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O Lobo em Mim Vem de Fora
O Lobo em Mim Vem de Fora
O Lobo em Mim Vem de Fora
E-book71 páginas50 minutos

O Lobo em Mim Vem de Fora

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Sobre este e-book

O Lobo em Mim Vem de Fora é uma narrativa ficcional em primeira pessoa; conto eminentemente psicológico. A Jandaíra universitária, devido a uma pequena anomalia neurológica, desenvolvera a inusitada capacidade de manter vivas as memórias de quando recém-nascida. Tais lembranças se lhe acendem nítidas, fazendo com que venham à tona experiências suas desde o útero e, mais que tudo, acendendo-lhe cargas de muita mágoa e revolta do mundo adulto; tornando-a um ser humano muito excêntrico e muito melindroso; apesar de essencialmente humanista.
Por dispor das muitas imagens e traçados de quase toda a sua experiência desde antes do nascimento, a personagem (e narradora) acaba por transformar O Lobo em Mim Vem de Fora em uma grande lição de delicadeza, reflexão e psicologia contra a insensibilidade da cultura ocidental sobre tantos aspectos, como o universo infantil, o meio ambiente  e tantos outros.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento11 de mai. de 2017
ISBN9781540181077
O Lobo em Mim Vem de Fora

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    O Lobo em Mim Vem de Fora - JOSÉ VALTENO DOS SANTOS

    *Para mudar o mundo, há que se mudar as pessoas. Para se converterem as pessoas, urge que se mudem as crianças. Somente se faz possível mudar as crianças mudando-se a mentalidade dos adultos.

    A Nise da Silveira,

    O grandioso nome da psiquiatria brasileira moderna.

    SOBRE O AUTOR

    ––––––––

    Sergipano de Laranjeiras / Sergipe. Concluiu o curso de Letras na Universidade Federal de Sergipe, e bacharelado em Direito na Universidade Federal de Alagoas. Atuou por muitos anos como professor de Literatura Brasileira, e é servidor público.

    Tem sua temática visão singela e ao mesmo tempo homônima, plural. Retrata, por necessidade, os ´sim´ e os ´não´, o fim e o aparentemente infindo; o ser humano e os seus mistérios.

    O LOBO EM MIM

    VEM DE FORA

    - Conto Psicológico –

    ––––––––

    ( Ficção )

    JOSÉ VALTENO DOS SANTOS

    O meu nome é uma das coisas de que muito gosto – Jandaíra. Essa coisa indígena me desperta muito fascínio. Apesar de somente há bem pouco tempo eu ter me interessado por saber o seu significado. 

    Quase infinitas eram as suas inconciliáveis divergências, porém nisso de valorizar a cultura e a identidade nacional a minha mãe e meu pai sempre estiveram concordes. Eu muito os imaginei com suas cabeças cheias de José de Alencar.

    Desde cedo, antes de me batizarem com aquela água horrível (não sei como é que há gente que ainda acha graça naquela iniciação à tortura), eu inicialmente estranhei os sons fortes que me vinham: Jan-da-í-ra. Somente bem depois, no fim do curso fundamental, aprendi que não era uma denominação latina ou indo-europeia, mas indígena – tupi-guarani. Porém isso já quando a sonoridade do meu nome me chegava agradável e poética aos ouvidos.

    Por falar em iniciação à tortura, o homem lá do templo que me jogava água no dia em que me batizaram tratava-me como se eu fosse um bolo de carne, pegou-me como se uma pedra fosse. Fora ali a minha primeira grande irritação com sede de reação. Juro que naquele dia, tivesse eu alguma destreza, teria fulminado aquele senhor, junto com muitos dos espectadores tão sorridentes. Logo, pus-me a pensar: meus pais desistiram de mim, arrependeram-se de eu ter nascido e devem ter me entregado a essa gente para me abater. Claro que eu não sabia falar ´abater´ ou ´assassinar´, mas pensar eu já muito sabia. E eles, os adultos em tudo parecem demonstrar que criança não pensa, não sabe, não vê e não sente. Em suma, para eles criança não é gente, recém-nascido é coisa. Ufa!

    Uma coisa, está aí, que considero absurda e desoladora para as crianças e futuros frustrados; sempre achei isso: os pais põem os nomes que querem nos filhos; depois se mandam, deixando-nos por cá, muitas vezes, com nomes indesejados. Isso não está nada correto! As crianças são, inegavelmente, os depósitos de seus recalques e frustrações.

    Eu escutei algumas vezes (da escolha) do meu nome. Em um certo tempo, eu já prestes a nascer, era somente do que se falava lá em casa. Mas eram muitos, a lista era grande. Ali, não gostei de nenhuma das opções. Eu queria mesmo me chamar ´lírio´. Esse foi o nome que ouvi na maternidade ao nascer, quando um casal de vizinhos foi nos visitar e levou um maravilhoso buquê.

    - Olhe, aqui, bebê linda, o lírio que a titia Francine trouxe para você.

    Lírio - que palavra; que sonoridade! E a fragrância? Nunca mais me esqueceram aquelas flores alvas e apaixonantes.

    ––––––––

    Eu estava com seis meses incompletos – cada vez que me lembro é como se estivesse acontecendo de novo - e me sucedeu uma das coisas mais terríveis. Não propriamente a coisa em si; mas as suas consequências, e também por ter sido a primeira vez que me acontecia aquilo. Ela brincava e eu sorria, para lá e para cá, nos corredores da casa.

    Havia um corredor enorme, de uns tantos metros, entre a sala que dava acesso para o quarto onde estava meu pai e um razoável ambiente desenhado em ´L´ que, seguindo à esquerda, ia dar na cozinha.

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