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I Assembleia do Povo de Deus: Renovação na Igreja de Belo Horizonte
I Assembleia do Povo de Deus: Renovação na Igreja de Belo Horizonte
I Assembleia do Povo de Deus: Renovação na Igreja de Belo Horizonte
E-book192 páginas2 horas

I Assembleia do Povo de Deus: Renovação na Igreja de Belo Horizonte

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Sobre este e-book

Este livro dedica-se ao estudo da Primeira Assembleia do Povo de Deus (1990-1996) da Arquidiocese de Belo Horizonte, tendo em vista o panorama histórico do Concílio Vaticano II (1962-1965), com foco na recepção e aplicação das propostas conciliares no planejamento pastoral. A Assembleia mostrou-se um instrumento de ação pastoral por meio de propostas de uma Igreja missionária, participativa e misericordiosa, fruto do Projeto Pastoral Construir a Esperança. Assim, pela sua organização, a Igreja forma pequenas comunidades dinâmicas, nas quais se partilham a fé e a vida. Enfim, a Igreja Particular de Belo Horizonte apresenta-se inserida no contexto social, com presença pública, em rede de comunidades, cultivando a espiritualidade e apoiando os leigos em sua missão, inspirados e norteados pelas ideias e pelo espírito do Concílio Vaticano II.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de mai. de 2019
ISBN9788547323141
I Assembleia do Povo de Deus: Renovação na Igreja de Belo Horizonte

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    I Assembleia do Povo de Deus - Jotaci Oliveira

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2018 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS

    Aos padres e à Irmã:

    Alberto Antoniazzi

    e João Batista Libanio, ir. Sebastiana

    (in memoriam).

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço, antes de tudo, à Sociedade Mineira de Cultura, pelo financiamento, por meio da bolsa de estudos, por mais de dois anos, para a realização desta pesquisa.

    Ao amigo e orientador, professor Rodrigo Coppe Caldeira, pela dedicação, disponibilidade e orientação, o meu agradecimento. Não tenho palavras suficientes para expressar a minha gratidão.

    Aproveito também para agradecer ao Prof. Dr. Erisvaldo Pereira dos Santos, à Maria Lúcia e ao Prof. Ismar Dias de Matos, pelo apoio e diálogos proveitosos, e também estendendo os agradecimentos sinceros e cordiais à irmã Sebastiana, da Congregação de Maria Menina.

    Não posso deixar de agradecer ao meu grande amigo, Prof. Mário Viggiano, pela disponibilidade carinhosa para fazer a revisão desta obra.

    Aos meus amigos e familiares, pelo apoio e compreensão, sou eternamente grato. De maneiras especiais ao Mário Francis Soares, por assumir alguns compromissos meus e estendendo os meus agradecimentos à Ilma Rodrigues, Bete Duarte Freitas, Melicia Nogueira, Dona Irene Penido, Deis Maria Braga e a Ilda Pereira, que muito ajudaram e também com agradáveis lanches.

    Enfim, meu maior agradecimento a Deus, pelo dom da vida e a coragem de percorrer este caminho de pesquisa sem ficar enlouquecido.

    Uma grande obra só pode sobreviver ultrapassando-se a si mesma na linha de uma fidelidade ao essencial. Para o Vaticano II, a volta às fontes significa guardar o contato com o conjunto da Tradição.

    (LAURENTIN apud BEOZZO, 1985, p. 5).

    PREFÁCIO

    As Assembleias do Povo de Deus da Arquidiocese de Belo Horizonte podem ser consideradas como uma das muitas experiências de recepção do concílio Vaticano II (1962-1965) nas igrejas particulares espalhadas pelo mundo.

