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O Dragão de Ônix - Lendas dos Dragões Metamorfósicos Livro 2
O Dragão de Ônix - Lendas dos Dragões Metamorfósicos Livro 2
O Dragão de Ônix - Lendas dos Dragões Metamorfósicos Livro 2
E-book606 páginas8 horas

O Dragão de Ônix - Lendas dos Dragões Metamorfósicos Livro 2

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Sobre este e-book

A batalha está vencida, mas a guerra apenas começou. O mal espreita a Ilha-Mundo assim que o Marechal de Herimor e suas hordas Draco-homicidas colocam nação após nação sob a espada. O assombrador grito do Nurguz invoca toda a Dracorraça para o seu fim. Ninguém pode resistir.

Mas Marechal Re'akka e seus oniconquistadores Assassinos Dragões não são o único problema no horizonte. Pois há uma nova Dragoa descobrindo suas asas, e ela não vai parar em nada para proteger seus amados. Ela é Pip o Dragão Pigmeu, nascida das selvas, sobrevivente de sete anos num zoológico. Ela sonhou em ser Humana. Ela é mais, muito mais.

Agora, asas Dracônicas escurecem o amanhecer. Diminutas. Atrevidas. Cheias de fogo e grande coração. Enquanto Pip e seus amigos trilham um caminho perigoso em busca dos segredos da herança dela, eles encontrarão um poder de outrora renascido no menor dos Dragões.

Uma se levantará contra o mal. Ela é Ônix, imensa de pata e feito. Ela é a risada da luz estelar, e ela nunca permitirá o mal prevalecer. Que os Dragões trovejem! Que a batalha comece!

IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de jun. de 2018
ISBN9781547532285
O Dragão de Ônix - Lendas dos Dragões Metamorfósicos Livro 2

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    O Dragão de Ônix - Lendas dos Dragões Metamorfósicos Livro 2 - Marc Secchia

    Tabela de Conteúdo

    O Dragão de Ônix

    Tabela de Conteúdo

    Mapa da Ilha-Mundo

    Capítulo 1: Encrenca Gigante

    Capítulo 2: À Guerra!

    Capítulo 3: Recém-Nascidos

    Capítulo 4: Animais por Dentro e por Fora

    Capítulo 5: Emboscada

    Capítulo 6: Velhos Lagartos, Velhos Amigos

    Capítulo 7: Refugiados

    Capítulo 8: Travessuras em Archion

    Capítulo 9: Sylakia

    Capítulo 10: Dragão Renegado

    Capítulo 11: Dracoasa

    Capítulo 12: Sobre as Ilhas

    Capítulo 13: Imagens para Confundir

    Capítulo 14: Os Caminhos dos Macacos

    Capítulo 15: No’otha

    Capítulo 16: Questões de Herança

    Capítulo 17: Volta Para Casa

    Capítulo 18: Casamento

    Capítulo 19: Agouro da Selva

    Capítulo 20: A Ordem da Ônix

    Capítulo 21: Bloqueio

    Capítulo 22: Dentro da Ilha

    Capítulo 23: Intruso

    Capítulo 24: Sombras de Impossibilidade

    Capítulo 25: Sabedoria dos Ovos

    Capítulo 26: Correndo com Dragões

    Capítulo 27: Sabedoria Arcaica

    Capítulo 28: Abaixo e Além

    Capítulo 29: Dragões a-Fermentando

    Capítulo 30: Estudiosa Abordagem

    Capítulo 31: Dragões, Ataquem!

    Capítulo 32: Grandes Lagartos Podem Voar

    Capítulo 33: Perfídia

    Capítulo 34: Desdobramento

    Sobre o Autor

    Mapa da Ilha-Mundo

    Tamanho maior disponível em www.marcsecchia.com

    Capítulo 1: Encrenca Gigante

    DRAGÕES ESCURECIAM OS céus sobre uma cidade incendiada.

    Grandes véus de oleosa fumaça negra derrapavam pela cena. Na distância, abutres e urubus se uniam para salivar sobre o banquete, mas eles não atreviam a se aproximar enquanto as legiões de Dragões Nocti-Rubros giravam acima. A cada alguns segundos, um Dragão arrebatava sobre algum sinal de vida e o exterminava com varredoras explosões de fogo Dracônico. Isso não era mais uma batalha. Era aniquilação.

    Pip gemeu em seu sono, sentindo o gosto de sangue em sua língua mordida. As visões! Por quatro noites seguidas, poderosas, lúcidas visões tinham assaltado seu horário de sono. Sem pausa ou alívio, seu ponto de vista varreu rapidamente até a última fortaleza coroando o topo de uma desconhecida montanha, um sólido bastião escuro, comandando a área da cidade devastada. Ela nunca vira esse lugar antes. Porém a clareza e a compreensão de uma visão Dracônica lhe pertencia, trazendo todo detalhe vividamente para a sua consciência. Chamas serpenteavam pelas fortificações de arenitos. Antes pitorescos pomares terraceados labaredavam como belas filas de tochas plantadas em solo enegrecido. Aqui, uma tropa de cinco soldados vestindo desconhecida armadura ligada estava congelada perpetuamente dentro de uma coluna de gelo, as rugas em seus rostos, a mão pálida de segurar suas maças, eternamente marcados em pavorosa morte. Ela viu uma mulher atirada contra as ameias, piedosamente morta antes que ela caísse duzentos pés até o chão. Corpos carbonizados se espalhavam num mercado. De muito acima, a visão de seu hospedeiro se estreitou sobre algumas dúzias de pateticamente pequenos bandos de crianças vestidas de vermelho, encontradas imóveis dentre as ruínas explodidas do que deve ter sido um prédio escolar.

    Ela chorou. Seu atormentador, o arauto de suas visões, não o fez. Pip sentiu perplexidade, o contraponto de suas emoções Humanas escoando na explosão de fornalha da loucura de batalha de um Dragão.

    Uma grande pata, de garras negras, se ergueu até seu campo de vista. Destrua a muralha daquela fortaleza! Esmaguem estes débeis rebeldes, meus Dracônicos!

    Como comandar, imenso Zardon!

    Zardon? Fracamente, dentre os emaranhados dos cobertores, a consciência penetrou. Ela estava com Zardon? Como? Ele estava vivo? Será que o juramento de Amazona Dracônica, que ela desavisadamente fez, ainda exercia poder o suficiente para conectar... Suas almas? Deve ser.

