Girassóis Maduros

De Léo Prudêncio

Ler girassóis é tarefa para poucos. Ler girassóis (e não quaisquer girassóis) mas os maduros requer algumas habilidades. A primeira: ser poeta de natureza, mas da natureza observável das coisas. Segundo, um silêncio próprio, como o caramujo solitário, mochileiro errante ou como na definição do escritor para poeta: arquipélago entre paredes de folhas brancas.
Em versos/haicais Léo Prudêncio nos apresenta a felicidade da descoberta matutina entre sóis, jacarandás, pássaros e depois a solidão descontente e saudosa de quem sabe a dor da palavra. A natureza é irascível como a poesia. Mas Girassóis Maduros deixam sementes, marcam a terra e o passar do sol, e do tempo. É antes de tudo, poesia. Poesia, que como as estrelas, não se intimida pelo latir incessante do cachorro ou pelo sol amputado por nuvens em Goiânia.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Moinhos
• Data de lançamento: 9 de jun. de 2017
• ISBN: 9788592579364

Pré-visualização do livro

primavera]

1

o meu verso eu sei

parte do silêncio e de voos

soerguidos ao nada

2

o passarinho pousou

no galho florido. pausa

para ouvir sutras

3

aquele velho ipê

é hoje abrigo para pássaros

um asilo a céu aberto

4

poesia é assim:

só não se apaixona quem

não sente a dor da palavra

5

daqui da janela

avisto que o sol raiou —

menos eu e o girassol

6

observando o silêncio

das árvores compreendi melhor

a solitude dos monges

7

poesia: uma pausa

entre silêncio e outro

silêncio. vazio

8

manhã de sol —

pássaros me procuram

para árvore

9

que falta me faz

o mar nessas tardes densas