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A Rapariga Do Lago
A Rapariga Do Lago
A Rapariga Do Lago
E-book85 páginas1 hora

A Rapariga Do Lago

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Sobre este e-book

Luísa é uma adolescente introvertida, dividida entre a paixão que sente pela arte e a carreira em medicina que os pais sonham para ela. Atormentada pela ideia de que partirá, em breve, para Praga, passa os seus dias a desenhar, inspirada pela música de um violino.

Luísa está curiosa quanto à identidade do violinista que a inspira, mas o seu interesse parece redobrar quando conhece Luís.

Ele é inesperado: vive isolado dentro da música que toca, escondendo-se do seu passado trágico e de um mundo preconceituoso. Os seus destinos vão unir-se na solidão e no amor à arte. E é ao som dos acordes do violino e por detrás de folhas de papel em branco que os dois vão viver uma paixão improvável.

Uma novela sobre o primeiro amor, o preconceito e o talento, bem como a importância da carreira e das escolhas que fazemos.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento12 de set. de 2015
ISBN9781310126970
A Rapariga Do Lago
Autor

Carina Rosa

Carina Rosa nasceu em Lisboa em 1986 e vive no Algarve. Passou grande parte da sua vida num ginásio e depois de ter integrado, como atleta, nas épocas de 2002-2004, a Selecção Nacional de Trampolins e Desportos Acrobáticos, participando em várias competições internacionais, descobriu na escrita uma outra paixão. Licenciou-se em Ciências da Comunicação pela Universidade do Algarve e trabalhou em jornalismo de imprensa, na rádio e televisão online. Mas a ginástica foi sempre a sua casa e é trabalhando com classes de formação gímnica que passa os seus dias, como técnica de Ginástica Acrobática. Considera-se uma apaixonada pelas artes e pela cultura, no geral, estabelecendo uma relação muito próxima entre a música, a dança e as letras. A escrita é uma paixão que tomou forma em 2012, ao publicar o seu primeiro romance «O Intruso». Desde então tem-se dedicado a escrever diversos romances, uns mais leves, outros com um carácter mais denso, entre histórias contemporâneas e policiais, os seus géneros favoritos. Gosta de abordar as diversas relações com um balanço entre o realismo e o drama. Em 2013, deu a conhecer aos leitores «As Gotas de um Beijo». De momento, está a trabalhar num romance policial. «A Sombra de um Passado», publicada em Dezembro de 2014 pela Coolbooks, a nova chancela digital da Porto Editora, é a sua terceira obra publicada. Dê a sua opinião sobre o conto na página do mesmo, no Goodreads: https://www.goodreads.com/book/show/23875712-olhos-de-vidro

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    A Rapariga Do Lago - Carina Rosa

    FICHA TÉCNICA

    Edição: Ana Filipa Ferreira

    Revisão: Carina Rosa

    Ana Filipa Ferreira

    Capa

    Imagens: @Free images

    Montagem: Ana Filipa Ferreira

    © Carina Rosa 2015

    Todos os direitos reservados de acordo com a legislação em vigor

    Esta edição encontra-se ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1945

    ***

    Agradeço às minhas queridas betas, sempre dispostas a ler o que tenho para mostrar, mesmo estando já fartas do meu estilo. As vossas opiniões são muito importantes. Obrigada a todas por aturarem os meus devaneios e as minhas teimosias. Acreditem que cada uma, à sua maneira, me levou ao caminho certo: ao lago azul.

    A verdadeira deficiência é aquela que prende o ser-humano por dentro e não por fora, pois até os incapacitados de andar podem ser livres para voar.

    Thaís Moraes

    ***

    A rapariga do lago

    O lápis de carvão pousava na folha de papel e deslizava nela ao ritmo da visão e dos sentimentos de Luísa. A mão que o segurava era jovem, com calos que se lhe formavam nos dedos devido aos desenhos insistentes, muitas vezes mal sucedidos, e o caderno em que guardava as suas ilustrações a carvão apresentava-se já enrugado, com as argolas desreguladas. O lápis que mantinha apertado entre os dedos estava envelhecido pelo tempo, mirrado, mas Luísa recusava-se a desfazer-se dele, pelo menos até ao momento em que fosse tão pequeno que lhe magoaria a mão.

    - Já teve melhores dias, esse lápis - comentava Andreia em tempo de aulas, quando devia ser a medicina o foco dos pensamentos de Luísa.

    - É o meu lápis - respondia ela. - Talvez não tenha tanta sorte com outro.