    Um monumental coro de desafios Dracônicos bramaram de trás de Zardon, o Dragão antes-Vermelho que tinha roubado Pip de um zoológico Sylakiano. Ele se virou brevemente para checar. Ar se prendeu na garganta da Pip. Perdão! Pelo menos quinhentos massivos Dragões Nocti-Rubros, de uma centena de pés de tamanho, a legião do Marechal de Draco-servos, voavam atrás do experiente Zardon enquanto eles se aproximavam da imensa fortaleza, ainda defendidos por cem ou mais Dragões Vermelhos e vários Azuis. Essa era a Academia Austral? Duas ou três milhas ao Oeste, ela viu uma Ilha flutuando sobre o vazio das Terranuvens. Dragões circulavam sobre e ao redor dela como uma corona de morte viva, cada um de um idêntico negro de fuligem em cor, portando a marca do Mestre que eles serviam inabalavelmente, graças a sua habilidade misteriosa de controlar mentes de Dragões.

    Um borrão branco captou sua visão. Um belo Dragão Branco, reluzindo em prateado-branco sob o brilho dos sóis gêmeos, despencou até a blocuda fortaleza de mais de uma milha acima, aparentemente para juntar velocidade impossível, o influxo de sua mágica drenando a própria vida dos céus enquanto ele caía. Ele era o maior Dragão que Pip já vira, facilmente possuindo cento e cinquenta pés de uma ponta da asa até a outra, tão esguio e mortal quanto uma lança. As escamas dele eram brancas tingidas com a menor indicação de azul, ela notou. Magnífico. Arrebatador. Porém toda essa beleza era um manto para o vasto mal, entregue pelos olhos, de flamejante hemo-rubro com incontível sede de batalha e poder.

    Sob a carga dele, a fortaleza pentagonal se encontrava desdobrada como uma flor. Milhares de soldados tripulavam as ameias e os baluartes, mantendo-se firmes contra um exército sitiando com milhares de homens, fortalecido por animais e ferramentas de guerra que Pip não podia sequer começar a reconhecer.

    O hospedeiro de seu sonho via tudo isso com um violento rosnado de aprovação. Esperem o Marechal, Dragões. Nós nos regalaremos com entranhas neste dia.

    Por um momento, a batalha pareceu cair em silêncio, suspenso entre terra e céu. O Marechal de Herimor despencou. A fortaleza esperou. Pip puxou um terrível ar, que cauterizou sua garganta como se ela tivesse puxado fogo Dracônico o bastante para encher seus pulmões.

    A Dracoasa oposta começou a reagir, se aproximando da ameaça do Dragão Branco, mas era tarde demais.

    Chamas azuis floresceram de sua garganta numa interminável corrente, riscado com chanfrados escarros de relâmpago branco. Elas incharam como um cogumelo de ponta-cabeça adiante do Dragão acelerado, turvando e fervendo como uma bola de fogo, porém estranhamente silenciosa. Repentinamente, a massa coalesceu como se puxada por um não visto conjunto de pulmões, se formando numa bola de impossivelmente concentrada mágica e chama. Fogo tão frio que queimava o ar, atirado abaixo no centro da fortaleza.

    KRRRAAAABOOOM!

    A terra ressoou como um sino. Seções inteiras de fortificações despencaram na poeira congelada. Num único, estilhaçador golpe, o Marechal de Herimor reduziu os defensores a montes de congelada, ensanguentada gelatina e as muralhas em pilhas de pó. Os Dragões defensores recuaram no ar como se eles tivessem perdido todo o sentido de equilíbrio e raciocínio.

    Com um poderoso rugido, Zardon liderou o ataque. Não deixem Dragões vivos, meus companheiros!

    Arquejando e soluçando, tareando seus cobertores, Pip caiu de sua beliche e aterrissou dolorosamente no chão. Os Assassinos Dragões tinham atacado...

    Bang! Bang!

    Um punho balançou a porta do... Ufa. Seu dormitório. Alívio emergiu, acalmando sua leve náusea. Pesadelo. As imagens horríveis – ela não podia nunca esquecer. Ela deve relatar isso ao Mestre Kassik.

    Bang! Bang!

    Ela estava sozinha no quarto, que normalmente alojava quarenta garotas do Primeiro Ano. Já vai! Pip chamou, tentando puxar sua mente exausta de volta da beira da oniro-insanidade. Um pensamento eclipsava todos os outros.

    Ela tinha visto o Marechal. Ele era imparável.

    * * * *

    Pip franziu com o contingente de três gigantes guerreiros Jeradianos enquanto eles invadiam seu dormitório. Constrangimento e fúria revirava seu coração num inferno.

    Ela reclamou, Vocês estão aqui para me escoltar? Nas ordens de quem?

    Ordens do Mestre Kassik, minha dama, disse o guerreiro mais adiante, se abaixando sob o lintel. Pelas Ilhas! Eles encobriam-na como as colossais árvores da selva de sua há muito distante casa nas Ilhas Crescentes.

    A expressão dela se aprofundou. Do Mestre?

    Sim, bradou o segundo guerreiro, fitando a Pigmeia minúscula de seu aparente apoio nas nuvens acima. Como os outros, ele vestia armadura laminada, e o martelo de guerra pendurado de um laço de seu cinto de couro em seu quadril direito era tão largo, que ele parecia adequado para demolir vulcões. Nossa ordem é de sermos seus guarda-costas, – uh, Dragoa. Isso significa–

    Pip fez um gesto de corte com sua mão esquerda. Eu sei o porquê.

    Rajais rugindo, o que eles deram para esses Jeradianos? Bambu? Ovos de Dragões? Os olhos dela praticamente tiveram que escalar uma montanha para medir o terceiro membro do trio, mais alto por meia cabeça que seus companheiros e tão rechonchudo quanto a Draconave comum. Ela estava com o olho na altura do cinto dele. Po0r pouco. Inconvidado, um rosnado vibrou em sua garganta. Pip cerrou seus dentes antes que um flamejante acidente ocorresse. Emoções Dracônicas? Ela tinha sido avisada.

    Se ela fosse irritada o suficiente para cuspir fogo, isso não provava que seu Dragão ainda existia? Que a perfídia da Telisia e seu veneno Metamorfósico não tinha destruído uma Dragoa de Ônix para sempre? Nada em sua experiência comparava-se ao arrepio na alma que este medo produzia em seu ser. Por apenas algumas semanas, ela tinha aproveitado a gloriosa liberdade dos céus. Pip nunca imaginara que ela podia ser enjaulada de novo. Ela tinha ganho uma expressiva vitória contra o Dragão Prata, ainda que a ameaça maior do Marechal de Herimor e seus Assassinos Dragões ainda assomavam sobre a Academia e seus habitantes – pessoas que Pip viera a ter carinho. Ela não podia nem esquecer todos os Dracônicos já abatidos, nem evitar de estremecer com as hordas de exaustos, traumatizados Dragões refugiados diariamente chovendo do Sul.

