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A Indústria Cultural Como Instrumento de Alienação e Dominação na Sociedade do Espetáculo
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A Indústria Cultural Como Instrumento de Alienação e Dominação na Sociedade do Espetáculo

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Sobre este e-book

A Indústria Cultural é um tema que predispõe uma reflexão filosófica, sobretudo, no capitalismo moderno onde os meios de comunicação de massa alienam e manipulam os indivíduos na Sociedade do Espetáculo. A obra analisa conceitos de Marx, Freud e seus seguidores, o Freudomarxismo, visando a emancipação do homem mediante uma Teoria Crítica que foi elaborada pela Escola de Frankfurt. Por fim, a obra busca responder o seguinte problema: Como a Escola de Frankfurt explica a maneira pela qual as artes e o conhecimento humano são utilizados pela indústria cultural com o objetivo de alienar e manipular as pessoas na sociedade do espetáculo?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de dez. de 2018
ISBN9788546212019
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    A Indústria Cultural Como Instrumento de Alienação e Dominação na Sociedade do Espetáculo - Samuel Antonio Merbach De Oliveira

    Freudiana.

    PREFÁCIO

    Sérgio Carvalho de Aguiar Vallim Filho²

    Ter o privilégio de prefaciar o livro do Prof. Dr. Samuel Antonio Merbach de Oliveira me faz relembrar das bancas acadêmicas e daquele moço desde cedo demonstrando uma avidez pelo estudo do direito, da filosofia e das ciências sociais como um todo.

    Sua trajetória no meio acadêmico transcorreu de forma rápida e seu desenvolvimento profissional da mesma forma veio a transbordar celeremente.

    A concretização disso tudo pode ser observado nesta obra, na qual busca se expressar de forma clara, sem devaneios e com profundidade, fruto de seu trabalho do curso de Pós-Doutorado – concluído e aprovado – na Universidade Argentina John Kennedy.

    Seu título, A Indústria Cultural como Instrumento de Alienação e Dominação na Sociedade do Espetáculo, perpassa pelo desenvolvimento do freudomarxismo através da escola de Frankfurt e dos pensadores que desenvolverem a junção de dois paradigmas da sociedade moderna, quais sejam, Sigmund Freud e Karl Marx. Neste caminho impinge o conceito de cultura e suas características adaptadas aos segmentados oligarcas norte-americanos que criaram a indústria da cultura com muito mais do que uma paixão, ou seja, transformando-se em alienação e idolatria. Vale também destacar nesta obra o estudo de várias perspectivas recorrentes no mundo capitalista, dentre elas, a ideia do Materialismo, da Dialética, da Ideologia Dominante e da Desideologização, além de dogmas que atingem esta casta, como as questões do Mal-Estar na Civilização, do Homem Unidimensional, da Obra de Arte na Era de Sua Reprodutividade Técnica, dos Meios de Comunicação de Massa e da Psicologia das Massas e o Fascismo.

    Antes de concluir sua obra, o Prof. Dr. Samuel busca focar e explicar o tema da Sociedade do Espetáculo através, inicialmente, da obra de Guy Debord, perpassando por inúmeros estudiosos sobre o tema e encerrando no mesmo autor.

    Conclui de forma a demonstrar o perigo da sociedade de espetáculos se sobrepor às próprias necessidades básicas da humanidade, o que faz sem qualquer desfaçatez e com o objetivo de continuar ditando este segmento da humanidade.

    Assim, diante de obra tão reluzente e tema tão fascinante, o Prof. Dr. Samuel nos premia a fazer uma leitura que trará para as gerações futuras mais bagagem e intensidade para novas e profundas discussões sobre o tema.

    Nota

    2. Advogado, Professor, Mestre em Direito Processual Civil e Especialista em Direito Empresarial e Direito Civil.

    Coordenador Geral dos Cursos de Graduação em Direito da Universidade Paulista – Unip, Coordenador Geral dos Cursos de Pós-Graduação em Direito da Unip, coordenador de área dos cursos de Direito do Trabalho e Direito Empresarial da pós-graduação em EaD da Unip e Membro do Conselho Acadêmico e cofundador da Escola de Liderança e Cidadania (ELC) da OABSP.

    INTRODUÇÃO

    A Escola de Frankfurt originou-se no Instituto de Pesquisa Social na cidade alemã de mesmo nome, nos primórdios dos anos 1920 e foi apresentada como a egrégia instituição de pensamento e investigação social da filosofia marxista, conforme explicam Baby Abrão e Mirtes Coscodai (2004, p. 458):

    Escola de Frankfurt é a denominação tardia do Instituto para a Pesquisa Social, fundado em 1923 pelo economista austríaco Carl Grunberg, editor do Arquivo para a História do Pensamento Operário, os Arquivos Grunberg, que visavam a preencher uma lacuna nas ciências sociais: a história do movimento operário e do socialismo. O instituto, a que originariamente se cogitou chamar Instituto de Marxismo, revela a vocação para integrar a questão socialista no âmbito das reflexões acadêmicas e universitárias, pois esteve ligado à Universidade de Frankfurt.

