Castelo de Cartas
De W.J. May
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Sobre este e-book
Rae Kerrigan está a três meses de se graduar no Internato Guilder. Ela está agora atuando secretamente como uma operária do Conselho Privado, uma divisão de operações especiais da Inteligência Britânica. A ela foi dada uma mentora, Jennifer, que luta como um diabo – rápida, resistente e com uma força de vontade imensa. Rae passa a sentir por ela um estranho laço materno. Ao mesmo tempo, ela encontra um novo amigo quando Devon a desaponta novamente.
Memórias de infância emergem e evocam segredos ocultos que ela está determinada a resolver. Quando o Conselho Privado pede por sua ajuda, ela encontra um amigo, e um elo, aos Xavier Knights – outra organização similar ao Conselho Privado. Através de mistério e segredos, ela começa a questionar-se o que o CP representa, e onde é o seu lugar.
Ela se perderá nas confusões de seu passado e presente? O que isso significará para seu futuro?
W.J. May
About W.J. May Welcome to USA TODAY BESTSELLING author W.J. May's Page! SIGN UP for W.J. May's Newsletter to find out about new releases, updates, cover reveals and even freebies! http://eepurl.com/97aYf Website: http://www.wjmaybooks.com Facebook: http://www.facebook.com/pages/Author-WJ-May-FAN-PAGE/141170442608149?ref=hl *Please feel free to connect with me and share your comments. I love connecting with my readers.* W.J. May grew up in the fruit belt of Ontario. Crazy-happy childhood, she always has had a vivid imagination and loads of energy. After her father passed away in 2008, from a six-year battle with cancer (which she still believes he won the fight against), she began to write again. A passion she'd loved for years, but realized life was too short to keep putting it off. She is a writer of Young Adult, Fantasy Fiction and where ever else her little muses take her.
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Castelo de Cartas - W.J. May
As Crônicas de Kerrigan
Castelo de Cartas
Livro III
Por
W. J. May
Direitos Autorais 2014 por W.J. May
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As Crônicas de Kerrigan
As Crônicas de Kerrigan
Livro I - Rae of Hope é GRÁTIS!
Trailer do Livro:
http://www.youtube.com/watch?v=gILAwXxx8MU
Livro II - Dark Nebula
Trailer do Livro:
http://www.youtube.com/watch?v=Ca24STi_bFM
Livro III – Castelo de Cartas
Livro IV - Royal Tea
Livro V - Under Fire
Livro VI - End in Sight
Livro VII – Hidden Darkness
Livro VIII – Twisted Together
Livro IX – Mark of Fate
Livro X – Strength & Power
Livro XI – Last One Standing
Livro XII – Raio de Esperança
Futuramente em junho de 2016
PRÉ-SEQUÊNCIA – Christmas Before the Magic
Pré-Sequência das Crônicas de Kerrigan
Uma Novela das Crônicas de Kerrigan.
Uma pré-sequência de como Simon Kerrigan Conheceu Beth!!
DISPONÍVEL:
Encontre W.J. May
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Conteúdo
As Crônicas de Kerrigan...................................5
Pré-Sequência das Crônicas de Kerrigan....6
Encontre W.J. May..............................................7
Prefácio................................................................12
Capítulo 1............................................................14
Capítulo 2............................................................27
Capítulo 3............................................................38
Capítulo 4............................................................51
Capítulo 5............................................................61
Capítulo 6............................................................73
Capítulo 7............................................................87
Capítulo 8............................................................97
Capítulo 9.........................................................110
Capítulo 10.......................................................119
Capítulo 11.......................................................136
Capítulo 12.......................................................147
Capítulo 13.......................................................159
Capítulo 14.......................................................175
Capítulo 15.......................................................183
Capítulo 16.......................................................193
Capítulo 17.......................................................202
Capítulo 18.......................................................211
Capítulo 19.......................................................224
Capítulo 20.......................................................237
Capítulo 21.......................................................246
Capítulo 22.......................................................253
Capítulo 23.......................................................258
Capítulo 24.......................................................267
Capítulo 25.......................................................271
Capítulo 26.......................................................277
Nota da Autora................................................294
As Crônicas de Kerrigan..............................295
Pré-Sequência das CK!.................................296
Mais livros de W.J. May............................297
Livros Gratuitos:..........................................305
COMPARAÇÃO DE TUDOR:....................306
Prefácio
Rae dava risadas enquanto sua mãe tirava alegremente o glacê da ponta de seu nariz. Ela tinha dez anos, e elas estavam fazendo cupcakes para sua festa de aniversário numa cozinha clara e ensolarada. O sol cintilava no cabelo espesso de sua mãe, que ia até o ombro. Estavam usando tiaras, vestidos, e fingiam ser princesa e rainha. Foi um momento perfeito. Para Rae não importava que ele nunca tivesse acontecido.
