Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Nebulosa Escura
Nebulosa Escura
Nebulosa Escura
E-book373 páginas4 horas

Nebulosa Escura

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Nada é como parece, não mais.

Após o terrível incidente no final de seu primeiro ano no Guilder Boarding School, Rae Kerrigan está decidida a saber mais sobre sua nova tatuagem. Suas expectativas são altas, um último ano fácil e um feliz reencontro com Devon, o cara que ela não deveria namorar. Todas as esperanças de felicidade se transformam em sonhos despedaçados no momento em que ela retorna ao campus.

Mentiras e segredos estão em toda parte, e uma traição magoa Rae profundamente. Entre seus conflitos e inimigos, parece que seu pai está chegando do além-túmulo para arruinar sua vida. Sem ninguém em quem confiar, Rae não sabe para onde ou para quem pedir ajuda.

Seu destino foi determinado? Ou ela se tornará a única coisa que mais odeia – o prodígio de seu pai.

Este é o Livro II na série “As Crônicas de Kerrigan”.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento20 de mar. de 2018
ISBN9781547521241
Nebulosa Escura
Autor

W.J. May

About W.J. May Welcome to USA TODAY BESTSELLING author W.J. May's Page! SIGN UP for W.J. May's Newsletter to find out about new releases, updates, cover reveals and even freebies! http://eepurl.com/97aYf   Website: http://www.wjmaybooks.com Facebook:  http://www.facebook.com/pages/Author-WJ-May-FAN-PAGE/141170442608149?ref=hl *Please feel free to connect with me and share your comments. I love connecting with my readers.* W.J. May grew up in the fruit belt of Ontario. Crazy-happy childhood, she always has had a vivid imagination and loads of energy. After her father passed away in 2008, from a six-year battle with cancer (which she still believes he won the fight against), she began to write again. A passion she'd loved for years, but realized life was too short to keep putting it off. She is a writer of Young Adult, Fantasy Fiction and where ever else her little muses take her.

Autores relacionados

Relacionado a Nebulosa Escura

Ebooks relacionados

Fantasia para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Nebulosa Escura

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Nebulosa Escura - W.J. May

    Este e-book é aprovado apenas para seu uso pessoal. Este e-book pode não ser revendido ou cedido a outras pessoas. Se você quiser compartilhar este livro com outra pessoa, compre uma cópia adicional para cada destinatário. Se você está lendo este livro e não o comprou, ou este não foi comprado apenas para seu uso, então retorne ao Smashwords.com e compre sua própria cópia. Obrigado por respeitar o árduo trabalho do autor.

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada ou introduzida em um sistema de recuperação, ou transmitida, sob qualquer forma ou por qualquer meio (eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outros) sem a prévia autorização por escrito do titular dos direitos autorais e do editor deste livro.

    Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares, marcas, mídia e incidentes são o produto da imaginação do autor ou foram usados ​​de forma fictícia. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, eventos ou locais é mera coincidência. O autor reconhece o estado de marca registrada e os titulares de marcas registradas de vários produtos referenciados neste trabalho de ficção, que foram utilizados sem permissão. A publicação/uso dessas marcas registradas não é autorizada, associada a, ou patrocinada pelos titulares da marca registrada.

    Todos os direitos reservados.

    Copyright 2013 por W.J. May

    Número de Controle da Biblioteca do Congresso: 2012952188

    Nenhuma parte deste livro pode ser usada ou reproduzida, de forma alguma, sem permissão por escrito, exceto no caso de citações breves, incorporadas em artigos e resenhas.

    http://www.wanitamay.yola.com

    Design de capa por: Book Cover By Design

    Descubra W.J. May em:

    Site:

    http://www.wanitamay.yolasite.com

    Facebook:

    https://www.facebook.com/pages/Author-WJ-May-FAN-PAGE/141170442608149

    Boletim informativo:

    INSCREVA-SE NO boletim informativo de W.J. May para saber mais sobre seus novos lançamentos, atualizações, apresentações de capa e até brindes!

    http://eepurl.com/97aYf

    Página na Amazon:

    http://www.amazon.com/W.J.-May/e/B005QEBFZ4

    ––––––––

    Nota do autor363

    As Crônicas de Kerrigan364

    Prequela de CoK!  366

    Mais livro de W.J. May367

    Livros gratuitos:  375

    COMPARAÇÃO COM O PERÍODO TUDOR:376

    Agradecimentos

    Este livro é dedicado aos meus incríveis três filhos. Sem eles, minha vida não seria completa. Eu os amo muito (daqui até a Lua, ida e volta... e de volta novamente).