    A guerra convulsionava a Ilha-Mundo.

    Pip mordeu seu lábio. Não podia ela se esconder? Se tornar uma simples estudante por alguns dias, não uma marcada encrenqueira Pigmeia? Ela tinha que balançar esse peso de dever digno de uma Ilha que o destino amontoara em seus ombros – e domar seus medos antes que eles criassem garras e rasgassem suas vísceras.

    Olha, dama, disse o terceiro soldado, quando minha filha levanta o queixo assim, eu sei que ela está sendo teimosa. Discuta o quanto quiser com o Mestre Kassik, mas nos deixe fazer nosso trabalho. Claro?

    Certamente, ela sorriu, gostando da franqueza dele. Claro, ela tinha que içar tanto seu pescoço para trás para encontrar o sorriso recíproco dele que uma dor muscular se atirou por sua coluna inferior.

    Pip leu os nomes deles em seus estilizados cintos. Faranion, qual a sua altura?

    Sete pés, cinco polegadas, dama, disse o primeiro guerreiro.

    Barrion?

    De um esconderijo sob sua desgrenhada barba, a voz do Barrion bradou, Sete seis.

    Pip ergueu uma sobrancelha ao terceiro Martelo Jeradiano, cujo esburacado, barbudo rosto se abriu num largo sorriso. Descalço, eu meço sete pés, onze polegadas. A voz do Jerrion era tão profunda, que ela imaginou um terremoto emanando da região da barriga dele. Ele mexeu no bolso do seu peito. Por favor leia nossas ordens, dama.

    o dobro da altura dela? A não ser que uma guerreira Pigmeia tenha inventado como crescer algumas polegadas, o que era tão provável quanto uma lesma da selva criando asas e se transformando numa pomba marrom.

    Na verdade, eu sou o segundo homem mais alto que eu conheço, Jerrion adicionou. Meu irmão mais novo ganha as honras, mas nós falamos que ele cresceu mais que os próprios miolos. Ralti-estúpido, ele, e um triz maior que oito pés de altura.

    Pip escaneou o pergaminho mensageiro. "Os três guerreiros mais altos? Assinado pelo Mestre Kassik?"

    Sim, eles cantaram.

    Ooh, ela sentiu o cheiro de um gordo, fedorento porco da selva com o nome de sua suposta amiga-virada-atormentadora Maylin! Ou, a julgar pela perfeição desse trabalho de falsificação, ela deveria culpar Macaca Chefe Yaethi?

    Ela engoliu uma ânsia de torrar o pergaminho com fogo Dracônico. Eu vou matar alguém.

    Como um homem, eles recuaram da pequena adolescente.

    Perdão. Ela tinha que forçar uma troca de humor, de se reconcentrar no presente – qualquer coisa para esquecer das visões que ela recebeu, qualquer coisa para espantar o espectro da sombra do Marechal Re’akka assomando sobre a Ilha-Mundo. Todos acreditavam que seu destino era encarar aquele Metamorfósico Branco em batalha e derrotá-lo. Onde ela encontraria sua coragem agora?

    Ela deve roubar de volta sua esperança e sanidade. Dar uma interminável respirada. Rir. Criar encrenca. Escorraçar para longe as pavorosas rocas-dos-ventos do fim...

    Não literalmente matar, Pip falou lentamente, recebendo as expressões desconfiadas deles com uma risada perversa. Olha, se nós vamos trabalhar juntos – pelas Ilhas, tem algum jeito de que eu possa falar com vocês três árvores sem quebrar meu pescoço?

    Jerrion arrebatou, circulou a cintura dela com um par de patas mais apropriadas para um rajal gigante, e depositou Pip no topo de um largo, coberto barril de chuva logo afora da entrada do dormitório feminino feminino. Que tal isso, pequena dama?

    Perfeito.

    Pip suspirou. Ela parecia ridícula. As ordens do Kassik a fariam a chacota da escola inteira quando ela se juntasse aos outros estudantes no refeitório para o jantar, a acontecer em um quarto de hora. Pelo menos ela podia olhar os Martelos Jeradianos no olho, agora.

    Quase. Grr! Rangendo seus dentes, ela disse, Gentis montanhas, acho que precisamos estabelecer algumas regras básicas. Primeiramente, eu odeio piada de gente pequena. Nesse instante estou me sentindo encoberta e um tanto vívida como resultado – e não um tipo agradável de vividez, também. Segundamente, vocês vão parar de me chamar de ‘dama’. Eu sou uma garota da selva, nascida das tribos Pigmeias das Ilhas Crescentes, como o Mestre Adak. Meus amigos me chamam de Pipequena. Pra que esse sorriso, Barrion?

    Barrion instantaneamente comprimiu seus lábios numa linha reta. Seu apelido é singularmente apropriado, minha – Pip.

    Oh?

    O tom irascível dela conseguiu uma audível engolida em seco do guerreiro.

    Pip disse, "Terceiramente, ao contrário de vocês beemotes Jeradianos, eu tenho três pés, onze polegadas e meia de altura de acordo com a medida da Senhora Mya’adara, mas eu boto o estômago de qualquer um de vocês para fora, vinte e nove horas por dia – até com o meu braço direito enfaixado nessa tala absurda e cinco semi-curados buracos em meu estômago – porque eu costumava lutar com Macacos Oraiais para me divertir."

    Ajuda que você é uma Dragoa, Faranion apontou.

    Claro que ajuda, Pip sorriu, convenientemente esquecendo de mencionar o fato que de acordo com o Prata, seu mortal inimigo-virado-namorado, ela seria incapaz de se transformar em sua forma de Dragão de Ônix por ainda pelo o menos um mês. Na deixa, a ferida sob sua clavícula direita ardeu. O dardo de besta envenenado da Telisia tinha perfurado direto pelo corpo da Pip, milagrosamente errando qualquer coisa vital, mas apesar dos melhores esforços do Rajion e da Shimmerith, os dois Dragões curandeiros, aquela ferida em particular se recusava a ser curada. Tinha passado só uma semana? Certamente não.

    Não se esqueça da toda importante meia polegada, Jerrion provocou.

    Ele tinha acabado de ganhar para si um primeiro lugar no cardápio quando ela encontrasse sua forma de Dragão de novo.

