Práticas e Discursos de Engajamento: Estratégia do Capitalismo
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Sobre este e-book
A partir de novas práticas e novos discursos, nota-se que o "novo espírito do capitalismo" é utilizado por agentes mobilizadores para seduzir os trabalhadores contemporâneos, imbricados em novas formas de controles. A autora identifica que essas novas práticas são provenientes de um modelo de "Ordem Social" ou "Modelo de Mundo", termos da Sociologia Pragmática, os quais representam a constituição das organizações de trabalho. Sob a orientação desse modelo, a autora pesquisou quais as práticas e discursos em que os agentes mobilizadores, de uma empresa de capital misto no Brasil, de mais de três mil empregados diretos e indiretos, utilizam para engajar os empregados no trabalho e quais os conflitos que surgem nesse processo de mobilização.
Para se chegar ao seu resultado, a autora efetuou uma análise social do trabalho de maneira sistêmica, a partir de um olhar macrocósmico das relações do trabalho: história social do trabalho, surgimento e constituiçao da jornada de trabalho até chegar às formas atuais de trabalho, de maneira a compreender as relações microscósmica do trabalho. Dessa forma, esta obra consegue apresentar as justificativas de comportamentos sociais dos trabalhadores em seu cotidiano pautados no modelo de mundo em que estão inseridos voltados para o engajamento no trabalho.
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Práticas e Discursos de Engajamento - Rute Andrade dos Santos
Table of Contents
Capa
Sumário
Introdução
Capítulo 1
Capítulo 2
Notas Finais
Referências
Editora Appris Ltda.
1ª Edição - Copyright© 2019 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.
Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS
Dedico esta obra ao meu companheiro, Wellingon Antenor, por partilhar da minha trajetória, por sempre acreditar nos meus sonhos e me impulsionar nessa caminhada.
AGRADECIMENTOS
Agradeço sempre e mais uma vez a Deus, por estar sempre comigo na busca dos meus sonhos. Sonhos que há muito eu já buscava e não sabia por onde começar.
À memória do meu pai, que não está presente, mas onde quer que esteja, sei que está vibrando por mim.
À minha mãe, mulher que não aprendeu a ler, mas teve a leitura como um sonho em todos os momentos da vida e lutou para que nós filhos pudéssemos, então, realizar o sonho de cada vez mais aprender com o mundo das letras
.
À dona Vera e ao senhor Antenor, meus sogros, por se emocionarem e vibrarem quando noticiei sobre esta publicação.
Aos meus amigos e familiares que vibraram com esta conquista e ajudaram na escolha do nome desta obra.
A ditadura perfeita terá as aparências da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão.
Aldous Huxley
APRESENTAÇÃO
Esta obra apresenta ao leitor a compreensão de como o engajamento no trabalho se justifica, a partir da nova forma de acumulação do capital, a acumulação flexível
, surgida na década de 1970. A proposta é compreender que houveram mudanças na constituição do trabalho, mas que por meio de práticas e discursos, agentes em posições de comando continuam mobilizando o trabalhador para obtenção de lucros, porém com uma diferente roupagem
, por meio do novo espírito do capitalismo
. A partir de novas práticas e novos discursos, o novo espírito
seduz os trabalhadores contemporâneos, imbricados em novas formas de controles. Esta obra baseia-se na identificação dessas novas práticas a partir de um modelo de Ordem Social
propostos pelos autores Boltanski e Chiapello, provenientes da Sociologia Pragmática.
Como produto de um trabalho de investigação social em uma grande empresa do Brasil, a autora demonstra como os agentes mobilizadores dessa empresa conseguem engajar os trabalhadores no trabalho, por meio de uma linguagem e práticas do novo espírito do capitalismo
que fomentam as características do trabalho contemporâneo. Todavia, essa mobilização não é retilínea e nem tão pouco uniforme. Diferenças de interesses, tensões e confrontos surgirão nesse caminho. Este é o convite ao leitor para se aproximar dessa obra e viajar nesse caminho!
PREFÁCIO
Caro leitor, considero uma honra muito grande estar aqui com vocês e, principalmente, pela Rute, que é uma daquelas irmãs que a gente encontra na vida por meio do trabalho, mas o relacionamento extrapola o lado profissional e envolve a vida pessoal e familiar com muito carinho.
Graças a esse relacionamento, tive o prazer de ler o seu livro em primeira mão.
Este livro tem a firme missão de propor novos caminhos para a gestão de pessoas. Resultado de uma ampla reflexão que realiza sobre o engajamento no trabalho e seus reflexos em todas as áreas da organização, ele oferece explicações detalhadas sobre a ordem social utilizada pelos agentes mobilizadores de uma grande empresa brasileira, de capital misto.
