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Redefinindo centro e periferia
Redefinindo centro e periferia
Redefinindo centro e periferia
E-book115 páginas1 hora

Redefinindo centro e periferia

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Sobre este e-book

Em mais um volume de suas reflexões sobre o universo artístico e a história da arte, Affonso Romano Sant'Anna reúne três ensaios que foram, originalmente, conferências pronunciadas em eventos no Brasil e no exterior. A questão fundamental que os perpassa é a que intitula este livro, a do centro e da periferia: de suas mudanças, inversões, transgressões e novas instituições no mundo contemporâneo. Para isso, mobiliza não só um extenso repertório de leituras de várias áreas do pensamento, como também sua experiência de vida, a experiência de alguém testemunhou as grandes transformações sociais, culturais e políticas dos anos 1960, as quais foram fundamentais para esse descentramento, com sua fragmentação, condensação e deslocamento dos significados, fundindo o alto e o baixo, o sacro e o profano, o grotesco e o sublime, reunindo centro e periferia. O olhar do autor não compactua com os consensos. Ao contrário, interroga e, assim, consegue formular novas visadas para a arte contemporânea – que é o cerne de sua mirada neste livro. Ele nos fazer ver, por exemplo, como o excentrismo acabou por se tornar um novo centro, a norma, o padrão. A partir daí, nos leva a pensar se poderia haver uma nova forma de enxergar o mundo e as artes que ultrapassasse as duas posições antípodas e, em última instância, tão similares, o centrismo e o descentrismo. E é por esses caminhos que indaga a autonomia do sujeito na arte, no cenário contemporâneo, e ainda atravessa a difícil e espinhosa questão da competitividade no meio artístico.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento14 de jul. de 2017
ISBN9788595460645
Redefinindo centro e periferia

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    Redefinindo centro e periferia - Affonso Romano de Sant'anna

    Nota do Editor

    Com o objetivo de viabilizar a referência acadêmica aos livros no formato ePub, a Editora Unesp Digital registrará no texto a paginação da edição impressa, que será demarcada, no arquivo digital, pelo número correspondente identificado entre colchetes e em negrito [00].

    Redefinindo centro e periferia

    FUNDAÇÃO EDITORA DA UNESP

    Presidente do Conselho Curador

    Mário Sérgio Vasconcelos

    Diretor-Presidente

    Jézio Hernani Bomfim Gutierre

    Superintendente Administrativo e Financeiro

    William de Souza Agostinho

    Conselho Editorial Acadêmico

    Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza

    Henrique Nunes de Oliveira

    João Francisco Galera Monico

    João Luís Cardoso Tápias Ceccantini

    José Leonardo do Nascimento

    Lourenço Chacon Jurado Filho

    Paula da Cruz Landim

    Rogério Rosenfeld

    Rosa Maria Feiteiro Cavalari

    Editores-Adjuntos

    Anderson Nobara

    Leandro Rodrigues

    Affonso Romano de Sant’Anna

    Redefinindo centro e periferia

    © 2016 Editora Unesp

    Direitos de publicação reservados à:

    Fundação Editora da Unesp (FEU)

    Praça da Sé, 108

    01001-900 – São Paulo – SP

    Tel.: (0xx11) 3242-7171

    Fax: (0xx11) 3242-7172

    www.editoraunesp.com.br

    www.livrariaunesp.com.br

    atendimento.editora@unesp.br

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    Vagner Rodolfo CRB-8/9410

    S231r

    Santa’Anna, Affonso Romano de Sant‘Anna

    Redefinindo centro e periferia / Affonso Romano de Sant’Anna. – São Paulo: Editora Unesp, 2017.

    Inclui bibliografia.

    ISBN: 978-85-9546-064-5

    1. Literatura brasileira. 2. Cultura. 3. Arte. 4. Crítica literária. I. Título.

    2017-165

    CDD 701.18

    CDU 7.072.3

    Editora afiliada:

    [7]Sumário

    Cultura contemporânea: redefinindo centro e periferia

    Cultura contemporânea: Redefinindo centro e periferia

    Deslocamentos simbólicos

    Estruturando o pasmo

    1. Consideremos o corpo hoje:

    2. Consideremos a roupa, essa segunda pele:

    3. Consideremos os gêneros:

    4. Como consequência, o conceito de família alterou-se:

    5. Alterou-se o discurso erótico entre os casais:

    6. Não há mais separação nítida entre o público e o privado:

    7. No plano político, complicaram-se, embaralharam-se as noções de esquerda e de direita:

    8. No plano econômico, com a globalização, o capital é volátil:

    9. No plano tecnológico e eletrônico:

    10. No plano linguístico caem regras e convenções:

    11. Na arte, tudo o que era antiarte e não arte virou arte:

    Os centros e os excêntricos

    Excentricidades tropicais

    Reavaliação semântica

    Inquietações finais

    Autonomia do sujeito na arte

    Autonomia do sujeito na arte

    O sujeito vigiado e o panóptico invertido

    Repressão e liberdade: duas versões da história

    Anos 1960 e a dialética dos tolos

    Dialética 1970

    Onde a arte entra nisso?

