Mitologia Esquecida
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Mitologia Esquecida - André L. Fonseca
MITOLOGIA
ESQUECIDA
MITOLOGIA
ESQUECIDA
Lótus
Livro dois
Autor: André L. Fonseca
Ficha catalográfica
B869.3
F676M
Fonseca, André L.
2023 Mitologia esquecida : Lótus / André L. Fonseca ; Bom Despacho: Cena, v. 2, 2023.
221 p. ; Digital
ISBN : 978-65-87220-64-2
1. Fonseca, André L. ; 2. Ficção ; I. título CDD: B869.3
Ficha catalográfica: Geralda A. Simões - CRB/MG 003693
Prefácio
Você já conheceu alguns dos nossos heróis e dos nossos vilões, e talvez o livro de Nária tenha sido um livro de conhecimento, mas em Lótus você irá descobrir que nem tudo é o que se espera, o mal pode vir de deuses ou entidades antigas, mas também pode vir dos mortais mais amados. No entanto, tudo estará atrelado aos destinos de cada um dos nossos personagens e nenhuma falha será esquecida.
Dedicatória
Dedico essa segunda conquista aos leitores que embarcaram nesse mundo comigo.
Sumário
Capítulo
página
I — Sem destino
9
II — Sparnel
20
III — O jogo
28
IV — Vingança
36
V — Escravidão
45
VI — Fuga
54
VII — Casamento
63
VIII — Investigação
71
IX — A marca
80
X — Fanatismo
88
XI — Desencontros
96
XII — Cabana
105
XIII — E se
112
XIV — Reconsiderar
119
XV — Reino de prata
125
XVI — Os caçadores de recompensa 131
XVII — Prisioneiros
137
XVIII —Como nasce uma maldição
144
XIX — Revelações
151
XX — Transferência
159
XXI — Confronto
165
XXII — Execução
172
XXIII — Isabelle
179
XXIV — Floresta
186
XXV - Cizar
195
XXVI- Chegada
203
Anexo extra página Primeira guerra
213
Doutrinas
220
Sem destino
Capítulo I
Sem Destino
star sem destino significa o mesmo de estar sem direção, sem rumo a ser seguido ou E mesmo sem um objetivo. Há um ditado que diz: Para quem não sabe para onde ir, qualquer caminho serve
, ditado este que não poderia estar mais errado, por que não será qualquer caminho que o levará ao seu destino e uma coisa é clara, quando se pega um caminho errado, com certeza você chegará ao lugar errado.
— Meu nome é Alemi. Já fui humano e a própria entidade Tempo me transformou em um deus, tornando-me o deus do destino. Neste dia eu soube o destino de cada coisa mortal de Ordo. Se você pensar um pouco também saberá, talvez por isso todos odeiem o destino, o simples fato de não saberem o caminho que está por vir, como será ou como poderia ser, enfim, as possibilidades infinitas da dúvida é o maior motivo por trás de tanto ódio. Mas o que é realmente importante é qual o caminho usado para chegar ao destino final. Por isso estar sem destino não significa não saber o que vai acontecer no fim e sim não conhecer o melhor caminho para chegar ao fim da melhor maneira possível.
Na vida, poucas coisas podem fazer você ficar sem um destino, entre elas está a morte de entes queridos e desistir de um sonho. Mas, dentre todas, as mais tristes são as decisões erradas. A morte de alguém próximo não é algo que pode ser controlado, nem mesmo entre os deuses.
9
Sem destino
Desistir de um sonho não significa a incapacidade de sonhar. Mas tomar uma decisão errada pode tirar a sua liberdade, sua vida, redefinir seu destino e destruir todas as suas possibilidades. Vejamos então as escolhas do grupo.
No momento em que Rain decidiu usar a armadura que achou no cofre, deixando a dele ali, foi essa escolha que o incriminou. A escolha de todos em matar Zacary e pegarem todo o dinheiro, fez com que todos do grupo fossem os mais procurados de Nária, Rain fugir usando a armadura que roubou do cofre, Aurora furtar cinco cavalos para ela e os amigos conseguirem sair mais rápido de Nária, tudo isso contribuiu para mudança do destino, eles subiram pela estrada de prata naquela noite, ao amanhecer passaram pelo reino de Isabelle, onde pararam para abastecer o cantil de água e conseguirem alimentos para si e ração para os cavalos. Durante sua jornada, Adam foi jogando na estrada todos os amuletos de Eykesen, abalado por não ter tido sua oração atendida na antiga Nária quando pediu a ele que os ajudassem, foi quando perceberam que não tinham mais um destino.
— Para onde iremos? — Questionava Rain.
— Que tal Tarnassa. — Respondeu Adam.
— Fazer o que em Tarnassa? — Questionou Aurora.
— Não temos nada planejado para fazer lá ou em qualquer outro lugar, interrompemos qualquer coisa que o Zacary tivesse planejado — fala Lótus.
— Eu tenho uma coisa para falar — diz Rain — ouvi sua história de vida Adam e aquele homem que nos 10
Sem destino
resgatou, aquele dia no barco, era o deus Zaborg, meu pai, o que me faz irmão de Prates, mas o importante é que ele me disse como podemos prender a maldição de Nária —
afirma Rain.
