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A Vagar
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E-book353 páginas3 horas

A Vagar

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Sobre este e-book

.... na atemporal cidadela dos mortos, o ente maléfico se encontra determinado a usurpar fluxo da prova verdadeira através do chamado do sopro. (...) No mundo sensível, seres da ordem jiin varum estão em perseguição de Elief. Seus corpos, formados por cascas sobrepostas semelhantes a escamas de serpentes emoldurados por uma face onde se sobressai cinco fendas vermelhas pressentem de antemão a presença do líder da irmandade "semente-de-serafim". (...) O cruel e perverso ente bebe de um líquido ácido produzido pela torturas, esta bebida o fascina e não o cansa; quanto mais bebe, mais sedento fica. Os entes formam dentro do império do mal, a nação "ha goyin" de amaldiçoados e depravados inferiores. Eles são "os outros imperfeitos", conhecidos por terem sido inspiradores da cultura mitológica Cananéia; como o deus da tempestade, da serpente sinuosa e da seca existente no século XV a.C na atual cidade de .....

Acima, parte do conteúdo de "A Vagar". Uma Batalha pela alma do humano-que-dorme. Perder levará a humanidade a desconsiderar a existência da salvação e da crença de culto ao sagrado, e ainda, da certeza de ter sido arremessado nesta vida para, eterno, sofrer. A matilha de seres infernais do reino de crueldade se unem a partir da criação do experimento sopro de hades e através de um código tentador confundem as almas que dormem à porta da cidadela dos mortos para que assim aceitem o perdão negro em escolha do repouso de paz em seu Deus. Liderados pelo mais alto membro da milenar irmandade semente de serafim apoiado pelo secular grupo olho de jacó buscarão anular e extinguir esta ameaça chefiada por uma antiga casta maldita; os filhos do sol. Nesta batalha que se avizinha com a real possibilidade da perda de fé, um crime precisa ser desvendado para que muitos outros esclareçam as sórdidas manobras efetivadas pela elite adâmica. Não há escolhas para aqueles que sobreviverem a este embate pois nenhum dos lados irá querer receber o prêmio da derrota que virá recheado de muita angústia e provação. Para o bem e para o mal não há mais regresso.
"A Vagar" oferta-lhe um enigma que será percebido ao longo do livro e que se refere à sua alma; "Encontrarás? Poderá ela estar no refúgio sob uma clausura sagrada? Ou profana? Ou ordeira em sua anarquia desafiante? Encontre-a!"

Por escolha se vai à dor; Na vontade se condena; Por liberdade desvia; Mérito move a centelha...Que me fez de luz; No caminho do amor...Sou eterno...Tenho toda a esperança. Encontrarás?!

IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de abr. de 2018
ISBN9780463092408
A Vagar
Autor

Edmar Camara

Um ativista da arte - pintor, designer, romancista, poeta, contista e produtor de conteúdo digital radicado no Brasil com nascimento em Minas Gerais e vivências em outras territorialidades. Produz textos que se diferenciam por estarem carregados de uma intenção que se adequa ao leitor que o interpreta em sua subjetividade; o que resulta em narrativas que questionam e provocam uma verdade que é exposta, mas que não se apresenta como absoluta.

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    A Vagar - Edmar Camara

    LUGAR DESCONHECIDO

    Um vulto gira em círculos de si mesmo e outros vultos guincham como se estivessem a sorrir. Eu aqui estou na certeza de que um vulto ainda não sou. Bochechas estranhas estampadas na face deste vulto ao lado que me encara! __ murmura Misleke. Outro _ alguém_ o cutuca sutilmente com a cabeça e o fuzila com os olhos sem pudor. Isto não é nada honroso; penso imediatamente em fugir. Sinto-me desnorteado. Desconheço, ou melhor, não me recordo de aqui ter chegado; e agora me flagro a estar neste lugar. E que lugar estranho. Aliás, mais que estranho; horrível! Não entendo. O que houve? Definitivamente isto não está acontecendo; deve ser um sonho ruim. O pior é que não se encerra.

