O Real Está Adiante
De Edmar Camara
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Sobre este e-book
Nos surpreendemos a respeito de imagens que – a nosso juízo, possam se mostrar menos importantes. Desagradáveis, delas buscamos não nos atentar, para que esta “estética” não nos torne presa fácil de dúvida e agitação. No entanto, as imagéticas que perturbam o nosso olhar podem se originar de desatenções - de cujas interpretações - íngremes e escorregadias, são produzidas por um olhar - que em geral segue uma “estrada” batida, barrenta e esburacada. O observador - neste caminho, “rola” inseguro; por vezes provoca - para a desgraça de si mesmo, um violento sofrer irremediável por este mal olhar. O livro procura - não a certeza do êxito, mas a possibilidade de na vida fazer frente aos males usuais e às situações incertas - mediante as quais, a imagem lhe pesa. O conteúdo do livro intenciona lhe conduzir com segurança em uma vida entulhada de imagens; e nas circunstâncias em que este olhar provoca e dói encontre - em si mesmo, a resposta.
Edmar Camara
Um ativista da arte - pintor, designer, romancista, poeta, contista e produtor de conteúdo digital radicado no Brasil com nascimento em Minas Gerais e vivências em outras territorialidades. Produz textos que se diferenciam por estarem carregados de uma intenção que se adequa ao leitor que o interpreta em sua subjetividade; o que resulta em narrativas que questionam e provocam uma verdade que é exposta, mas que não se apresenta como absoluta.
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O Real Está Adiante - Edmar Camara
A estética de uma imagem pode nos ocupar pela acusação e pela ausência de uma defesa daquilo que nos falta, sem exigir lamentar e suplicar, ao nos expor frente a uma tela cujos traços e cores exaltam a intenção do autor. Ao observador desta imagem não há nenhum tipo de censura e nem gratidão. Ali acontece uma assembleia de admiração e de coragem, sem precisar de um escrutínio e sem a necessidade de haver um julgamento. Uma tela pode dizer o que seja a beleza? Encontramos alguém que possa ser imune a algo que em princípio possa dizermos ser bom e verdadeiro? A imagem ignora a natureza subversiva - caso exista, da mensagem construída por cores e pincéis? Uma pessoa seduzida por uma imagem é tentada a nela acreditar que exista uma aceitação de uma verdade? Um quadro, uma imagem, uma tela, quase sempre tocam numa profunda dificuldade que é a dádiva que o autor da obra manifesta seu entendimento do que entende ser realidade. A mensagem é mais tácita do que explícita; e a ideia é que o belo pertence a valores laterais que são idênticos aos diferentes modos não racionais, frente à emoção do observador desta imagética.
ALTRUÍSMO
A beleza não se encontra somente naquele que a defende. O criador da imagem a pensa em construir uma beleza de maneiras diferentes e apresenta - a imagética, a uma realidade positiva, não intencional. No entanto, nela, realiza a fuga da fealdade, porque embora exista uma beleza perigosa, acredita que não intencione ser imoral ou corrupta. Será que isso faz – o autor, pensar errado ao desenvolver a imagem? Será que esta coisa de não existir fealdade é impossível? Haverá resposta para estas questões que ilustram essa dificuldade – do autor, para definir beleza em suas obras? É difícil afirmar que a arte na forma de pintura possui ou domina uma resposta que coloca a mensagem contida nesta tela no mesmo plano que uma verdade útil e, com o único propósito de plantar no coração e na mente do observador que o quadro seja inquestionável. E ainda, que a intenção da imagem seja uma resposta simples de notar que a beleza ali contida, não fala do autor mas acrescenta a personalidade deste a uma possível exploração de aparências, que pode servir de base para investigar o que ele, o autor, sente, mas não o que ele é no mundo das coisas.