    Os agradecimentos adequados — saltando para cima e para baixo, aplaudindo, agitando as mãos e gritando a plenos pulmões — deverão ser enviados para:

    Dawn, minha incrível agente, que acredita em mim mesmo quando não tenho nenhuma ideia do que fazer.

    Luci, minha editora, que aceitou Rae e adora sua história. Amo a maneira com a qual editar é tão fácil para você.

    Para o meu marido e extensa família, por sua paciência e encorajamento, e por contar a todos e a qualquer um sobre meus livros.

    Para os leitores que queriam ver impressa a história de Rae. Eu nunca havia sonhado tão alto.

    Uma nebulosa escura é uma grande nuvem molecular, as quais se apresentam como regiões pobres em estrelas onde a poeira do meio interestelar parece estar concentradas.

    Nebulosas escuras podem ser vistas quando elas obscurecem parte de uma nebulosa de reflexão ou uma emissão (por exemplo a nebulosa cabeça de cavalo) ou se elas bloqueiam estrelas de fundo (por exemplo a Nebulosa do Saco de Carvão). As maiores nebulosas escuras são visíveis a olho nu, elas aparecem como caminhos escuros contra o fundo brilhante da Via Láctea. (Wikipédia)

    Capítulo 1

    ‘Tatu’

    ––––––––

    Passa-se um tempo de vida buscando-se sucesso e felicidade. As pessoas perseguem sonhos, carreiras, ambições, fé, companheiros e dinheiro; tudo na esperança de encontrar o sucesso e a felicidade que tanto almejam. O único lugar que precisamos procurar é dentro de nós mesmos. Nossos poderes internos nos farão avançar — devemos mostrar ao mundo nossas ‘tatus’. Nossas capacidades e potenciais são muito maiores do que qualquer coisa que o homem já fez, ou fará. Estamos acima da humanidade — acima da lei que a governa.

    Notas do Diário de Simon Kerrigan — há duas décadas

    — O lema do Conselho Privado é ‘proteger a todo custo’. — Devon caminhou, parecendo um pouco mais alto e aprumado do que da última vez que Rae o vira, com o peito inchado de orgulho.

    — O quê? Quem? — Rae correu para acompanhar os longos passos de Devon, enquanto os dois abriam caminho entre os carros estacionados no aeroporto, com o sol batendo sobre eles.

    Devon parou, largou uma das malas que carregava e envolveu seu braço em torno dos ombros dela.

    — O Conselho Privado. Sei que parece antiquado mas, confie em mim, não é. — Ele abaixou os óculos de sol de cima de sua cabeça, colocando-os sobre o nariz, antes de começar a andar de novo. — É a elite das ‘tatus’ de elite.

    Rae apressou-se em acompanhá-lo.

    — Sei que há uma empresa que trabalha com nossos... talentos. — Já fazia um ano desde que entrara em contato com o grupo exclusivo do qual agora fazia parte. No dia em que completou dezesseis anos, no ano anterior, Rae acordou com uma ‘tatu’. A imagem de uma fada cobria a parte inferior de suas costas, acrescida de um desenho celta e um sol inseridos. Sob certa incidência de luz, as asas da fada pareciam brilhar. Diferente de uma tatuagem comum, esta a dotara de um poder sobrenatural. Devon também recebera uma ‘tatu’, uma raposa feneco, que lhe proporcionava sentidos aguçados, supervelocidade e agilidade. No entanto, o poder de Rae era único, mesmo em seu mundo já exclusivo e isolado. Ela poderia imitar a ‘tatu’ de outra pessoa. Ninguém mais poderia fazê-lo. Uma habilidade enorme e importante. Por conta desta singular habilidade, Rae sabia que era ‘de interesse’ para o sombrio Conselho Privado, o órgão responsável pela comunidade dos portadores de ‘tatus’. Todos o conheciam, mas ninguém sabia nada de fato sobre ele. Saber que Devon, repentinamente, estava trabalhando para o Conselho, fez Rae refletir. Eles mal se corresponderam por e-mail ou falaram durante o verão. Estranho para duas pessoas que começaram um relacionamento recentemente... então, de novo, as malditas regras da sociedade contra ‘tatus’ e relacionamentos românticos devem também ter dificultado a comunicação. Incerta sobre se deveria perguntar a Devon por que ele esteve tão distante durante o verão ou deixar isso de lado, Rae entrecerrou os olhos e colocou uma mecha encaracolada de cabelo atrás do ouvido para ganhar tempo.