— E eu e Luna confirmamos, foi isso que aconteceu
— complementa Apollo quase gritando e piscando para Rain.
— Bem, se for verdade podemos recuperar a antiga Nária e o nosso nome — fala Lótus.
— E caso não consigamos nos inocentar podemos ter nosso próprio reino — retruca Adam.
— Esse é o problema, para prendermos essa maldição temos que pegar uma urna que está com Zavist, em Rompido — conclui Rain.
— Isso é o destino, sempre quis ir para Rompido matar Zavist e nunca tive dinheiro, agora tenho dinheiro e companheiros. Se vocês me acompanharem, só vai faltar encontrar pessoas para nos levar — se entusiasma Adam.
— Em Dandileo é certeza que iremos encontrar alguém — fala Rain.
— Tem certeza? Parece arriscado demais. Em Rompido ainda existem primordiais da primeira guerra divina — questiona Apollo.
— Mas lá podemos conseguiremos o que precisamos para acabar com a maldição de Nária, assim como você e Lótus queriam — retruca Adam.
— Mas e meu filho? — questiona Aurora.
— Não sei onde ele está, mas podemos encontrar algo por lá que nos indique onde encontra-lo, alguma 11
Sem destino
magia antiga que nos dê uma pista e se você nos ajudar nisso prometo te ajudar no que você quiser — fala Adam.
— Tá tudo bem, espero que Eykesen tenha seus motivos — ela responde.
— Bom, então vamos seguir para Dandileo, passando por Logran— afirma Rain.
E foi assim que um grupo sem destino decidiu qual rumo tomar. Não posso dizer que só andaram perdidos, mas posso dizer que talvez estavam andando em direção à perdição, no entanto seguiram em busca de conquistar o objetivo ali traçado.
Longe dali um certo magiborn, chamado Sylas, acordou preso em um calabouço. Sem o tratamento de Lótus, sua carne estava apodrecida sendo comida por vermes. Assustado e sem saber onde estava gritou muito até alguém se aproximar.
— Olá, senhor Sylas — disse Ezequiel.
— Ezequiel, graças a Alemi! Você sabe onde estão meus amigos? Preciso deles.
— Infelizmente saíram da cidade, você está sozinho.
Sylas percebeu que havia algo errado, a sensação de perigo era enorme, ele não sabia se seus amigos tinham ido embora de verdade, mas sentia que alguma coisa de muito ruim estava acontecendo. Ezequiel carregava uma cesta e estava muito tranquilo.
— Você sabe onde estamos, Ezequiel? Poderia me soltar? — questiona Sylas.
— Sim, eu sei, estamos no porão da minha casa, te soltar eu não posso, pois preciso de você aqui. O curioso é 12
Sem destino
que seus amigos ontem passaram a uns vinte metros de você e nem suspeitaram que estava aqui — ele respondeu tirando alguns potes da cesta.
— O que está fazendo? — questiona Sylas.
— Achei que não ia perguntar, algumas pessoas sortudas nascem com poderes da magia como você, mas existem pessoas bastardas como eu que nascem sem nenhum talento, isso não é injusto? Então estudei e encontrei uma forma de garantir um pouco de sorte e magia para mim — fala Ezequiel.
— Isso não vai dar certo — retruca Sylas.
— Ah meu amigo, para um magiborn artista você está muito incrédulo. Eu li três rituais antigos que disseram que era possível, iremos passar pelos três, mas suspeito que você não irá sobreviver para descobrir se realmente funciona — ele fala isso fazendo umas pinturas com sangue em Sylas.
— Você vai morrer seu filho da puta, eu vou te matar, eu te amaldiçoo — grita Sylas.
— Ah, meu amigo, pense pelo lado positivo, seus quadros um dia vão valer uma fortuna e eu já me sinto amaldiçoado. Quanto suas ameaças eu duvido muito que você terá chance de cumpri-las. Logo após dizer isso Ezequiel inicia os rituais para expurgar a magia de Sylas e transferir para ele.
Tudo que aconteceu depois causou extrema dor em Sylas, em alguns momentos ele implorou para que Ezequiel o matasse, para que ele pudesse ir ao destino final, mas Ezequiel queria muito alcançar o resultado desejado.
Ele mantinha Sylas vivo, chegando até fazer-lhe curativos 13
Sem destino
e tirar os bichos da sua pele para ganhar mais tempo, porém, no quinto dia, Sylas não aguentou e chegou a seu destino final.
Longe dali seus amigos prosseguiam em sua jornada para Dandileo. Três meses se passaram e boa parte do que haviam pego no cofre de Zacary, tinha sido gasto na cidade estado de Logram comprando armas, roupas, comidas e especiarias.
Em Nária o grupo era procurado. Os cartazes demoraram a ser desenhados, mas fizeram réplicas para distribuir em todos os cantos, com recompensas pelas cabeças de todos, sendo as mais altas pela cabeça de Adam por cinquenta denários e a de Rain por cem. A demora para as informações de suas recompensas chegarem em outros países fez com que eles chegassem em Dandileo sem nenhum atraso. Rain levou-os à sua antiga casa, e chegando lá deu mais de quarenta denários para sua mãe.