    A expressão dolorida do Barrion a sugeriu que seus sentimentos estavam claros demais. Eu peço desculpas em nome de meus companheiros, dama Pip–

    Com um torto sorriso que pretendia suavizar suas palavras, ela interrompeu, Escuta. Vocês três vão me ajudar a acertar as contas com minhas amáveis amigas, ou eu de fato darei uma surra. Entendido?

    Eles concordaram com o ar envergonhado de três garotos roubando doces dos armazéns da Senhora Mya’adara.

    Ótimo. Este é o plano.

    * * * *

    Depois de um breve desvio pelos quartéis dos soldados, Pip e suas hercúleas escoltas caminharam até o refeitório, onde os estudantes da Academia, Empregados, Mestres e Cavaleiros Dracônicos faziam suas refeições. As concessões para o tempo de guerra eram claras. Estudantes loquazes se esbarravam, armados mesmo na hora do jantar com uma fila de armas do redor da Ilha-Mundo. As portas de madeira jalk de sessenta pés de altura estavam guardadas por nada menos que quatro Dragões, incluindo Tazzaral e Jyoss, os Dragões da Kaiatha e do Durithion, respectivamente. Jyoss, uma rara Dragoa Albina, deu para Pip um breve Draco-sorriso – cem presas e um giro especial de seus olhos-de-chamas rosadas. O corpulento Dragão de Cobre, Tazzaral, a saudou em trovejantes tons que chacoalharam as portas em suas dobradiças.

    O coração da Pip afundou abaixo da altura de seu calçado, se isso fosse possível. Maravilhoso. O nunca-falho senso de ocasião do Tazzaral. Por que não anunciar a entrada dela para o salão inteiro? Talvez esse fosse o plano deles Pip deu para Tazzaral um sorriso draconiano por si mesma. Em Dracônico telepático, ela indagou, Kaiatha te fez dar essa explosão de Draco-trovão disfarçada de saudação, Tazz?

    O focinho dele espasmou culposamente. Como se fosse. Enxofradas saudações, nobre Ônix.

    Hmm. Tentar amolecê-la, ele tentaria? Ela queria poder sair de uma vez, mas teve que se contentar com a progressão cambaleante dos recém-feridos. Muito menos satisfatória.

    Ainda menos satisfatório, o coro de risadinhas que se ergueu das mesas do Primeiro Ano, encontradas mais próximas do que as outras da porta do refeitório, enquanto Pip fazia sua entrada. Firmando seu queixo anão como se ela quisesse empalar uma tropa de estudantes errantes sobre a ponta de sua lança, ela buscou por Maylin, Yaethi e Kaiatha, suas melhores amigas na Academia. Ali. Rindo igual um trio de miseráveis papagaios. Maylin colou sua melhor expressão de inocência. Brotos gêmeos de cor no rosto pálido-Helyoneu da Yaethi sinalizaram sua complicidade no esquema. Enquanto a gentil Kaiatha, ela não conseguia aguentar olhar para a Pip, fingindo fascínio com seu prato de apimentados vegetais de raiz Jeradianos. Enquanto eles aproximaram da mesa em meio a uma crescente maré de risos, Pip ergueu seu indicador, dando a Faranion um sinal pré-arranjado.

    Estudante Maylin! o Martelo Jeradiano ressoou. Eu declaro-te agora como presa em nome da lei.

    Maylin guinchou, Quê?

    Pip podia ter pago metade das joias de Sylakia por essa resposta.

    Falsificação de importantes documentos da Academia, Faranion vociferou. Personificar o escritório do nobre Mestre Kassik. Abuso flagrante do sistema de mensagens. Você virá comigo.

    Sua dourada pele Oriental esbranquiçando até um pálido branco, Maylin balbuciou, Mas era uma ordem...

    Você não está ciente de que é tempo de guerra? Colhendo a infeliz estudante de seu assento, Faranion firmou um par de manilhas em seus pulsos com elogiável eficácia. Os Jeradianos pareciam estar curtindo seus papéis um tanto mais do que era estritamente necessário. Pip acalmou um sorriso de seus lábios. Essas rocas-dos-ventos assassinas podiam só dar um salto no vulcão mais próximo.

    Agora, escuta aqui, Yaethi começou a protestar.

    Barrion apertou o braço bom dela com sua massiva pata. Eu apreendi a cúmplice, madame Pip.

    Me solta, seu miserável!

    Excelente, disse Pip, lançando um acerado olhar ao redor dos bancos do Primeiro Ano. Estão rindo com o outro lado da boca, estão? Imaginando uma imperiosa Dragoa em sua mente, ela comandou, Prendam estas canalhas com aço e movam-nas para o escritório do Mestre Kassik.

    Com rapidez, o bando de alegre caos inverteu o curso, com Yaethi acorrentada na Maylin via seu pulso bom. Sua mão direita fora comida por uma Heripede durante o ataque covarde da Telisia na Academia. Kaiatha tropeçou atrás com uma crescentemente alarmada expressão, mas ela se atrevia a um nível de protesto que só podia ser ouvido nas profundezas de uma caverna quieta numa Ilha inabitada.

    O rangido das escamas de um Dragão podia ser ouvido num salão alojando centenas.

    Um rugido dividiu o som. "Pip! Pip! Ocê para bem aí, sô pacote de patifaria bestial!"

    Macacos e bananas afuniladas, de onde a Senhora Mya’adara tinha pulado? Pip girou em seus calcanhares para espiar a famosamente tempestuosa guerreira das Ilhas Ocidentais chegando nela com um tanto mais que uma ponta de trovão em sua expressão.

    Ocê não vai me envergonhar assim! rugiu a Senhora. Que encrenca ocê tá fomentando com mins melhores estudantes? Ô vou te botar no meu joelho como se ocê fosse uma das mins, e isso ocê é, garota! Ocê não vai pensando que você é grandona e tôdi Dracônica agora, ocê ainda é min Pipequena até que ô diga o contrário. Certo?

    Para o espanto da Pip, Jerrion manteve sua posição contra a fúria da Senhora. Até Dragões pensavam duas vezes antes de se atrever a tanto.

    Mya’adara, que com seis pés e meio de músculo de guerreira das Ilhas Ocidentais encobria a maioria das mulheres, se encontrou de cabeça com o peito do Jerrion e quicou. Quicou. Pip sufocou uma risada; pelo brilho de rajal feroz no olho da Senhora, sua reação não foi nem perdida, nem apreciada.

