Redefinindo centro e periferia
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Redefinindo centro e periferia - Affonso Romano de Sant'anna
Nota do Editor
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Redefinindo centro e periferia
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Affonso Romano de Sant’Anna
Redefinindo centro e periferia
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Vagner Rodolfo CRB-8/9410
S231r
Santa’Anna, Affonso Romano de Sant‘Anna
Redefinindo centro e periferia / Affonso Romano de Sant’Anna. – São Paulo: Editora Unesp, 2017.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-9546-064-5
1. Literatura brasileira. 2. Cultura. 3. Arte. 4. Crítica literária. I. Título.
2017-165
CDD 701.18
CDU 7.072.3
Editora afiliada:
[7]Sumário
Cultura contemporânea: redefinindo centro e periferia
Cultura contemporânea: Redefinindo centro e periferia
Deslocamentos simbólicos
Estruturando o pasmo
1. Consideremos o corpo hoje:
2. Consideremos a roupa, essa segunda pele:
3. Consideremos os gêneros:
4. Como consequência, o conceito de família alterou-se:
5. Alterou-se o discurso erótico entre os casais:
6. Não há mais separação nítida entre o público e o privado:
7. No plano político, complicaram-se, embaralharam-se as noções de esquerda e de direita:
8. No plano econômico, com a globalização, o capital é volátil:
9. No plano tecnológico e eletrônico:
10. No plano linguístico caem regras e convenções:
11. Na arte, tudo o que era antiarte e não arte virou arte:
Os centros e os excêntricos
Excentricidades tropicais
Reavaliação semântica
Inquietações finais
Autonomia do sujeito na arte
Autonomia do sujeito na arte
O sujeito vigiado e o panóptico invertido
Repressão e liberdade: duas versões da história
Anos 1960 e a dialética dos tolos
Dialética 1970
Onde a arte entra nisso?
Importações errôneas de conceitos
A sujeição do sujeito e outras questões objetais
Morte e vida do sujeito e do autor
Competitividade e arte
Competitividade e arte
A poesia e a agressão
Capitalismo e a seleção
Ética insensatez
Território e poder
Coda
Referências bibliográficas
Cultura contemporânea: redefinindo centro e periferia
Autonomia do sujeito na arte
[7]Cultura contemporânea: redefinindo centro e periferia
Cultura contemporânea: Redefinindo centro e periferia¹
Deslocamentos simbólicos
A situação da América Latina nas últimas décadas é totalmente diversa do que era nos anos 1970 e 1960. Pessoas que foram cassadas pelos militares e que foram presas e exiladas chegaram ao poder pelo voto democrático. Nos ministérios e palácios estão os que ontem eram guerrilheiros. Portanto, no Brasil, no Chile, na Argentina, no Uruguai, Bolívia, Venezuela e Equador, o quadro [8]político não é o mesmo do tempo das ditaduras. Em 2015, os Estados Unidos e Cuba se reaproximaram e fizeram acordos históricos.
Estou começando, pela América Latina, a dizer o seguinte: a periferia chegou ao centro.
Estou começando a dizer o seguinte: os marginais
de ontem chegaram ao poder.
Estou começando a dizer o seguinte: houve um giro nos acontecimentos e em nossas perspectivas. Tanto no Brasil quanto no mundo.
Grande parte da população dos Estados Unidos é composta por latino-americanos, e o espanhol, língua dos trabalhadores subalternos, tornou-se a segunda língua obrigatória no país, a ponto de o hino nacional americano atualmente ser cantado também numa versão em espanhol. E esses imigrantes já demonstraram, tanto na ficção (conforme filme sobre trabalhadores ilegais na Califórnia) quanto na realidade recente, que podem parar o país.
Fenômenos semelhantes relacionados com a questão da redefinição do que sejam centro e periferia ocorrem na Europa: os novos bárbaros
já estão dentro das fronteiras do império europeu, [9]alterando a geopolítica cultural e econômica. Recentemente, o príncipe da Jordânia, Hassan bin Talal, disse no Seminário da Latinidade, ocorrido em Baku, no Azerbaijão, que a Europa vive hoje atemorizada por três medos que vêm da periferia: o medo do Islã, o medo da imigração e o medo dos países emergentes (como China, Índia, Brasil etc.).
Como se dá nos estudos geológicos, está acontecendo na história um novo deslocamento histórico. Não é um fato apenas tópico ou espacial. E por isso merece ser analisado. Posso ser mais pontual para tornar mais evidente a minha tese: Mick Jagger, o debochado cantor líder dos Rolling Stones, que nos anos 1960 surgiu como contestador, foi, em 2003, condecorado cavaleiro
pelo príncipe Charles da Inglaterra, e apareceu, na cerimônia oficial, calçando tênis. Aconteceu com a extravagante banda inglesa o mesmo que ocorrera com os Beatles, os quais, tendo desencadeado uma revolução na música e nos costumes, também foram condecorados pela rainha. Na década de 1960 dizia-se que os Rolling Stones estavam à esquerda dos Beatles. Contudo, acabaram igualmente no Palácio de Buckingham. Destaque-se um dado semiológico [10]relevante: o fato de Mick Jagger comparecer de tênis à cerimônia da condecoração não é um gesto que o afirma como um indivíduo da margem
, e sim mostra apenas que o tênis também foi coroado.
Recentemente Umberto Eco publicou A história da beleza. Nas páginas introdutórias há uma didática iconografia reproduzindo ícones do conceito de beleza no qual se destacam, por exemplo, obras referentes a Vênus, a Afrodite e, naturalmente, à Virgem Maria. Mas na sequência de rostos, ao