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Filosofia da Linguagem e Estudos Literários: um Ensaio Interdisciplinar
Filosofia da Linguagem e Estudos Literários: um Ensaio Interdisciplinar
Filosofia da Linguagem e Estudos Literários: um Ensaio Interdisciplinar
E-book230 páginas3 horas

Filosofia da Linguagem e Estudos Literários: um Ensaio Interdisciplinar

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Sobre este e-book

Este livro é fruto de um diálogo interdisciplinar. Uma tentativa de construir uma ponte, uma maior aproximação entre a tradição da filosofia da linguagem e a crítica literária, ou enunciando, de forma mais direta, ao gosto dos pragmáticos leitores de R. Rorty, "[...] seria útil que as pessoas que leram muitos livros de filosofia se juntassem a pessoas que leram muita poesia e muitos romances.".
Procurei buscar uma fusão de horizontes entre interesses não comuns e a diversidade das teses. A tarefa foi e é, árdua, complexa, pois nossos teóricos, estando cada qual em sua "montanha mais distante", perseguem objetivos tão específicos que é difícil fazê-los reconhecer que o que vêm no horizonte são terras habitadas por semelhantes e não por abismos – embora profundos... A impressão, o mapa, e não o território, por fim, parece predominar, pois ainda não se possui um olhar compartilhado sobre esses temas. Acredito, entretanto, no esforço do acolhimento dos estudos interdisciplinares e que a imagem dos abismos também é capaz de inspirar alguma paixão, pois é costume amar a terra em que se nasceu – Amor fati.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento29 de abr. de 2021
ISBN9786555239188
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    Filosofia da Linguagem e Estudos Literários - Jones Alberto de Almeida

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    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO LINGUAGEM E LITERATURA

    AGRADECIMENTOS:

    Aos professores Oswaldo Chateaubriand Filho, Ronaldo do Livramento Coutinho, Ângela Maria Dias, Carlos Augusto Cardoso de Faria, Waldo Vieira, ao amigo Francisco Jose Gonçalves Barroso e, especialmente, à Silvia da Costa Noya.

    À Santiago, Ananda e Samira

    Seu livro tem algo de boa invenção: propõe algo, mas não conclui nada; cabe esperar a prometida segunda parte: talvez com a emenda alcance de todo a misericórdia que agora se lhe nega; e enquanto isso se espera, tende-o recluso na vossa morada...

    (Trecho de O engenhoso fidalgo D. Quixote de La Mancha)

    Sumário

    INTRODUÇÃO 13

    1

    O CONCEITO DE REFERÊNCIA EM GOTTLOB FREGE 23

    2

    TEORIA DA REFERÊNCIA EM B. RUSSELL 35

    3

    TEORIA DA REFERÊNCIA EM LUDWIG WITTGENSTEIN 51

    4

    TEORIA DA REFERÊNCIA EM PETER F. STRAWSON 63

    5

    TEORIA DA REFERÊNCIA EM JOHN R. SEARLE 75

    6

    TEORIA DA REFERÊNCIA EM SAUL KRIPKE 89

    7

    referência e ontologia 105

    8

    O CONCEITO DE REFERÊNCIA NA OBRA DE FREGE E O DIÁLOGO COM A HERMENÊUTICA DE PAUL RICOEUR SOBRE A REFERÊNCIA DOS TEXTOS LITERÁRIOS 115

    9

    O CONCEITO DE REFERÊNCIA NA OBRA PETER F. STRAWSON E SAUL KRIPKE E A TEORIA CONTRATUAL DA REFERÊNCIA NA SEMIÓTICA DE UMBERTO ECO 123

    10

    O CONCEITO DE REFERÊNCIA NA OBRA DE BERTRAND RUSSELL, LUDWIG WITTGENSTEIN, JOHN R. SEARLE E O PRAGMATISMO DE RICHARD RORTY SOBRE NARRATIVAS FICCIONAIS 133

    CONCLUSÃO 147

    REFERÊNCIAS 153

    ÍNDICE REMISSIVO 159

    Jones Alberto de Almeida

    Filosofia da linguagem e estudos literários

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    INTRODUÇÃO

    A indagação sobre qual a referência dos enunciados de uma linguagem envolve o esclarecimento da relação entre essa mesma linguagem e o real extralinguístico. A pergunta pela referência dos termos e das sentenças tem como consequência saber o que ou quais os objetos lhes são correspondentes. O termo médio dessa relação envolve o tipo de conhecimento produzido, a questão epistemológica. O tipo de realidade que as teorias sobre a linguagem pressupõem implica o problema ontológico. A fundação teórica dessa correspondência insere uma parte de nossas questões, pois, a partir da linguagem, isto é, de um domínio semântico-gramatical, podemos inferir conclusões de caráter ontológico.