Ela sabia que estava prestes a acordar, mas muito lutou para permanecer no lugar entre o sonho e o despertar, esse lugar perfeito, onde ela podia fingir haver crescido com sua mãe a seu lado, brincando de vestir-se, tendo festas de aniversário com temas de princesa, com sua mãe chamando-lhe por nomes de bichos, como abóbora
ou macaco
, contando histórias embaraçosas de quando ela era bebê a seus amigos e às mães destes quando iam a encontros, como uma garota normal.
Essas pequenas coisas, que as outras garotas tinham por garantidas, eram preciosas para Rae. Não as ter deixou um espaço vazio em sua vida, que fazia-a sentir-se vulnerável. Após uma luta quase que até a morte com seu meio-irmão, Kraigan, enquanto ela se recuperava, ela pensou muito sobre família e memórias e em como estas duas coisas dão talhe a uma pessoa. Ela olhava para sua melhor amiga, Molly, e via como o relacionamento dela com seu pai e sua mãe afetavam diretamente a pessoa que ela era hoje, mesmo que Molly não visse isso. Rae sentiu-se como se lhe faltasse essa parte aparentemente vital de sua personalidade, que tê-la a faria mais forte.
Enquanto ela não conseguia voltar no tempo para evitar o horrível incêndio que aplacou o reino de terror de seu pai e infelizmente tirou a vida de sua mãe, ela podia fazer de conta nesses remansos no tempo, onde ninguém saberia que não era real. Então, com suas memórias fictícias, ela aferrava-se firmemente a estes momentos roubados.
Capítulo 1
Nervosa
Está pronta para isso?
Rae fitava Julian enquanto ficavam parados em frente à grande porta amadeirada, a mão dele na maçaneta, prestes a introduzi-la ao mundo completamente caótico cuja existência ela desconhecia até dois anos atrás. Logo antes de completar dezesseis anos, ela havia vindo ao Internato Guilder sem nenhum conhecimento sobre tatùs ou sobre o fato de que ela receberia uma tintura em seu décimo sexto aniversário.
Num momento ela era a criança órfã criada por sua tia e seu tio em Nova York, e no outro era o centro de atenções indesejadas em Guilder. Agora ela estava prestes a ingressar numa agência secreta porque a queriam, e não o contrário. A criança em seu interior, que perdeu os pais quando jovem e nunca curou-se da experiência, agora exigia respostas. A compreensão repentina de que suas percepções de realidade haviam mudado tão drasticamente num período de tempo tão curto a deixou pasma. Ela piscava os olhos, e piscava-os novamente, tentando forçar seu foco de volta ao presente. Eu re-
Uma súbita pancada contra o outro lado da porta, seguida de um bramido desumano, arrebatou-a. Julian pulou para trás no impacto, fazendo luzir seu deslumbrante sorriso de super-modelo, dando uma piscadela com seus olhos castanho-escuros, e apertou o rabo-de-cavalo que segurava seus longos cabelos negros quando a porta ficou intacta. Com exceção de Devon, Julian era um dos amigos mais próximos de Rae. Ele olhava para ela, para a porta, depois para ela novamente. Tem certeza?