    Alguém sofre um ligeiro desvio e caminha em minha direção; vejo que muitos outros ao derredor observam. Ouço um zum-zum-zum, um vozerio. Minhas narinas se inflam da podridão que me assalta o sentido. Meu coração inicia um descompasso e um calafrio me percorre dos pés à cabeça. De tão intenso, o medo se esvai; diria que é uma curiosidade entranhada de um sentimento da novidade do novo. Não posso enganar a mim mesmo; o coração está batendo na boca, e o calafrio virou congelamento. Por quê?

    Hate calmamente se dirige até Misleke avaliando que a escolha feita muito se deve por conta do talento nato milenar deste humano que na frente se apresenta. Muito provavelmente, ele mesmo – este humano, desconhece ser fruto de uma geração que hereditariamente cultivam sete filhos. Por ser ele o sétimo filho de gerações que se sucederam caprichosamente no último milênio, fazem dele um ser muitíssimo especial; o que não garante ser ele, absolutamente, o escolhido, embora ocupe uma posição que lhe dota de grande poder; sendo um destes poderes, o de transitar livremente pela primeira porta da cidadela -dos-que-dormem e pela livre circulação no submundo do reino de Satã.

    VESTE CARREGA NA ALMA

    Esta veste humana foi seduzida por um constructo-experimento. O nome deste não-objeto é sopro-de-hades _ declara um voz que repercute na mente de todos da casta dos filhos-do-sol que se encontram reunidas no mundo de hades. É sabido pela casta que no Juízo dos-que-dormem, se questiona o que a "veste" ou o não-mais-existente corpo humano fez à sua alma enquanto vivo-o-ser. Carrega na essência da veste a sua existência como corpo. O mundo dito "sensível" ou material, do outrora corpo e agora veste, carrega na alma suas experiências e significâncias. A veste e sua intencionalidade liga, conecta toda a sua consciência e percebe na alma o que se vivencia. A realidade da alma vai sendo construída pelo corpo e lhe dando um sentido no mundo inteligível, ou mundo espiritual.

    __ O chamado do sopro-de-hades tem a veste e sua essência como ponto de partida e neste ato irá experienciar seu poder. Percebam o "como, projetem o alcance e julguem a repercussão que este chamado" terá na humanidade. Não se acanhem: a humanidade irá temê-lo com todo o seu ser. O resultado final do "sopro será um enganoso perdão, dito negro pelo mestre, senhor e rei da fossa-das-tormentas", onde as almas condenadas são cruelmente torturadas __ complementa a voz. Nenhum ruído se faz ouvir. O silêncio impera.

    Os filhos-do-sol passaram a existir com a morte do último rei do trono de Jerusalém, e imediatamente após este ter sido cegado pelo assírio da Babilônia em Ribla. Na ocasião, antigos membros de sua guarda real reuniram-se nas planícies desérticas de Jericó e formaram esta estranha e perversa casta; desde então, para ser parte, faz-se obrigatório participar de um ritual onde o novo membro é cegado pela seiva da "árvore-que-sofre" que cresce no Jardim Infernal. Esta seiva lhes concedem a eternidade.

    ROMA

    Elief em disparada entra no Fórum Romano pelo Argileto. Encontra-se em fuga de um grupo de jiin imperfeitos de origem varum de estética assustadora. Seus corpos são formados por cascas sobrepostas semelhantes a escamas de serpentes que se alongam pelas costas até a altura do pescoço. No que seria uma face se sobressai cinco fendas vermelhas alongadas dispostas aleatoriamente em que se acredita serem olhos. Não há muitos deles. Elief, embora ainda não tenha sido localizado por estes seres, já os tinha pressentido em sua vinda usando de sua habilidade pantônica. Sabendo de antemão de sua presença, o "semente-de-serafim" pôde concluir que tenha sido denunciado; disto não resta dúvida.