    Apenas fazendo meu dever, Senhora, Jerrion bradou educadamente, antes de saudá-la na maneira Jeradiana por primeiro soprar nas mãos dela.

    A Chefe dos Estudantes puxou sua mão de volta. Jerrion, eu troquei suas fraldas quando ocê era um moleque sujo e melequento. Ocê não me responde. Ô vou bronzear tú cara que nem ô fazia, Draco-tamanho ou não.

    Logo então, um macaco-mensageiro correu para Pip, inclinou sua cabeça e mostrou-a um pergaminho.

    Faranion a empurrou para tomar o pergaminho antes que ela pudesse tocá-lo. Pare. Pergaminhos podem ser envenenados.

    Pip deu para alguns estudantes inocentes à sua esquerda o benefício do seu mais venenoso olhar. Há. Para o macaco, ela disse na língua dele, Obrigado.

    O macaco martelou o próprio peito brevemente. Mim mensageiro perfeito. Você garota-macaco.

    Controlando sua exasperação com um chiado de ar entre seus dentes cerrados, Pip assinalou ao macaco-mensageiro albino o segundo lugar em seu cardápio.

    O que ele diz, ó carnudo capturador? Maylin perguntou maliciosamente.

    Faranion disse, Só, ‘Código Marrom.’ Eu suponho que isso significa alguma coisa para você?

    A Ilhoa Oriental sorriu, Código marrom é o que acontece quando você não limpa sua–

    Maylin! reclamou Yaethi. Crueza é um sinal de uma mente preguiçosa. Código marrom significa que largamos tudo e nos juntamos no escritório do Mestre Kassik. De uma vez, Dragoa. Desfaça essas correntes.

    Claro, a chave que Barrion tinha pego do quartel não cabia. Depois de trinta segundos de todos perdidos e muito tinir de correntes e óbvias reclamações, pontuadas por pelo menos vinte desculpas enfáticas do Barrion, Jerrion tomou o problema em suas próprias mãos, literalmente. Ele puxou Maylin sob seu braço esquerdo e Yaethi sob seu direito e começou a marchar.

    Pip decidiu que podia ficar bem contente de se adonar de um trio de mascotes Jeradianos guerreiros.

    A Senhora estapeou as costas dele enquanto o gigante partia. Ocê sabe, Jerri, ocê ainda é um bom menino sob todo esse músculo.

    A injúria! bufou Maylin.

    Me solta, ou eu vou fazer meu meu Arrabon sentar em você, Yaethi ameaçou.

    Não bagunce o lenço de cabeça da Yaethi, Kaiatha aconselhou. A mordida dela é pior que a de uma Dragoa se você desarrumar um fio de cabelo.

    Olhando ameaçadoramente para sua amiga, Yaethi gritou, Oh Durithion, meu querido bicho docinho! Queridíssima pequena seiva de açúcar Kaiatha precisa de seus carinhos beijados diários.

    A alta, graciosa Ilhoa Fra’anioriana corou espetacularmente assim que os colegas de classe do Durithion ergueram uma salva de estalos de beiços e assobios cliques rudes de seus dedos para saudar este gracejo. Duri apressadamente deixou sua janta de lado e correu para alcançar. Pip podia praticamente ver o vapor saindo debaixo de seu colarinho. Perfeito. Essas sujeiras estavam melhorando a cada segundo.

    Pausando na porta, Jerrion se curvou lá e cá. Imenso Tazzaral. Nobre Jyoss. Por favor peguem essas canalhas em suas patas e voem-nas para o escritório do Mestre Kassik de uma vez. Nós vamos te alcançar.

    Ah, devemos chamar Emmaraz e Arrabon? perguntou Tazzaral, visivelmente alarmado com o estado de suas passageiras.

    Maylin tentou chutar Pip. Por que você não explicar humor Humano para esses Dragões, gênia?

    Humana? Ela é uma Metamorfósica, Yaethi corrigiu.

    Pip rolou seus olhos. É uma piada, Tazzaral.

    Ele rosnou, Igual quando você foi arrastada perante os Dragões Antigos em correntes?

    Ah – essa foi uma séria delinquência, Pip gaguejou. Perdão, esses novos Dragões de Ya’arriol já ouviram a história? Talvez eles devessem ser avisados sobre a perigosa Dragoa Pigmeia, que tinha socado um dente para fora da boca da Shimmerith.

    O Dragão de Cobre estava prestes a emitir uma ressonante aceitação da tarefa, quando Jyoss passou por ele, tomou Pip e Kaiatha em suas patas dianteiras, e soprou suavemente, Tente me pegar, tu, meu reluzente coração-fornalha.

    Tazz piscou. Uh...

    Jyoss acertou o nariz dele atrevidamente com a sua ponta da asa esquerda. Eu preciso morder o seu pescoço para ganhar sua atenção?

    NÃO! Uma segunda salva de Draco-trovão.

    Pip riu, Tazzaral, nós fizemos algum pedido de trompetes e tempestades internas?

    Engolindo Maylin e Yaethi numa pata e Durithion na outra, Tazzaral saiu atrás de Jyoss, batendo suas asas para evitar sua tonelagem de esmagar a preciosa carga Humana em suas patas dianteiras. Ele rosnou, Quem chegar por último lancha a chata – digo, a Pigmeia.

    Com uma ondulante risada, a Albina saiu do pórtico e se lançou no céu noturno.

    * * * *

    Nuvens tingidas de carmesim tardavam baixo sobre o vulcão da Academia. A caldeira de uma légua ainda era ativa em alguns lugares, mas com a gentil fervura de um vulcão maturado que tinha perdido seu brado e força juvenil. Dentro da cratera principal, cinco cones menores alojavam uma crescente população de Dragões, enquanto uma estimativa de vinte mil almas Humanas viviam nas alastradas construções de tijolos castanhos da Academia, ou nas vastas cavernas sob e atrás dos edifícios. Pip ponderava por que os edifícios foram construídos mais para cima do que para o lado. Ela fingia que um Dragão Ancião tinha uma vez derrubado uma pata cheia de edifícios pela íngreme ladeira vulcânica, dando início para a estonteante pilha de salões interconectados e passagens e torreões que formavam a famosa Academia de Cavaleiros Dracônicos.

    Uma vez, uma Pigmeia de tanga tinha invadido estes prédios e surpreendeu o Mestre Kassik. Pip sorriu. Agora, ela até entendia o que essa gente grande queria dizer com a palavra ‘nua’. Quão longe uma garota da selva tinha chegado.

