ilhós
()
Sobre este e-book
Este livro faz parte do Selo JOTA, que tem coordenação e curadoria de Noemi Jaffe. A ideia original desta coleção partiu do pioneiro e consagrado Oulipo, grupo de escritores entre os quais se incluíam Italo Calvino, Raymond Queneau e Georges Perec. Todos os livros do JOTA partem de um desafio, de restrições narrativas que, por paradoxal que pareça, atuam de maneira a incrementar o texto ficcional.
Leia mais títulos de Carol Rodrigues
Orelhas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO melindre nos dentes da besta Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Relacionado a ilhós
Ebooks relacionados
Front Nota: 0 de 5 estrelas0 notas7 melhores contos de Afonso Celso Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs Radicaes Livres Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContos embriagados Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAnatomia Do Infinito Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMenino no capinzal Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBanho-Maria Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA caverna Jomapawi Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEtéreo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasImaginário desejo do Outro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNa Ausência Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs dragões de K'lia e a rebelião Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO som vertebrado Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNotas de rodapé Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPara Uns, Cannabis Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPoemas Para Morrer De Prazer Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBiografia de uma árvore Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCorpo Acorde Arpejado Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEntre o amor e o mar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAldeia do silêncio Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUm Cisne na noite Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO sol e o ser Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEntre Nódoas & Pássaros Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCompilado moderno de assuntos eternos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Pormenor Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDiana 1 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEu canto o ípsilon e mais Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRamo de Flores acompanhado de varias criticas das Flores do Campo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasÁguas desnecessárias Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA CASA POR DENTRO Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Ficção Literária para você
O vendedor de sonhos: O chamado Nota: 5 de 5 estrelas5/5Declínio de um homem Nota: 4 de 5 estrelas4/5Memórias Póstumas de Brás Cubas Nota: 4 de 5 estrelas4/5Eu, Tituba: Bruxa negra de Salem Nota: 5 de 5 estrelas5/5Livro do desassossego Nota: 4 de 5 estrelas4/5Dom Casmurro Nota: 4 de 5 estrelas4/5Primeiro eu tive que morrer Nota: 5 de 5 estrelas5/5O que eu tô fazendo da minha vida? Nota: 5 de 5 estrelas5/5Box - Nórdicos Os melhores contos e lendas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO vendedor de sonhos 3: O semeador de ideias Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO vendedor de sonhos 2: A revolução dos anônimos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAprender a falar com as plantas Nota: 4 de 5 estrelas4/5Rua sem Saída Nota: 4 de 5 estrelas4/5Eu que nunca conheci os homens Nota: 4 de 5 estrelas4/5O amor vem depois Nota: 4 de 5 estrelas4/5
Avaliações de ilhós
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
ilhós - Carol Rodrigues
Karamazov
S1
Propagação: as ranhuras infiltradas pelo teto; o pé direito é de três metros e meio.
Pálpebra: o véu musculomembranoso recobre parcialmente o olho na parte superior e na parte inferior é destinado a protegê-lo; quando pisca, enruga, e o tronco se dobra na beira da cama desfeita. Mãos retas enrolam para fora das pernas uma, a outra, meias longas e pretas. Unhas descascadas de tâmara; colinas de areia os dedos enroscam a lã que não esquenta, de algum modo é fresca. Juliette ergue o corpo a coluna crepita os braços esticados para cima a barriga lisa, a camisa aberta, gigante cruza aérea o deserto de Nairóbi, coxas, canelas, a tinta do teto craquela uma gota se desprende da ranhura, desce aranha pelo fio de teia, o lábio, é pálido, é salgada, Juliette nove dunas por passada, um beduíno observa do norte, um lenço turquesa emoldura seus olhos proibidos pelo sol.
Juliette o rosto no espelho; prefere seu perfil esquerdo; no direito o trilho da fogueira, Juliette não se lembra do incidente; duas rugas o sorriso susta, sussurro que foge da laringe; volta-se à frente atravessa o cerrado fino de onde tudo veio, os pés a erva rasteira, contorna seriema, as árvores acocoradas a sombra pequena, dois metros nus de taco, Juliette chega à sala, os dedos enroscam na floresta boreal a luz alilasa onde o ponto da lã é mais enxuto, os furos estrangulam, o que atravessa até os pés.
Jacarandá tornado mesa outra lã e a seda os fios de ouro e de prata as agulhas. Juliette arrasta uma cadeira estica a tapeceira em construção. Esparadrapos nos dedos analisa o resultado o nó mais frouxo: de muito perto é um dia chuvoso é uma ilha de raízes flutuantes mangue suspendido, água enturvilha ao redor, novelos de galhos túneis perimetrais além deles o mar e através a canoa fina um homem o chapéu cobrindo o rosto a conduz para frente ou para trás um cajado em diagonal; o homem na canoa fura o fractal as folhagens e os galhos, na ilha de raízes a visão deve ser a mesma em dez centímetros quadrados ou em toda a extensão é o que se escreve em letra vermelha o bloco logo ao lado, pequeno e sem pauta o único vermelho desta sala. Juliette sobe na cadeira tapa o olho esquerdo, tapa o direito se ajoelha vê de perto, a lã triscando o seu nariz, sorri, o fractal é perfeito, a cicatriz repuxa o rosto sente o estalo no joelho, voluntário se ergue, quebrou uma agulha ao meio, é a agulha vinte e dois a espessura das raízes em efeito de sombra e distância, o trecho inacabado. Juliette entristece o rosto com a ideia; é preciso caminhar sobre o asfalto calçar o sapato, precisa ir até lá e pedir que lhe vendam fiado uma agulha vinte e dois talvez logo uma caixa ela diz alto, a voz insone, gira o corpo o próprio eixo, anti-horário, abotoa a camisa, aperta o tecido contra os mamilos,