    Importações errôneas de conceitos

    A sujeição do sujeito e outras questões objetais

    Morte e vida do sujeito e do autor

    Competitividade e arte

    Competitividade e arte

    A poesia e a agressão

    Capitalismo e a seleção

    Ética insensatez

    Território e poder

    Coda

    Referências bibliográficas

    Cultura contemporânea: redefinindo centro e periferia

    Autonomia do sujeito na arte

    [7]Cultura contemporânea: redefinindo centro e periferia

    Cultura contemporânea: Redefinindo centro e periferia¹

    Deslocamentos simbólicos

    A situação da América Latina nas últimas décadas é totalmente diversa do que era nos anos 1970 e 1960. Pessoas que foram cassadas pelos militares e que foram presas e exiladas chegaram ao poder pelo voto democrático. Nos ministérios e palácios estão os que ontem eram guerrilheiros. Portanto, no Brasil, no Chile, na Argentina, no Uruguai, Bolívia, Venezuela e Equador, o quadro [8]político não é o mesmo do tempo das ditaduras. Em 2015, os Estados Unidos e Cuba se reaproximaram e fizeram acordos históricos.

    Estou começando, pela América Latina, a dizer o seguinte: a periferia chegou ao centro.

    Estou começando a dizer o seguinte: os marginais de ontem chegaram ao poder.

    Estou começando a dizer o seguinte: houve um giro nos acontecimentos e em nossas perspectivas. Tanto no Brasil quanto no mundo.

    Grande parte da população dos Estados Unidos é composta por latino-americanos, e o espanhol, língua dos trabalhadores subalternos, tornou-se a segunda língua obrigatória no país, a ponto de o hino nacional americano atualmente ser cantado também numa versão em espanhol. E esses imigrantes já demonstraram, tanto na ficção (conforme filme sobre trabalhadores ilegais na Califórnia) quanto na realidade recente, que podem parar o país.

    Fenômenos semelhantes relacionados com a questão da redefinição do que sejam centro e periferia ocorrem na Europa: os novos bárbaros já estão dentro das fronteiras do império europeu, [9]alterando a geopolítica cultural e econômica. Recentemente, o príncipe da Jordânia, Hassan bin Talal, disse no Seminário da Latinidade, ocorrido em Baku, no Azerbaijão, que a Europa vive hoje atemorizada por três medos que vêm da periferia: o medo do Islã, o medo da imigração e o medo dos países emergentes (como China, Índia, Brasil etc.).

    Como se dá nos estudos geológicos, está acontecendo na história um novo deslocamento histórico. Não é um fato apenas tópico ou espacial. E por isso merece ser analisado. Posso ser mais pontual para tornar mais evidente a minha tese: Mick Jagger, o debochado cantor líder dos Rolling Stones, que nos anos 1960 surgiu como contestador, foi, em 2003, condecorado cavaleiro pelo príncipe Charles da Inglaterra, e apareceu, na cerimônia oficial, calçando tênis. Aconteceu com a extravagante banda inglesa o mesmo que ocorrera com os Beatles, os quais, tendo desencadeado uma revolução na música e nos costumes, também foram condecorados pela rainha. Na década de 1960 dizia-se que os Rolling Stones estavam à esquerda dos Beatles. Contudo, acabaram igualmente no Palácio de Buckingham. Destaque-se um dado semiológico [10]relevante: o fato de Mick Jagger comparecer de tênis à cerimônia da condecoração não é um gesto que o afirma como um indivíduo da margem, e sim mostra apenas que o tênis também foi coroado.

    Recentemente Umberto Eco publicou A história da beleza. Nas páginas introdutórias há uma didática iconografia reproduzindo ícones do conceito de beleza no qual se destacam, por exemplo, obras referentes a Vênus, a Afrodite e, naturalmente, à Virgem Maria. Mas na sequência de rostos, ao

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