APROXIMAÇÃO
Uma pintura sempre se apresenta como uma lição da realidade
. O autor - em sua obra, faz renovadas tentativas de nos dizer algo que para ele é essencial, profundo e, que para o observador não é totalmente convincente. Ambos acabam supondo, o que em tese deveriam provar. Fica difícil para autor e observador pressupor uma definição de intenções. Ambos se deparam com uma teoria que esteja de acordo com sua lógica da mensagem que a obra lhes parece no olhar e para que seja um teste para qualquer tese que queiram se aproximar. Se um quadro é uma imagem, existe então de fato, que a imagem é que representa o quadro? Seria sustentável uma pretensão de buscar a verdade quando digo não
: a imagem sempre nos fala de uma aparência, sempre nos permite dela buscar uma profundidade e que ao mesmo tempo, se nega em ser simplória. Falar de imagem é muito semelhante a discorrer sobre a beleza, e quando nos flagramos a fazer essas análises nós testamos de alguma forma, a nós mesmos. O observador buscar a beleza na imagem de uma forma involuntária; compara com outras formas e muita das vezes pelo mesmo motivo que ele presta atenção na verdade. O qual seria dizer que a imagem pode e deve possuir algum juízo, digamos, de gosto. O agora crítico
avalia o espírito do objeto a partir de sua perspectiva, de um olhar sobre si. E sempre deixa uma questão a ser respondida: o observador descreve a imagem ou a ele mesmo? Poderia o observador se deixar convencer pelo juízo dessa imagem, dessa beleza e dessa potencial verdade feita por outro, sem que tenha tido contato por - ele mesmo, com essa imagem? Pode a crítica da imagem - feita por especialista, influenciar um observador que desconheça por si transformar-se numa verdade inquestionável? Não seria essa opinião especializada a mesma aquela adotada por crenças científicas sobre autoridades de determinada pauta ou disputas determinadas por decisões de tribunais? Estaria a imagem condicionada a essas premissas? Diria que não; é absolutamente não. Confiar no outro sobre a exigência da mensagem de uma imagem sem que o observador possa avaliar por ele mesmo, não é confiável. Acredito, no entanto, que na hora que o observador aprecia a imagem, sua opinião estará carregada por influência de outras críticas que o levou até ali.
ATRAÇÃO
Quantas vezes ao olhar para uma imagem nos impedimos de fazer qualquer juízo, por achá-la muito parecida com tantas outras; embora possamos repetir a opinião de outro, quando da tela não apreciamos. É comum nos flagrarmos a descrever uma imagem da qual não gostamos, mesmo dela não termos nenhum contato? Uma imagem atrativa e até agradável e, com razão, é que dela mostramos algum interesse? Estaríamos assim indicando uma sinceridade ao falar de uma imagem que aparentemente - a nós, parece ser agradável pelo fato - ou em virtude, de outros também ter achado? Podemos opinar não sobre esta imagem, mas sim sobre o caráter do autor desta tela ou, sobre o tema do qual ela trata? É fato que algumas imagens nelas centramos o nosso juízo; não com a qualidade desta imagem, mas pelo prazer de tê-la junto com outros. Então aparentemente somos nós que invocamos esta ideia de uma imagem ser bela e, que ao tocá-la ou possuí-la nos tornamos pessoas diferentes. Estaria neste caso fazendo um juízo sobre quem julga? Ou seja, distinguimos na imagem uma verdadeira beleza por ela ser extravagante ao julgamento?
CRÍTICA
Ao olhar para uma imagem nos apoiamos em nosso raciocínio que centra a sua crítica exclusivamente na mensagem da obra? Quando considerado todo juízo que identificamos nesta imagem, por mais estranho que pareça o resultado deste julgamento, ameaça minar todo o centro crítico criado pelo autor. A crítica do gosto pessoal é verdadeira por ser apoiada numa razão dedutiva que constrói o argumento do observador. Pode então existir uma opinião em que fique está num segundo plano ativando a verdade desta imagem? Cada um dos observadores deste quadro seguem obrigatoriamente regras para que se produza uma verdade e essa se aplique nesta imagem desprovida de qualquer gosto estético pessoal? Seria verdade assumir que frequentemente o observador enaltece uma imagem por não ter sido ele o real destinatário desta mensagem? Estaria - não somente a beleza, mas a verdade, atrelada ao autor e não à sua obra? Uma imagem vista hoje e que nela se almeja reproduzir uma verdade ou um fato, possa mais à frente sermos surpreendidos e estarrecidos de ser - na verdade, desprovida de qualquer fato meritório? A imagem - de alguma forma, é uma paixão do autor que se presta a esta obra como testemunho de verdade da qual o inspirou. Um observador traz para o julgamento quase que um gosto desajeitado que procura no quadro identificar e assim negar a obra. De qualquer forma uma certa ambiguidade reina na crítica que se faz a uma imagem, que pode e deve ser defendida por argumento; que nem sempre será aceito, porque pode este juízo estar ele mesmo em contradição. E no fim fica sempre a questão a ser resolvida: afinal, gostamos de algo pelo fato do nosso juízo partir da tese de nossa própria argumentação?
