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Os Klowns de Kent: Lua Azul Investigações, #4
Os Klowns de Kent: Lua Azul Investigações, #4
Os Klowns de Kent: Lua Azul Investigações, #4
E-book323 páginas4 horas

Os Klowns de Kent: Lua Azul Investigações, #4

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Sobre este e-book

Pode não haver coisas como lobisomens, vampiros ou fantasmas, mas aparentemente palhaços malignos são reais.

Tempest Michaels está mais uma vez investigando casos ridículos que claramente não são nem de longe de natureza paranormal. Entretanto, sua cota diária de diversão é interrompida por uma praga de homens vestidos com roupas espalhafatosas. Eles usam maquiagem de palhaço distorcida enquanto aterrorizam as vilas e cidades de Kent, com ataques cada vez maiores e mais frequentes.

Os Klowns deveriam ser um caso para a polícia resolver, mas seu líder parece ter um sério problema com Tempest e eles estão vindo atrás dele, e de qualquer um que atravesse o caminho. Quem são os Klowns? O que eles querem? E o que são esses sorrisos ridículos?

Como se eles não fossem incômodo que chega, ele estupidamente contratou uma mulher por quem é completamente apaixonado. Tentando ignorar os pensamentos do Senhor Tortinho sobre o que fazer com sua nova colega, ele vai atrás da segunda opção, uma garota de quem ele gostou anos atrás na escola, mas enquanto o Senhor Tortinho não dá a mínima para a diferença, o coração de Tempest está realmente ali?

Jogado no meio de uma possessão demoníaca, um restaurante com passos fantasmagóricos e mais algumas intromissões de sua mãe, parece que será mais uma semana cheia de entretenimentos para o melhor Investigador Paranormal de Kent.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de dez. de 2019
ISBN9781071524329
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    Os Klowns de Kent - steven higgs

    Os Klowns de Kent

    Investigações Lua Azul

    Livro 4

    ––––––––

    Steve Higgs

    Copyright © do texto 2018 Steven J Higgs

    Publicado por: Steve Higgs

    O direito de Steve Higgs em ser identificado como o autor do livro foi assegurado por ele em concordância com o Ato de Patentes, Design e Copyright de 1988.

    Todos os direitos resevados.

    Este livro é uma obra com copyright, e não deve ser copiado, reproduzido, transferido, distribuído, alugado, licenciado ou performado publicamente ou usado de qualquer maneira exceto conforme permitido especificamente por escrito pelos editores, conforme os termos e condições sob o qual foi adquirido ou conforme estritamente permitido pelas leis aplicáveis de copyright. Qualquer distribuição não autorizada ou uso deste texto pode ser considerado uma violação direta aos direitos do autor e do editor, e esta responsabilidade pode ser sujeita de acordo com a lei vigente.

    ‘Os Klowns de Kent’ é uma obra de ficção. Nomes, personagens, negócios, organizações, lugares, eventos e mesmo incidentes são produto da imaginação do autor e são usados de forma ficcional. Quaisquer semelhanças a personagens reais, vivos ou mortos, eventos ou localizações são totalmente coincidentes.

    Taverna A Águia. Rua principal de Rochester. Sábado, 22 de Outubro, 13:57.

    Eu dei um longo gole na minha cerveja e a pus de volta ao balcão sem a largar. Eu estava confiante que o conteúdo do copo não iria durar muito. À minha direita, o meu assistente de escritório James estava bebendo sua cerveja de modo similar e à minha esquerda sentava Frank Decaux, o proprietário de uma livraria local de ocultismo chamada Mystery Men (Homem Mistério). Ele já havia tomado a maior parte da sua cerveja. Nós três estávamos olhando fixamente para o nada, nossos cérebros ainda estavam ligados aos eventos das últimas duas horas.

