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Fale ao Sol
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E-book147 páginas1 hora

Fale ao Sol

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Sobre este e-book

Um dos fatos mais perverso e presente no íntimo comportamento do ser humano é o suicídio. O livro de minha autoria “Fale ao Sol” demonstra a viabilidade de compreender as diferentes manifestações deste fenômeno junto da vida em sociedade. O livro não oferece um espetáculo, embora escrito dentro de um romance ficção.
Ele visa estimular o intelecto para que se entenda o ato de acordo com a ação da vítima. São forças reais que vivem e operam no ser humano, o qual, determinará ser ele-mesmo, a testemunha presente e suficiente que acaba por se impor a si.
A idéia é contribuir, ao estabelecer o entendimento das causas verdadeiras que se manifestam nesta indagação; que se alinha à negação absoluta e que ajude a entender desta anormalidade.
O livro reage e foca a atenção em alguns potenciais grupos sociais vulneráveis, e que provavelmente, explica o entendimento destes fatores de riscos. Não se prende a motivações de autodestruição ou de uma análise individual num parecer absurdo de generalizações inferiores que, pouco ou quase nada, possa contribuir para entender o fenômeno.
Alguns pontos do livro podem ser visibilizados, pois afetam algumas tipologias como: o solitário marginalizado, o desligado demasiado, o sem limites morais, dentre outros perfis humanos.
O que não podemos, como leitor, é que enfrentemos grandes correntes suicidógenas de tipos diferentes que "navegam" livremente sobre/sob/e-ao-nosso-lado, sem conhecer deste mal.
É possível, no entanto, nos desencontrarmos destas correntes maléficas, e de uma forma peculiar, arranjarmos forças para sermos supremos a este gesto extremista, e assim, recuperarmos o conceito relevante de nos conceber e nos elaborar numa reflexão profunda para o sentido da vida.
Às vezes prevalece a eficácia da certeza de que ninguém sofrerá na vida de um golpe que a levará ao desânimo e que isso possa faze-la recuar.
Não borboleteamos todo o tempo; possa ser que seja penoso medir limites de aproximação de onde provém tamanho desespero que afeta centenas de milhares de pessoas todos os anos, e que por isto, decidam pelo suicídio como linha de ação a ser tomada.
O livro aborda de onde vem este provimento, de onde vem esta íntima acusação de si-mesmo, os quais criam um sentimento que venha a determinará decisão fatal de instabilidade que nos torna sujeito e senhor de uma autoridade flutuante irresistível, que termina por desvalorizar sua mais nobre e divina existência: a vida.
E por último. trecho de um poema:

"sua nudez é que o fará passar de joelhos a carregar sua velhice errante; aí receberá o beijo na face que o levará ao altar de tábuas não ocas, onde refugiará do fogo que lambe o espinheiro".

IdiomaPortuguês
Data de lançamento23 de mar. de 2019
ISBN9780463814932
Fale ao Sol
Autor

Edmar Camara

Um ativista da arte - pintor, designer, romancista, poeta, contista e produtor de conteúdo digital radicado no Brasil com nascimento em Minas Gerais e vivências em outras territorialidades. Produz textos que se diferenciam por estarem carregados de uma intenção que se adequa ao leitor que o interpreta em sua subjetividade; o que resulta em narrativas que questionam e provocam uma verdade que é exposta, mas que não se apresenta como absoluta.

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    Fale ao Sol - Edmar Camara

    O silêncio no interior da mata, existente nos arredores do distante aglomerado urbano é importunado pelo seleto cortejo de severas figuras que arrastam pela rústica trilha, um corpo jovem estranhamente espetado numa grade metálica. Vencido o curto trecho de terra nua ladeada de mata fechada, e já às margens do minguado curso d’água, a excêntrica procissão perfila-se frente a um fogaréu exalado por restos de madeira depostos no solo. Entre as chamas, é possível ver pessoas de diferentes idade e sexo, enroladas por arame. Um chiado se ouve, emanado da queima da gordura de seus corpos; provocado por enlouquecidas chamas que dançavam na pretidão das trevas da noite.

    Não se ouvia nenhum ruído saindo das gargantas das tochas humanas, que dilaceradas, sustentavam-se por pequenos tecidos de pele rasgada. A grade, juntamente com o corpo se juntam na fogueira numa reunião perversa.