TELA
Somos bombardeados diuturnamente por imagens que podemos balizar nelas não existirem nada de verdade, mas que à primeira vista não nos afasta do que consideramos e discutimos como de algum interesse. Imagens que consideramos afastar por sua menor importância estética nos rodeia e nos impõe pela sua aparente não importância. Chamo isso de arrumações. Muito semelhante ao que fazemos ao arrumarmos o quarto, colocar a mesa de refeição ou até mesmo nos posicionarmos ao correr ou caminhar. Não se engane; em cada um desses gestos haverá uma introdução de mensagem imagética que está sendo lida pelo outro o qual subestimamos e nos iludimos de qualquer ação de juízo que esteja a realizar. São os que os outros
consideram de heroísmo imagético
. A imagem que se projeta nestas telas mentais cotidianas não nos empenhamos tanto, embora nos acompanhem para que não seja um ponto alto que sobreviva a uma eternidade estética. Deve-se desejar que essas imagens - mínimas de importância geral, a qual atribuímos uma aparência tente a nós seduzir e tornar significâncias de valor quer conscientemente ou alavancadas por impulso de relevância; ou não.
SUAVE ARREBATAMENTO
Perceba as imagens que o rodeiam. Entenda e destaque aquelas que sejam mais bem elaboradas. Questione se elas competem ou se diminuem em virtude de outros elementos estéticos que estejam ali a servir, atrair ou até mesmo recusar uma atenção mais exigente, mais elevada - em termos de linguagem visual.
A construção - pelo seu criador, de uma tela, não quer e não deseja ou, é de menos importância arrebatar o observador com um algo
estarrecedor. Na verdade, a imagem busca criar um contexto suave que não destrua uma narrativa ou, se possível for, case uma harmonia sem interromper a narrativa estética do ambiente, mas que busque - sempre, se travestir daquilo que prevaleça.
Em geral temos uma ausência de informação despretensiosa de imagens, as quais embrulhamos em nosso bom gosto - que a você julga pertencer. Que crie uma ordem na qual o valor de nossa/sua ignorância, simplesmente não absorve. O culto a uma obra cuja beleza haja uma verdade a ser pleiteada, e/ou até que seja mínima, tenta e persegue sempre de nos exigir decisões ocupar exigir a para que ocupe um lugar de grandeza que possa tornar - na nossa rotina, um momento, um recanto de beleza. Veja a imagem a informar do seu desejo; que busca se ajustar para uma confirmação de trazer ao observador onde seja possível encontrar a verdade - de cujo contexto, seja humilde ao fornecer essa presença envoltória de sombras e de gêneros que não arruínam o aspecto deste mundo.
BELEZA DEPOSTA
Parece algo banal, de somenos importância quando decoramos algum ambiente inserindo nele uma imagem - por mais modesta que seja. Neste ambiente, a tela não deve competir e nem se apequenar, em virtude dela servir como elemento de destaque ou pano de fundo para um outro objeto. A força de uma imagem não está na sua recusa, nem em sua atração exigente, mas - e sim, numa condição de arte. Quando se fala em estética não se busca uma beleza estonteante, mas uma sinalização de equilíbrio, de uma suavidade arrebatadora mas harmoniosa e, que na imagem haja uma narrativa que não se interrompe, seja qual for o diálogo que ela busca: particular ou coletivo; faz prevalecer o bom senso de quem a observa. A palavra a ser dita sobre a imagética e a beleza que nela se deposita não é - obrigatoriamente, trazer importância para o ambiente ou ignorar a sua mensagem, mas representar de algum jeito, o embrulho
das