    Eu tomei outro gole de cerveja, saboreando seu gosto gelado e estaladiço enquanto ela levava embora a fumaça, a adrenalina e a sujeira. Há um pouco menos de duas horas a Rua Principal de Rochester havia sido sujeita a um ataque zumbi. Eu preciso esclarecer isso porque os zumbis não tinham, é claro, sido zumbis o tempo todo. Eles haviam sido pessoas perfeitamente comuns que haviam sido dopadas com uma neurotoxina e hipnotizadas. A droga assegurava que eles ficassem em um estado hipnótico por um período quase indefinido e a hipnose foi uma cortesia de Dave Gough, um hipnólogo local que chegou aos palcos com o nome de O Grande Howsini. Os zumbis eram uma cortina de fumaça para distrair as pessoas do crime que ele estava perpetrando: enquanto as pessoas fugiam dos seus negócios, ele e a esposa estavam roubando suas caixas registradoras e ateando fogo para cobrir seus rastros – por que olhar as caixas de um prédio em chamas?

    Frank, James e eu havíamos descoberto e frustrado o crime pelo simples artifício de correr em direção aos zumbis ao invés de fugir deles. Meu nome é Tempest Michaels e eu sou um investigador paranormal acidental. Não que eu investigue acidentes paranormais, eu sou um investigador paranormal e cheguei a esse cargo por acidente. Eu me juntei ao Exército Britânico quando deixei a escola aos dezessete e desfrutei uma carreira como soldado profissional. Eu aprendi muito e não tinha grande desejo de terminar a carreira, mas a necessidade de um grande exército diminuiu, o Ministro da Defesa ofereceu recompensas para voluntários saírem, então eu devolvi o meu uniforme e adentrei ao mundo dos civis mais cedo este ano. À deriva em um mar de infinitas opções, eu havia criado por conta própria minha próxima carreira como detetive privado, mas a sorte, ou o destino, ou mesmo Deus havia estragado o plano: meu anúncio foi impresso errado e eu fui apresentado com um investigador paranormal ao invés disso. Eu fiquei com raiva na hora. Eu me lembro muito distintamente de ligar ao jornal e gritar com eles por terem bagunçado meu anúncio. Mas enquanto eu estava gritando com eles pela linha telefônica do escritório, reclamando que eu estava tentando ganhar a vida e agora não tinha nenhuma chance de atrair um cliente até que eles conseguissem republicar minha propaganda, meu celular começou a tocar no meu bolso. Era um cliente ligando com um caso para resolver.

    Para a minha grande surpresa, havia uma oferta infindável de pessoas com problemas para os quais elas haviam determinado uma explicação paranormal e precisavam de alguém para investigar isso para elas. Repentinamente esse alguém era eu. O negócio havia ido de vento em popa e de repente um assassino em série fingindo ser um vampiro assassinou algumas pessoas na minha cidade e o caso foi parar no noticiário nacional. Eu meio que resolvi o caso, a publicidade havia impulsionado as investigações ainda mais, forçando-me a contratar um assistente e outro detetive.

    Então, aqui estava eu em um bar em Rochester afogando a confusão e o horror das últimas horas ladeado por duas pessoas que provavelmente eu chamaria de amigos, mas poderia chamar mais acertadamente de camaradas. Frank chegou a meu escritório na manhã em que o anúncio foi publicado. Sua livraria estava localizada a menos de cem metros do meu escritório. Ali, ele vendia tanto ficção quanto não ficção, histórias em quadrinhos, brinquedos, jogos, bonecos e toda e qualquer coisa que tivesse uma linha tangível com o paranormal. Frank havia sido para mim uma caixa de ressonância em diversas ocasiões e frequentemente vinha comigo em casos nos quais eu precisava de uma mão. Ele era uma fonte absoluta de conhecimento e tinha o coração de um leão. O coração de leão estava, entretanto, envolto por um corpo de um homem de meia-idade magricelo.  James era o parceiro que eu havia contratado como assistente de escritório há apenas duas semanas. Ele costumava fingir que era um vampiro, mas já tinha desistido. Não que ele seja inteiramente normal agora. No dia seguinte à sua contratação ele apareceu para o trabalho vestido como uma garota e insistiu em ser chamado de Jane. Eu não o condenaria por ser travesti, ou cross-dresser, ou qualquer que seja o termo correto, não era minha escolha de vida, mas agora a cada dia no caminho para o trabalho eu fazia uma aposta silenciosa comigo mesmo sobre que versão dele eu veria hoje.