    "Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça (...)"; esta é a pista da existência de uma irmandade divina declarada nas Escrituras onde Deus permeia em toda a Epístola e se deduz que diante de uma imperfeição direcionada, onde, os atos dos seres podem causar uma desnaturalidade, esta irmandade auxilia uma decisão Dele a se relacionar com o mundo e retomar a caminhada com seu povo. A irmandade é um desafio ao próprio ateu que desconsidera Deus como um Ser social, que está presente e acessível. O elemento divino, Deus, nos fala e nos desafia a responder a esta fala suprema. A pista de presença da existência da irmandade semente-de-serafim acontece na forma desmembrada, vinda de múltiplos segmentos em tempos antigos; e agora, mais direta e mais dinâmica, sugerindo que Deus-quer e se comunica mais diretamente com o ser humano.

    INVASÃO

    __ Oë! _ chama um integrante do grupo "olho-de-Jacó".

    __ Sim _ responde.

    Recentemente inúmeras tentativas de invasão estão a ameaçar a então, até agora, inexpugnável "cidadela-dos-que-dormem"; isso deixou, e ainda deixa, em polvorosa estes guardiões.

    __ Informo que haverá incursões nas imediações da cidadela -dos-que-dormem. Ainda não sabemos como e quando exatamente pode se dar; sabemos, no entanto, que os "filhos-do-sol" estão ativando o chamado do experimento sopro-de-hades que tenta para o enganoso "perdão-negro". A pista colhida é que da existência da presença do chamado, este promove uma sutil mudança no espectro de equilíbrio entre luz, sombras e cores, os quais nos permitem identificar que este chamado está a operar na porta da "cidadela; nada mais sei _ informa nervoso o olho-de-Jacó".

    Esta total mudança de rotina nas proximidades da cidadela -dos-que-dormem é um fato novo desde os tempos in memorium. É uma clara e notória perda de pudor e decência que afeta a alma ainda não julgada. Eles, os agressores, ainda não foram descritos ou identificados. Eles, os defensores, têm conseguido a duras penas manter um status ainda de relativa normalidade.

    DOS QUE DORMEM

    A "cidadela -dos-que-dormem é para onde segue a alma despida de seu corpo, de sua veste-humana". O acesso à cidadela se faz por uma porta oculta que é revelada quando a alma dela se aproxima e emite o código único de cada alma que é a batida do coração, e pela última vez; impulsionado este soar pela energia de luz da centelha do Criador, que é a assinatura específica de cada humano-criatura. Da saída do corpo até o momento de entrada na cidadela, a alma é guardada pelo grupo "olho-de-Jacó". Esta cidadela confunde-se com a clareira do coração onde a alma aguarda o juízo. O som do coração é a canção em glória do filho-que-chega, como grafado na Palavra "Peço-te que te lembres de que como barro me formaste e me farás voltar ao pó". Na cidadela a alma é vista por espelho em alegoria e julgada pela face. Aqui acontece o Juízo da revelação verdadeira em língua ugarítica pela Autoridade que está na Eira guardada por Daniel. Imediatamente após o término da vida do corpo é estabelecido um conflito entre forças divinas e satânicas. A vontade de Deus se estabelece pela ação de membros do grupo "olho-de-Jacó". O membro jacobiano interpreta os desejos, necessidades e estados emocionais do corpo que são espelhados na vontade da natureza e a partir das verdadeiras expressões de fé contida nas orações que são proferidas colocando este corpo-que-dorme numa posição que gera uma face de modelo de amor detectada na atemporal cidadela -dos-que-dormem que captura um pacto de repouso utópico e filtra para subjugar o ente maléfico determinado a usurpar fluxo da prova verdadeira através do chamado do sopro.

