guerrilheiros liberais para as quadrilhas que hoje integram o cartel das Farc em uns casos, e o surgimento de quadrilhas, formadas por bandidos como Chispas, Sangrenegra, Desquite, Tarzán etc., em outros casos.

    Ao referir-se à morte violenta do ex-guerrilheiro liberal Guadalupe Salcedo, o jurista Eduardo Umaña Luna afirmou que essas mortes podem ter influído substancialmente na variação de antigos movimentos de motivação política até expressões de simples banditismo em algumas zonas.

    Tal situação viveu-se na Colômbia desde 1948 até a primeira parte da década de 1960 e que, de maneira cíclica, repete-se na atualidade, com a bandoleirização aberta das Farc, totalmente envolvidas no mundo do narcotráfico.

    Hoje, são consideradas o terceiro cartel das drogas que agem no país, a par das atrocidades e de atos de barbárie cometidos especialmente contra seus adversarios políticos, bem como na organização de grupos de justiça privada, os quais, diante de ineficiência do Estado, substituem-no de fato e aplicam a pena de morte a todos aqueles que não estão de acordo com eles {3}.

    Patricia Lara, escritora e jornalista colombiana, descreve nestes termos o fenômeno em que algumas guerrilhas se bandoleirizaram e outras foram cooptadas pelo PC, visando impulsionar a guerra revolucionária que busca a tomada do poder para o proletariado no território colombiano: Por outro lado, faz tempo que o PC desenvolvia dispendioso trabalho político nocampo.

    A carta que o guerrilheiro Chispas, tristemente célebre por sua crueldade anticomunista, enviou à miss Olga Lucia Botero {4} mostra claramente a mudança produzida nas motivações de sua luta.

    Dizia Chispas: Nossa luta será sucessivamente dos pobres contra os milionários, dos oprimidos contra os opressores. Viva a revolução social...

    Mais adiante, anota Patricia Lara:

    Durante o Governo conservador de Guillermo León Valencia, a guerrilha reorganizou-se e teve outro rumo. Depois dos combates entre guerrilheiros liberais e comunistas, os quais no começo dos anos 1950 haviam operado em conjunto, em El Davis, no Departamento de Tolima, para se contraporem à violência oficial conservadora e depois da aceitação da anistia de Rojas pelos guerrilheiros liberais, os comunistas optaram por transformar a luta armada em luta de massa

    Transferiram-se então para outras regiões — Marquetalia, no Sul de Tolima; El Pato, na zona limítrofe entre Huila e Caquetá; Guayabero, no limite de Caquetá e Guaviare, e Riochiquito, no Cauca, próximo do limite com Huila

    Os comunistas adotaram com os habitantes dessas zonas formas de organização política e social, desenvolveram um movimento agrário forte e criaram um sistema de autodefesa que afetou os interesses dos latifundiários

    O dirigente conservador Alvaro Gómez deu a essas regiões o nome de repúblicas independentes. Preocupado com o rumo socialista tomado pela Revolução Cubana e com o exemplo que dela pudesse advir para as populações das repúblicas independentes, o governo de Valencia iniciou uma campanha para terminá-las

    Com o apoio do Plano Laso (Latin American Security Operation){5}, pôs fim à república independente de Marquetalia e transformou as autodefesas campesinas em guerrilhas. Uma vez transformadas em autodefesas as guerrilhas, celebrou-se em Riochiquito, em 1965, a Primeira Conferência do Bloco Sul, que unificou os diferentes destacamentos guerrilheiros dessas zonas e estabeleceu as bases para a criação, no ano seguinte, das Farc, de orientação comunista

    Essa afirmação é de alto valor histórico, principalmente pelo fato de que Oliveiro Lara, pai da autora, foi sequestrado e assassinado por Tirofijo {6}, desde essa época o principal chefe dos bandos comunistas armados.