    Devemos relembrar que desde o século XIX, especialmente a Igreja de Roma, debate-se institucionalmente a fim de se estabelecer nas sociedades modernas e de ser um sinal para elas. A perda de plausibilidade da instituição nos espaços públicos dessa sociedade no decorrer do século passado a levou para se repensar eclesiologicamente, situando-a de maneira nova no mundo. Sua abordagem em relação às realidades terrestres deslocou-se de uma condenação pura e simples dos valores modernos – liberdade religiosa, liberdade de consciência etc. – para o esforço contínuo de se colocar à escuta e compreensão do mundo novo que surgia. O resultado mais abrangente e visível desse caminho percorrido pela Igreja foi a convocação em 1959, pelo Papa João XXIII do Concílio Vaticano II. Esse evento foi o mais importante da história da Igreja no século XX. Nele se percebeu as várias sensibilidades que coexistem dentro da instituição e as questões mais candentes que as tocavam de maneira particular. Os Padres conciliares colocaram em movimento uma grande reflexão, que era alimentada por suas intervenções nas congregações gerais (assembleias em que discutiam os temas). A Igreja, em estado conciliar, pensava-se e pensava as suas relações com o mundo circundante. Os resultados foram importantes textos (constituições, decretos e declarações) que, como uma constituição, iriam balizar as formas de atuação da instituição nas décadas vindouras. Uma bússola segura para a Igreja do novo milênio, parafraseando o Papa João Paulo II. O que Jotaci propõe em seu estudo é visualizar o concílio e sua recepção na igreja particular de Belo Horizonte. O evento conciliar, dessa forma, toma um rosto. Uma comunidade que lê e interpreta o concílio a partir de sua realidade específica. O tema escolhido por Jotaci para tratar em sua dissertação de mestrado, que gerou este livro como um de seus resultados, é bastante atual para se pensar a Igreja Católica na contemporaneidade. Um olhar pontual sobre a realidade da recepção de um concílio na Igreja de Belo Horizonte.

    A recepção de um concílio é tema novo entre os estudiosos do catolicismo. Tratado de maneira mais ampla e dedicada no exterior, no Brasil dá ainda pequenos passos. A recepção é um processo pelo qual a Igreja experimenta sua temporalidade, sua presença na história. Não é um processo novo, mas sempre presente em sua trajetória, uma dinâmica na vida da Igreja desde seus tempos mais remotos, tendo suas raízes nos primeiros momentos da história do cristianismo. O processo de recepção conhece diferentes acentos e modalidades no decorrer do tempo. Falar de recepção como processo implica em dois fatos: a) o reconhecimento de que a recepção não se reduz a um ato particular, mas que ele se inscreve numa história e numa duração; b) a consciência da existência de muitos atores que estão engajados em diferentes ações que marcam essa história. Dessa forma, quando falamos em processo, sugerimos certa complexidade ao fenômeno, que não se deixa reduzir a apenas uma ação específica.

    Dessa forma, levando em consideração o aspecto de recepção dentro de um longo arco temporal, é preciso, como aponta o teólogo Gilles Routhier, estarmos também atentos a algumas variáveis, como o tempo, o espaço, os atores e o objeto em causa. Para tanto, faz-se necessária uma primeira observação no que tange à periodização da fase pós-conciliar – já que o tempo no qual se insere o processo de recepção pode ser analisado a partir de algumas etapas, propostas por alguns estudiosos –, para então chegarmos a dois tipos de recepção: a recepção querigmática e a recepção prática. A recepção querigmática refere-se ao conjunto de esforços colocado em obra pelos pastores para se fazer conhecer as decisões de um concílio e para as promover eficazmente. A recepção querigmática, desse modo, em sua dimensão mais vasta. Esse reconhecimento formal está na base de um processo muito mais longo, que é conhecido como recepção prática, ou seja, a etapa da infiltração das decisões conciliares no corpo da Igreja Universal e das Igrejas particulares. Assim sendo, chegamos à fase de infiltração, que se funda em uma nova síntese. A Igreja renova a compreensão sobre ela mesma, aparecendo tal fato em três domínios da linguagem, o ritual (liturgia), o didático (catequético) e o institucional (direito). É esse o tempo em que o projeto das Assembleias do Povo de Deus se inserem, o tempo da recepção prática, em que a igreja local coloca-se em movimento a fim de realizar as intuições e caminhos apontados pelo concílio. Jotaci nos possibilita assim adentrarmos na realidade da I Assembleia do Povo de Deus da Igreja de Belo Horizonte, compreendendo-a como o resultado de um amplo processo de recepção do concílio, que passa pela recepção querigmática a partir das Conferências Episcopais latino-americanas, chegado até a realidade local, mas também como ponto de partida, em que os atores sociais dessa realidade possam ser agentes e propagadores das transformações.