    Tomei outro gole de cerveja, o copo agora estava quase vazio. Amanda chegou alguns minutos depois, entrando no estabelecimento procurando por nós e nos localizando instantaneamente sentados ao balcão, parecendo exaustos. O primeiro copo já estava no meu organismo e o segundo, uma vez pedido, teria uma expectativa de vida igualmente limitada. Pelo menos agora eu estava relaxado.

    ‘Olá, Tempest. Oi, pessoal, ’ disse Amanda enquanto se aproximava.

    ‘Olá, Amanda, ’ respondemos os três aproximadamente em uníssono.

    ‘Dia agitado?’, ela perguntou retoricamente. ‘A rua principal parece um cenário de desastre. O que vocês fizeram?’

    ‘Você se lembra de ter ouvido falar sobre os zumbis?’

    ‘Sim. A polícia estava cuidando do caso todo, mas eu não tenho nem ideia do que está acontecendo. ’

    ‘Bem, o caso fio resolvido. Frank, James e eu por acaso estávamos lá quando eles apareceram em Rochester. Eu te contarei tudo mais tarde, mas basta dizer que foi um dia cheio de acontecimentos e eu não tenho ninguém de quem cobrar por isso. ’ Amanda era a outra detetive que eu havia contratado para dividir o montante de casos. Na verdade, ela havia me sugerido que eu a contratasse antes mesmo de eu anunciar a vaga, e eu a contratei imediatamente. Nós havíamos nos conhecido algumas semanas antes quando eu estava investigando o caso do vampiro assassino em série. Na altura ela era uma oficial de polícia uniformizada e ainda era, eu acho, já que ela estava cumprindo os últimos dias de aviso enquanto encaixava algumas horas no emprego novo. Ela estava provando ser uma ótima aquisição. Ela sabia como entrevistar ou interrogar pessoas, sabia como proceder legalmente durante uma investigação para um caso, o que significou que eu fui preso um pouco menos frequentemente do que costumava ser e, como eu, era capaz de assumir que havia uma explicação perfeitamente racional para todos os casos com que fomos presenteados.

    Infelizmente, eu também estava meio que um pouco apaixonado por ela.

    Amanda era injustamente atraente. Seus cabelos loiros caíam sobre suas escápulas em uma cascata perfeita de ondas naturais. Ela tinha olhos azuis que poderiam ter sido esculpidos do coração de uma geleira e pareciam intermináveis quando eu olhava para eles. Sua pele era igualmente perfeita, seus dentes eram perfeitamente alinhados e brancos e seus lábios – meu Deus, seus lábios – eram maravilhosamente carnudos e faziam um beicinho, que era somente minha rígida disciplina e o medo de que eu poderia considerar minha vida plena e morrer no mesmo lugar, que me preveniam de agarrá-la e beijá-la.

    Ela também namorava um playboy multimilionário e eu não tinha qualquer chance que fosse.

    ‘Parece interessante,’ ela disse, trazendo-me de volta à realidade. Eu estive mirando o rosto dela novamente.

    ‘Você gostaria de uma bebida?’ perguntei, indicando as opções atrás do bar.

    ‘Parece ótimo, mas eu tenho turno em algumas horas, então é melhor não. Na verdade, eu vim me certificar de que vocês estavam todos vivos e reportar o caso do fantasma do restaurante. ’ Amanda esteve na cidade próxima Faversham esta manhã investigando em um restaurante que estava correndo o risco de fechar devido a ocorrências fantasma.

    ‘O que você encontrou?’ perguntei. Frank havia girado em sua cadeira agora para escutar.