    Porém seu maior sonho também fora estilhaçado sobre estas escuras ladeiras vulcânicas. Roubada da sua casa na selva enquanto jovem e enjaulada num zoológico Sylakiano com Macacos Oraiais, Pip sonhara em ser Humana. Ela quis ser como as pessoas que tinham andado em suas dezenas e centenas por sua janela para se maravilhar com a suja selvagenzinha. A lei Sylakiana a rotulava como um animal. Agora, ela era uma Metamorfósica, capaz de manifestar sua forma de Dragoa de Ônix ou Pigmeia com um pensamento. Não, nem mesmo uma Metamorfósica. Uma semi-coisa aleijada e envenenada.

    Subindo, apenas para cair. Deveria isso ser a canção da sua vida?

    Capítulo 2: À Guerra!

    JYOSS CLIVAVA O morno ar vulcânico com sedosas batidas de asas, mantendo uma distância de um Dragão a frente de Tazzaral durante a subida de três quartos de milha até o escritório do Mestre. Pip viu de longe que as janelas foram escancaradas para as brisas vulcânicas, como se em antecipação de chegada deles. A pata da Dragoa fechada ao redor de seu corpo era tão quente quanto a areia hélio-cozida, uma quente algema que encasulava-a do peito até o tornozelo. Perfeitamente seguro. Perfeitamente mortal. Os dois dígitos para trás e três para frente formavam uma habilidosa pata similar em algumas maneiras a uma mão Humana, com garras retráteis belamente embainhadas – mas uma flexão de suas garras podia esmagar o tronco da Pip como uma fruta prekki madura. Tamanha era a força mesmo de um Dragão jovem..

    Brevemente, os Dragões recuaram para aterrissar belamente na vasta sacada do lado de fora do escritório do Mestre Kassik. Pip pousou em pedras marcadas por gerações de garras, e por vários segundos, observou sobre o vulcão com seus abertos, fumegantes covis de lava torcendo os picos e as muralhas do aro em sempre-móveis véus gasosos, buscando imprimir o cenário sobre o coração dela. Este era o lugar que ela chamava de casa. A Academia tinha se tornado um bastião de esperança para os Dracônicos com a derrota do avanço das forças do Marechal na semana anterior. Ao trucidar o formidável Prata, Pip ganhara não só uma vitória, mas um namorado. Ah, menino-Dragão. Menino monstro – do que ela devia chamá-lo? Vilão, sujo inimigo e latejante tambor de seu coração?

    Dejetos de macaco, ela estava quase tão confortável com seu novo relacionamento quanto ela estava com seu ponto habitual na frente e ao centro da mesa do Mestre. O Dragão Metamorfósico Marrom não era reconhecido por suas maneiras gentis quando ele mascava, triturava e pulverizava estudantes errantes batendo seus pés descalços no tapete dele. Pip e o ponto da vergonha já se conheciam bem.

    Gratamente, enquanto eles bamboleavam adentro como um rebanho de ovelhas tinindo metal, o quinteto de estudantes encontraram o largo escritório um tanto vazio.

    Você. É, você, vossa irreal vividez dracônica. Maylin fez uma bagunça em tentar acertar Pip, mas se contentou em estapeá-la quadril-com-quadril no lugar. Qual é a das correntes? Como você–

    Pip acertou seu nariz com ar de entendedora.

    Maylin fez um barulho enojado, mas Yaethi afogou-a com uma intensa risada. Outro magnífico plano da Maylin afunda nas Terranuvens. Que tato para a execução, hein?

    Enquanto suas amigas discutiam, Pip viu o casal de Dragões enamorados partilhando de um afago privado na sacada. Jyoss ainda tinha a esguia, compacta armação de uma jovem, ainda que com seis anos de idade ela já estava bem em seus anos de empenada. Ela era de uma delicada cor rosada com um notável aparo de rosa quente sobre seus espinhos dorsais, suas garras, e escoras de asas, e requintado detalhamento através de sua testa e focinho. Tazzaral, com sessenta e seis pés de tamanho do focinho até a ponta da cauda de acordo com sua última medida, tinha treze pés de tamanho a mais que a Jyoss, uma cabeça e alguns ombros mais alto, e começando a abaular nas juntas com a imponente musculatura de um Dragão macho adulto. Seus profundos tons de cobre reluziam como um bando de potes de cozinha lustrados até um magnífico brilho – Pip riu com essa imagem mental. Quando ele se movia, as suas escamas do tamanho de uma mão em seus flancos e ombros ondulavam como metal derretido, como se a armadura mais tenaz conhecida na Ilha-Mundo fosse tão flexível quanto macio, lubrificado couro.

    Com uma afeiçoada mordida na base do modesto rufo de espinhos cranianos da Jyoss, cada um tão longo quanto o braço da Pip e tão mortal quanto as presas que piscaram brevemente contra o couro da Dragoa, Tazzaral rodopiou e pareceu se derramar da ponta da sacada numa torrente de escamas líquidas e músculo. Sério? Pip piscou. Um carnívoro de multi-toneladas podia planar com graça felina?

    Na sacada, o suave, flamejante olhar rosa da Dragoa se virou para Pip como se Jyoss sentisse a atenção dela. Em telepático Dracônico, a Albina ronronou, Espera só até os fogos da alma do seu Prata cascatearem sobre seus Draco-sentidos, pequena. Então você conhecerá a arrepiante, consumidora Dracocanção de amor de almas ligadas.

    Sem aviso. Apenas chamas explodindo por seu corpo, chocantemente ardentes; um esfaqueador medo que ela deve certamente ser escaldada, sangue fervendo em suas veias, a pele empolando e amassando como folha de pergaminho jogada no fogo da lareira... Alguém apertou Pip enquanto ela gritava, e um toque sobre seu ombro acalmava as chamas com frieza.

    Relaxa, Pip, disse Kaiatha. Yaethi, qual o problema com ela?

    Pip fitou através da monstruosa mesa de mogno do Mestre Kassik para a Dragoa encontrada enquadrada na porta. Jyoss pareceu interessada. Pip imaginou o Dragão da Terra, Leandrial, esmagando a Dragoa Albina com uma pata do tamanho de vinte Dragões. Ela sorriu de volta para Jyoss.

    Chamas laranjas espiralaram entre as presas da Dragoa. Eu vi essa imagem, Pip.

    Eu... Projetei?

    Você é mais poderosa do que acha. Psiu, Kassik o Marrom se aproxima.

    Para as amigas dela, Pip disse, Estou bem. Parem de ficar em cima de mim. Só um toque de chama interna, isso é tudo. Yaethi, eu senti–

    Mágica curativa, sua amiga respondeu, com desabitual modéstia. Ela funcionou?

