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Desvio
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E-book69 páginas44 minutos

Desvio

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Sobre este e-book

"― As portas da minha casa estarão sempre abertas para você ― anunciou a mulher com uma expressão profundamente séria, encarando a menina que se prostrava diante dela com um calorento ar de indiferença.
― Certo ― a menina retrucou, sem acreditar naquilo de verdade.
A garota tinha absoluta certeza de que a solidão seria, dali para frente, ainda mais tangível e dilacerante por ter convivido com pessoas que acreditavam piamente que a bondade ainda existia na sociedade atual, mesmo que estivessem forçados a lavar as mãos para a loucura que não causaram e que não tinham mais esperança de remediar. O problema é do mundo agora. A jovem menina, carente de amor, compreensão e dinheiro, é um problema do mundo agora. Que deus a ajudasse."
(trecho do conto "Dependência de Empregada")

Desvio nos apresenta os textos de fulô, pseudônimo da contista e poeta potiguar Rosy Nascimento, compilando material inédito produzido entre os anos de 2015 e 2018. Dedicado a todas aquelas que experimentam o sofrimento psíquico e escrito desde esse lugar de fala, Desvio também se dirige a pessoas que "valorizam os momentos de crise, já que essa condição não se escolhe", nas palavras da autora.
Passeando pela prosa poética e a crítica social incisiva, a questão racial com recorte de gênero e a loucura, fulô experimenta em primeira e segunda pessoa, mesclando referências textuais em composição transgressora.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento18 de dez. de 2018
ISBN9788554034030
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    Desvio - fulô

    DES

    VIO

    fulô

    Editora responsável: Sabine Mendes Moura

    Produção Editorial: Priscilla Lhacer

    Revisão textual: Sabine Mendes Moura

    Projeto gráfico: Cecília Leal

    Editora Nua

    Coleção Outra História

    Dezembro de 2018

    a Brunelita e Bruno

    – razões de minha permanência.

    Índice

    Prefácio

    Apresentação da autora

    Introdução

    Pertencimento

    Escolhas

    Licor

    ID

    Reptiliana

    Coisas Internas

    Black Power

    Vida de Novela

    Primeiro de Janeiro

    Caos

    Verossímil

    (Des)contentamento

    Crivo

    Paiero

    Lugar-comum

    Sorrisos

    Isso Tudo É Enganação

    Expectativa

    Dependência de Empregada

    Essências

    Fermata

    Destinatário

    Samba No Escuro

    Dedilhado

    Lithium

    O Discreto Charme da Branquitude

    Gaya

    Depoimentos

    Coleção Outra História

    Prefácio

    Há um canto que anseia em sair do canto de minha boca. Há uma tempestade de questões que persistem na voraz insistência de cheirar linda fulô. Eu, que sou passarinha, teimo nessa vida de entender fulôres e avexamentos, e já que nem tudo nessa vida trata-se sobre voar, passarinha que se preze só avoa se tiver onde pousar, e o que seriam de minhas penas sem algumas lindas flores para observar? Eu, que versei, tratei e destratei sobre cantos e desencantos, leio tua voz nessas páginas como carta aberta: mulher negra nessa rica escuridão, feito Senhora Dona Noite – ela que se orgulhe de tal comparação! – partindo as entrelinhas dessa escrita como punhal cravado em nossa consciência, agindo em legítima defesa, como quem rasga o padrão do nosso verso, rompe e interrompe o trânsito da escrita na necessidade da ousadia.

    Das lutas que se travam em sua lida aos monstros que enfrenta no dia a dia, as leitoras e leitores, dos babacas aos bajuladores, irão se deparar, se perder e se (des)encontrar com gritos manifestos, que superam a demanda por humanidade ultrapassando o panfleto de amostragem da medicação torpe que são as vãs apresentações. Fujo aqui de lavar as mãos e me isentar ao lhe apresentar, há presente um grito que teima em calar, que teima em não queimar, que teima e desatina em teimar, que dói mesmo se não queimar, que arde sem esvaziar, que preenche mesmo que não haja lugar. É preciso o desvario da sensibilidade para contemplar a simplicidade das palavras que faz seu curso sem meandros. É preciso a gentileza de se doar, da empatia em lidar com as flechas de fulô nas próximas páginas, e o mais importante prescrito deixo no final: é de bom tom ficar/estar ligeira(o), delírio (essa criança sapeca) a todas(os) nos afeta, basta ver o modo gentil como quase que esfrega em nossas caras suas histórias, memórias, os caminhos, dos carinhos aos abismos, como quem desvia da poça de lama e espirra sujeira na barra daquela nossa roupa nova preferida e nos faz pensar: Na próxima, eu des-vio!

    Eu bem que queria em prosa versar, sobre a mediocridade dada ao valor do nosso sangue tratar, mas só sei por esse mundo voar, cantando sobre fulôres e desamores, admirando da vida suas atrizes e atores. Se escrevo nesse desafio de te prefaciar é no sentido de questionar como que se pode caminhar sem desandar, como que se vive mulher preta, louca, diabólica, sem sangrar? Do contrário não fosse assim, como poderia te apresentar?

    Nesse canto que insisto em expulsar, que sai do fundo do meu peito e escorre devida forte pressão pelo canto da boca, consegui enfim em palavras tratar: indico a leitura dos escritos a seguir para acompanhar o chá de liberdade que busco receitar como tantas vezes prescrevo gengibre e limão para os males de saúde corriqueiros e abraços para o que sobra em faltar. Torço para que os desvarios

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