— Onde arrumou todo esse dinheiro? — perguntou Eliza, mãe de Rain.
— Mãe, eu tenho trabalhado em missões perigosas para pessoas ricas, mas isso não importa deixe eu apresentar estes são meus novos companheiros, estamos em busca de alguns marinheiros para navegar — ele respondeu.
— Vocês mal chegaram, olha como está magro, aonde vocês vão com tanta pressa? — questiona Eliza.
— Mãe, estamos tentando ir para Rompido, guarde esse dinheiro, eu preciso que tome conta desses meninos até voltarmos — fala Rain.
14
Sem destino
— Você está louco?! Ninguém vai para Rompido e volta vivo!
— Mãe, meus amigos são fortes, tem dignos e semideuses comigo e agora sei quem é meu pai, Zaborg.
— Sempre imaginei que fosse ele, por conta de onde vivemos em Dandileo, mas fiquei com medo de afirmar.
Mas isso não é importante agora, não vá meu filho é perigoso — conclui Eliza.
— Eu tenho que ir minha mãe, onde está Jehal? —
questionou Rain.
— Ele sempre passa no bar antes de voltar, deve estar por lá — ela responde.
Enquanto isso, June e o pequeno Adam estavam do lado de fora conversando. Adam estava de olho e ouve a conversa.
— Por que temos de ficar aqui? — questionava o pequeno Adam.
— Eu e os outros temos que navegar por um longo tempo e precisamos de você para proteger a mãe do Rain, aquela espada está com você? — questiona Adam interrompendo.
— Minha espada está comigo, mas eu não caio mais nessa — o pequeno Adam responde.
— O fato é que vamos para um lugar que é muito perigoso e decidimos deixar vocês aqui, porque em Nária tivemos problemas e aqui vocês terão uma mãe para cuidar de vocês.
— Eu não preciso de uma mãe — fala o pequeno Adam.
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Sem destino
— Mas quanto a June? Uma mãe não seria uma boa para ela? Além disso, se algo der errado você vai estar aqui, sabe que é responsável por June, pois você já está se tornando um homem e somos uma família — fala Adam antes de sair.
Todos saíram para o bar, encontrar Jehal e outros pescadores. O bar era todo em madeira como se fosse o interior de um navio. E estava lotado pois era dia de festival com muita música e comida farta.
— Boa tarde, meu povo! — fala Rain chegando à taberna.
— Rain, vejo que voltou e trouxe vários amigos com você! — exclamou Jehal.
— Sim e estamos procurando alguns barcos e bons marinheiros — ele respondeu.
— Mas primeiro, bebida para todos! — gritou Adam.
O povo comemorou dando uivos de alegria.
Enquanto Adam tentava atrair alguns deles para sua jornada, Lótus e Aurora ficaram no canto, Apollo se aproximou de uma cantora, tentando corteja-la enquanto Luna desdenhava de Apollo dizendo que ela não era para seu bico.
— Vocês são corajosos?! — exclamava e perguntava Adam para as pessoas à sua volta.
— Sim! — todos respondiam.
— Vocês querem ser aventureiros ricos?! —
exclamou novamente.
— Sim! — gritaram todos.
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Sem destino
— Então quem vem com a gente para Rompido? —
perguntou Adam.
— É que é longe e eu tenho família — um respondeu.
— Meu barco não está bom para fazer uma viagem tão longa — disse outro.
E assim foram se dispersando um a um, até Jehal, padrasto de Rain, havia ido embora, quando chegou um homem robusto com tatuagens de marinheiro, cabelos longos e barba por fazer. Ele pegou uma bebida, se sentou à mesa e já foi falando.
— Quanto vão pagar?
— Quanto quer? — questionou Adam sem preâmbulos.
— Cem denários para levar, se for para esperar vocês, no máximo dez dias, e vou querer mais cinquenta denários por isso — disse o homem.
— Fechado! Qual seu nome? — perguntou Adam.
— Pode me chamar de Jason e estejam preparados, zarpamos amanhã bem cedo.
Passaram o resto da noite bebendo e aproveitando um pouco da paz. Apollo ficará desolado, pois a cantora que ele tentava cortejar acabou indo direto para o colo de Jason assim que acabou de cantar, aparentemente eram velhos conhecidos, deixando-o totalmente de lado, o que serviu de motivo para todos fazerem chacota dele.
No dia seguinte todos se prepararam para a partida, se despediram logo cedo, Rain deixou sua mãe com o coração na mão, e Adam deixou as crianças irem até o porto enquanto embarcavam rumo ao perigo, ele não perdeu de 17
Sem destino
vista os pequenos até o barco zarpar. Jason era muito experiente, era quase mágico como ele navegava, e seu barco era de madeira nobre e tinha metais reforçando as quinas além de uma bandeira de Pesser no mastro. Aurora passou mal o tempo todo vomitando e mantinha-se deitada, enquanto todos curtiam a viagem.