    Não se sabe do início da atividade do grupo olho-de-Jacó, mas se ventila que seja da era do Eterno Retorno. Acredita-se que esta informação tenha sido encontrada e mantida sob sigilo e que traz uma datação distante no tempo que narra "De há muito que se emerge um que se mantém entre dois". Estudiosos entendem que seja uma referência ao grupo na dualidade do ser: corpo e alma.

    PERDIDO

    Meu corpo congelou. Paraliso _ Assim se sente Misleke.

    Será que entrei numa destas portas do tempo e agora me encontro em uma outra dimensão? Devo estar num pesadelo. Esta seria a última possível explicação. __ E estas coisas junto de mim? Falo assim por não conseguir dar um nome diferente. Que aparência? Sofrível seria o melhor termo. Preciso acordar. Agora. Já.

    Misleke está no mundo do xeol, no mundo de hades, no mundo dos mortos onde se localiza a fossa-das-tormentas do reino de Satã. A mais impura região do submundo onde são dirigidas as almas condenadas. Aqui impera a vontade infernal e de toda a sua matilha cruel. Na fossa, a alma no vestida de uma veste-humana congela-e-arde para todo o sempre. Os mecanismos de rotineira tortura existentes na fossa é uma resposta dura e real oriunda da decisão tomada pelo próprio ser humano ao Criador, que por efeito das escolhas feitas frente ao desejo imposto, promoveu um desequilíbrio na sua alma eterna. Misleke olha incrédulo para as coisas sofríveis; vê somente pele colada em osso. E o andar! Um rebolar banal embalado por um canto imitador. Cauteloso, inicia uma inibida caminhada ao passar por um arco onde gotas de sangue lhe "carimbam. Ao olhar para o alto do arco surpreende-se pela origem de estar vindo de uma destas coisas" que se derramam em lágrimas e suor de sangue. __ Imponho-me forças para conseguir dar mais um passo e não cair ante ao horror de toda sorte de lamento profundo, suspiro e pranto que passaram a ecoar nesta escuridão sem estrelas. Era assustador esta vizinhança, aliás, tudo. Do que vejo, nada agrada neste cenário por demais intimidante. Uma série de fossa colossais de pouca profundidade, sufocadas em água barrenta e por muita vegetação apodrecida. O ar denso se mistura a um cheiro que não se define; ácido talvez. A luminosidade natural escurecida e ruídos sem uma definição, intercalado por um silêncio intimidante me faz arrepiar.

    VULTOS

    Almas corriam atrás de outras almas - ou vultos; e debochavam quando por Misleke passavam. Um destes vultos parou e perguntou se ele tinha se alimentado hoje. E em coro todos eles passaram a dar risadas com seus narizes achatados, por conta da cara de surpresa de Misleke. Ressentimentos, desavenças, reclamações nervosas em diversas idiomas formavam um tumulto que tinha um som de uma ventania desgovernada. __ De onde descendiam estas coisas? Parecem pessoas esvaziadas, sem volume; vultos seria a melhor definição para este perfil frouxo e indefinido de um retrato embaçado. Creio eu poder afirmar que estes vultos são as almas-condenadas; por que não?! Pareciam pessoas que estavam ali, e ao mesmo tempo não estavam: um revelar oculto?! Chamarei de vultos. Eram parecidas a milhões de olhos rasgados, inchados e em total estado de negação. Um não-vulto, ou melhor dito, um ser se desloca em sua direção.

    __ Que lugar é este? Que faço eu aqui? _ Misleke questiona metralhando uma série de questões.

    __ Me chame de Hate.

    CAPÍTULO II

    EMPATIA

    Hate é membro sênior da casta filhos-do-sol. Ele é o exemplo de um perfil que mais aproxima da reflexão do valor do afeto e seu merecimento. Quando analisa a humanidade ele filosofa: "caso o outro se assemelhe a mim de muitas maneiras, neles, a mim posso amar; sendo eles melhores do que eu, posso amar neles o ideal de mim mesmo; mas se é um desconhecido, se não me atrai ou nem me sensibiliza, com certeza não o amarei." Um tremor se faz sentir repercutindo em toda fossa-da-tormenta seguido de estranhos ruídos graves. Uma figura pequena, irritadiça, passa próximo a gritar com alguns vultos e a lhes lembrar do castigo infinito, da treva ardente.