    - Não vai durar para sempre - insistia Andreia. - Vais ter que arranjar um novo. De qualquer forma, não me parece que seja a sorte …

    - Penso nisso depois.

    - Sabes que, da forma como o lápis está, vai acabar por te deformar os dedos? – Luísa olhava-a em desconfiança. – Acredita em mim. O lápis tem que ter um comprimento ideal para …

    - Não compreendes mesmo, pois não? – respingava Luísa. – Este lápis tem uma história. É importante para mim. Achas mesmo que algum dia vou encontrar outro igual?

    - A mente de um artista é estranha - bufava a amiga, e Luísa concordava.

    Nesse instante, porém, estava inspirada e não lhe parecia que fosse o carvão moribundo o causador de tal inspiração. A marina de Vilamoura, onde passeava sempre durante o Verão, captando o brilho dos turistas através de linhas delineadas no papel, os seus sorrisos, as pequenas rugas ou a postura dos corpos, parecia mais bonita nesse dia. Os barcos pareciam mais reluzentes, o rio um ciclo de águas límpidas e chamativas. Retratava o cais com a mesma precisão com que se habituara a desenhar rostos desconhecidos, embalada pela música de um violino que tocava algures, enquanto Andreia falava.

    - É o Francisco – disse. - Luísa, presta atenção. O Francisco …

    - Não quero ouvir falar dele.

    - Não, escuta – pediu Andreia, puxando-a pelo cotovelo.

    Luísa virou-se para ela a contragosto.

    - Estou a desenhar – explicou. – Detesto que me distraiam quando desenho. Detesto ainda mais que me toquem … - voltou de novo a sua atenção para a ilustração e Andreia revirou os olhos, zangada.

    Recostou-se na cadeira da esplanada e cruzou os braços, ofendida por ter que ser sempre obrigada a falar para as paredes.

    Os artistas, pensou. Ah, os artistas, essas criaturas estranhas, cheias de fantasias! Não podiam ter um espírito mais científico? Seria tudo muito mais interessante quando estivesse a estudar medicina com verdadeiros médicos. Teria conversas inteligentes sobre a ciência e os factos e não sobre devaneios. Era o que precisava. De pessoas práticas, que não vissem uma marina como algo de espantoso e sobrenatural. Um coração humano e a forma como batia, isso sim, era realmente admirável.

    Pegou no seu sumo de laranja, bebeu dois goles e voltou a falar, observando Luísa pelo canto do olho.

    - Não vais beber o teu? – perguntou.

    - Hum hum – foi a resposta de Luísa, que rabiscava a folha, impaciente, lançando breves olhares ao cais e a algo mais ao fundo, na direcção da música.

    Andreia tentou focar o desenho, mas depressa se fartou da sua tentativa frustrada de entender a fonte de inspiração.

    Bufou durante longos segundos. Porém, decidiu falar.

    - O Francisco – continuou, já pouco importada se Luísa a ouvia ou não – e sei bem que não o suportas, mas … Ele quer voltar a sair comigo.

    Luísa foi despertada pelas últimas palavras de Andreia. Ergueu a cabeça da folha de papel e fitou a amiga de olhos semicerrados.

    - O Francisco … Francisco?

    - O Francisco Francisco – assentiu Andreia, pegando de novo no copo do sumo. – Ele parece mudado, Luísa, e embora …

    - Espera aí! – interrompeu Luísa sem, no entanto, conseguir largar o caderno e o lápis de carvão. – Tu não vais voltar a sair com ele, pois não?

    Andreia mordeu o lábio e olhou-a com doçura, expressão que deu a Luísa a certeza de que sim.

    Esta deixou cair os ombros, derrotada, e os seus longos cabelos castanhos derramaram-se pelas costas magras.

    - Ele tentou incendiar a escola, e … ó Andreia, traiu-te com outra!

    A amiga apressou-se a negar, assumindo uma expressão alarmada, com os seus grandes olhos verdes muito abertos.

    - Ele não incendiou a escola! É inocente. Sempre disse isso e eu acredito nele. Além disso, eu já não andava com ele quando se enrolou com a outra …

    - Porque ele se atirava a todas!

    - Sim, eu achava que sim, mas agora …

    Luísa voltou a olhar para a figura que criara, assentando o lápis na folha. Para uma rapariga tão prática, Andreia era muito ingénua.

    Os sentimentos são tão incertos, pensou. Já este desenho, eu posso controlar. Posso fazer dele o que bem entender.

    - Tu vais-te embora, lembra-te disso. Quando fores para a República Checa, isso vai acabar e tu vais sofrer. Aliás, como já sofreste por

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