    Segundo Eduardo Pizzarro Leongómez, ávido e profundo estudioso do fenômeno da violência subversiva comunista, a origem das Farc define-se assim:

    Na América subdesenvolvida, com predomínio rural, não se pode propagar de maneira duradoura a ideologia revolucionária entre as massas, e sim a partir do foco insurrecional. A luta armada revolucionária só é possível no campo. Na cidade, ela se degrada

    A única exceção foram as Farc em razão de suas antigas raízes sociais, tanto nas regiões tradicionais de influência comunista como nas zonas de predomínio próprio do movimento armado, antes de tudo em áreas de colonização

    O fracasso político das guerrilhas comunistas rurais é contemporáneo com seu desenvolvimento e com o surgimento da tendência publicitária de levar o conflito às cidades estabelecidas com rapidez impressionante pelo M-19 que, com suas ações espetaculares seguidas de desmobilização, apontou o caminho a seguir, cedo ou tarde, pelos demais grupamentos bandoleiros:

    A guerrilha não conseguiu constituir-se em uma alternativa de poder real e, dessa maneira, terminou sendo um componente a mais da paisagem política, um fenómeno crônico. O movimento guerrilheiro que surgiu na Colômbia posteriormentem à Revolução Cubana nasceu em um contexto sociopolítico e institucional que não favorecia suas possibilidades de transitar até o êxito revolucionário

    A visão analítica e correta de Pizarro descreve em termos sintéticos algumas das razões pelas quais as guerrilhas comunistas das Farc degeneraram- se para o sórdido mundo do narcotráfico:

    Os fenômenos de erosão, próprios do conflito armado prolongado, não só afetaram o regime político como o tecido do conjunto social, incluindo a própria guerrilha, que vive hoje tendências degenerativas.

    Em outra análise, o mesmo pesquisador conclui:

    A guerrilha nasceu nos anos 1960 em um relativo deserto social, em um vazio quase total de organizações sociais providas de identidade própria. Nem a classe trabalhadora nem o campesinato tinham capacidade de desempenhar um papel, quer na luta social, quer na luta política

    Sem dúvida, o nascimento da guerrilha em um contexto de vazio social, facilitaria essa autorrepresentação mística dos grupos insurgentes que se consideravam como porta-vozes das classes ou de grupos sociais subordinados

    O primeiro exemplo da clara transição de um guerrilheiro liberal para o de orientação comunista apresenta-se na arenga que o conhecido marginal Pedro Brincos lançou, em julho de 1963, para incitar as massas camponesas a organizarem-se na luta armada, visando derrotar o sistema existente:

    Os camponeses e todo o nosso povo deve entender que as vias pacíficas para conseguir a tomada do poder político não deixam de ser ilusões. Os ricos estão solidamente unidos na Frente Nacional (...) os camponeses sentem que sua jornada de trabalho só lhes é suficiente para sobreviverem junto com sua familia (...). Por essa circunstância, os camponeses devem organizar-se em seu lugar de trabalho ou em sua propriedade rural, com a colaboração da guerrilha revolucionária. Nossa ordem é eleições não! Insurreição armada sim! (...) As guerrilhas revolucionárias são imbatíveis porque se apoiam em todo o povo e representam sua aspiração de acabar para sempre com esse sistema de exploração e de fome

    Provavelmente, o comunicado não foi regido pessoalmente por Pedro Brincos, tudo indicando que por detrás dele já estavam os comissários do PC, preparando o discurso da combinação de formas de luta e da necessidade de realizar na Colômbia a reforma agrária de fato, a partir da insurreição armada camponesa.

    Esse fato assinala com clareza meridiana que no ámbito nacional as guerrilhas modificariam até a dependência política dos camaradas e que a solução da Frente Nacional cessaria os enfrentamentos armados entre liberais e conservadores.

    O decorrer dos acontecimentos provocou, como se analisará mais adiante, o paulatino distanciamento do Movimento Revolucionário Liberal (MRL) e do PC, o surgimento de terceiras forças de convergência nacional, como foram a Aliança Nacional Popular (Anapo), a falida campanha presidencial do Movimento Democrático Nacional, presidido pelo General Alberto Ruiz Novoa, por falta de coesão e respaldo à sua candidatura por parte da classe dirigente dos partidos tradicionais, bem como os fugazes aparecimento e desaparecimento do Padre Camilo Torres na arena política.

    É evidente que, diante da fracassada intenção do PC em consolidar as guerrilhas do Sul de Tolima, depois dos enfrentamentos armados entre as guerrilhas liberais e as comunistas, os comissários políticos das estruturas armadas rurais reestruturaram em começos da década de 1950 o modus operandi, decidindo criar novas zonas de guerra. Lister, Richard, Gratiniano e a maioria dos chefes da falida unidade guerrilheira do Cânion de El Davis transferiram suas minguadas quadrilhas, com o objetivo de construir a revolução socialista nos municípios do Leste de Tolima.