    — Não entendo o que a empresa faz, ou porque você está trabalhando para eles agora. Você tem apenas dezoito anos. É estagiário ou algo assim?

    Ele sorriu.

    — Você acabou de saber sobre sua ‘tatu’, enquanto a maioria de nós já conhecia as nossas, antes de começar o colégio. É totalmente compreensível que esteja confusa. — Sua mão quente roçou a parte inferior das costas dela.

    Esse contato acabou por enviar um formigamento através da fada de sua tatuagem, fazendo com que as suas asas parecessem estar realmente vibrando. Um arrepio agradável lhe percorreu a espinha, e Rae fez uma pausa para aproveitá-lo.

    Devon que, sem dúvida, sabia exatamente como seu toque a fazia se sentir, piscou para ela antes de ficar sério.

    — A agência trabalha para proteger a nós, tatuados e, se necessário, a Grã-Bretanha. Funciona um pouco como nos filmes de James Bond. Sabia que o primeiro-ministro e o governo não têm ideia sobre o que o Conselho Privado realmente representa? Só sabem que é um bom trabalho. Raramente cometemos um erro, se é que já o fizemos alguma vez.

    Nós? Rae assentiu, sem saber se gostava do fato de seu namorado já se considerar parte deste grupo, uma vez que não havia lhe contado nada sobre isso. Os casais normais de namorados não falam sobre as coisas que os empolgam? Espera-se que os garotos não parem de falar sobre coisas de homem e que as garotas — oh, sei lá — qualquer coisa. Ele está tão diferente, é como se tivesse mudado sem minha companhia. Sentindo a insegurança crescer, Rae mexeu-se desconfortavelmente e lutou para afastar tal sentimento. Repreendeu-se, não seja tão sensível. Apenas fique feliz por voltar. Sentira falta de tudo do colégio, não apenas de Devon. Bem, principalmente de Devon, mas não só dele.

    Ela o seguiu, ziguezagueando por entre os carros estacionados, tentando manter sua pesada mala equilibrada sobre suas pequenas rodas. Pararam na frente de um carro reluzente, elegante e preto, que fora obviamente criado para correr.

    — O que acha? — Devon soltou as duas malas e abriu os braços. Olhou o carro para cima e para baixo, com um sorriso brincando em seus lábios.

    — De quem é? — Ela inclinou a cabeça para o lado, fingindo admirar o carro, tentando descobrir a sua marca.

    Devon riu:

    — É meu. Meu pai e eu fizemos um acordo. Eu poderia escolher um carro de que gostasse, e ele pagaria por ele.

    — Duvido que seu pai, o novo reitor do Guilder, fosse concordar com isso. — Ela riu, dando-lhe cotoveladas de brincadeira nas costelas.

    — Bem, você tem alguma razão. — Ele ergueu as mãos, fingindo defender-se. — Paguei metade de seu preço com o dinheiro que recebi trabalhando para o Conselho Privado neste verão. Meu pai ofereceu-se para pagar a outra metade. Um presente de formatura, ele disse.

    — Que tipo de carro é? — Parecia que ele saíra de uma pista de corrida futurista.

    — É um Lotus.

    — Um Lotus? — Rae semicerrou os olhos, tentando situar o nome.

    — Eles fazem carros de Fórmula 1 e alguns poucos carros comuns. É um Lotus Exige Cup 260. — Ele ficou sorrindo como um menino em uma loja de doces.

    O menino grande precisa de um brinquedo caro. Rae tocou suavemente a tinta preta, com o cuidado de não deixar sua unha arranhá-la. Estava quase esperando que Devon puxasse a parte inferior de sua camisa para limpar suas impressões digitais da pintura do carro. Em vez disso, ele apenas piscou para ela e andou até a parte de trás do carro.