    ‘O dono acredita que há um fantasma. Completamente convencido seria um termo mais preciso. Muitos dos seus funcionários se demitiram e vários clientes aparentemente saíram correndo e gritando no meio de suas refeições quando o fantasma apareceu. ’

    ‘Como ele está se manifestando?’ interrompeu Frank.

    ‘Hmm?’ respondeu Amanda com uma sobrancelha levantada.

    ‘Quero dizer, que forma ele está tomando? É uma forma visível de aparição? Neste caso, a aparição está tomando a forma de uma pessoa ou um animal ou alguma outra coisa? Ou está se manifestando com sons ou névoa? Ou ele é capaz de produzir energia etérea e com isso pode mover objetos?’ Frank estava pronto para acreditar em uma explicação paranormal antes de qualquer outra coisa.

    Brincando com ele, Amanda respondeu, ‘Só está fazendo barulhos, Frank. Eles estão reportando pisadas e música no salão de jantar do andar de cima. O dono disse que... ’ Ela abriu a bolsa e puxou um bloco de anotações para ler, ‘as pisadas parecem andar atravessando o quarto. Deu-me a impressão de que na maior parte das noites ocorria o som de alguém andando no salão de jantar do andar de cima. Às vezes ele volta ou vai a uma direção diferente. A música é fraca, mas intermitente.’ Ela fechou o bloco com uma batida. ‘Eu não ouvi nada, mas ele está convencido de que há um fantasma e ele quer que nós façamos algo a respeito. ’

    ‘Maneiro, ’ disse Frank.

    ‘Quer saber? Acho que eu vou beber alguma coisinha. Ainda falta uma hora para o meu turno começar. ’

    ‘Eu pago, ’ eu disse, feliz demais em comprar uma bebida para o amor da minha vida.

    Eu era mesmo um trouxa.

    Fiz contato visual com o garçom. Ele estava na extremidade do balcão dando o seu melhor para puxar conversa com uma das garçonetes. Ele veio até nós.

    ‘Outra rodada?’ ele perguntou.

    ‘Sim, por favor, e alguma coisa para a senhorita. ’ Amanda estava contemplando as garrafas atrás do balcão como se estivesse esperando que elas fossem lhe dizer o que beber. Ela se decidiu por uma mistura de soda e vinho branco e se jogou no tamborete junto ao balcão que estava ao lado do meu enquanto o garçom fazia a bebida.

    ‘Quanto tempo até você parar de vestir o uniforme agora?’ Frank perguntou a ela, puxando assunto.

    Seus olhos se dirigiram para baixo, calculando mentalmente. ‘Eu ainda tenho quatro turnos por fazer, eu acho. Vai ser estranho devolver todo o equipamento e nunca mais usá-lo. Mas...  Também libertador, eu acho. ’

    ‘Como assim?’

    ‘Os padrões de turnos mexem com a minha cabeça. Eu não gosto da rotina, o uniforme é desconfortável e eu estou pronta para algo novo. Além disso, trabalhar com o Tempest como investigadores é muito mais interessante. ’

    Eu me mexi em meu lugar e resmunguei um pouco com as lembranças do quão interessante minha carreira poderia ser enquanto a dor queimava em partes diferentes do meu corpo.

    ‘Você está machucado?’ perguntou Amanda, com a cara preocupada.

    ‘Só alguns hematomas e arranhões. Lutar contra zumbis é um esporte radical. ’ Eu estava brincando, como era meu estilo natural, mas os ferimentos que eu tinha dificilmente ameaçavam minha vida.

    ‘Dado que você é um investigador e não tem que de fato caçar nenhum criminoso, parece que você tem estado em muitas brigas. Eu devo esperar pelo mesmo?’

    ‘Por Deus não, Amanda. Eu não sei como eu faço isso, para ser sincero. A probabilidade de sua vida estar em perigo ou de que haja qualquer confronto de todo é muito pequena. ’ Enquanto as palavras saíam da minha boca eu pensava se elas se provariam verdadeiras.

    ‘Então, como está indo o caso Klown?’ questionou Amanda, tomando um gole da sua bebida.

