Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Empatia: terreno movediço
Empatia: terreno movediço
Empatia: terreno movediço
E-book153 páginas2 horas

Empatia: terreno movediço

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

A percepção e o conhecimento do outro, graças à empatia - conceito que recebeu bastante atenção nas últimas décadas -, é um movimento cuja raiz é arquetípica. No encontro analítico se olha: para o outro em nós e à nossa frente. Percebemo-nos pelas imagens, fantasias, com o corpo e as múltiplas formas de percepção que se constelam nesse encontro; e uma das formas de se perceber é por meio da empatia.
O consenso de que se trata de um fenômeno, que é condição para a condução da análise, é um denominador comum no campo da pesquisa clínica. A forma como será conduzida e é interpretada no campo da psicologia já possui outros desdobramentos que serão apresentados no decorrer deste livro, aliado a uma revisão filosófica da história do conceito. Posteriormente serão apresentadas as primeiras reflexões de Jung e autores pós junguianos a respeito do manejo e definição da empatia.
Como terreno movediço, a proposta deste livro não é fornecer respostas prontas (se é que elas existem!). O convite é o de construção e desconstrução. De circular por um conceito que, quanto mais claro e definido se parece, mais um olhar apurado denuncia suas incertezas e instabilidades.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jan. de 2015
ISBN9788581929002
Empatia: terreno movediço

Relacionado a Empatia

Ebooks relacionados

Psicologia para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de Empatia

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Empatia - Nathalia Carballeira Pereira

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição – Copyright© 2016 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS - PSICOLOGIA

    Ao leitor,

    que o amor e a curiosidade pelo saber nos leve!

    A Daniel e Cristina,

    por me darem origem.

    AGRADECIMENTOS

    Nesses mergulhos em águas profundas,

    quanto mais me perco,

    mais me encontro

    E neste desencontro,

    Nem sei se quero me achar.

    Ao longo da trajetória que culminou na produção deste livro vivi as angústias e as delícias de me perder e me reencontrar, e o mesmo com outras pessoas sem as quais essa produção não seria possível. São elas:

    Marisa, que me convida a remar e me mostra a poesia de aprender e ensinar diariamente.

    À Wladia, que me apresentou a fascinante arte de colecionar instantes.

    Aos amigos, que me lançam as deliciosas aventuras de conviver.

    Aos meus pacientes, por confiarem a mim suas histórias.

    APRESENTAÇÃO

    Antes de me (trans)formar e saber psicóloga, fui e sou muitas. Como já nos disse Clarice Lispector – sobre mim e todas aquelas que me habitam: sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre. E foi exatamente isto que me aconteceu ao longo do processo de produção deste livro: foi um processo de transformação. Mergulhando em minha própria loucura pude, como a própria palavra, esboçar um processo de cura de mim mesma.

    Propor-me a adaptar uma pesquisa acadêmica¹ em um livro sobre empatia é buscar uma intersecção entre o campo dos pesquisadores e dos poetas. Não vejo por que não podem existir poetas pesquisadores e pesquisadores poetas! A princípio, podem parecer campos distantes, mas não: pesquisar é debruçar-se sobre o novo; é colocar em palavras – com a ajuda de muitos outros – aquilo que não foi falado assim; é uma busca que nunca cessa; é ter crítica; é abrir portas para o diálogo; é transformar e transforma-se.

    Os poemas precisam ser relidos. E a cada releitura, uma nova descoberta. Na prosa, se enchem as páginas com palavras, enquanto os poemas tem muito espaço em branco na folha. O silêncio e o vazio abrem caminhos equivalentes ao som das palavras. Diante de uma poesia, precisamos de tempo. Tempo para deixar que as palavras ecoem em nós, e nos atravessem. Tempo para mergulhar nas imagens e senti-las ganhando vida para que nos levem (ou deixem). Tempo para perder o tempo. Para que nos permita sair um pouco de nós mesmos, e estar em outras realidades. A poesia nos leva.

    Para teorizar sobre o fenômeno da empatia é necessário a humildade e a consciência de que estamos tentando, limitados pelo exercício da palavra, traduzir uma vivência, um sentimento de comunhão vivido por mim e tantos outros colegas na prática da clínica psicológica. É falar das fronteiras entre o eu e o outro, e daquilo que nos liga como seres vivos.

    A psicologia analítica fornece as bases para uma reflexão a respeito deste fenômeno, porém, as bases não podem ser reduzidas a pilares de concreto. A experiência vivencial jamais poderá ser reduzida a qualquer elucidação científica. É como achar que podemos explicar o sentimento unicamente pela razão. Aí jaz um mistério. O mistério de relacionar-se, que deve ser respeitado.