    Devon começou a colocar as bagagens no porta-malas e na parte de trás do carro.

    — Se bem me recordo, você só tinha metade dessa bagagem no ano passado.

    Rae encolheu os ombros e esticou as costas, relaxando as tensões depois do longo voo, pronta para a viagem até o Colégio Interno Guilder. Para o resto do mundo, o Guilder era um colégio interno masculino ultraexclusivo, situado bem no meio de uma zona rural despovoada e que, no ano anterior, abrira suas portas para admissão de mulheres. O que não se sabia era que o Guilder destinava-se apenas à comunidade daqueles que possuíam ‘tatus’. Rae conseguiu navegar com sucesso as águas traiçoeiras de uma nova escola e de um modo de vida totalmente novo, apesar de ser o foco da atenção de quase todos, quer tenha sido para o bem ou para o mal. Possuía, de fato, amigos no Guilder, algo que não podia dizer de sua antiga escola em Nova York. Ajudava o fato de todos no Guilder gostarem de mim. Talvez não exatamente como ela, mas o suficiente para que tivessem algo em comum. Rae sentiu falta disso durante o verão, essa sensação de camaradagem. Era bom voltar — para a Inglaterra e com Devon.

    — O que posso dizer? — Ela ergueu as palmas das mãos, tentando fazer com que seu rosto parecesse inocente. — Molly me ensinou a fazer compras, então aproveitei as grandes liquidações em Nova York, neste verão. — Ela abriu a porta do passageiro e entrou. O esperado cheiro de carro novo misturou-se agradavelmente com o aroma de couro caro. Molly fora sua colega de quarto no ano anterior, e elas se tornaram melhores amigas. — Falando em novas mudanças... Sei que estamos mantendo a nossa situação namorado-namorada como segredo — dizer que qualquer relacionamento romântico entre indivíduos tatuados era tabu seria um eufemismo categórico —, mas como é que você não me mandou um e-mail com uma foto do carro... Ou qualquer coisa assim? — Qualquer coisa. Ou ter me contatado mais do que duas vezes neste verão? Dois e-mails curtos e basicamente sem sentido foram sua única tentativa de comunicação. Rae não disse isso, mas até mesmo o fato de vê-lo agora não apagou sua decepção. Um típico cara.

    — Queria surpreendê-la com algo legal quando chegasse. Tem noção de quanto é difícil conseguir um Lotus? — Ele se inclinou e deu-lhe um beijo rápido e sem emoção em seus lábios, antes de ligar o motor. — Senti sua falta. Fico feliz que voltou. — Devon dirigiu o carro até a saída do aeroporto, tomando a autoestrada com precisão e facilidade.

    Ou você realmente queria me surpreender ou acabou de inventar isso e está evitando a difícil pergunta. Rae endireitou-se no assento. Por que sempre noto e questiono tudo? Só estou me tornando infeliz. Ela se forçou a mudar o assunto.

    — Você acabou de se formar no ano passado e já está trabalhando para este Conselho Privado? — Ela ainda não conseguira entender a descrição de seu trabalho. Talvez algum tipo de detetive particular ou super-herói estagiário? Não parecia que ele tivesse realmente respondido a pergunta.

    — Ei, o que posso dizer? Passei em todas as provas; eles me ofereceram o trabalho. Sabem que, no Guilder, estou desempenhando a função de seu mentor, então tenho o sinal verde para continuar aqui. Sua proteção é uma das principais prioridades.

    Rae olhou para ele. Parte dela estava feliz em saber que ele estaria por perto. A outra parte ficou atônita pelo fato do Conselho Privado estar interessado em seu bem-estar. Isso a assustou um pouco.

    — Você está brincando comigo. Como eles sabiam sobre mim?

    — Ora, vamos, a filha do famigerado Simon Kerrigan? — Ele a olhou e estendeu a mão para acariciar seu joelho assim que Rae virou a cabeça para olhar pela janela. Fantástico, a única coisa a meu respeito que mais quero esquecer é aquela que me torna interessante aos agentes secretos. Devon, confundindo os motivos que a fizeram retrair-se, procurou tranquilizá-la.