    Sim.

    Pip não teve oportunidade de dizer mais, pois vozes elevadas atrás da porta interna da câmara do Mestre Kassik anunciavam a chegada do Mestre. Ele estava rosnando com alguém. Várias pessoas, na verdade. Houve um ataque inter-dormitórios entre os estudantes masculinos de Terceiro Ano, tentativas de brincadeiras que terminaram numa briga envolvendo centenas.

    –e não me faça ir aí na minha forma de Dragão! o Mestre rugiu, batendo a porta. Ele esfregou suas têmporas cansadamente. Que os céus salvem esses garotos antes que eu faça um fricassé deles com lava fervente!

    Então, com um pequeno tinido da algema do pulso da Yaethi, os olhos dele saltaram para o grupo em espera. Pip antecipara a reação dele com um cacho de pavor misturado com fascinação. Mestre Kassik se portava tão alto e ereto quanto uma lança; um veterano guerreiro Jeradiano de enorme dignidade. Quando ele falava, era em profundos, medidos tons, cada aspecto de sua maneira e caráter expressando a garantia que suas palavras surgiam de um homem digno de ser escutado. Pip sabia disso como uma verdade. Porém, sob o considerado exterior jazia o coração e o temperamento de um Dragão Marrom Metamorfósico. Uma retração acompanhou a epifania da Pip que suas amigas devem pensar que ela tomara como sua missão pessoal revelar o coração Dracônico do Mestre.

    Hoje, ele parecia irritado além de qualquer coisa que Pip já vira antes.

    A testa do Kassik se enrugou severamente enquanto ele observava as correntes. Maylin e Yaethi abaixaram suas cabeças identicamente, Duri bateu seus pés e Kaiatha parecia que preferia pular da sacada do que encarar a fúria do Mestre. Um flamejante brilho entrou nos olhos dele, cauterizando o ar entre eles. A cor dele se aprofundou. Vermelho. Carmesim. Roxo. O latejar de uma fibrosa veia através da têmpora esquerda dele prendeu o olhar da Pip. A respiração dela parou dolorosamente em sua garganta. Oh não. Isso não ia ser legal.

    Cerrando seus punhos, o Mestre claramente lutava para controlar sua fúria. Ele primeiro olhou para Jyoss na sacada, antes de abaixar seu olhar para os pés da Pip. Ali, ele parou. Os lábios dele se moveram – lendo?

    Convulsivamente, ela partiu escrutínio do Mestre para focar no tapete sob seus pés. Ele era novo. Costurado à mão, com uma mensagem que dizia, ‘Lugar Pessoal de Penitência da Pip.’ Ela observou-o por intermináveis segundos, sem compreender. Então o suave gole seco de horror da Kaiatha – culpado horror – lanceou tamanho fogo em seu estômago, Pip imaginou que ela tinha sido golpeada novamente pelo veneno paralisador da Telisia. Elas tinham até implantado um tapete bordado no escritório do Mestre como parte dessa pegadinha? Rebeldes podres! Ela tremeu da cabeça aos pés, tamanha a fúria carmesim ensopando sua visão que ela sabia que estava errada; não, não errada, mas um produto de emoções dracônicas. Ela devia aguentar. Por favor...

    A risada do Kassik esfolou suas emoções espalhadas. Pip não podia estar mais chocada. Boca escancarada, ela alegremente convidou moscas a investigarem sua garganta. A risada dele era áspera, ofensiva, frenética por liberdade. Um grito poderia ter sido menos brutal. Mais ninguém riu. Rindo com forçada alegria, o Mestre extraiu a arrependida história dos constrangidos estudantes. Depois disso, ele os apressou a tomarem os assentos mais próximos das vastas janelas, sofás de pelúcia arranjadas numa área que podia confortavelmente alojar quarenta pessoas.

    Entre, Jyoss, ele convidou a Dragoa. Eu suspeito que essa sacada está prestes a ficar bem movimentada.

    Se virando para Pip, Kaiatha, Durithion, Maylin e Yaethi, ele adicionou friamente, Vocês jovens me lembram que encarar a mais lúgubre das circunstâncias com risos é um dom.

    Como assim, Mestre? perguntou Yaethi.

    Ele disse, Se vocês tivessem prestado um mínimo de atenção para suas aulas de História, vocês saberiam que essa Academia foi fundada por nada menos que Hualiama Dracoamiga e seu Dragão de Turmalina, Grandion. Vocês sabem as doutrinas oficiais – nutrir boas relações entre Dragões, Metamorfósicos e Humanos, treinar Cavaleiros Dracônicos, e se tornar um ponto focal para a sabedoria e prática de Montaria Dracônica que levariam a paz através das Ilhas. Os Cavaleiros Dracônicos nunca tiveram a intenção de funcionar como uma arma. Ao invés disso, esse lugar servia como um farol de esperança. Quando os Dragões recuaram para Gi’ishior, a Academia ajudou. Em tempos de conflito, nós agimos como mediadores e pacificadores. Quando as Grandes Pragas varreram sobre as Ilhas sete décadas atrás, os Dragões e Cavaleiros transportaram remédios e pessoal médico entre as Ilhas e estritamente aplicaram a quarentena, poupando incontáveis milhares de vida.

    Nós Metamorfósicos somos o legado da Hualiama, Pip, ele disse, prendendo-a com um sorriso que de algum jeito expressava a impressão de um sorriso de Dragão cheio de presas, ou pelo menos – Yaethi? Uma pergunta?

    A Ilhoa Helyoneia esticou sua coluna ainda mais que o normal. Como podem ter tantos Metamorfósicos por toda a Ilha-Mundo, Mestre? E, além do mais, ocorrências espontâneas, como a nossa Pip? Eles não podem certamente ser progênie de uma mulher?

    A pobre, sobrecarregada miserável, Maylin pôs.

    Kaiatha disse rigidamente, Vou te agradecer por falar respeitosamente das lendas, Maylin.

    Mas uma questão bastante perspicaz, disse Mestre Kassik, inesperadamente animado. E esse é exatamente o motivo pelo qual estamos prestes a pular nos metafóricos malares do Dragão, e viajar para as Ilhas Crescentes para descobrir sobre a ultra-discreta Ordem da Ônix. Os pergaminhos de sabedoria falham em responder essa questão. Nós suspeitamos de redação.

    Primeiro código marrom, e agora rede de ação? perguntou Pip.

    Yaethi estalou a língua de incômodo. "Redação. É uma palavra. Como em, algo foi cortado. Editado. Deliberadamente removido."

