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Mais Humano
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E-book312 páginas2 horas

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Sobre este e-book

Este livro pretende defender argumentos contrários para pessoas sensatas; ou não. Intenciona trazer ao seu espírito nenhum receio de dizer que - no gozo da vida, poderá se oferecer - por entender que ao se apegar a um bem e desejar conservá-lo, pouco o segura - receoso que tem de perdê-lo. Assim é o sentimento que coloco nestas páginas. Declaro que a escrita é o fogo que se aviva com o frio da vontade; esta que se afirma na posição de fazer saciar uma resultante que o estimule a romper obstáculos que se nota crescerem - com razão, o perigo de afastá-lo de si mesmo.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento4 de jan. de 2021
ISBN9781005449742
Mais Humano
Autor

Edmar Camara

Um ativista da arte - pintor, designer, romancista, poeta, contista e produtor de conteúdo digital radicado no Brasil com nascimento em Minas Gerais e vivências em outras territorialidades. Produz textos que se diferenciam por estarem carregados de uma intenção que se adequa ao leitor que o interpreta em sua subjetividade; o que resulta em narrativas que questionam e provocam uma verdade que é exposta, mas que não se apresenta como absoluta.

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    Mais Humano - Edmar Camara

    Ao escrever, estamos a falar da mente. Esta, como num turbilhão, o arrasta para correntes inseparáveis de seu estado íntimo, onde é possível vislumbrar amor e alegria em breves momentos de paz na sua relação com o Ser e sua escrita. A escrita promove esses raros e acidentais calar a fala da mente. Este gatilho provocado pelo ato de escrever acontece pela presença de grande esforço intelectual ou, frente a beleza que considera compor seu conteúdo ou, por se situar frente a um apagão de ideias.

    EMOÇÕES IMPOSTAS

    Amor, alegria e paz se desenvolvem ao libertarem-se da escravidão da mente na consciência do escrever. Esse é um nível profundo e necessário, que irá capacitá-lo a sentir. Por outro lado, a escrita emociona, perturba. Ela o desloca de si e traz amor, alegria e paz como aspectos de sua autenticidade. Escrever é ir além do seu pensamento. É impor emoções que carregam o bem e o mal - num quase natural espelhamento.

    CONFUSÃO

    No nível superficial de escrita, confundimos alegria com prazer. Este, de curta duração e preso num ciclo permanente de busca exterior. O prazer da escrita engana. E sua ausência provoca dor. E a escrita que identificamos como amor - sendo externa, é excitante e agradável, mas torna-se viciante, precária e se transforma no seu contrário. Evite sentimentos externos a si na ação de escrita. Ao insistir, oscilará entre atração, ataque e ódio.

    CONFRONTO

    Ao escrever acontece o conflito que se denuncia na emoção que diz não ao conteúdo que intenciona. A escrita age como um termômetro. Observe - em detalhe, a luta entre o que acontece na sua mente - vinda da emoção, que conflita com seu corpo. Perceba que isso não é a verdade absoluta do que você é, mas é a verdade do momento presente cuja decisão deva se deixar guiar pela emoção. O pensamento será a mentira.

    MOMENTO PRESENTE

    Perceba com atenção seu pensamento. Irá surpreender-se. Escrever é lidar com suas emoções; é observar pensamentos. É habituar-se ao monólogo do que está a acontecer agora. A resposta é o caminho a seguir; sem análise. Limite-se a observar. Olhe o mais profundamente no seu eu. Apegue-se a esta energia presente; esta é a porta para dentro do seu Ser.

    ECO

    Emoção é você? Ou uma energia incontida do pensamento. Isso atrapalha a escrita. Acostumar-se a estar de frente para o momento presente, não é fácil. O pensamento, amplificado por uma energia - muita das vezes irresistível, representa esta emoção. Esta quererá dominar a sua escrita - e geralmente consegue. Isto significa uma inconsciência identificadora com que se torna normal. Assim, temporariamente, toda a significância do Ser. Então haverá uma alimentação cíclica de pensamento e emoção, que mascarará todo o seu escrever.

    AMEAÇAS

    Ao escrever, devido à natureza de incorporar nomes e formas, é difícil encontrar com exatidão um montante para a carga energética que desprende, sem perda da emoção primordial. Escrever é conviver com uma sensação contínua de ameaça, devido ao abandono a que se entrega e, da imperfeição das construções. A escrita é um parto com dor; uma luta emocional onde busca desaparecer essa dor. No entanto, é também a razão desta atividade. Não busque se ver livre dado, porque a dor é uma variante da natureza e, nem se pode ter tempo para essa descoberta, porque esta dor é que o revela.

