Inocência Quase Perdida
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Inocência Quase Perdida - Cíntia Santos
Inocência Quase Perdida
Cíntia Santos
Cíntia Santos – Inocência Quase Perdida ®2023
Produção e coordenação editorial: Cíntia Izzo e Diego Rbor Capista: João Gustavo Santos dos Anjos Edição de arte: Cíntia Izzo
Revisão: Maria de Lourdes Fagundes Vicente, Henrique Ostronoff e
Carla Camargo Cândido
Impressão: Alphagrafics Brasil
1ª edição
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito da autora.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Santos, Cíntia
Inocência quase perdida / Cíntia Santos. --
1. ed. -- São Paulo : Ed. da Autora, 2023.
ISBN 978-65-00-82737-
8
1. Abusos 2. Experiências - Relatos 3. Histórias de vidas 4. Mulheres -
Biografia 5. Narrativas
pessoais 6. Superação I. Título.
23-175895
CDD-920.72
Índices para catálogo sistemático:
1. Mulheres: Biografia 920.72
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129
DEDICO esta obra a todas as almas que se calaram em algum momento da vida, que se superaram e nunca desistiram de continuar vivendo, e a VOCÊ, que lê agora e pense que talvez esta leitura não seja para ti. Mas em alguma parte desta obra irá se encontrar. Pode acreditar!
Assim como dedico este livro com muito amor aos meus filhos, João Gustavo e Ana Clara, para que possam conhecer mais profundamente a mãe que os trouxe ao mundo. Aos meus pais, João e Maria Cleide, para que saibam e jamais duvidem, que graças ao amor e a criação deles, me tornei a mulher que sou hoje.
Ao meu esposo, Sérgio Izzo, que já na maturidade de nossos 40 e 55 anos, nos escolhemos para caminhar juntos e me deu todo o apoio necessário sendo paciente, companheiro e amigo.
Também aos meus irmãos, porque não há dúvidas que fomos escolhidos por Deus para compor esta família.
Obrigada, oh! Deus... por andar comigo em todas as fases de minha vida!
AGRADEÇO ao Diego Rbor, também editor, escritor e poeta, que orientou sabiamente, acreditou e me incentivou a prosseguir.
Ao projeto Poesia e Sarau, do CEU (Centros Educacionais Unificados) Prof.ª Maria Beatriz Nascimento da região de Taipas, deixo aqui toda a minha alegria, satisfação e eterna gratidão pela oportunidade dada de sermos nós mesmos.
Obrigada, oh! Deus... por me fortalecer durante esta jornada!
Sumário
Parte 1 – A Infância: Sonhos, Imaginações e Realidade................................................... 13
Parte 2 – A Juventude: Dúvidas, Questionamentos e Medo........................................................... 67
Parte 3 – Momento Mãe: Força e
Crescimento............................................... 111
Parte 4 – Reflexão: As Relações e
Emoções.................................................... 157
Motivação
Ouvir da minha filha um relato semelhante ao que tinha vivido na infância e ver nela a coragem em contar e se abrir, fez com que certas feridas fossem reabertas.
Na verdade, apenas reabriu o que nunca havia sido 100% curado.
Recordei de o porquê ter tido diários dos 14 aos 18 anos e porque os havia destruído - algumas páginas rasgadas e outras queimadas, continham certas coisas que não poderiam ser lidas. Temi e percebi isso ao me tornar mãe aos dezenove anos.
Por muitos anos, certos momentos e pensamentos não foram escritos, mas algumas situações gritavam, alguns sentimentos se tumultuavam e agora precisam sair.
Este livro foi pensado, idealizado há anos e nunca passado da primeira página.
Por que era tão fácil imaginá-lo e tão difícil de transcrever o que se recordava e o que se ia ao fundo d’alma?!
Introdução
Inocência Quase Perdida nasceu de um pensamento rápido, simples e objetivo.
"O título veio antes mesmo da história contada ou nasceu justamente após vivenciar o que aqui será contado?!
Afinal, ambos já existiam."
Estava na mente e na alma, não houve nenhum outro título para competir, assim como a escolha da capa, ambos falam com o conteúdo da obra.
Nos relatos contados, conhecerão a trajetória de uma criança sonhadora cheia de imaginação, as violações de sua inocência, o crescer antecipado e a evolução de um ser puro para um amadurecimento precoce.