Ela o conhecia bem o suficiente para saber quando ele a estava provocando. Rae disparou o que ela esperava que fosse seu olhar mais sórdido e parou à frente dele, determinada a mitigar todo nervosismo. Poderia o rebuliço em seu estômago ser causado pela encantadora marca de tinta na parte de baixo de suas costas? Além começar a compreender a marca desconhecida em seu décimo sexto aniversário, ela aprendeu que a tintura tinha uma espécie de poder sobrenatural que ela teria que descobrir. Se aquilo não fosse o suficiente para impressioná-la, Rae descobriu também que ambos os seus pais tinham tatùs, enquanto que quase todo mundo na escola tinha apenas um dos pais marcado. Ela e sua tatù estavam impacientes. Com uma determinação forçada, ela lançou mão da maçaneta da porta e escancarou-a.
Antes que ela tivesse a chance de verificar a sala, algo como um disco de Frisbee voou em sua direção. Os reflexos tatù reagiram naturalmente, e ela desviou a tempo. Ela não pôde conter o riso ao ouvir o intenso uf
reverberando de Julian quando o objeto desconhecido o atingiu no peito. Ao bater nele, o objeto pousou inofensivamente no chão aos pés dela. Ela agachou-se e o pegou. Surpreendentemente pesado. Aposto que Julian terá uma contusão. Falando nisso... ela empertigou-se e sorriu. Pensei que sua tatù lhe tivesse dado a habilidade de prever o futuro.
Ela não pôde conter a risada enquanto entregava o disco a ele. Até eu vi aquilo acontecer há um quilômetro de distância.
Obviamente sem fôlego, Julian balançou a cabeça. E-eu v-vou te dar esse prazer... p-por ser seu p-primeiro dia.
O que o Diretor Carter disse? Bem-vinda ao primeiro dia do resto de sua vida.
O primeiro dia de preparo para ser uma das melhores agentes secretas da Inglaterra sob treinamento especial e vigilância do Conselho Privado. Uma detetive secreta. Soava oficial e importante. Ela imaginava que deveria sentir-se muito realizada agora.
O problema era que não sentia. Àquele momento, Rae sentiu-se como há um ano e meio atrás, quando ela chegara ao Internato Guilder pela primeira vez e era tida como a esquisita. Todos encaravam, cochichavam e a tratavam como uma leprosa. Foi horrível.
Não faça isso, disse a si mesma, imaginando sua mãe de pé atrás dela dando-lhe conselhos. Você não é mais a mesma garota. Você sabe quem você é agora. Você é poderosa à sua maneira. Você consegue!
Forçando os ombros para trás, ela se colocou no presente, não no passado. Ela provou que eles estavam errados, e, julgando pelo fato de que a sala ampla e barulhenta tinha subitamente tornado-se tácita como uma tumba, ela teria que prová-lo novamente. O tempo iria provar que ela estava à altura. Ela sabia disso. Provaria seu pertencimento a este lugar mesmo que fosse a última coisa que fizesse. Ela precisava fazê-lo porque também tinha outra agenda. Uma pessoal.
Ao longo dos últimos meses ela perdeu visão (ou talvez seus olhos se tenham aberto) de em quem confiar. Seu preceptor, Carter, estava sendo reticente. Seu namorado a havia traído no que diz respeito aos deveres. Alguns de seus amigos provaram que não eram nada. Seu meio-irmão Kraigan ferrou com tudo. Pelo menos ele não conseguiu me matar quando tentou. Ela vencera aquela batalha, apesar de não lembrar-se muito bem. Carter e Julian apareceram ao final e terminaram o serviço, varrendo Kraigan para um lugar não revelado.
Ela não tinha ideia de onde ele poderia estar agora e tinha quase certeza de que isso era uma coisa ruim. Ela o detestava, mas ele manteve o diário do pai dela em segredo quando ele teve a oportunidade de ferrá-la. Agora todo mundo procurava tenazmente pelo maldito diário e não faziam ideia de que ela o havia escondido na noite em que Kraigan tentara matá-la. Passara-se mesmo apenas uma semana? Ela recuperou-se e aceitou um posto de trabalho na misteriosa organização que parecia controlar tudo em seu estranho mundinho, mas continuou determinada a não compartilhar o diário de seu pai. De qualquer maneira, ainda não. Todos que ela conhecia escondiam algo dela. Ela estava determinada a manter este fato para si mesma, pelo menos até ter arrancado dele cada pedacinho de informação que conseguisse. Para isso, ela precisava de tempo, e por enquanto aquilo significava que assimilação era a chave.