    ESTADO DAS COISAS

    Podemos participar e perceber a nossa contribuição em objetos concretos ou em ideias abstratas ou em obras da natureza ou em obras de arte, em coisas, animais, pessoas, objetos, qualidades e ação. Nesta última o que eu peço está na medida da sua lista que pode se alargar numa categoria demonstrada através de uma bela morte ou de uma bela vida; o qual tornou-se óbvio: em cima da forma da escrita. Escrever é uma tensão crítica que associa a medição de valor que pode aferir a sua força de viver. Sugere, a escrita, uma efetiva intenção equivalente a criação de uma personalidade para além daquela que carrega em si.

    POBRE E FEIO

    Contrariando a máxima de que em geral as pessoas não sentem disposição para a escrita, os vejo como preconceituosos. Há, na escrita, um respeito e uma estima para enfeitar nossa sabedoria, nossa virtude e um adorno para nossa consciência. A escrita é uma forma de desvio da maldade e o não recuo covarde e desprezível de evitar o que é proibido. É se desafiar a escrever. É ser vencedor ao recusar ser cativo de uma água vestida de escravidão. Escrever é ignorar e enfrentar ouvidos moucos e olhos voltados para o chão. Escrever é chorar a dor do Ser, e não se deixar conduzir para uma morte sem atitude. Na escrita ocorre um abandono; um acontecimento que se mostra realmente sensível. Na escrita, a energia transborda e provoca uma atitude que leva o autor a se perguntar o motivo e sua perturbação; e de como sua felicidade é afetada nas buscas e no recebimento dessa resposta. O desafio de escrita não é uma última expressão, não é uma dor sofrida, mas uma expressão para sempre existir. Escrever é o ato de vir à memória, coisas antigas, atos sacrificantes, representações de sofrimento e os interesses que cada um devota às diversas vidas que seus personagens desempenham como inocentes - frente à sua verdade e aos desafios que a escrita impõe. A escrita permite saltar impossibilidades para mostrar atitudes intensas em que nenhum rosto ou expressão alcance ilustrar o desespero que nos paralisa. Com a escrita imaginamos inúmeras miserabilidades e perdas sobre desventuras que nos embrutece mas, que nos faz sair da sombra sem a surdez e a mudez que tenta nos esmagar. A escrita a tudo isso nos é dado suportar. Escrever é não nos deixar excessivamente ser dominados pela dor que torna estúpida a nossa alma e paralisa qualquer gesto – como acontece a outros que ao receber inesperada péssima notícia, emburrecem; se petrificam. Escrever é tomar de espanto, ousar seguir caminhos de pavor, trilhas de aflição e, mesmo assim, ser livre nos movimentos e relaxar diante de frustrações.

    CORAGEM

    A escrita recupera a voz e a dor; e sem dificuldade consulta lágrimas aliviando almas que no escrever, permite conversar mais à vontade. Ao escrever, o autor não se sucumbe às refregas que a vida lhe impõe. Através das palavras ele se torna particularmente valente; como um guerreiro em combate. No entanto, escrever exige entusiasmo e rara coragem de não poder recolher-se ao se aproximar das armaduras que o outro impõe. A escrita é uma emoção presente que nas palavras se desenvolvem sem pestanejar; contemplando princípios que a vida - em sua rotina, tenta sempre derrubar. Escrever é arder, é exprimir o insuportável do quanto miserável somos. É perturbar nossos sentidos e ter vista por uma pobre razão. Às vezes a escrita se mostra num nível muito acima do que possamos percorrer, devido a ruídos confusos que nos vêm soprar em algumas noites que insistem em estender seu véu sobre os olhos do autor. Escrever é como um auge de termos na veia a ferver o sangue que é capaz de nos comover a persuadir encontrar na escrita o momento da alma, que absorvida e, por demais, abatida e às vezes - inesperadamente, impotente. É aí que nos propomos a quebrar o gelo que nos envolve - em virtude de extremo gozo. Deve, o autor da escrita, se deixar saborear e merecer as palavras que dirige ao leitor para que as localize. São prazeres leves, grandes ilusões silenciosas e, às vezes, verdades nomeadas. A escrita nos golpeia ao se apresentar numa visão que nos imobiliza, se conseguirmos perceber que ela ficará muito tempo após o fim da fala do autor. Escrever é morrer de alegria. A escrita faz derrotar e realiza escapar - por receber as honras daquele que lhe confere. A escrita traz uma sensibilidade na predisposição da vergonha das palavras.

