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Eu rio, tu urcas, ele sepetiba
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Eu rio, tu urcas, ele sepetiba
E-book190 páginas1 hora

Eu rio, tu urcas, ele sepetiba

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Sobre este e-book

Uma viagem poética pelos bairros da cidade que é considerada símbolo do charme e da beleza brasileira. Assim é "Eu Rio, Tu Urcas, Ele Sepetiba – Poemas Geográficos do Rio de Janeiro". Ao percorrer os mais diferentes bairros cariocas, Valmir Moratelli propõe uma unidade ao que já foi chamada de "cidade partida". É o Rio de Janeiro sendo contado da forma que mais lhe é peculiar: em versos. Com seus acidentes geográficos, morros entrecortados por matas e perfurados por túneis que unem mar, montanha e asfalto, o "purgatório da beleza e do caos" se vê retratado em mais de cem poemas. É o "Rio 40 graus". É a "Cidade Maravilhosa, cheia de encantos mil". É do "Leme ao Pontal", passando por Madureira e adjacências. Lugar dos que "não gostam de dias nublados" para além das "águas de março fechando o verão". Embarque neste "doce balanço a caminho do mar" e redescubra o Rio de Janeiro em sua pluralidade máxima.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento21 de out. de 2014
ISBN9788583381051
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    Pré-visualização do livro

    Eu rio, tu urcas, ele sepetiba - Valmir Moratelli

    à Adna

    Prefácio

    Poesia não é para ser entendida, compreendida. Deve apenas ser lida e digerida, para estimular o prazer da leitura.

    Por mais intelectual que seja o leitor, percorrendo um poema ele descobre novos vocábulos ou novas formas de uso de uma palavra, graças à licença poética. Aqui, neste conjunto de folhas impressas, surgem diversos substantivos flexionados como verbo. É bonito:

    Eu rio

    Tu urcas

    Ele sepetiba

    Nós pavunamos

    Vós andaraís

    Eles ipanemam

    Quem se entrega à poesia e a ela se integra, devaneia... Desanuvia o espírito, fantasia... E sonha como um amoroso adolescente ou uma jovem apaixonada.

    Todo cidadão deveria ter posses para manter livros de poetas na mesinha de cabeceira e, antes de cair nos braços de Morfeu (o deus dos sonhos), abrir em uma página qualquer e ler, no mínimo, um verso, sem procurar entender, apenas para o deleite. O poeta, mesmo os sem nenhum propósito, objetiva sensibilizar e dar asas à imaginação.

    Qualquer um pode definir um livro poético como o sentir e dar-lhe a significação que quiser. Eu vejo este como uma homenagem de natalício ao município que junta quatro mais cinco com zero, torna útil a inútil regra dos noves fora e marca o ponto de partida para uma nova era. Viva o Rio de Janeiro, capital da cultura brasileira!

    Gentes de todos os cantos dos nossos brasis podem, parafraseando o vate Valmir, riar ou se cariocar como eu, que bibarrei entre duas barras de rio, saí da roça e me isabelei. Salve a carioquice!

    De mãos dadas com o poeta Moratelli, viajei para o CENTRO e observei que não há poesia que caiba nesta cidade sãosebastiana. Daí vi que BENFICA fica bem deitada no meu ombro e fui comer pé de moleque no PECHINCHA. Vi um RIO COMPRIDO lendo um poema de um verso SÓ e fiquei com a VISTA ALEGRE. Conheci um ENGENHEIRO LEAL que estava preocupado com licitações e me disse que – quilômetros de concreto armado sobre avenidas – será o maior arrombo dos cofres públicos que esta cidade já viu. No CAJU vi dois corpos que assombram a solidão com gemidos de prazer que atravessam paredes.

    Vagando por VILA ISABEL, encontrei-me com o Poeta da Vila e disse-lhe:

    agora que estou poeta

    vamos fazer assim:

    eu te retribuo esses sorrisos

    com algum verso que sirva

    de tapete quando for

    passar no meio da noite

    aqui na minha frente.

    em vila isabel a gente fica

    sonambulando sobre notas

    musicais desenhadas no boulevard.

    Paro por aqui, vilaisabelando. Já logrei por todos estes logradouros, mas vocês, leitores, devem ir em frente. Será bom pois:

    ficam todos

    tijucados

    paquetados

    humaitados

    realengando guaratibados.

    Sejam felizes!

    Martinho da Vila

    O livro abrange a grande maioria dos bairros

    e sub-bairros cariocas.

    Dos cerca de 160 bairros da cidade,

    alguns ficaram de fora.

    Centro

    não há poesia que caiba nesta cidade

    que não despenque dos penhascos e transborde

    para todos os lados, dando a sensação de que afundaremos

    num mar de estrofes caóticas que não vão dar em nada

    a não ser que sejam evacuadas após os bueiros entupidos serem

    desobstruídos e as árvores tombadas retiradas do caminho

    que antes tinha rio na trilha do mar e agora é aterro

    para fazer passar avenida e trazer progresso

    e edifícios e metrô e um obelisco horroroso no final da Rio Branco.

    a poesia sempre volta por cima

    mesmo sendo escoada para o bueiro.

    Benfica

    bem fica você deitada no meu ombro

    suada e colada ao meu suor

    e quando eu falo qualquer coisa

    para ver se você ainda não pegou no sono

    seus cabelos eu quase como

    de tanto amor

    em sermos uma coisa só.

    bem fica você fazer do meu colo

    seu travesseiro quando chega no sofá

    para só sair de lá quando a novela

    acabar.

    bem ficar você me abraçando

    enquanto eu preparo o jantar

    não passamos na cadeg

    mas deve ter algo na geladeira

    me passe as azeitonas e pegue

    os tomates para cortar.

    bem fica Burle Max com Portinari

    na porta de casa

    assim como você comigo

    trocando nosso suor no sofá.

    Pechincha

    pé de moleque

    doce quebrado

    pé de anjo

    sujeito verbo predicado

    pé de sujeira

    pede esmola

    pede e recebe em troca

    pede que eu te dou

    pé para baixo

    pé incha

    pé para cima

    doutor mandou

    cortar o pé de porco

    se não é pé na cova

    pé de pato

    quá quá quá

    quarenta e tantos anos

    pé de galinha

    pé torcido

    não torceu?

    pé frio

    pé termina o corpo

    pé começa no chulé

    que fede e mede

    o que você traz

    pé ante pé

    gira e rodopia

    na ponta do pé

    reza e ajoelha

    no pé da montanha

    pede proteção

    pede para cortar só o pé

    do cabelo

    pechincha um desconto

    ou vai a pé.

    Rio Comprido

    Só cabe dizer num poema de um verso SÓ que falta coragem de largar

    [o trabalho no meio da tarde e ir para casa te ver em um SÓ rompante de alegria de saber que você está comigo hoje amanhã e enquanto tivermos

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