    — Não se preocupe. Ninguém sabe sobre o nosso relacionamento, então está tudo bem. Se o Conselho Privado descobrisse, sem dúvida me mandaria para longe de você. — Ele encolheu os ombros. — Olha, isso é algo que sempre sonhei em fazer. Quem não gostaria de ajudar seu país? Passei a vida inteira seguindo as regras que os outros estabeleceram. Agora, é divertido dobrá-los para que resolvam a situação.

    — Parece perigoso. — Mesmo com as habilidades de sua ‘tatu’. Para não falar que esses sonhos dele não eram algo sobre o que alguma vez tivessem falado. Ela não entendeu o fascínio ou a inclinação.

    Uma risada profunda irrompeu da garganta dele.

    — Agora você está parecendo minha mãe.

    Ohhh, não posso resistir a isto.

    — Não acho que ela queira proteger as mesmas partes do corpo em que estou interessada. — Ela deu um olhar malicioso, lutando contra o desejo de sorrir.

    — Eca! — Ele fingiu vomitar. — Espero que não.

    Rae riu, apesar de sua preocupação.

    — Não quero que nenhuma parte de você se machuque, ou esteja em perigo. Sua mãe não conhece metade do que esse mundo é capaz...

    — Tanto quanto você. Você tem dezesseis anos, recém-iniciada e apenas começando a entender uma pitada de seu talento. Eu posso cuidar de mim mesmo, e também cuidarei de você. É minha responsabilidade e meu trabalho agora... embora não possa considerar sair com você como trabalho. — Ele sorriu. A adorável covinha que Rae amava apareceu em seu rosto. Sim, definitivamente ela sentiu falta disso.

    — Tudo bem. — Ela expirou pelo nariz, uma técnica calmante que aprendera há muito tempo. Acabara de voltar e não queria discutir. — Você ganhou. — Ela se mexeu em seu assento, observando a silhueta magra e musculosa dele. Ele parecia ainda mais bonito desde que ela saíra do avião. — Conte-me mais sobre os trabalhos que você fez durante o verão. Tudo parece muito legal.

    — A correria é incrível, e o salário, inacreditável. Aposto que ficarei rico antes dos vinte anos.

    Não se gastar dinheiro em carros como este.

    Devon sorriu, com os polegares batendo no volante. Durante o resto do caminho, ele falou sobre o treinamento que ele e Julian, seu amigo, fizeram durante o verão.

    Rae ouviu, fascinada, mas também percebeu que ele não dava detalhes de nada. Ou os trabalhos eram secretos ou ele acabou de passar pelo treinamento de verão e não tinha detalhes para dar. Espero que seja o último dos dois.

    A autoestrada tornou-se uma estrada de acesso e logo eles estavam passando pelo campo, em direção às terras familiares do Colégio Guilder.

    Os campos de futebol estavam repletos de estudantes do sexo masculino. As janelas de Oriel dos antigos edifícios de estilo Tudor estavam abertas, exibindo os quartos em preparação para a chegada dos alunos que viveriam lá para o próximo ano letivo. A hera no tijolo vermelho e na madeira dançava ao vento, como se estivesse em expectativa. Rae mal podia esperar para chegar a Aumbry House e ao seu quarto. Queria ver quem já havia chegado. Molly enviou um e-mail, dizendo que chegaria no dia seguinte. Finalmente, emergindo de seu próprio devaneio, percebeu que seu rosto doía porque ela estivera sorrindo por um tempo.

    — Feliz por estar de volta? — provocou Devon.

    — Talvez um pouco. — Ela encolheu os ombros e tentou agir como se não se importasse, mas o olhar no rosto de Devon lhe dizia que não acreditava nisso. — Tudo bem, estou muito animada por estar de volta.

    — Você está bem? — Devon mexeu na orelha. — Você sabe... com tudo o que aconteceu... com Lanford, antes do verão?

    O sorriso de Rae se esvaiu e ela ficou em silêncio, olhando pela janela, enquanto se dirigiam por sob a ponte que ligava as duas torres redondas do prédio principal. Ela lutou contra a sensação de traição e temeu que a tivesse abafado durante todo o verão, determinada a não pensar nisso. Não quero me sentir assim. Tentou rir, mas o som saiu mais como um desagrado.