    ALUSÕES

    Ignoramos na escrita, a censura que nos amedronta. Ela nos ensina a estar presente e não se preocupar com aquilo que está por vir. O passado na escrita é uma tendência que podemos aludir ao erro de que somos impelidos para uma continuidade. O escrever exige uma iniciativa criativa que não ignora onde pode nos levar. A escrita é sempre uma realidade - mesmo que ficcional, que busca não nos distrair do nosso desejo de esperança que está sempre a se jogar, sonegando qualquer tipo de sentimento ou de exame. Platão nos ensina a fazermos aquilo do que somos feitos, mas a escrita vai além e pode fazer com que se conheça. Cada célula de nossa humanidade aponta para um dever; o escrever - em si mesmo, se aplica para que percebemos do que somos feitos e, para nos mostrar um conhecimento do qual estamos aptos. Deve cada um de nós se aplicar em escrever, mesmo que não adquira o saber necessário. Quem escreve nunca erra, porque assim se aprecia por recusar a se ocupar de projeções inúteis e supérfluas. A escrita é muito semelhante a um desejo; nela há um saber que nunca se satisfaz, porque ela está sempre a considerar uma preocupação com a sua desconstrução. O resultado da escrita por si só se justifica, pois o seu conteúdo se afigura para além da morte. Assim como os príncipes, a escrita não se submete a um julgamento; ela é a sua própria declaração, que sobrevive e que paira acima de um juízo. Pode a escrita submeter-se à lei, mas ela sempre irá pairar acima dela. Escrever é um poder natural que não desaparece por agir em sua reputação e, por permitir negar um bem que se prefere estar sempre vivo. O ato da escrita e a disciplina da palavra, acarretam vantagens ao seu autor que da escrita faz um bom uso. A escrita a si mesmo obedece; na palavra é algo indispensável para que o ato de escrever desempenhe seu papel. Para alguns autores a escrita demonstra estima e afeição, embora às vezes nem as mereça. Com a escrita é possível admitir que a ela nos obrigue por ser possível suportar o mundo com mais paciência, embora nem sejamos dignos por carregar atos e vícios fora da medida de nossas forças. Exigido uma certa autoridade a quem escreve, por neste ato cumprir-se um dever, por haver uma recusa de liberdade e, por exprimir seus próprios ressentimentos. Até certo negar de sua honra por conhecer de suas próprias imperfeições. No entanto, as palavras se servem e são úteis para transmitir a sua posteridade e, por defender uma memória, e ainda, por fazer um ato de justiça privado do seu próprio prejuízo. A linguagem do homem é a palavra, e a escrita é sua realeza - que sempre se apresenta cheia por algumas tentações e até falsos testemunhos. Deve o ato de escrever encarar - de forma independente, do mérito do seu conteúdo. A escrita por si só ser soberana de valor e por carregar nesta ação uma grandeza, ambiciona se ultrapassar. O ato da escrita responde com altivez a um desejo; há uma dignidade - desde que não se torne um ódio que não se mereça. Não há de se reprovar o testemunho do autor de uma escrita, por que escrever é um testemunho universal que se obtém de um entusiasmo - mesmo oriundo de autores maus. Deve então levarmos à condição de louvar a escrita e, relegar a um lugar último um ninguém que se possa dizer feliz por não apreciar a palavra. Vivemos e morremos segundo os nossos desejos, mas a escrita traz essa reputação a posteriori, mesmo que seu autor seja um miserável. Ele - o autor, saberá pousar e existir na comunicação das suas palavras com o mundo que ainda vive. Posso afirmar que um homem não é nunca feliz se no mundo que porquanto ainda existe, não se deixar viver na comunicação que o faz pela escrita.

    FUGA DO BEM

    A escrita, longe de ser uma fuga da vida, é grito de imaginação em que é permitido ao homem sobreviver sem cair. Escrever é permanecer num sítio descrito e não se deixar capitular; é não se desobrigar a entregar as chaves do seu saber a um cadáver que insiste na sua ignorância. Na batalha de palavras ninguém morre, pelo contrário, torna-se necessário a fim de transportar em seu corpo, a inteligência que atravessa todo um território hostil de opiniões pré odiosas. Escrever é um hiato da dor que quer nos salvar; e que nos passa - à próxima geração, o combate decente. No entanto, a escrita parece amedrontar muitos. Após a morte não mais se escreve e nem se pode enunciar uma vitória; muito menos se consagrar para um troféu. Devemos nos considerar vencedores da imagem nítida de escrever. Não para que nos asseguremos num êxito duvidoso, mas por não nos parecer estranho à vida e a um jantar de homens,

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