    Muito antes do conceito de empatia, a arte da poesia transpõe em palavras esse sentimento que aparentemente, todos sabem e sentem e que, na prática, quando se tenta explicar, torna-se impossível. Qual não foi a minha surpresa ao perceber que esse mundo dos poetas de alguma forma, não me era estranho, tão pouco estava distante e este livro é o resultado desse exercício. Em mim, Empatia é o nome de uma ponte: ela que conecta e nos leva pelas águas, enxurradas e trovoadas do viver.

    Este livro é a confirmação de uma esperança que sempre tive: da aposta maior de ficar com os valores invisíveis e o valor das invisibilidades. Nós somos feitos da mesma matéria que são feitos os nossos sonhos. Percebê-los, construir e descontruir sobre isso é um tema de poucos e para poucos. Sugiro que o leitor deste livro assuma uma posição de quem lê uma poesia. Se abram e estejam preparados para ser aturdidos, para voltar, ponderar, questionar.

    Desacelere. Leia. Leia outra vez, leia outra vez...

    PREFÁCIO

    Calçar as sandálias do outro

    Destaco desde o início deste prefácio uma das muitas imagens encontradas na leitura deste livro. Com a força que transitam entre todos os campos conhecidos e desconhecidos, elas – as imagens - dizem, traduzem e aproximam mais do que as palavras.

    Assim, escrever um livro sobre um assunto cujas palavras não alçam sua magnitude, tal qual o da Empatia, chega como um desafio enfrentado primorosamente por Nathalia Carballeira Pereira ao abrir portas para o diálogo entre o que pedia para ser poetizado e, também simultaneamente, o que requer uma reflexão crítica radical, e assim nos convida a habitar um mesmo mundo emocional.

    Leitura, de singular importância ao ofício psicológico, não de modo rápido, tampouco fácil, requer para ser apreciada um tempo Kaíros – momento oportuno. Assim, esses escritos se nos apresentam impactantes desde a primeira visada, bonitos aos sentidos e de difícil entendimento das relações que os orientam.

    Afirmo que a autora faz uma rigorosa revisão bibliográfica sobre esse terreno movediço perscrutando os diferentes domínios da neurociência e das produções das ciências humanas – desde um cuidadoso levantamento histórico sobre o conceito ao campo da produção filosófica (apresenta-nos as atuais conclusões da filósofa americana Amy Coplan), passa pela semiótica antes mesmo de debruçar-se sobre as bases e escritos das diversas psicologias com a insígnia Empatia.

    Nathalia envereda-se nas profundidades que a psicologia analítica, junguiana, requer de uma sensível analista, segurando nas mãos desta para percorrer o escuro desconhecido do fazer clínico diário. Asseguro ao leitor que foram suas próprias experiências profissionais e também pessoais que a levaram a estudar e escrever sobre esse tema. Quem sabe no segundo volume ela nos ofereça seus escritos poéticos...

    A aplicação clínica do que aqui é tratado tem total relevância a todos psicoterapeutas e analistas nas mais diversas abordagens por nos oferecer a oportunidade de aprofundarmos nossas reflexões de uma das importantes condições à prática psicológica, qual seja: de que é mister o sentimento de comunhão do encontro, situação que transcende as necessidades e vontades claramente conscientes do profissional ao receber o paciente.

    Por mais que seja possível compreender as necessidades de reflexões que se colocam quanto as decisões do profissional sobre um processo terapêutico, segundo a autora, a abstração gera um movimento que se coloca quase como mais racional do que instintivo e não será suficiente para que o encontro verdadeiro aconteça entre os envolvidos. Assim, os psicoterapeutas aqui encontrarão alguns motivos para se dedicarem as sutilezas do encontro tendo como pressuposto que o sucesso e os resultados positivos obtidos na clínica referem-se mais à pessoa do analista e à relação em si, do que a linha teórica de cada um.

    Envolvimento, vínculo, apego, paixão, afinidade, simpatia são palavras cruciais às relações, particularmente no caso das psicológicas e terapêuticas e seus jargões. Essas e tantas outras expressões dizem e se aproximam cada uma, a seu modo, daquilo que é intensamente vivo e indecifravelmente experenciado por todos os seres, nas múltiplas relações estabelecidas conscientes ou nem tanto.

    No capítulo sobre os ‘Pós junguianos’ nos veremos envoltos com as flutuações que o constructo Empatia sofrerá, transformado até mesmo no que C. G. Jung havia proposto. Hoje, parece mais claro que distinguir ou discriminar os próprios e projetivos sentimentos e percepções do que se pode depreender como pertencente ao outro é, segundo a autora aponta, um cauteloso exercício cotidiano frente à imprecisão, de não saber. Pergunto-me, junto com os autores mencionados neste livro, até quanto isto é efetivo? Como se fosse possível separar o que sempre esteve unido.

    É neste sentido que segue Empatia: terreno movediço, destacando a prática psicológica sob o prisma da alteridade dos envolvidos, por tratar-se

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1