Aquela é a Kerrigan? Ela parece tão magra e frágil.
Sabia que ela tem a habilidade do pai? Sangue ruim só produz sangue ruim.
Cochichos advindos do quarto abruptamente arrancaram-lhe os pensamentos do diário.
Você sabia que ela tem um meio-irmão que faz basicamente a mesma coisa? Ouvi dizer que ele está encarcerado. O cara é um perigo para ele mesmo e para todos. Quer apostar quanto que ela acabará na mesma?
Nah, eles a querem aqui para ver o que acontece quando você cruza duas tatùs.
Alguém riu. Eles a colocarão num quarto especial com uma roda giratória, ração e uma garrafa com um gotejador de água. Ela será a cobaia do Conselho Privado.
Ela desligou sua audição aguçada, uma habilidade que havia copiado de Devon. Aquilo era suficiente por ora. As palavras doíam, mas ela precisava ouvi-las para saber sua posição, o que preconcebeu as noções que ela teria de superar, e o quão próximos da verdade as pessoas estavam realmente.
A tatù de Rae era única. Enquanto ela possuía os dons de seu pai e de sua mãe, ela era ainda mais forte que os dois juntos. Seu pai conseguia imitar outras habilidades tatù quando tocava alguém marcado; Rae podia fazer o mesmo, além de revocar estas habilidades sempre que precisasse, ao passo que seu pai apenas mantinha estas capacidades até copiar outra tatù. Ela recordou-se brevemente de quando havia aprendido sobre isso, quando foi trancafiada na torre de Guilder pelo então Diretor Lanford. Ele tinha sido a pessoa em quem ela confiava piamente quando chegou na escola pela primeira vez, e no fim ele provou ser seu inimigo. Ela arrependeu-se da confiança que erroneamente depositou nele, mas não podia se arrepender da maneira como essa experiência havia habilitado um novo nível de seus poderes. Seu corpo estava conectando-se tanto com sua tintura, que ele transformava-se de acordo com o que ela precisasse usar. Como poder ouvir os sussurros de toda a sala.
Aquilo foi uma ação involuntária que ela tentou explicar ao namorado, Devon. Ele fora em alguma missão secreta mas conseguiu ligar para ela na noite passada e foi sobre isso que conversaram. Exceto que ele parecia pensar que as reações dela precisavam de um estímulo e disse que sua tatù havia se tornado antes um reflexo que uma escolha. Eu gostaria de dar-lhe um pouquinho de reflexos agora. Ele prometera que estaria aqui quando Julian a trouxesse. Só porque ninguém, a não ser Julian, sabia que eles estavam ficando, não era desculpa. Mesmo que pessoas com tatùs fossem proibidas de se envolverem, ele não tinha desculpa, na opinião dela, para não estar lá. Promessa era promessa. Além do mais, ela necessitava de todo suporte que conseguisse. Mesmo que não pudesse descobrir de que lado todo mundo estava, dizia o velho ditado que o mal que você conhece é melhor que o que desconhece.
Ela sabia que o dito não era exatamente igual à situação em que estava, mas era quase isso. Ela aprendeu da maneira difícil que amizade e confiança não necessariamente andam lado a lado. Ao aceitar a posição com o Conselho Privado, ela sabia que estava adentrando ainda mais na escuridão onde a verdade seria mais difícil de se discernir, e não mais fácil. Então enquanto estimava as amizades que já possuia, ela constantemente se afastava apenas o suficiente para sentir-se segura. Ela afastava-se de todos: Carter, Devon, até Julian. Curiosamente, ela só sentiu-se culpada por Julian. Ele não havia sido nada mais nem menos que o amigo perfeito para cada parte de sua jornada. Parecia errado duvidar dele. Apesar disso, ela não podia arriscar-se a cometer um erro agora. Então ela valorizava a amizade dele, mas recuava da mesma maneira que fazia com todos os outros.