A Rute tem uma incrível competência de descrever processos complexos por meio de uma metodologia clara, sistemática e funcional. Ela procura traduzir em procedimentos do tipo passo a passo
aquilo que outros autores só teorizam e não mostram o como se faz
. Esse é o grande mérito que ela tem. Tudo que você ler nesta obra poderá aplicar imediatamente em sua organização.
Mas a metodologia proposta vai muito além dessa perspectiva. Ela avalia o passado, mas de olho no futuro. Seus resultados oferecem uma visão clara no aprofundamento no entendimento de como os agentes de uma empresa privada justificam
o engajamento dos trabalhadores na implantação de novas práticas organizacionais, a partir de quais ordens sociais
direcionam seus agentes, justificando suas ações.
O que também me entusiasma nesta obra é a forma direta e transparente com que a autora trata os assuntos abordados. Sem prejuízo dos demais temas, que certamente também trarão a você um efeito muito positivo, um deles chamou-me particularmente a atenção: referente às relações de trabalho em uma organização, que vão muito além de um contrato de trabalho prescrito. Estou convicto de que este livro representa um momento de reflexão para qualquer profissional, com impactos diretos em sua vida profissional e, acreditem, também em sua vida pessoal.
Boa reflexão, digo, leitura!
Márcio Heleno de Souza Rodrigues
Professor universitário – Centro Universitário de Brasília – UniCEUB
Assessor técnico – Secretaria Executiva – Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Sumário
INTRODUÇÃO
PERPETUAÇÃO DO CAPITALISMO E SUAS FORMAS DE ENGAJAMENTO NO TRABALHO
CAPÍTULO I
FORMAS DE JUSTIFICATIVAS DO CAPITALISMO E SUA TRAJETÓRIA
1.1. A história social do trabalho sob a perspectiva de Marx
1.1.1. A lei geral de acumulação de capital
1.1.2. A trajetória histórica da jornada de trabalho
1.1.3. As transformações do trabalho
1.1.4. Algumas considerações
1.2. O movimento do trabalho e estilos de engajamento: do século XIX ao XXI
1.2.1. Controle do trabalho e habituação do trabalhador
1.2.2. As formas ecléticas do trabalho contemporâneo
1.2.3. O princípio do engajamento
1.2.4. Algumas considerações
1.3. Estilo de engajamento e as ordens sociais ou modelos de mundo
CAPÍTULO II
JUSTIFICATIVAS PARA O ENGAJAMENTO – ENCONTROS E DESENCONTROS
2.1.1. A concessão da prestação do serviço público – Tempo 2 (T2) – Tempo de mudança
2.1.2. Os agentes mobilizadores para o engajamento
2.1.2.1. A nova estrutura organizacional
2.1.2.2. Controles, metas, avaliações: que Mundo é esse?
2.1.2.3. O novo mundo: o mundo do risco, da mudança, da falta de tempo, do excesso de qualificação e da invisibilidade do tempo de casa
².¹.².⁴. Os desencontros entre os mundos
2.1.3. Considerações finais
NOTAS FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
PERPETUAÇÃO DO CAPITALISMO E SUAS FORMAS DE ENGAJAMENTO NO TRABALHO
Nos últimos anos, vem crescendo cada vez mais a discussão sobre modelos econômicos e sua relação com a vida do trabalhador, na sua identidade e suas condutas sociais. Para o senso comum, o modelo econômico vigente traz um ganho aparente para o trabalhador quando se trata de ter autonomia, liberdade, maiores ganhos econômicos e maior flexibilidade do seu tempo. Mas, por meio de um estudo mais profundo pode-se perceber uma realidade bem diferente, uma vez que o trabalhador contemporâneo se mostra sobrecarregado, sem tempo, sem qualidade de vida e perdido em uma modernidade
capaz de mexer com a sua identidade.
Um novo modelo de acumulação de capital surgiu a partir da década de 1970, a acumulação flexível
, utilizado por Harvey¹ para definir o regime econômico da década referida, em que se assenta a perpetuação do capitalismo. O que se percebe é que não houve mudanças na personificação do capitalismo, já que o seu fulcro permaneceu, a obtenção de lucros. Todavia, surge uma nova forma de capturar os sujeitos para essa obtenção dos lucros, por meio do novo espírito do capitalismo
², a partir de novas práticas e discursos os quais seduzem os trabalhadores contemporâneos, imbricados em novas formas de controles.
É sabido que as mudanças na sociedade não ocorreram de um dia para outro. Há um movimento histórico dialético que traduz esse processo de mudança. Desde o surgimento do capitalismo, o trabalhador já era açambarcado pelas leis do capital, as quais traziam sérias consequências em sua vida. Marx³ já trazia esse conceito quando analisava o capital destacando a essência
e a aparência
do capitalismo. Demonstra que a essência ou o espírito do capitalismo se mantém e apenas aparece com uma nova aparência, como será discutido no primeiro capítulo por Boltanski e Chiapello⁴. Já David Harvey corrobora com essa afirmação ao dizer que "a acumulação