    Além de mim, Frank acabou com sua bebida e pôs o copo de volta ao balcão com uma batida de satisfação. ‘Acho que chega por agora, ’ ele anunciou enquanto levantava e alongava sua estrutura magra. ‘Obrigado pela bebida, Tempest. Eu preciso voltar à loja. Ela deve ficar aberta e sábados à tarde é uma das minhas horas cheias. ’

    Eu levantei da minha cadeira para cumprimentá-lo. Atrás dele, James estava se levantando também.

    ‘Também vou indo. Meu namorado está muito preocupado comigo, então eu pretendo fazer um bom uso disso. ’

    Houve uma rodada rápida de despedidas e então éramos somente eu e a Amanda sentados ao balcão. Eu estava sentindo seu maravilhoso perfume – perfume caro e mulher sexy, e eu estava muito consciente de que com álcool em minha corrente sanguínea o filtro normal que evitava que meu pênis tomasse conta do meu cérebro e usasse minha boca poderia não estar inteiramente operacional.

    De fato, o Senhor Tortinho escolheu exatamente aquele momento para emitir sua opinião. Ele achava que eu deveria passar o resto da tarde fazendo a Amanda esquecer tudo sobre Brett Baker e sua fortuna. Ele achava que Amanda tinha a traseira em um formato muito bacana e que eu deveria tentar usá-la como chapéu. Eu não discordei, mas felizmente consegui manobrar para evitar dizer à Amanda sobre as ideias dele.

    Ao invés disso, eu disse a Amanda sobre o caso Klown que eu estava tentando investigar. Basicamente, não estava indo para lugar nenhum. Eu tinha sido contratado por uma senhorita para encontrar seu irmão. Ele deixou a ela uma nota explicando que ele tinha fugido para se juntar a um culto de Klowns. Sua nota, a qual ela havia me mostrado, dizia para ela não se preocupar com ele porque ele estava entre amigos, tinha um objetivo e iria ficar rico. O pedaço sobre ele ficar rico era confuso, ou parecia errado. Eu não podia decidir, mas durante as últimas semanas, havia crescido os informes sobre homens vestidos de palhaço (clown), mas com uma pintura de rosto perturbadora. Ao invés do tradicional sorriso alegre, eles se maquiaram de forma que seus olhos parecessem ocos ou talvez arrancados e suas bocas foram desenhadas para parecer como se elas tivesse sido fechadas com costura ou abertas com um rasgo. Pequenos artigos em jornais locais haviam escalado ao noticiário local na televisão e finalmente ao noticiário nacional, ao passo que as táticas que os Klowns usavam passaram de intimidação física para Lesão Corporal, para assaltos violentos e então para Lesão Corporal Grave.  A seguir os assaltos tinham envolvido armas de fogo e a especulação era de que eles não parariam até que alguém fosse assassinado.

    Os Klowns haviam deixado pichações por toda a região – enormes sinais manchados:

    os Klowns estão Vindo

    Elas surgiam em sua maioria depois de escurecer, mas nem sempre, e elas estavam aparecendo por toda a parte. Os ataques pareciam tão aleatórios e a seleção de vítimas tão desconexa que até então ninguém tinha conseguido definir um padrão.

    Minha tarefa de encontrar o irmão da senhorita, no entanto, tinha se mostrado fácil – mais ou menos fácil. Eu liguei ao número de celular dele. Ele atendeu, falou comigo e ficou muito claro que ele não tinha nenhuma intenção de voltar pra casa. Ou seja, eu fui confrontado com um homem adulto que por sua vontade própria estava fazendo o que queria. Ele não tinha sido sequestrado, eu não tinha evidência de que ele havia pessoalmente cometido algum crime e então não poderia sugerir o que supostamente eu deveria fazer a seguir. Dificilmente eu poderia ir buscá-lo e entregá-lo de volta à sua irmã – eu não tinha o direito de fazer isso.

    ‘Então, o que você vai fazer com este caso?’ perguntou Amanda.

