Ao outro lado do conhecido: SAGA CORVOS E DRAGÕES, #1
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Sobre este e-book
Além dos muros de Düré está se formando a maior ameaça que a humanidade já enfrentou. Após tantos anos de paz, a escuridão está renascendo: a Deusa Thënda abandonou o Reino das Sombras.
Lorde Tovel escolhe secretamente oito de seus melhores homens e lhes encomenda uma missão: chegar a Nebulosa e solicitar a ajuda do Rei Fird.
O Capitão Rodrik e seus valentes homens deverão abandonar a segurança oferecida pelos muros de Düré e enfrentarem uma viagem repleta de intrigas, magia e perigos.
Rodrik estava exausto.
Galopava com a cabeça baixa e o olhar fixo nas crinas de seu cavalo de guerra. O movimento do animal era calmo e suave, mas o Capitão segurava com força as rédeas por medo de cair. Naquele momento, atravessavam o Bosque Negro, e o terreno era traiçoeiro. Os cavalos batiam os cascos no chão com cautela, como se também eles tivessem consciência dos perigos daquele lugar.
As últimas luzes do ocaso começavam a se desvanecer. Apenas alguns imperceptíveis raios de luz filtravam por entre as frondosas copas das árvores.
Cavalgavam ininterruptamente desde o meio-dia, e ele pensou que, certamente, já deviam ter penetrado no interior do próprio coração do Bosque Negro.
“Não há como voltar atrás”, compreendeu. “Dai-me forças, Redÿltur”, balbuciou, cerrando os olhos. “Guiai o meu caminho, empunhai a minha espada e protegei-me da morte.”
A.P. Hernández
Ο Antonio Pérez Hernández (Μούρθια, 1989) είναι δάσκαλος στην Πρωτοβάθμια Εκπαίδευση, παιδαγωγός, με Μάστερ στην Καινοτομία και στην Έρευνα στην Εκπαίδευση και Δόκτορ, με τη διάκριση cum laude (έπαινος), για τη Διδακτορική του Διατριβή Αξιολόγηση της ικανότητας στην επικοινωνία δια της γλώσσας μέσα από διηγήματα στην Πρωτοβάθμια Εκπαίδευση. Εργάζεται ως δάσκαλος και συγγραφέας.
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Ao outro lado do conhecido - A.P. Hernández
Sobre o autor:
Antonio Pérez Hernández é professor de ensino primário, especialista em Educação Musical, Pedagogia Terapêutica e Audição e Linguagem. Também é pedagogo, Mestre em Investigação e Inovação em Educação e Doutor, cum laude, por sua tese de doutorado Evaluación de la competencia en comunicación lingüística a través de los cuentos en Educación Primaria (Avaliação da competência em comunicação linguística através dos contos em Educação Primária).
Recebeu o segundo lugar no Prêmio de Criação Literária Nemira e foi finalista no Concurso Internacional de Novela Fantástica e de Terror Dagón.
Já publicou inúmeros livros infanto-juvenis e romances em espanhol, tendo sido a maioria traduzida para o português, inglês, francês, italiano, holandês e grego.
Atualmente, Hernández concilia sua atividade docente com a escrita.
Página web: https://www.aphernandez.com/
Twitter: @ap_hernandez_
Instagram: @ap_hernandez_
—CAPÍTULO 1—
Rodrik estava exausto.
Galopava com a cabeça baixa e o olhar fixo nas crinas de seu cavalo de guerra. O movimento do animal era calmo e suave, mas o Capitão segurava com força as rédeas por medo de cair. Naquele momento, atravessavam o Bosque Negro, e o terreno era traiçoeiro. Os cavalos batiam os cascos no chão com cautela, como se também eles tivessem consciência dos perigos daquele lugar.
As últimas luzes do ocaso começavam a se desvanecer. Apenas alguns imperceptíveis raios de luz filtravam por entre as frondosas copas das árvores.
Cavalgavam ininterruptamente desde o meio-dia, e ele pensou que, certamente, já deviam ter penetrado no interior do próprio coração do Bosque Negro.
Não há como voltar atrás
, compreendeu.
Soube disso no momento em que seu senhor o chamara ao quarto dele, há mais de uma semana, para transmitir a notícia. Quando entrou, seu senhor aguardava-o plantado no meio do cômodo, os braços cruzados e a capa escarlate ondulando às suas costas por causa da brisa noturna que entrava pela janela. Lorde Tovel sempre fora um homem transparente, e, com os anos, Rodrik aprendera a ler os pensamentos deste. Mas ele nunca vira aquela expressão antes e ainda assim a compreendera instantaneamente.