    — Você quer dizer, o diretor que me enganou ao me fazer confiar nele e deixar acreditar que ele estava do meu lado? — Ela não esperou por uma resposta e apontou para uma das torres pelas quais acabavam de passar. — Ou você quer dizer, a parte em que ele me aprisionou e tentou me forçar a terminar algo que meu imprestável pai começou? Ou a parte em que ele tentou atirar em mim, e acabou escorregando no gelo e quebrando a cabeça? — Rae se forçou a parar de falar, sentindo uma onda de emoção crescente dentro de si e temendo as consequências caso a deixasse sair.

    As sobrancelhas levantadas de Devon e sua boca aberta fizeram com que Rae percebesse o que acabara de dizer.

    Ela estendeu a mão e tocou a perna dele.

    — Estou bem, acredite. Estava tentando fazer uma piada; e, aparentemente, não consegui. Depois de tudo o que aprendi no ano passado, não deveria baixar minha guarda para ninguém. — Colocando um cacho de cabelo solto atrás de sua orelha novamente, acrescentou:

    — Exceto por você, e Julian... e Molls.

    — Você acabou de desabafar desse jeito, e depois diz que está bem? — A voz de Devon demonstrava uma preocupação gentil e promessa de apoio. Rae sentira falta dele durante o verão.

    Ela suspirou, empurrando os ombros para trás e sentando-se mais reta, tentando mentalmente se recompor. Precisava tranquilizar Devon de que tudo estava bem. Aja como se já tivesse obtido o resultado desejado, certo?

    — Ainda posso ouvir a voz estúpida do meu pai dentro de minha cabeça, mas vou ficar bem. — Estamos acima da humanidade; acima da lei que a governa. Ela deixou pender a cabeça e apertou os olhos por um momento, expulsando as palavras do pai para longe de seus pensamentos. — Quem sabe, talvez eu possa conseguir um emprego com o Conselho Privado, ou agir como um agente secreto para o governo, do mesmo jeito que você. — E compensar meu pai por ter sido o Hitler do ‘mundo tatu’. Ótimo trabalho, sendo a filha do gênio do mal do mundo.

    Devon riu.

    — Acho que seu afastamento deixou você um tanto louca. Que tal você dominar seu enorme talento, antes de decidir salvar o mundo? E, só para constar, esse é o meu trabalho no momento. — Devon agarrou sua mão e deu-lhe um aperto afetuoso.

    — Você pode manter o seu trabalho... por enquanto. Quando me formar, vou deixar você trabalhar comigo. — Ela mostrou a língua para ele. Odiava admitir isso, mesmo para si mesma, mas ele estava certo. Minha habilidade de ‘tatu’ é poderosa e mal sei como usá-la. Sou capaz de imitar outras ‘tatus’, mas usá-las corretamente é o desafio.

    — Obrigado pela oferta, mas namorar você em segredo é tudo com que posso lidar no momento. Não sei se poderia trabalhar lado a lado, um dia após o outro, e fingir que não tenho sentimentos por você. — Devon parou o carro na área de estacionamento perto de Aumbry House. Saiu do carro em um pulo e abriu a porta de Rae antes de que ela pudesse desatar o cinto de segurança.

    Agora, esse é o tipo de coisa que uma garota gosta de ouvir.

    — Obrigada. Eu...

    — Devon! Sra. Kerrigan! — Uma agradável voz masculina soou alto do outro lado do estacionamento, perto do salão de refeitório. Rae virou-se e viu o novo reitor, o pai de Devon, acenando enquanto caminhava.

    — Oi, pai.

    Devon ficou rígido e distanciou-se dela alguns centímetros.

    — Olá, sr. Wardell. Quero dizer, reitor Wardell. Parabéns pelo novo cargo. — Ela mudou de posição, fazendo um esforço consciente para não olhar para Devon.

    O reitor Wardell ergueu as sobrancelhas, seu olhar deslocando-se rapidamente de um para outro. Sorriu e esfregou as mãos.

    — Fico feliz que trouxe nossa aluna brilhante sã e salva. Só queria dizer olá e informá-los que o diretor Carter quer falar com vocês dois, assim que descarregarem a bagagem da Srta. Kerrigan.