    ‘Eu acho que vou ligar à senhorita Plumber e devolver seu dinheiro. ’

    ‘Mesmo? Você gastou muitas horas genuinamente indo atrás desse caso por causa dela. Você não acha que merece ser pago por isso?’

    ‘Isso poderia ser discutido. Mas eu não me sinto confortável em pegar o dinheiro dela sem lhe dar nada em troca. Eu vou ligá-la e explicá-la a situação atual mais tarde. ’

    ‘E quanto à sua localização?A polícia ficaria muito entusiasmada em saber onde os Klowns estão se escondendo. Se eles estiverem todos juntos. O que eles estão planejando. Se eles gostariam todos de se entregar, talvez. ’ Ela estava sendo sarcástica, mas também séria quanto a querer uma pista que poderia deixar a polícia mais próxima de capturá-los.

    ‘Sim, eu deveria me esforçar mais quanto a isso. Esse cara é provavelmente o único Klown cuja identidade é conhecida. ’

    ‘Qual é o nome dele mesmo?’ Amanda estava se torcendo em torno da bolsa para alcançar um bloco de notas.

    ‘Adrian Plumber. ’

    ‘Ela anotou isso junto a seu número de telefone e alguns detalhes que eu consegui extrair dele. Eu suspeitei que fosse um beco sem saída, mas eu também sabia que às vezes era preciso ir atrás de cada pista porque não se pode dizer qual delas irá dar em alguma coisa.

    ‘O que ele fazia antes de se tornar um Klown?’

    ‘Ele era advogado. Você acredita? Ele atuava em Direito Tributário em uma firma em Londres, ganhando um salário que provavelmente era bem alto. ’ A informação me pegou de surpresa.

    ‘Um advogado?’ assenti. ‘E ele fugiu para se juntar a uma gangue de criminosos que se vestem como palhaços do mal?’

    ‘Pois é. ’

    ‘Eu já tinha dito isso antes, Tempest. Há muita coisa estranha ao seu redor. ’

    Amanda bocejou e se alongou sentada na sua banqueta, levantando os braços acima do tórax. A ação empurrou seu amplo peitoral para fora, algo que acontecia vezes demais para minha libido patética conseguir lidar. Eu desviei meu olhar dela, para que não fosse pego encarando, mas só para descobrir que eu estava agora olhando pelo espelho atrás do balcão e a estava encarando de qualquer modo. Eu abaixei meus olhos e foquei no meu copo.

    Tendo acabado com o ritual de bocejar e se alongar, Amanda deslizou delicadamente de sua banqueta, juntou suas coisas em sua bolsa e me desejou boa noite. Ela estava preparada para ir trabalhar. Um de seus últimos turnos.

    Eu me recusei a me permitir assisti-la ir embora. Eu tinha que parar de me torturar com fantasias que de que em algum momento eu teria um relacionamento com ela. Sim, ela era totalmente amável de se olhar, passar tempo, estar perto, mas ela também era minha funcionária e quase que certamente fora de alcance. Eu chacoalhei o restinho de líquido no fundo do meu copo e tomei uma decisão.

    Eu precisava de uma distração. Outra mulher para a qual a minha atenção poderia ser desviada. Tinha havido um número de opções recentes se eu pensasse sobre isso, dentre as quais principalmente uma com quem eu havia estudado na escola. Eu não a tinha visto por anos até final de semana passado quando ela veio no chá de bebê da minha gravidíssima irmã gêmea. Ela tinha sido uma das garotas que eu secretamente desejei na minha adolescência e teria, naquela época, feito qualquer coisa para ver pelada.

    Seu nome era Sophie Sheard. Eu tinha seu número de telefone, sabia que ela estava solteira, e sabia também que ela queria que eu ligasse para ela; ela havia deixado essa parte clara de uma maneira sutil, porém transparente.