    É notório que uma das maiores contribuições da Escola de Frankfurt foi ter mesclado, sobretudo, o pensamento de Karl Marx e Sigmund Freud, e, assim, se faz necessária a conceituação tanto do marxismo quanto da psicanálise.

    Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino (2000, p. 738) observam que:

    Entende-se por Marxismo o conjunto das ideias, dos conceitos, das teses, das teorias, das propostas de metodologia científica e de estratégia política e, em geral, a concepção do mundo, da vida social e política, consideradas como um corpo homogêneo de proposições até constituir uma verdadeira e autêntica doutrina, que se podem deduzir das obras de Karl Marx e de Friedrich Engels.

    Elisabeth Roudinesco e Michel Plon (1998, p. 603) conceituam a Psicanálise como sendo:

    Termo criado por Sigmund Freud, em 1896, para nomear um método particular de psicoterapia (ou tratamento pela fala) proveniente do processo catártico (catarse) de Josef Breuer e pautado na exploração do inconsciente, com a ajuda da associação livre, por parte do paciente, e da interpretação, por parte do psicanalista.

    Por extensão, dá-se o nome de psicanálise:

    1. ao tratamento conduzido de acordo com esse método;

    2. à disciplina fundada por Freud (e somente a ela), na medida em que abrange um método terapêutico, uma organização clínica, uma técnica psicanalítica, um sistema de pensamento e uma mobilidade de transmissão do saber (análise didática, supervisão) que se apoia na transferência e permite formar praticantes do inconsciente;

    3. ao movimento psicanalítico, isto é, a uma escola de pensamento que engloba todas as correntes do freudismo.

    Dentre os fundadores da Escola de Frankfurt destacam-se Georg Lukács e Felix Weil, que se fundamentaram em Karl Marx e Sigmund Freud para desenvolver a chamada Teoria Crítica, o que também vem ao encontro do pensamento do frankfurtista Erich Fromm (1965, p. 166), que refletiu sobre o legado e a importância de ambos os pensadores, conforme observa na sua obra Meu Encontro com Marx e Freud:

    Marx tinha uma percepção muito mais profunda da natureza do processo social e era muito mais independente do que Freud em relação às ideologias sociais e políticas de sua época. Freud tinha uma percepção mais profunda da natureza do processo do pensamento humano, dos afetos e paixões, embora não transcendesse dos princípios da sociedade burguesa. Ambos nos deram os instrumentos intelectuais para romper a falsidade da racionalização e das ideologias, e penetrar assim na essência da realidade individual e social.

    Também é importante observar a contribuição de Adorno e Horkheimer (1985), no tocante à indústria cultural a qual engloba a mercantilização da cultura, bem como a sua utilização como instrumento de alienação e de manipulação das massas, o que fez com que muitos indivíduos se tornassem meros expectadores passivos do que realmente acontece no sistema capitalista de produção: O triunfo das corporações gigantescas sobre a livre iniciativa empresarial é decantada pela indústria cultural como eternidade da livre iniciativa empresarial. O inimigo que se combate é o inimigo que já está derrotado; o sujeito pensante (Adorno; Horkheimer, 1985, p. 139-140).

    Sérgio Paulo Rouanet (2001, p. 11) nota que na Escola de Frankfurt o pensamento de Freud foi utilizado de maneira diferente por cada pensador: Ele permite a Adorno fundar uma crítica da cultura, que exclui a utopia, e a pressupõe; a Marcuse, pensar o advento da ordem órfico-narcisista; a Habermas, integrar os bloqueios externos da comunicação com os internos.

    Nesse contexto, Olgária C. F. Matos (1993, p. 13) observa que o Instituto para a Pesquisa Social congregou pensadores de tendências filosóficas distintas, como Horkheimer, Adorno, Benjamin e Marcuse, mas com uma preocupação comum: compreender o enigma da ‘servidão voluntária’.

    Herbert Marcuse tornou-se o pensador mais importante da Escola de Frankfurt, no que concerne ao desenvolvimento da política presente entre os anos 1950 e 1960, momento em que concluiu a transfiguração do marxismo em aspectos culturais, dado que: Apesar da notoriedade passageira que, na virada dos anos 1965-1968, lhe valeu o epíteto de ‘filósofo da contestação’ e da associação de sua obra aos movimentos estudantis, a carreira de Herbert Marcuse sempre foi de acadêmico em sentido lato (Huisman, 2001, p. 665). Além disso, Marcuse fez parte da Nova Esquerda que é contrária ao capitalismo; no entendimento de Noëlla Baraquin e Jacqueline Laffitte (2007, p. 203), ele é o filósofo mais expressivo da aproximação da psicanálise com o Marxismo prevalecente entre os anos 1950 e 1970: Ele foi um dos primeiros a identificar origens comuns a Marx e a Freud, ao mesmo tempo que tomava emprestado da dialética hegeliana o ‘pensamento negativo’ como instrumento de crítica social.