    O problema da referência possui uma história que não somente remonta aos primórdios do pensamento grego, como também foi estudado por várias escolas de pensamento na Índia, pelos estoicos, escolásticos etc. (KRISTEVA, 1974, passim). No período moderno (e contemporâneo), a posição realista e a posição nominalista inspiram as teorias de vários estudiosos relativamente à avaliação de referência. Esse problema, só para exemplificar, atravessa a obra de vários pensadores como: T. Hobbes, J. Locke, Leibniz, Hegel, J. S. Mills, E. Cassirer, E. Benveniste, F. Saussure etc. Nos últimos 150 anos, filósofos analíticos, linguistas, semiólogos, lógicos têm tratado do tema, entre esses: G. Frege, C. S. Pearce, B. Russell, L. Wittgenstein, J. L. Austin, P. F. Strawson, J. R. Searle, S. Kripke, Max Black, Nelson Goodman, Northrop Frye, Umberto Eco, R. Rorty, ao lado da tradição francesa, tais como: E. Benveniste, F. Saussure, P. Ricoeur, G. Bachelard, M. Foucault, J. Derrida, G. Deleuze, J.F.Lyotard, entre outros. O texto literário – e aqui incluo os poemas, os diálogos, as diatribes, as exortações, as epístolas, as confissões, as disputas, as sumas, a autobiografia, as meditações, os ensaios, os aforismos, os pensamentos, os diários, as novelas, os romances –, a estrutura da obra, como diz Paul Ricoeur (2000, p. 337), tem imposto novas revisões aos críticos literários não só relativas à questão dos gêneros, do estilo, da produção da obra, do papel do leitor, do intertexto interminável, mas também – e este é outro dos nossos temas – à interface entre as teorias filosóficas e o discurso literário e, até mesmo, ao papel dessa discussão para a compreensão de nossa paideia (RORTY, 1982, p. 173).

    Da linguagem, seja como instrumento do pensamento, seja como modo verbal do ser (HEIDEGGER), seja como limite do meu mundo (WITTGENSTEIN), deriva-se a diáspora das linguagens teológica, científica, poética. Um dos problemas clássicos dessa diáspora tem como tema o tipo de conhecimento que é possível obter com o texto literário. Sob a oposição ficção e realidade, ciência e poesia, qualquer autor é possível. Cícero, por exemplo, em Das Leis (1967, p. 34), afirma:

    Quinto: – Compreendo que queres dizer com isto, meu irmão, que as leis que se devem observar na história não se aplicam à poesia.

    Marco: – Exatamente, uma vez que, na primeira, o único critério deve ser a verdade, enquanto que, na segunda, visamos principalmente o deleite.

    Saber poético como oposto, como complemento, como espécie inferior ou superior de conhecimento opondo-se à História, às ciências, ou não possuindo, para alguns pensadores, nenhuma referência ao real tem sido a visão de uma longa tradição crítica sobre a Literatura. Como classificar o estatuto do saber literário, onde inserir esse universo múltiplo de sentidos (superior? secundário? parasitário? virtual?), onde por essa escritura em alguma arqueologia do saber? Roland Barthes (1975) afirma, por exemplo, que, do ponto de vista referencial (a realidade), o que acontece numa narrativa é literalmente nada. Umberto Eco (2007), no seu livro Tratado Geral da Semiótica, descreve o que ele denominou de a falácia referencial:

    Se bem que muito importante no próprio âmbito teórico, o problema do referente pode ter influência letal sobre a teoria dos códigos e conduzir à falácia referencial [...]. Uma teoria dos códigos se interessa apenas por uma semântica intencional, ao passo que o problema relativo à extensão de uma expressão toca de perto uma teoria dos valores de verdade ou de uma teoria da referência [...]. (ECO, 2007, p. 48).

    Michael Riffaterre (1984 apud HUTCHEON, 1991) afirma que a referência em Literatura não tem conteúdo empírico, relacionando-se apenas com os sistemas de signos, caminhando de texto para texto em um eterno retorno pelo intertexto.

    No positivismo avant la lettre de Cícero, que opõe conhecimento histórico a conhecimento poético, passando pela fenomenologia, pelo formalismo, pelas correntes estruturalistas, pela nova crítica americana (new criticism), pelas leituras de tendências psicanalíticas, sociológicas (EAGLETON, 2006), históricas, ou pela deriva hermenêutica heideggeriana de Gadamer (2008, p. 311) ao sugerir uma fusão de horizontes até a dialética entre os modos do discurso da ciência e da poesia, situam-se os estudos literários:

    Entre ambos, pensar e poetar, impera um oculto parentesco porque ambos, a serviço da linguagem, intervêm por ela e por ela se sacrificam. Entre ambos, entretanto, se abrem ao mesmo tempo um abismo, pois moram nas montanhas mais separadas. (HEIDEGGER, 2009, p. 34).