    Finalizada a infernal ocorrência, um solitário e bizarro indivíduo avança das sombras e se privilegia da cena, quando da retirada das obedientes testemunhas. Recolhe as sobras do ritual, e em ágeis passadas alcança o espelho d’água, onde as lança. Ao se agachar e higienizar as mãos deixa vislumbrar uma pequena imagem gravada na parte interna do pulso esquerdo que remetia a um sol tosco: três curtos traços retos na parte superior de um irregular semicírculo vazio.

    Ato contínuo levanta-se; faz alguns movimentos calculados que finaliza ao emitir um som grave e longo, que reverbera pela mata muda. Em seguida livra-se da pouca roupagem. Agora, nu, exibe no corpo adulto e pujante, um emaranhado de cores, definidas por linhas e texturas que formam uma enigmática tatoo que preenche quase que a totalidade de seu corpanzil. Um leve movimento nesta intricada obra carnal flagra – num olhar mais atento, a alteração de um pequeno detalhe sendo apagado. Ignorando o que se passa ao derredor e nele mesmo, recompõe-se no traje, e sai em passada imperturbável e límpida pela trilha. A paz, antes corrompida, volta a velar-se naquela localidade primitiva do território.

    CAPÍTULO I

    A unidade isolada dos combatentes de selva - liderada por um graduado, cautelosamente se aproxima do objetivo. Esta movimentação atípica naquela área foi detectada por sensíveis instrumentos de monitoramento e vigilância; revela o inusitado: um indivíduo todo tatuado que aparentemente está dormindo.

    Fazendo uso de uma abordagem tática isolam o alvo; anulam nesta manobra, todas as possibilidades de fuga. Por rádio, relatam da situação ao comando. Instrução chega e orienta para que aguarde a chegada imediata de um oficial para assumir o comando e junto, trazer reforços com uma nova unidade de combate.

    Poderia aquela situação - até agora sem maiores alterações, evoluir-se, exigindo assim, meios de opções táticas que os parcos homens ali engajados não poderiam exercer.

    Era um território sensível devido a existência de instabilidade ocasionada pela exploração de recurso extrativista, na sua forma ilegal. Diferentes interesses marcam o perfil estratégico da região. A linguagem de maior uso e costumeiramente praticada é a da violência. Não é uma idéia nova ou emergente. Parece – mesma nesta parte remota do país, estar assentada numa classe de aceite ou resignação do próprio povo que a incorpora dentro de uma normalidade, e ainda, a estimula, redobra e aviva o abjeto gesto da hostilidade.

    O graduado em comando sabe que seu reduzido grupo de homens, abrange uma pluralidade de tipos complexos e conflitantes, mas que reunidos, produzem um ser coletivo distante e diferente. Este coletivo - agora um novo indivíduo, representado por estes variados atores, irá abrigar um questionamento de melhor definição na hora de usar a violência na ação. É o sentido de ser do soldado.

    Sabe que o sentimento de impunidade na ação coletiva é relativo e não quer arriscar-se de uma prática que possa o comando, duvidar. Problematizando esta vulnerabilidade é que passa os dados obtidos à Base, para que possa amenizar o dano que possa advir.

    Tem feito prática desta linha de orientação para defender e dar uma especial atenção a costumes que considerem ser a vida um bem precioso e último; aqui não importando a significância da situação, exceto da existência de uma ameaça grave de perda concreta dos seus, sendo que neste caso usará de toda força.

    No presente cotidiano da patrulha na selva, esta situação não apresenta as condições de materialidade por difícil resolução. Mas nunca se pode prever com certeza.

    Mantendo a zona segura de interferências, faz uma revisão mental dos riscos associados e limita-se a aguardar o próximo passo. A espera o faz abalizar se não seria o caso de estar presenciando parte de uma ritual Quarup.

    O Quarup é um grande ritual mortuário realizado em honra aos chefes mortos do povo do Alto Xingu. Recentemente, indivíduos brancos têm se interessado e patrocinado este evento; intermediados pelos Kalapalo.