    MISLEKE

    __ Alegrai Misleke! Você é o eleito; e nesta condição não está sujeito a sofrer nas "tormentas. Observe que nas testas destes que aí impõe suas vontades e castigos que chamamos de entes, bem como nestas almas condenadas que chamamos de vultos", está gravado uma frase. Esta inscrição - ou esta frase, refere-se ao pecado dominante por estes condenados cultivado quando em vestes humanas ou ainda vivos se achavam. E há muitas outras fossas, muitas outras almas condenadas e entes torturadores neste mundo que visita agora e do qual virá a pertencer e amar; isto não tenha dúvida _ esclarece Hate, o filhos-do-sol.

    __ Que almas ocupam esta fossa? _ pergunta Misleke.

    __ Esta fossa é ocupada por pecadores ditos desculpantes, ou seja, vestes humanas dotadas de almas que nelas carregaram suas indecisões, não tomaram posições identificadoras, com desculpas não reveladoras. Seriam aqueles que apresentavam referencias de cujas origens não se estabeleciam suas bisbilhotices. Misleke anotou em sua mente que uma fina camada de poeira cobriam estes vultos e muitas camadas de "noite velavam suas histórias bizarras. Uma parte do que seriam seus corpos" nestes vultos, eram besuntadas de uma pasta gosmenta ali posta devido uma vida humana descompromissada por suas indecisões e indefinições. Havia uma violência indescritível em seus corpos-mortos-vivos; via-se cenas de matança, queimação provida por uma neutralidade em vida e retribuída por um fanatismo exagerado a correr atrás de algo que nunca pára nem se define. Almas condenadas a sofrer sem esperança de morte e salvação. Estão a flutuar entre mundos que as desprezam.

    __ Aqui o tempo é ignorado, pois se vive a eternidade. Se morre-e-se-vive num círculo contínuo ininterrupto _declara Hate. __ Por uma razão intencional, você foi alçado até nosso mundo por reunir as condições exigidas para um trabalho especial. Irá ser instruído e preparado para fazer uso de habilidades natas, das quais ainda desconhece _ complementa Hate. __ O que o trouxe até aqui foi obra de sua própria ascendência genética _ finaliza o filhos-do-sol.

    O que Hate dizia não fazia o menor sentido para Misleke. Tinha a certeza de estar literalmente no pior dentre todos os possíveis mundos imaginados, e este mundo não poderia de ser o mundo de Satã; e com ele toda a sua matilha de cães sedentos. Mas como isto se une a uma habilidade herdada para justificar não somente ali estar, mas a eles se unir?! Tinha o bom senso que não poderia acessar diretamente qualquer outra fonte diferente desta que aqui e agora é representada por este que se declarou chamar-se Hate, membro da casta filhos-do-sol. Tudo novidade e nada-de-nada; pelos menos por agora. Teria que progredir na relação com o dito membro filhos-do-sol.

    Misleke está em uma fossa onde a refeição servida não poderia ser mais criativa para causar nojo e vômito: camundongos molhados num liquido espesso de carrapatos. Misleke, curioso e decepcionado, observa os vultos gritarem palavras indecisas enquanto insetos saem de seus ouvidos; o que não interrompe o devorar deste pasto peçonhento com tanta avidez e entusiasmo.

    Não se sensibilize e nem se engane Misleke. Estas almas fizeram por merecer; são párias em sua espécie; _ opina Hate.