    Por exemplo, ‘Pip redigiu a verdade’, Maylin sugeriu.

    Deveria minha Dragoa redigir metade do seu cérebro? Pip perguntou docemente.

    Tem uma metade funcional? Yaethi provocou, ganhando um grunhido maligno de sua amiga. Ah... E eu estou acorrentada com a fera. Então, Mestre, porque o alerta?

    Ele disse, Estou considerando uma nova política na Academia onde nós botamos juntos os estudantes mais problemáticos em correntes. Permanentemente. Agora, aos negócios. À guerra. Fazendo sua habitual ‘tenda de pensamento’ da ponta dos seus dedos, como Pip tinha nomeado o gesto, Kassik disse, O que as histórias não vão te dizer, é que as Academias tem outro propósito – aquele do refúgio. Por muitas vezes dentre os anos, nós nos encontramos abrigando... Tesouros inesperados.

    Pip abaixou a cabeça, sentindo suas orelhas aquecerem até virarem bandeiras vermelhas enquanto Kaiatha afagava o joelho dela gentilmente. Certo. Por que não simplesmente chamá-la de selvagem? Porém isso não era o que ela ouvia na voz do Mestre. Longe disso. Não, isso era pensamento de jaula, um eco de anos passados atrás de barras. Pelas Ilhas, ela sequer se lembraria das grandes selvas de sua terra natal?

    Mestre, se nós voarmos via Sylakia – Pip engoliu seco algo do tamanho e da consistência de um pedaço de obsidiana laminada – você me apoiaria... Eu quero ir de volta ao zoológico. Eu temo que eu devo.

    Sim.

    Deve? Maylin e Yaethi protestaram em conjunto.

    Sim, Duri ecoou o Mestre. Tal lugar tem forças além de barras e argamassa. Ele sombreia a própria alma.

    Pip não tem proteção sob a lei Sylakiana, Yaethi disse.

    Duri reclamou, Ela tem a nossa proteção! Ele corou assim que Kaiatha o fitou com desmascarada admiração. Quê? Só estou falando o que todos nós estamos pensando, certo?

    Mmm. Eu gosto desse homem. Kaiatha rodou seus dedos ao redor do bícep esquerdo dele, e ainda que ela o tenha beijado decorosamente no rosto, o que ela conseguiu comunicar fez Durithion corar um pôr-dos-sóis Fra’anioriano.

    Pip sussurrou, Eu tenho que. Além disso, deveríamos encontrar minha tribo. Mestre Balthion está convencido que meu nome de batalha Pigmeu – ela apontou para os símbolos de escrita rúnica azul que passava por sua panturrilha esquerda, trillando – Pip’úrth’l-iòlall-Yò’oótha, tem algum tipo de especial, místico significado que será revelado na Cerimônia da Segunda Nomeação. Ainda não tenho dezesseis, mas talvez possamos convencê-los. A revelação do meu nome verdadeiro vai, como parte da natureza, desenterrar um assustador poder mágico que derrubará a Ilha do Marechal Re’akka no abismo das Terranuvens e estapear o Dragão das Sombras de volta para seja lá qual inferno existencial ele tenha nascido a princípio. E a vida ficará arcos-íris sobre as Ilhas.

    Maylin pareceu escandalizada com o pedaço de sarcasmo da Pip, mas Kaiatha disse, Sim, essa é a Ilha da verdade.

    Concordo. Esperar aqui na Academia não vai nos trazer nada, Mestre Kassik disse. Nós podemos proteger melhor nossos refugiados do lado de fora deste vulcão. Lá vem nossos amigos. Vamos esperar. Eu vou começar as instruções assim que estivermos todos reunidos.

    Pip sentou de perna cruzada no sofá, não havendo motivos de fingir que suas pernas pequenas podiam alcançar o chão. Ela virou seu olhar para além da Kaiatha. Além da beira da sacada, dos exuberantes penhascos da Montanha do Poleiro dos Dragões, voavam um grupo de Dragões que justamente tiraram seu ar – Oyda montando em seu Emblazon, um imenso jovem Dragão Âmbar, o poderoso líder Vermelho dos Dragões, Blazon, pai-de-casca do Emblazon, e Nak a bordo de sua bela Dragoa Azul Shimmerith, que possuía graça inigualada dentre a Dracorraça.

    Um pequeno grupo de Dragões mais jovens arrebataram dos céus enegrecidos, incluindo o vívido Vermelho Emmaraz da Maylin, o tímido verde-grama Arrabon que pareava com a Yaethi, e voando mais delicadamente que os outros como resultado de uma surra recentemente dada por uma certa Dragoa Pigmeia, Prata, aquele de escamas resplandecentes dignas de um Dragão Estelar, lanceando ao chão como o brilho de uma lustrosa lâmina. Pip queria que seu coração parasse de se debater como um salmão fluvial sentindo a pontada de uma lança de pesca, mas suas vísceras se recusavam a se comportar. Então de novo, a julgar pelos pontos de rosa que floresceram no rosto da Kaiatha quando ela espiou Tazzaral espiralando em sua aterrissagem na sacada, talvez ela não fosse a única. Do canto de seu olho, ela viu a pata dianteira da Jyoss rastejar sobre o encosto do sofá do Durithion para pôr uma possessiva garra sobre seu ombro direito. Duri apertou o dedo afetivamente.

    Enquanto os Dragões desciam numa grande bagunça de asas e rajadas de vento e terra, Pip espiou Casitha e Mya’adara adentrando no escritório rapidamente abarrotado do Mestre Kassik. Brevemente, pela porta, ela marcou suas três árvores Jeradianas. Ótimo. Sem escapatória.

    Mya’adara jogou uma chave no colo da Pip antes de encontrar seu assento. Ocê pode libertar sús amigas – Ô vou usar o termo livremente – quando elas tiverem abaixado um pedaço decente de tapete-humilde.

    Pip piscou com o fraseamento da Senhora.

    Do outro lado, Kassik se levantou para receber Casitha, uma bela estudante do Quarto Ano que recentemente se tornara sua Amazona Dracônica, só para ter a bota dela chutando-o firmemente no tornozelo direito. Nada de queimar minhas pinturas quando você estiver de mau-humor, Dragão, ela o recebeu acidamente.

    Os olhos do Mestre abaularam como se ele tivesse sido forçado a engolir sua própria bola de fogo.

    Pip abafou uma risada atrás de sua mão quando a desculpa dele se tornou um suave beijo. Se sequer houvesse justiça na Ilha-Mundo,

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