    Guy Debord – na obra A Sociedade do Espetáculo – trabalha com conceitos marxistas e com ideias de Freud, porquanto em sua teoria crítica o fundamento principal é conceber que todas as outras sejam consideradas irrisórias:

    Em 1968, nenhuma das outras correntes organizadas – que, no movimento de negação pelo qual começou a degenerescência das formas de dominação da época, vieram defender seu próprio atraso e suas estreitas ambições – nenhuma dessas correntes dispunha de um livro de teoria moderno, e nem mesmo reconhecia nada de moderno no poder da classe que se tratava de derrubar. Os situacionistas foram capazes de propor a única teoria da temível revolta em maio; e a única que apresentava novas acusações estrepitosas, que ninguém havia feito. Quem lamenta o consenso? Nós o liquidamos. Cosa fatta capo ha. (Debord, 2015, p. 151, grifos no original)

    No que se refere à sociedade do espetáculo, Mario Vargas Llosa (2012) observa que Debord, embora tenha adotado em vários enunciados muitas liberdades em consonância com a doutrina marxista, defende a tese da história como luta de classes e a reificação ou coisificação do indivíduo em razão do capitalismo que produz dissimuladamente: [...] necessidades, modas e vontades a fim de manter um mercado em expansão para os produtos manufaturados (Llosa, 2012, p. 25).

    A cultura de massa, produzida pela indústria cultural, é divulgada através dos meios de comunicação social representados pela televisão, rádio, jornais, revistas, internet, etc. Muitas vezes, tal cultura é utilizada na sociedade do espetáculo pelas classes dominantes a fim de manipular e/ou alienar a população, o que se verifica em programas televisivos, sobretudo, nos denominados reality shows, tal como George Orwell (2009, p. 27), na obra 1984, exemplifica:

    O rosto do Grande Irmão, contudo, deu a impressão de permanecer na tela por vários segundos mais, como se o impacto que causara nas retinas de todos os presentes fosse vívido demais para desparecer imediatamente. A mulher esguia e ruiva se jogara para a frente, apoiando-se no encosto da cadeira diante dela. Com um murmúrio trêmulo que parecia dizer Meu Salvador!, estendeu os braços para a tela. Em seguida afundou o rosto nas mãos. Era visível que fazia uma oração.

    Nesse contexto, Marilena Chaui (2004) observa que o romance escrito em 1948, mas que teve sua data alterada para 1984, retrata uma sociedade totalitária em que os indivíduos são completamente espionados através de câmeras televisivas, sendo que os que desobedecem as leis ou as regras impostas são adestrados por meio da prisão e da tortura, a fim de que não errem novamente.

    Com efeito, os indivíduos, por não conviverem com os demais, sentem vontade de se comunicar e, para tal, diariamente conversam com um rosto bondoso que se apresenta na televisão, conforme Marilena Chaui (2004, p. 297) explica:

    [...] o Big Brother, o Grande Irmão, que os vigia e lhes fala, sem na verdade dizer-lhes nada, a não ser dar-lhes ordens. Nessa sociedade, existe o Ministério da Verdade, cuja função é produzir a mentira, eliminando e deformando fatos, pessoas e acontecimentos por meio de narrativas falsas, a serviço do poder do Big Brother. Nela também foi criada a Novalíngua, um departamento encarregado de mudar o sentido das palavras conforme os desejos do Big Brother, impedindo que as pessoas compreendam o verdadeiro sentido delas.

    Nessa sociedade totalitária, o horror prevalece, pois há o controle tanto dos corpos quanto, e sobretudo, das mentes dos indivíduos. Através de aparelhos de monitoramento se produz a perda da capacidade de reflexão em razão de um programa ser produzido na forma de espetáculo televisivo altamente alienante, mas alegre e risível, um programa de entretenimento, consoante a tudo que sobrevém da indústria cultural, sendo o rádio e a televisão, dentre os meios de comunicação usados pela indústria cultural, os que mais influenciam os indivíduos, uma vez que, segundo Marilena Chaui (2004, p. 297): [...] ambos são mercadorias que vendem mercadorias na forma de informação, entretenimento e lazer.

    Por fim, no presente trabalho se busca responder o seguinte problema: Como a Escola de Frankfurt explica a maneira através da qual as artes e o conhecimento humano são utilizados, pela indústria cultural, com o objetivo de alienar e manipular as pessoas na sociedade do espetáculo?

    CAPÍTULO 1

    O FREUDOMARXISMO

    No que se refere à cultura, uma das principais características da Escola de Frankfurt foi a mescla entre as teorias marxistas e freudianas, o que ficou conhecido como Freudomarxismo (Roudinesco; Plon

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