Medo
, lembrou-se. Seu rosto refletia medo.
Lorde Tovel encarregara-o de uma missão que poderia salvar a vida de milhares de pessoas: ir a Nebulosa e solicitar a ajuda do Rei Fird.
Obviamente, aquilo era loucura. Há séculos era terminantemente proibido abandonar a proteção que ofereciam os muros de Düré. Todos, incluindo as crianças, sabiam dos perigos que havia lá fora.
Em todo esse tempo, só uns poucos curiosos (tolos!) haviam-se aventurado ao outro lado, e o fizeram para não mais voltar.
— Meu senhor, ir a Nebulosa? – indagara ele, deixando de lado as formalidades. – É uma missão suicida!
Mesmo na melhor das hipóteses, teriam que atravessar o Mar Branco, e a possibilidade de morrer tragado por suas águas provocava-lhe calafrios.
— Estou consciente do que estou pedindo, Capitão – explicara Lorde Tovel. – E creia-me quando digo que não temos alternativa.
Seu senhor pusera-se a andar à sua volta. O som de seus passos reverberava nas paredes de pedra do quarto, régios e pesados.
— A escuridão está renascendo, Rodrik – confessara seu senhor. – Estamos enfrentando a maior ameaça jamais vista.
Lorde Tovel caminhara até sua gigantesca escrivaninha de mogno. Ali, sobre sua superfície, havia um pacote embrulhado em um tecido grosso. O que quer que houvesse em seu interior movia-se.
— Não podemos combater este mal sozinhos, necessitamos de toda ajuda possível.
Lorde Tovel pegara o pacote pelo nó superior e o aproximara de Rodrik. O Capitão dera um passo para trás, receoso.
— O que é isso, meu senhor? – perguntara. – O que tem dentro?
Lorde Tovel depositara o fardo no chão e desatara o nó, revelando seu conteúdo.
Estamos mortos
, pensara Rodrik.
— Necessito que você informe o Rei Fird o quanto antes – dissera seu senhor. – Entregue-lhe este presente como prova da ameaça que se aproxima de nós.
Lorde Tovel refizera o nó do tecido e os dois relaxaram quando aquela coisa desapareceu de suas vistas.
— Escolha sete homens de confiança – ordenara seu senhor. – E parta às primeiras luzes do alvorecer.
Rodrik pegara o fardo que seu senhor estendia na sua direção. A coisa retorcia-se em seu interior, infatigável...
Dai-me forças, Redÿltur
, balbuciara Rodrik, cerrando os olhos. Guiai o meu caminho, empunhai a minha espada e protegei-me da morte.
Isso fora há uma semana, embora parecesse ter sido ontem. Atrás dos muros de Düré, o tempo parecia não ter pressa...
Rodrik virou a cabeça e observou seus sete homens marchando em silêncio. Aqueles guerreiros, se não fosse por ele, agora estariam em Düré com suas famílias.
O Capitão suspirou.
Ele sentia muito. Ele realmente lamentava de verdade.
Mas fora necessário.
Era um fardo que ele devia levar consigo.
— Este bosque me dá calafrios – falou Läss de repente.
Ninguém respondeu nada. O grupo tornou a mergulhar no silêncio e continuou avançando.
Rodrik pôs-se a pensar. O trajeto era longo, e ele dispunha de tempo para pensar. Recordou as histórias que contavam em Düré sobre o Bosque Negro, sobre a magia antiga e os seres inomináveis que nele habitavam.
De que nos servirão nossas espadas?
, pensou, agarrando com mais força as rédeas de seu cavalo.
Ele era um guerreiro, um cavaleiro a serviço de Düré, e não temia a morte. Dançara com ela dezenas de vezes e sempre conseguira despistá-la, mas o que aconteceria com sua família? Ele prometera a Lidya que regressaria com vida, e aquilo o atormentava.
Nunca antes mentira para ela.
Mas o que mais eu poderia ter feito?
, perguntou-se. O que deve fazer um homem ante tão sombrio destino?
Levava o fardo de Lorde Tovel em um dos alforjes de seu cavalo. Em seu interior, a coisa continuava movendo-se e se retorcendo a cada segundo. Seus sete homens haviam visto aquele pacote mover-se e, no entanto, ninguém se atreveu a perguntar nada.
Cavalgaram durante muito tempo, até que o último raio de luz se desvaneceu. Quando a penumbra caiu sobre eles, algo mudou no ar.
Magia antiga
, meditou Rodrik.
Ele