    Deveríamos negar, reduzir ou ampliar esta oposição, este contraste entre texto literário e realidade, entre "nomos e physis, entre episteme e poiesis? Existe uma relação chamada referência que seleciona entidades, no mundo, ao modo de um operador? Se há, uma das consequências dessa aceitação é atingirmos a realidade de forma verdadeira, falsa ou por algum terceiro valor de verdade, símile ao verossímil. Ou, se a recusamos, teremos que construir, no próprio texto, essa negação? Ou devemos reconhecer que a Literatura representa uma violência organizada contra a fala comum (JAKOBSON,2003)? Ou, dado que o conceito de real não se encontra estabelecido, afirmamos que não há correspondência com a realidade? Ou devemos aceitar que é impossível atingir a coisa em si (KANT, 1983)? Ou o ser que pode ser compreendido é linguagem" (HEIDEGGER, 2009)? Ou alegamos que não há nada fora do texto (DERRIDA)? As respostas a essas questões situam os interstícios de nosso estudo: o saber quais diálogos a questão da referência construiu entre a crítica literária e o discurso filosófico e, por extensão, a relação entre problemas semânticos e a ontologia.

    A tradição metafísica já havia estabelecido a distinção entre objetos e propriedades, a qual tem sua contrapartida na linguagem, expressa pela distinção semântica entre nomes próprios e descrições definidas. Encontra-se essa classificação também subjacente a qualquer teoria da referência que aceite, como definição dos nomes próprios, que estes apontam ou se ligam aos objetos de maneira completa, e não somente a um ou outro aspecto dos objetos. Assim, por exemplo, para algumas teorias que mantêm algum vínculo com as intuições do senso comum (liliputiano?), o significado de um nome seria um objeto. Esse raciocínio conduz, aparentemente, ao seguinte paradoxo: se aceitarmos que um nome próprio tem como significado um objeto, no real extralinguístico, não teríamos também que admitir que os significados são contingentes? Nessa hipótese – os objetos no mundo são contingentes – segue-se o problema, ou seja, como pode o significado ser contingente, se, mesmo quando os objetos se modificam, é sempre possível descrever a realidade? A opção, para sairmos do enigma, seria afirmar que os nomes do objeto não são seus nomes verdadeiros.

    Como é conhecido, uma solução a esse problema já foi oferecida por certas interpretações, símile ao realismo platônico, ao afirmar que nomes ordinários não são verdadeiros nomes, isto é, os nomes que realmente têm esses objetos. Daí, seríamos levados a concluir que existe uma classe de nomes da qual a existência não é contingente, pois se refere aos objetos eternos, os quais têm, nos objetos ordinários, as suas cópias. Tais nomes, é que verdadeiramente são os seus nomes reais

    Já vimos que a exigência platônica de elevar-se acima dos nomes pressupõe, por princípio, que o cosmo das ideias não dependa da linguagem [...]. Elevar-se acima dos nomes significa somente que a verdade da coisa não se encontra no próprio nome. Não significa que o pensamento poderia prescindir de usar nomes e o logos. (GADAMER, 2008, p. 555).

    Essa conclusão, para alguns autores que negam a ontologia realista, deve ser evitada, pois nos envolve coom o pecado original de alguma metafísica: a tentativa de transportar, ao nível do mundo, as características reais ou supostas da linguagem, seja por analogia, seja por qualquer outra relação.

    Wittgenstein (1968), no Tratactus, já havia considerado que afirmar referência e dimensionar a linguagem em sua correspondência com os fatos é, ainda, prematuro. A tarefa da reflexão filosófica é a de determinar as condições de possibilidade de uma proposição ter ou não um sentido. Devemos fixar quais as condições de elucidação de uma proposição antes de nos envolvermos em sua correspondência com os fatos.

    Essa posição é semelhante à adotada por Frege (1978), que também separa questões epistemológicas – tipo: como os objetos, no mundo, são conhecidos, ou se podem ou não ser conhecidos ­– de questões sobre a referência – tipo: que objeto é referido. Não é o caso de Russell (1978), o qual não separa semântica de epistemologia e envolve-se com questões de verificação, tentando estabelecer critérios para identificar proposições verdadeiras, conjuntamente ao problema de saber que espécie de objetos podemos admitir no mundo – tipo: com qual espécie de objetos temos de estar familiarizados para afirmar se uma frase é ou não verdadeira.

    A tradição contemporânea da filosofia da linguagem – pragmatismo linguístico –, no desenvolvimento do conceito de atos de fala, pensadores ingleses, como Austin, Strawson e Searle, afirmam que não devemos associar de forma direta a noção de referência ao significado das expressões linguísticas, pois os proferimentos linguísticos não podem ser dissociados do contexto pragmático da comunicação humana. Dessa forma, conclui-se que, por extensão, deveríamos perguntar pelo contexto de proferimento do texto, pelo seu uso, dado que a referência de uma linguagem não é posta pelas palavras, mas por um locutor que, intencionalmente, ao pretender referir-se a alguma coisa, pode ser bem ou mal sucedido no uso de uma expressão linguística. Essa

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