Desvio
De fulô e Sabine Mendes Moura
()
Sobre este e-book
― Certo ― a menina retrucou, sem acreditar naquilo de verdade.
A garota tinha absoluta certeza de que a solidão seria, dali para frente, ainda mais tangível e dilacerante por ter convivido com pessoas que acreditavam piamente que a bondade ainda existia na sociedade atual, mesmo que estivessem forçados a lavar as mãos para a loucura que não causaram e que não tinham mais esperança de remediar. O problema é do mundo agora. A jovem menina, carente de amor, compreensão e dinheiro, é um problema do mundo agora. Que deus a ajudasse."
(trecho do conto "Dependência de Empregada")
Desvio nos apresenta os textos de fulô, pseudônimo da contista e poeta potiguar Rosy Nascimento, compilando material inédito produzido entre os anos de 2015 e 2018. Dedicado a todas aquelas que experimentam o sofrimento psíquico e escrito desde esse lugar de fala, Desvio também se dirige a pessoas que "valorizam os momentos de crise, já que essa condição não se escolhe", nas palavras da autora.
Passeando pela prosa poética e a crítica social incisiva, a questão racial com recorte de gênero e a loucura, fulô experimenta em primeira e segunda pessoa, mesclando referências textuais em composição transgressora.
Relacionado a Desvio
Ebooks relacionados
As pequenas grandes coisas da vida Nota: 0 de 5 estrelas0 notas50 Poemas Em Tons De Cinza Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAnacrônicas e quase inventadas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA um passo da escuridão: Os JOCAS - Caso 1 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUm jeito de fazer política Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNada vem fácil: Como um empréstimo de trezentos reais foi suficiente para iniciar uma grande rede Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCrônicas De Um Lápis Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSertão-Mar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContabilidade Familiar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPoemasetal De Amor, Talvez Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCoisas de Dinheiro: A lógica antifrágil das finanças pessoais Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMúltiplo 33 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAlgumas pessoas cem palavras Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMeu mundo imaginário: mundo dos sonhos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Celebrando Artistas Quietos: Histórias Inspiradoras de Artistas Introvertidos: A Fênix Quieta, #5 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO que os homens não contam sobre negócios para as mulheres Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCanção de Aretaeus Nota: 5 de 5 estrelas5/5O órfão na estante Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCada Roçar Temeroso de Olhos ou Peles Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Livro Da Morte Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLoucas de Pedra: as loucuras que elas fazem e eles adoram Nota: 5 de 5 estrelas5/5Por Estradas de Terra em Direção ao Lar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO coração estendido pela cidade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA menina que guardava sentimentos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Girassol Azul Nota: 5 de 5 estrelas5/5Quero perder a virgindade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDesafogando sentimentos, afogando palavras Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Ficção afro-americana para você
Para Sempre Com o Bilionário Nota: 4 de 5 estrelas4/5Um defeito de cor – Edição especial Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sobre a imortalidade de Rui de Leão Nota: 4 de 5 estrelas4/5Atada ao Bilionário Nota: 4 de 5 estrelas4/5As mulheres de Tijucopapo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA sordidez das pequenas coisas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA mulher que pariu um peixe e outros contos fantásticos de Severa Rosa Nota: 5 de 5 estrelas5/5Promise boys: Todos os olhos em nós Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNa hora da virada Nota: 5 de 5 estrelas5/5O segredo da alegria Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPedrinhas miudinhas: Ensaios sobre ruas, aldeias e terreiros Nota: 4 de 5 estrelas4/5O último ancestral Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDiácono King Kong Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Dança da Água Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA morte do adivinho Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Categorias relacionadas
Avaliações de Desvio
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Desvio - fulô
DES
VIO
fulô
Editora responsável: Sabine Mendes Moura
Produção Editorial: Priscilla Lhacer
Revisão textual: Sabine Mendes Moura
Projeto gráfico: Cecília Leal
Editora Nua
Coleção Outra História
Dezembro de 2018
a Brunelita e Bruno
– razões de minha permanência.
Índice
Prefácio
Apresentação da autora
Introdução
Pertencimento
Escolhas
Licor
ID
Reptiliana
Coisas Internas
Black Power
Vida de Novela
Primeiro de Janeiro
Caos
Verossímil
(Des)contentamento
Crivo
Paiero
Lugar-comum
Sorrisos
Isso Tudo É Enganação
Expectativa
Dependência de Empregada
Essências
Fermata
Destinatário
Samba No Escuro
Dedilhado
Lithium
O Discreto Charme da Branquitude
Gaya
Depoimentos
Coleção Outra História
Prefácio
Há um canto que anseia em sair do canto de minha boca. Há uma tempestade de questões que persistem na voraz insistência de cheirar linda fulô. Eu, que sou passarinha, teimo nessa vida de entender fulôres e avexamentos, e já que nem tudo nessa vida trata-se sobre voar, passarinha que se preze só avoa se tiver onde pousar, e o que seriam de minhas penas sem algumas lindas flores para observar? Eu, que versei, tratei e destratei sobre cantos e desencantos, leio tua voz nessas páginas como carta aberta: mulher negra nessa rica escuridão, feito Senhora Dona Noite – ela que se orgulhe de tal comparação! – partindo as entrelinhas dessa escrita como punhal cravado em nossa consciência, agindo em legítima defesa, como quem rasga o padrão do nosso verso, rompe e interrompe o trânsito da escrita na necessidade da ousadia.
Das lutas que se travam em sua lida aos monstros que enfrenta no dia a dia, as leitoras e leitores, dos babacas aos bajuladores, irão se deparar, se perder e se (des)encontrar com gritos manifestos, que superam a demanda por humanidade ultrapassando o panfleto de amostragem da medicação torpe que são as vãs apresentações. Fujo aqui de lavar as mãos e me isentar ao lhe apresentar, há presente um grito que teima em calar, que teima em não queimar, que teima e desatina em teimar, que dói mesmo se não queimar, que arde sem esvaziar, que preenche mesmo que não haja lugar. É preciso o desvario da sensibilidade para contemplar a simplicidade das palavras que faz seu curso sem meandros. É preciso a gentileza de se doar, da empatia em lidar com as flechas de fulô nas próximas páginas, e o mais importante prescrito deixo no final: é de bom tom ficar/estar ligeira(o), delírio (essa criança sapeca) a todas(os) nos afeta, basta ver o modo gentil como quase que esfrega em nossas caras suas histórias, memórias, os caminhos, dos carinhos aos abismos, como quem desvia da poça de lama e espirra sujeira na barra daquela nossa roupa nova preferida e nos faz pensar: Na próxima, eu des-vio!
Eu bem que queria em prosa versar, sobre a mediocridade dada ao valor do nosso sangue tratar, mas só sei por esse mundo voar, cantando sobre fulôres e desamores, admirando da vida suas atrizes e atores. Se escrevo nesse desafio de te prefaciar é no sentido de questionar como que se pode caminhar sem desandar, como que se vive mulher preta, louca, diabólica, sem sangrar? Do contrário não fosse assim, como poderia te apresentar?
Nesse canto que insisto em expulsar, que sai do fundo do meu peito e escorre devida forte pressão pelo canto da boca, consegui enfim em palavras tratar: indico a leitura dos escritos a seguir para acompanhar o chá de liberdade que busco receitar como tantas vezes prescrevo gengibre e limão para os males de saúde corriqueiros e abraços para o que sobra em faltar. Torço para que os desvarios