    Um jovem soldado da etnia Matipu – que integra seu grupo de combate, lhe revelou a preocupação que tinha com a desmedida quantidade de festas sendo exploradas maciçamente por políticos e autoridades; incentivados que são pelos dólares oferecidos pelos kagaiha Kuegu (estrangeiros).

    Avarentos, os feiticeiros das tribos insinuam aos parentes de chefes - caso haja um lapso temporal muito grande de mortalidade destes, que impedem – com o prolongamento e durabilidade de sua existência, realizar o ritual. Chamam-se isto de etnoturismo; muito próprio, mas que acoberta a vil intenção.

    A tatuagem observada no alvo com o auxílio de binóculo, seria identificada com um grafismo intitulado tisügühütu, ou nosso jeito de ser. Isto somente poderia ocorrer se houvesse uma circulação de princípio de substituição, ou seja, uma dádiva ofertada de grande volume em contrapartida pela festa, ofertada pelo estrangeiro.

    O soldado acrescenta pelo rádio que o alvo faz uso de uma máscara Atujuwá. Este adereço tem o dom de personificar espírito que protege de patogenias o seu usuário. Na boca do alvo uma ferocidade espanta; mas que faz parte da máscara. É uma grande mandíbula do peixe piranha

    A espera não incomoda o grupo de combate. O guerreiro deste meio ambiente traz em seu treinamento uma excepcional resistência: misto de paciência, perseverança, astúcia e fé. Nos jogos de exercício militar, comem e dormem o mínimo, carregando por dias armamento pesado em marcha forçada por terreno nada amigável; e se alimentando do que a selva apresenta. O facão faz o papel do cartão de crédito.

    O grupo percebe a presença do oficial que assume o comando da missão. A equipe agora reforçada, traça um estratégia de aproximação.

    Muitos confundem estratégia com tática. O oficial terá que fazer uso das duas possibilidades. Ele começa a desenvolver um cinturão humano em torno do alvo que irá cautelosamente se aproximando de um núcleo, que seria o alvo. Cobrirá todos os pontos potenciais de fuga numa linha imaginária que torna ao alvo, improvável condição de os flagrarem, descobertos. Irá reservar ao alvo - caso perceba a presença deste cinturão, dispositivos de efeito moral e gases de baixo impacto, que acionados promover menor dano e influenciam na retirada da vontade de criar resistência.

    Mas nada disso se fez valer no caso concreto. O alvo estava num sono profundo e não se percebia de todo o teatro ao seu redor. No entanto, as marcas de picadas de insetos em sua pele merecia cuidados imediatos por parte de seus observadores.

    Numa aproximação final do alvo, um soldado o imobiliza; notando a inércia do corpo, sinaliza para que outro tente reanimá-lo. Uma vitória de parcial sucesso. Recebe os primeiros socorros devido a proliferação de pequenas feridas, sendo em seguida, conduzido para a Base de comando da unidade.

    Restabelecido, após algumas horas, ele, de maneira muito tímida, murmura uma palavra, somente. É o suficiente para dar início ao que eles ainda desconheciam do pesadelo que viriam a saber.

    Situado há algumas centenas de quilômetros dali, Hoss e sua equipe - por algumas horas envolvidos num dilema, tentavam resolver o enigma daquele jogo de palavras que envolvia a morte do Pastor daquela Igreja histórica.

    A comunidade, exceto a força de segurança e membros da administração do templo, ignorava o drama que ali estava a acontecer.

    O corpo do Pastor não tinha sido retirado das condições em que ele fôra encontrado. Em rápida análise, Hoss conclui ser o evento dotado das características de morte voluntária; comumente designada e conhecida como suicídio – o ato onde o ator da ação conhece, por anterioridade, o seu desfecho fatal.

    O Pastor fez uso da própria gravata ao inibir a parte corrediça do nó, que estava deslocado para o lado do pescoço; provavelmente manuseada pelo membro de maior destreza, que seria o braço direito. A ponta do pé – apontada pra baixo, encontrava-se a poucos centímetros do solo. Fez uso de um caibro de apoio do telhado para se fixar e suportar o seu peso; e de um grosso livro para sustentar-se na vertical pela ponta dos pés, ficando desta forma, a poucos centímetros da altura do solo como se lançasse. Provavelmente tenha chutado o livro para longe quando executou o ato infame de abraço

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