    Outro grupo de bandoleiros, chefiado por Martín Camargo, promoveu um êxodo camponês até El Pato e Guayabero. Desses deslocamentos, proveem muito dos atuais cultivadores e raspadores de folhas de coca os quais atualmente habitam em Guaviare e em Caquetá. No fundo, são filhos da violência; portanto, violentos por natureza.

    A campanha para desencadear a guerra entre as guerrilhas liberais, conhecidas por los limpios, e as guerrilhas comunistas, denominadas comunes, foi iniciada pela família Loayza (parentes de Tirofijo) quando articulavam entre a população civil a ideia de ser necessário acabar com o comunismo para o bem do partido liberal. Tirofijo assim descreve o fenômeno:

    Vê-se claro, pois, uma mudança na política. Vivíamos os primeiros dias de 1952. Ela introduziu modificações substanciais no rumo das contradições internas. Um chefe liberal com a alcunha de Pasillo entregou-se com 50 homens

    "Os liberais chamavam-se limpios, significando que não estavam impregnados de ideologia goda {7}, tampouco da bolchevique. As ações contra o Exército foram limitadas porque a situação interna era muito grave. Começava a guerra interna.

    Com alguns reforços, os comunistas lançaram-se à ofensiva, causando nos liberais várias baixas. Contudo, estes prosseguiram com maior ânimo já que seu objetivo era El Davis. Em um desses combates, tombou o tenente Canario.

    Os encontros armados realizavam-se com muita frequência nos caminhos principais, nos lugares de abastecimento, nos refeitórios. Nossos comandos eran rapidamente remoçados e prontos para voltar à carga.

    Assim nasceram as Farc

    A situação complicou-se para as guerrilhas comunistas que enfrentavam dois inimigos ao mesmo tempo: as guerrilhas liberais e o EN. Assim, a descreve Marulanda:

    "De Campo Hermoso a Saldaña houveram (sic) 25 combates. Em quatro destes, causamos 30 baixas ao Exército. Naquela ocasião, chegou a notícia de que as guerrilhas de El Sucre, sob o comando de Arboleda e Jesús María Oviedo (Mariachi), membro do partido [comunista], haviam-se sublevado contra a direção comunista e falava-se que buscavam soluções com os liberais.

    Os erros de nossa comissão{8} estavam sendo aproveitados tecnicamente. A campanha orientava-se contra o núcleo dirigente do PC. Finalmente, foram organizados quatro comandos: um de Ciro Trujillo; outro de Jacobo Prías Alape; o terceiro de Lanero e outro de Lister. A direção política não se pronunciou a respeito. Provavelmente, porque nesse momento não se falava da reunião da maioria de seus integrantes. Dessa data em diante, caíram aproximadamente 300 guerrilheiros nas garras [sic] do Exército

    Assim, terminou o grande movimento guerrilheiro do Sul de Tolima; no entanto, os guerrilheiros do Sul de Tolima não deixamos apagar a chama da resistência e até chegamos a nos organizar novamente e aqui estamos prontos para a luta

    Assim nasceram as Farc. Existe copiosa literatura de tendência esquerdista explicando, com viés de óbvia conveniência, o processo de crescimento das incorretamente denominadas autodefesas revolucionárias camponesas em áreas de influência do PC e sua evolução em guerrilhas, justificando a existência de quadrilhas como a resposta popular contra operações militares em Marquetalia.

    Não é considerado que, caso as operações não houvessem sido realizadas, preexistia de todas as maneiras um projeto marxista-leninista em nível mundial.

    Este, idealizado para organizar movimentos armados politizados, à margem da lei, com missão final de tomar de assalto o poder político, para universalizar o que os discípulos de Marx e Engels denominavam a ditadura do proletariado, começando pelo chamado Terceiro Mundo.

    Uma das razões para não se haver escrito objetivamente essa etapa da história colombiana provavelmente resida no fato de que o EN, embora ator principal de todos os feitos, não tenha sido chamado para, individual ou coletivamente, como instituição militar, relatá-los e/ou analisá-los com a imparcialidade que merecem.