    Prof. Dr. Rodrigo Coppe Caldeira

    Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião

    PUC Minas

    APRESENTAÇÃO

    Uma Igreja constituída como povo de Deus

    Ao realizar uma pesquisa para buscar a relação entre uma ação pastoral da Igreja Católica de Belo Horizonte e o Concílio Vaticano II, Jotaci Brasiliano assume não apenas o desafio de refletir sobre a recepção desse importante acontecimento que reuniu a hierarquia e teólogos da Igreja Católica Apostólica Romana no início da década de 1960, mas também a tarefa avaliar os efeitos de seus decretos e resoluções em uma Igreja particular. A orientação dada na convocação do Concílio Vaticano II pelo Papa João XXIII foi expressa pela palavra italiana aggiornamento, cujo sentido tem sido celebrado como um esforço de atualização da doutrina e prática da Igreja frente aos desafios do mundo moderno.

    O foco pesquisa está direcionado para a Primeira Assembleia do Povo de Deus em Belo Horizonte, como um projeto pastoral destinado a incentivar participação dos leigos na Igreja. O pressuposto básico da argumentação é de que a tarefa de anunciar a boa nova de Jesus não é apenas dos membros da hierarquia católica, mas de todos os batizados. A chave de interpretação eclesiológica é de que a Igreja é o povo de Deus, reunido pelo batismo. A negligência da hierarquia diante do sentido e significado desse entendimento coloca em risco não apenas a instituição eclesiástica, mas eficácia do anúncio do Evangelho, que é a razão de sua existência.

    Como narra os evangelistas, o anúncio de Jesus Cristo, a boa nova apresentada por ele, não tinha como objetivo constituir um grupo e organizar corpo doutrinário para exercer um tipo de poder no mundo. A mensagem dos Evangelhos é clara e objetiva no que se refere ao modo como se dava a vivência religiosa estabelecida a partir da tradição do povo hebreu. O amor e, sobretudo, o amor ao próximo é colocado como condição de possibilidade de conhecimento e amor a Deus. Na primeira epístola do apóstolo João, encontramos a seguinte afirmação: Quem não ama, não conhece a Deus, porque Deus é amor. (1Jo 4,8). A disseminação do amor entre os seres humanos, como expressão de conhecimento de Deus e do seu amor, é a razão mais profunda de existência da Igreja Cristã. Justamente por isso, o principal exame de consciência de uma Assembleia do Povo de Deus tem a ver com essa relação entre amor ao próximo e a amor a Deus.

    Comprometidos com a mensagem do amor Deus pelos seres humanos e com a necessidade de que esse amor sustente as nossas relações humanas, os primeiros cristãos mantiveram os ensinamentos de Jesus Cristo vivos, por meio da organização de comunidades. Por sua vez, a Igreja Católica Apostólica Romana toma para si a tarefa de anúncio e vivência do amor Deus pela humanidade. Nesse sentido, o diálogo que o Concílio Vaticano ll buscou instaurar com o mundo moderno está referenciado no desejo de busca de um mundo mais humano, mais justo e solidário, inspirado no amor Divino. Os padres do Sacossanto Concílio tinham consciência de que essa tarefa não poderia e nem pode ser assumida por uma Igreja fechada em si mesma. Por isso, conforme afirma o padre Jotaci, procurou valorizar e reconhecer o lugar dos leigos e apoiá-los; porque eles são Igreja e estão inseridos em Cristo pelo batismo. Assim, o Concílio cria uma nova visão da eclesiologia, porque ao valorizar o leigo pelo batismo, o introduz no sacerdócio comum, apresentando-o como profeta, rei e sacerdote.

    Ao convocar a Assembleia do Povo de Deus, a Arquidiocese de Belo Horizonte

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