    Rae assentiu, ainda com medo de olhar para Devon. Ele herdara sua ‘tatu’ de raposa feneco de seu pai, logo olhos atentos eram de família. A última coisa que ela e Devon precisavam era que alguém percebesse o relacionamento deles. Em vez disso, ela olhou diretamente para o pai dele. Ele parecia desconfortável. Devo estar deixando claro o quanto evito olhar para Devon. Tenho que pensar em outra coisa. Então, Carter ficou como diretor? Isso é... interessante... acho. Rae inclinou a cabeça para o lado, enquanto tentava descobrir seus sentimentos sobre a presença contínua de Carter no campus. Ela passou a maior parte do ano anterior convencida de que ele era o inimigo, até que ele a resgatou de Lanford. O reitor pareceu relaxar enquanto Rae ponderava. Crise evitada.

    — Julian está procurando por você, Devon. Ele está no quarto em frente ao seu. Chegou mais cedo hoje. — O reitor Wardell virou-se e sorriu propositadamente para Rae, antes de seguir para os campos de futebol. — Tenha uma boa tarde. — Hmm... talvez não evitada ainda.

    Devon e Rae tiraram suas bagagens do porta-malas do carro. Caminharam em direção a Aumbry House.

    — Será sempre tão estranho toda vez que estivermos juntos em público? — sussurrou Rae.

    — Realmente espero que não. — Ele revirou os olhos. — É provável que seja porque é meu pai. Ele me mataria se soubesse que há algo mais acontecendo entre nós dois, além da tutoria.

    Exatamente o que pensei. Mas precisamos de apoio positivo, e não acordo sobre uma futura destruição mútua.

    — Você tem um excelente histórico por ser um filho leal e obediente. Duvido que ele suspeite de uma coisa. — Rae cutucou-o com o cotovelo.

    Ele se inclinou para frente, em sua direção, mas instintivamente endireitou-se um segundo antes de madame Elpis entrar no saguão principal.

    — Bem-vinda de volta, Srta. Kerrigan. — Madame Elpis sorriu sinceramente, sua voz possuía um tom agradável, quase musical. — Você é a primeira a chegar, então pode escolher um quarto no terceiro andar. Vejo vocês dois no jantar. — Madame Elpis assobiou enquanto caminhava ao ar livre.

    As sobrancelhas de Rae subiram e sua boca se abriu. Ela observou a mulher alta, de nariz de falcão, normalmente austera e formal, caminhar como que bailando, pelo caminho externo, até desaparecer de vista.

    É o ‘Além da Imaginação’. Estou na zona do crepúsculo. A qualquer momento, vou ouvir a música-tema.

    — O que...? — explodiu Rae. Madame Elpis tinha sido rígida, no ano anterior, com seu comportamento rigoroso, e a sua ‘tatu’ de corvo-pega era-lhe perfeitamente adequada. Ela sempre fora atenta e bastante rabugenta, na maior parte dos tempos. Agora, parecia que alguém mudou sua personalidade para a de um pequeno e feliz rouxinol.

    Devon colocou suavemente os dedos no queixo de Rae e fechou-lhe a boca. Sorriu, enquanto se inclinava para a frente e a beijava rapidamente nos lábios. Rae fechou os olhos para saborear o sentimento, madame Elpis já estava completamente esquecida.

    — Ela se apaixonou. — Devon se afastou. Agarrou duas malas, arrastando-as até a escadaria de mármore preto e branco.

    — Sim, e está esperando outro beijo. — Rae franziu os lábios, com os olhos ainda fechados.

    — Não você, sua boba. Estou falando de madame Elpis. — Devon riu a vários passos de distância.

    Rae abriu os olhos, e o calor subiu até seu rosto. Agarrou a mala restante e correu para alcançá-lo. Ele já havia subido metade do primeiro lance de escada.

    — Valha-me Deus, Rae. Você trouxe metade de Nova York nessas malas?

    Ela ignorou sua pergunta.

    — Quem é o sortudo, ou não tão sortudo assim?

    — Madame Elpis? Você se lembra do professor de inglês do seu primeiro período?

    — Professor Lockheed? — Rae o encarou com incredulidade. Ela sabia que ela e Devon estavam quebrando as regras do mundo ‘tatu’ por estarem namorando, mas simplesmente não podia imaginar a intratável madame Elpis saindo da linha um passo sequer.

    — Sim. Bem, não ele, mas seu irmão, Donald.

    — Donald? — repetiu Rae, e então começou

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1