Já se perguntou por que fulano ou cicrano é assim ou assado?!
Pois bem, eu já e inúmeras vezes.
Para contar esta história, preciso iniciar com uma pergunta que sempre me fiz...
Por que somos o que somos hoje?
Sempre observei a multidão, pessoas indo e vindo, cada uma com um semblante, expressões diversas, caras e bocas, algumas sorridentes, outras de mau humor, algumas fechadas para a vida, amarguradas, muitas felizes ao extremo, rindo à toa, felicidades de fachada.
"Tantos julgamentos!"
Todos possuem uma história, algumas são tão incríveis e não são contadas, e isso é uma pena!
O que vivi de certa forma me define hoje, mas nunca me limitou, não me amargurou como pessoa, mas poderia!
Podemos ser o melhor ou o pior de nós mesmos, a escolha é nossa.
Conhecendo a minha trajetória e sendo como sou, busquei durante toda a minha existência, e até hoje, não julgar, não criticar sem conhecer e procurei saber mais e entender mais quase tudo a minha volta.
Ao iniciar este livro, temi as reações, os prejulgamentos e principalmente a possibilidade de magoar pessoas.
Escrever este livro me trouxe à tona lembranças e momentos felizes, engraçados e também, algumas recordações e sentimentos que nunca foram expostos, difíceis de serem relembrados.
Tive que buscar novamente coragem para uma nova etapa da minha vida, e este é o momento.
Longe estou de escrever um livro de autoajuda, não é este o propósito. Mas sim, mostrar a vivência de uma mulher hoje com 42 anos, formada com muito esforço em Comunicação Social, mãe de um rapaz de 23 e uma menina de quase 10 anos, filha de pais nordestinos, irmã mais velha de quatro irmãos, descendente de negros e índios (Tribo Pankararé).
Prazer... Sou Cíntia Silva Santos Izzo e assinei esta obra como Cíntia Santos, porque foi como menina e moça solteira, que tudo aconteceu. Poderá conhecer mais a fundo uma mulher que superou seus sentimentos antigos
e os transformou em força para conquistar o que era de direito, ser feliz e conquistar o mundo.
Sim... O mundo, o meu mundo, aquele em que me permiti ser feliz!
Abra o seu coração, leia com atenção, não julgue, não culpe, ou se culpe, caso se identifique com alguma parte do que aqui será contado.
Desejo uma ótima leitura, mente aberta e muito amor no coração.
Assinado... Cíntia Santos, versão desconhecida!
Parte 1
A Infância: Sonhos, Imaginações e
Realidade
14
Feche os olhos, respire fundo e tente recordar de algum momento da sua infância.
Consegue lembrar?!
Poderá encontrar facilidade ou não, tudo depende do que viveu e o que marcou dado momento, sendo momentos felizes ou tristes, assim como a importância da idade que tinha, mas de alguma forma alguns flashes sempre surgirão.
Nossas lembranças infantis se fixarão mais a partir dos três ou quatro anos de idade, segundo alguns neurocientistas, justamente por ser uma fase em que a fala já existe e identificamos as coisas.
Por isso, ainda recordo, e muito, de acontecimentos ocorridos a partir dessa idade, há lembranças muito vivas e tão cheias de detalhes que eu mesma me surpreendi ao iniciar os meus relatos. Vale lembrar que isso pode variar de pessoa para pessoa, mas confesso que as minhas me fazem rir e chorar internamente.
"Sim, lembro de algumas travessuras, das brincadeiras, de gostos e cheiros, dos medos, das vontades, das imaginações e sonhos, de muitos sonhos e também pesadelos!"
Meus pais haviam vindo da Bahia para a cidade de São Paulo tentar uma vida melhor e fomos morar em uma pensão localizada na Rua Conselheiro Nébias, 913, nos Campos Elíseos.
Meu pai trabalhava como cozinheiro e minha mãe costurava roupas para umas mulheres que eu 15
considerava diferentes, porque eram atrevidas, falavam alto, usavam roupas muito curtas e muita maquiagem.
Mas só depois soube que eram travestis e mulheres da vida que ali viviam também.
Não sabia o que significava, mas odiava quando apertavam a minha bochecha.
Nesse período estávamos esperando o meu irmãozinho nascer, eu ainda