Uma leve cutucada de seu bom amigo lembrou Rae de que ela precisava andar. Respirando fundo, ela andou na direção do luminoso ginásio e pôs o foco nos arredores ao invés de pô-lo nas pessoas, com um sorriso perfeito estampado em sua cara. A máscara foi posta, hora de agir.
Paredes cor de marfim com o ponto estranho tendo uma nódoa escura e esteiras azuis em sua terça parte inferior. O teto alto fazia crer que as esteiras eram pequenas, mas elas deviam cobrir pelo menos três metros da parede. Até alguns pontos no teto, entre os ventiladores, tinham esteiras. Interessante...
Julian riu-se, seguindo o olhar dela. É aqui que disputamos e treinamos em nosso tempo livre. Há também várias salas atrás dessas portas,
ele apontou para portas azuladas que combinavam com as cores das esteiras, só que muito mais baixas, onde você terá pessoalmente o seu preparatório um contra um.
Como o treinamento um contra um?
Parecido. Você terá um Botcher e será a Dagonet.
Rae contraíu uma sobrancelha e olhou para Julian, interrogativa. O quê e o quê?
Julian riu. O Conselho Privado adora usar referências de Tudor. O Botcher é basicamente um mentor. Na verdade eu procurei saber sobre o termo. Um Botcher, nos tempos do Rei Henry, era um restaurador de roupas velhas. Então eu questionei Carter a respeito. Aparentemente era um termo oculto naquela época para esconder o treinador de pessoas com tatù no tempo em que a escola e o Conselho Privado começaram. Seu trabalho era reparar e melhorar as habilidades tatù até a perfeição.
Então o que é um Dragonete?
Um Dagonet.
Julian riu-se. Ironicamente, isso se refere a um cavaleiro jovem e tolo.
Um que precise de ensino e treinamento?
Rae puxou o cabelo, que ia até os ombros. Ela o havia cortado quase todo e pintado de loiro há quase uma semana. Tinha parecido uma boa ideia na hora, mas Molly, sua melhor amiga, enlouqueceu quando viu. Naquela mesma tarde, ela arrastou Rae a um salão do lado de fora da cidade. Molly encontrou uma garota com cabelo e uma tatù e que parecia dominar a habilidade. Ela fez com que a cor do cabelo de Rae voltasse a seu castanho-escuro natural. Quando Molly chamou a garota em particular e perguntou-lhe sobre sua tintura, a garota sorriu e disse que não podia fazer mais nada. Então agora Rae conseguiria imitar a habilidade. Ela agora sabia como fazer com que seu cabelo voltasse à sua cor original e também sabia como encompridá-lo. A habilidade pode ser útil se ela vir a ter de se camuflar em alguma operação. Ou precisasse desaparecer.
Agora, a cada noite seu cabelo crescia mais ou menos dois centímetros e meio. Rae sabia como fazer parar o crescimento acelerado quando o cabelo alcançasse o tamanho que ela queria. Ela planejava fazê-lo crescer até seu comprimento original.
Rae? Você está me ouvindo?
Ela piscou e olhou para Julian. Me desculpe, o que você disse?
Ele apontou os olhos para a direita dela. Carter está vindo.
O quê?
Ela se retesou e percebeu que a sala continuava quieta, mas todos agora observavam o homem indo na direção dela. Todo mundo aqui sabe que ele é o presidente do Conselho Privado?
Rae, venha comigo.
Carter acenou com a cabeça. Seu rosto não revelava nada, mas a pungência de sua voz a aterrou.
Ela olhou para Julian, que encolheu os ombros de surpresa. Ela não tinha escolha a não ser seguir o homenzarrão ao longo do ginásio até às portas azuis no outro lado. Seu estômago revirou-se de novo