    As duas cervejas estavam agora inteiramente em minha corrente sanguínea, que haviam entorpecido a última parte do drama da tarde e provavelmente me imbuíram de uma sensação falsa de confiança. Qualquer que fosse o caso, eu senti que era um bom momento para agir, então sentado relaxando sozinho, escolhi ligar para ela. Semana passada ela tinha me dado seu número e um convite para ligar. Se esperasse mais minha chamada poderia ser menos bem-vinda. Ela poderia não gostar de qualquer maneira, devaneei, mas eu queria saber. Eu não me lembro muito bem da Sophie, além de que ela tinha sido uma das garotas bonitas e realmente legais da escola e que tinha sido amiga da minha irmã. O telefone tocou por um tempo e eu estava prestes a desligá-lo quando ela atendeu.

    ‘Alô?’ disse ela hesitante, provavelmente porque ela não tinha reconhecido o número.

    ‘Sophie, boa tarde. É o Tempest. ’

    ‘Ah. Olá, Tempest,’ ela respondeu contentemente, claramente entusiasmada porque eu estava ligando para ela. Isso inflou meu ego imediatamente.

    ‘Eu estava pensando se você estaria livre para um café ou taça de vinho, ou talvez jantar algum dia em breve? Seria bom por a conversa em dia propriamente. ’ Eu a estava convidando para um encontro, mas sem o elemento romântico. Parecia normal e natural fazer assim. Eu não havia sugerido que nos encontrássemos para nos conhecermos melhor, mas aquilo tinha todo o jeito de outras conotações.

    ‘Parece maravilhoso. Quando você está pensando?’

    Subitamente flagrado, eu não tinha ideia do que sugerir. Eu estava teoricamente livre todas as noites até que eu um caso demandasse que eu estivesse em outro lugar. Hesitando com as palavras, eu estava prestes a falar quando ela falou.

    ‘Eu não tenho planos para hoje à noite, se você estiver livre. ’

    Subitamente eu gostaria que eu não tivesse planos, mas infelizmente, eu tinha. ‘Ah, me desculpe, Sophie. Eu vou sair com uns amigos hoje à noite. Que tal alguma coisa amanhã?’ Big Ben provavelmente teria me dito para cancelar meu compromisso com ele e os outros caras e focar meus esforços em me dar bem. Contudo, eu não era aquele tipo que mudava meus combinados porque tinha aparecido algo melhor.

    ‘Sim. Parece ótimo. Eu vou deixar os detalhes com você. Eu estou livre o dia todo, então me avise o que você quer fazer e conte comigo. ’ Era uma abordagem arriscada. Eu poderia vir com qualquer coisa desde mergulho em cavernas até bungee jumping. Porém, é claro, eu iria preparar levá-la para um jantar legal em algum lugar onde nós pudéssemos conversar.

    ‘Obrigado por confiar tanto em mim. Eu vou reservar uma mesa para almoçar em um restaurante bacana e confirmo o horário depois. Às 14:00h parece bom?’

    ‘Hein?’

    ‘Quer dizer, duas da tarde. Duas da tarde está bom para almoçar amanhã?’

    ‘Oh, sim. Duas da tarde está ótimo. Eu mal posso esperar. ’

    ‘Nos despedimos e desligamos. Eu me olhei no espelho atrás do balcão, dizendo a mim mesmo que isso era uma coisa boa, que eu havia tomado uma boa decisão. Sophie era bonita, estava solteira, e estava claramente interessada em mim. Dei um tapa mental em mim mesmo. Adiantou muito pouco para remover o eco residual me dizendo que ela não era a Amanda.

    Eu saltei da minha banqueta, peguei meu telefone e me dirigi à porta. Com duas cervejas em mim, eu não iria dirigir por pelo menos uma hora. Eu também precisava comer alguma coisa, e eu tinha que ligar à senhorita Plumber, então eu cambaleei ao longo da rua, dizendo a mim mesmo que o álcool não estava afetando minhas passadas e cheguei a meu escritório dez minutos depois com um sanduíche de 30 centímetros de comprimento e uma garrafa de água em uma sacola.

    Meu escritório se localiza

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