    O membro sênior dos filhos-do-sol informa que como integrante da casta de Satã, possa ser que eventualmente alguns dos seus sirvam nas tormentas por um período, e na condição de ente maligno; desta forma compartilham da danação aos vultos que se encontram nas "fossas. Acrescenta que a bidimensionalidade existencial da casta lhes proporcionam o poder de viajar deste mundo para o mundo sensível, também conhecido como real e humano. Nesta condição, vivem numa realidade atemporal onde acessam seus familiares e com eles o espaço de vivência; é como uma cápsula do tempo que eles - nossos familiares, ignoram existir. Quando se faz necessário cumprir uma missão na qualidade de viver entre os humanos, o fazem através de vestes cujas almas já aqui se encontram; nós os vestimos" de uma inteligência nestes corpos humanos sob cujas almas condenadas já nas tormentas estão a sofrer. __ Diria que somos um ser metainfernal; transcendemos a demoniedade; somos híbridos neste multiverso _ poetiza Hate, com certa ironia intimidante.

    Misleke nota que na qualidade de ser, os "filhos-do-sol exalam maldade pura em sua estética cinzenta e odor de pântano. Imagina que não deva ser Hate o seu nome. Também não importa. Possa ser que no mundo real não deva ter esta aparência pelo fator de vestir outro corpo _ deduz o humano".

    Estrondos se fazem ouvir entre tanto choro. Misleke fecha os olhos, para em seguida abri-los lentamente e assim contemplar na ligeira reflexão o existir destas almas quando em seus corpos humanos; crê que não previram isto acontecer, mesmo que fosse no pior dos pesadelos.

    __ O que ocorre aqui? _ indago a Hate.

    Ele me confidencia que estes vultos quando no mundo sensível e estando em seus corpos, não se tenham dado por felizes na possibilidade de viver plenamente uma ocorrência digna, ética, sem atropelos. Desviaram de tentar viver um quadro a cada vez e não se perderem em fundamentos dos sentidos que alicerçam estas fronteiras. Ignoraram e consideraram incoerente qualquer misticismo implícito. Teoriza que não devem ter achado que aprendem menos por não imaginarem mais do que a vida lhes apresentam, e ainda, que possa existir diferentes níveis e domínios que contenham pureza que levem a decisões transformadoras. Me detalha que a inspiração atuante que presentifica na memória parece ser repudiada e taxada de irracional pela oposição em suas mentes, e isto as forçariam a não exigirem uma nova perspectiva de ver e pensar. Ambicionavam, Hate assim o crê, fazerem parte de uma pequena minoria; só que não mais conseguiram fazer o mundo viver nelas. Lutaram sem glória para dominar o tempo que delas fluíram. Pensaram sem saudosismo delegar suas vidas de letras mortas excluindo serem julgadas. Hate pondera que a visão de mundo hoje se apropria de valores que guiam e orientam naquilo que se propõe como remédio fora do esquecimento desse espaço mensurável de espoliação das massas. É preciso que oportunizem reverem tudo isto. O caminho até agora - pelo que se mostrou, lhes conduziram à esta fossa, especificamente; que massacra a alma que em corpo humano era indecisa.

    Hate tem uma leve mudança corporal; assim notou Misleke. Ele apresenta um certo ar ausente , sendo que seus olhos iniciam um processo de metamorfose descontinuada em cores espiraladas terminando em círculos, e finalmente voltando à posição original; tudo muito rápido, ligeiro _ percebe Misleke.

    __ Hate! O que acontece ali? _ pergunta Misleke apontando para um ente maligno.

    __ Este ente fica a identificar nestes vultos os destinos aos quais foram-lhes reservados _ responde Hate. __ Observe que muitas almas condenadas, ou quase todas, têm impresso na sua pele um grande ponto de interrogação que é feito por fogo _ continua Hate.

    Neste instante Misleke sente uma ardência nos olhos; institivamente leva a mão ao local e nada apura. Ao passar muito próximo de um ente este o olha detidamente; Misleke tem seus pêlos eriçados ao perceber um estranho

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