    É oportuno lembrar que naquele momento crítico repassaram ao EN de modo amplo aportes tangíveis para mitigar necessidades sentidas pelas comunidades abandonadas da obrigatória, porém ineficaz, ação estatal do Governo central.

    Desafortunadamente, os relatores, em sua maioria, são estudiosos teóricos afastados da realidade militar ou simpatizantes ideológicos e políticos da subversão, os quais têm elaborado diversos documentos que, por força de repetição e ante a ausência de outros textos para os contestarem, converteramse em verdade revelada{9}.

    Visando complementar o exposto e compreender nítidamente os acontecimentos, paralelamente à elaboração maldosa que têm as narrações atinentes a ele, tome-se como referência apontamentos inseridos no manuscrito Historia de las Farc, em que Jacobo Arenas assinalou a inegável cumplicidade e casamento do grupamento político com seu braço armado:

    A experiencia assim demonstra. Sob direção do partido [comunista], resolveramse problemas como a passagem da autodefesa para o movimento guerrilheiro.

    O cenário político dos anos 1960

    A década de 1960 foi pródiga no florescimento da renovação intelectual da juventude na Colômbia. Esta inspirava sua visão ativa e renovadora em triunfos internacionais — Guerra do Vietnã e popularidade da Revolução Cubana —, além de sucessos tangíveis internos — inusitado crescimento das hostes da Juventude Comunista (Juco) no país, fortalecimento político das agremiações sindicais, principalmente as de esquerda — e outros acontecimentos de caráter político e social.

    Estes incrementaram a participação de estudantes de educação secundária e superior nas decisões que assinalavam a vida política do país.

    O então dirigente liberal Alfonso López Michelsen, ansioso em ganar espaço político pessoal, explorou a conjuntura dos acordos entre liberais e conservadores da Frente Nacional. Mediante calculado ato de audacia política, fundou o MRL, no qual deu guarida a liberais esquerdistas, a independentes e ao PC.

    Este, por razões óbvias, viu com bons olhos uma oportunidade de ouro para avançar em seu projeto estratégico de longo prazo, o qual, conforme teses leninistas, também incluía exploração de alianças com outros grupos políticos.

    A crescente violência própria do bandoleirismo político dos anos 1960 foi definida por Gonzalo Sánchez e Donny Meertens em sua obra Bandoleros gamonales y campesinos, como se segue:

    (...) o espaço político deixado pelos caciques vinculados à Frente Nacional foi rapidamente coberto pelos chefes regionais do MRL. Em um tempo muito curto, este sofreu um processo de abrandamento, de perda de impulso revolucionário, que aparentou ter no início, e começou a conciliar-se e, finalmente, a reintegrar-se com a Frente Nacional

    Quem não perdeu o impulso revolucionário foram os comunistas que, com essa aliança, conseguiram posicionar Juan de la Cruz Varela no Congresso da República e apadrinhar a criação do atual cartel das Farc, a partir do Programa de Reforma Agrária Revolucionária.

    Dessa forma, iniciaram-se os processos políticos paralelos: de uma parte, a participação da juventude colombiana na política nacional, regional e local; de outra, o processo de crescimento das guerrilhas comunistas.

    Estas, em razão do romantismo ideológico do exemplo de Che Guevara, emergiam diante dos olhos de muitos jovens de diferentes ocupações os quais não se aprofundavam nos alcances da rebelião comunista armada como alternativa para um país que, ao longo de sua existência, tem-se ensanguentado, produto dos conflitos armados de caráter civil.

    A partir dessa conjuntura, a Colômbia evoluiu no aspecto que se define como um país em processo de transição política e econômica, a par com o latente fenômeno da violência fratricida.

    Infelizmente, o auge intelectual, somado à crença egocêntrica de alguns jovens daquela época, os quais encontrariam a solução dos problemas económicos do país mediante a revolução política armada, induziu vários deles a engrossarem as guerrilhas depois de militarem na Juco e, inclusive, depois de se especializarem na Universidade Patrício Lumumba, de Moscou, na condução das massas ou como ideólogos marxistas-leninistas das bases, dos rádios e das zonas do PC {10}. Tudo isso, naturalmente, com a anuência dos chefes desse partido no nível nacional, dispostos a obter o poder por meio da combinação de todas as formas de luta.

    Contudo, o critério das estruturas políticas do aparato subversivo, encravadas nas cidades, visando manter em pé de guerra grupos de bandoleiros

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