Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Escola em Ciclos: O Desafio da Heterogeneidade na Prática Pedagógica
Escola em Ciclos: O Desafio da Heterogeneidade na Prática Pedagógica
Escola em Ciclos: O Desafio da Heterogeneidade na Prática Pedagógica
E-book217 páginas2 horas

Escola em Ciclos: O Desafio da Heterogeneidade na Prática Pedagógica

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Escola em Ciclos: o desafio da heterogeneidade na prática pedagógica é resultado da pesquisa de mestrado realizada pela PUC/Rio defendida em 2008 e das experiências vividas como professora e gestora em uma rede municipal de ensino. A partir da abordagem do Ciclo de Políticas, busquei interpretar o contexto da prática de um professor "referência". Resgato o histórico da organização das escolas em ciclos no Brasil e aponto possibilidades a partir da avaliação, formação e planejamento dos professores. São também analisadas questões da sala de aula, no que se refere a um trabalho diferenciado. Este livro interessa aos professores que tentam compreender a heterogeneidade de sua sala de aula e as abordagens que podem ter para melhoria do desempenho dos alunos e aos pesquisadores preocupados com a educação brasileira.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento27 de abr. de 2020
ISBN9788547335694
Escola em Ciclos: O Desafio da Heterogeneidade na Prática Pedagógica

Relacionado a Escola em Ciclos

Ebooks relacionados

Métodos e Materiais de Ensino para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Escola em Ciclos

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Escola em Ciclos - Cremilda Barreto Couto

    0007971_Cremilda_Barreto_Couto.jpgimagem1imagem2

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE

    Dedico este livro ao meu marido, Ronaldo,

    à minha filha, Ana Carolina, e,

    ao meu filho, Guilherme.

    PREFÁCIO

    A pesquisa apresentada como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Educação no Programa de Pós-Graduação por Cremilda Couto, sob minha orientação, na época, pode ser considerada ainda hoje um trabalho importante para os estudiosos da escola em ciclos. A pesquisa foi realizada no município de Casimiro de Abreu/ estado do Rio de Janeiro a partir da experiência da organização do sistema em ciclos no período de 1996 a 2000.

    A questão colocada pela autora e desenvolvida na pesquisa, "até que ponto a proposta dos ciclos na prática possibilitou o trabalho com as turmas heterogêneas?", continua a ter grande pertinência nos tempos atuais. A pesquisa envolveu uma escola considerada de referência selecionada pelo encaminhamento dado à proposta ao longo dos últimos anos e pelo resultado obtido na Prova Brasil. A pesquisa foi de natureza qualitativa e incluiu observações, entrevista e análise documental.

    Parabenizo Cremilda Couto, hoje doutora, pela Universidade Federal Fluminense, por divulgar seu trabalho em forma de livro.

    Aconselho a leitura do texto por todos aqueles que se interessam e lutam por uma educação pública de qualidade, como a autora da pesquisa.

    Maria Inês G. F. Marcondes de Souza

    Professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação da

    Universidade Católica do Rio de Janeiro

    APRESENTAÇÃO

    Diante de minha trajetória como aluna, professora e gestora da escola pública, a inclusão social sempre foi uma questão cara, ocupando lugar em minhas reflexões e, sempre que possível, em minhas ações.

    Ao ser aprovada no curso de mestrado, não poderia pesquisar outra coisa, senão sobre algo que fosse nessa direção. A política de ciclos já vinha sendo estudada e debatida em meio à efervescência das discussões em torno dos números da reprovação, evasão e do fracasso escolar no Brasil. O analfabetismo era crescente e o acesso e permanência na escola não se davam de forma igualitária. As discussões em torno dos PCNs e da LDB 9394 de 1996 também alimentavam tal interesse.

    Outro episódio que me impulsionou nessa direção deu-se em visita pedagógica a uma escola de zona rural às margens da BR 101. Ao encontrar um aluno que repetia a alfabetização há seis anos, mas que realizava as operações matemáticas básicas dada as responsabilidades na fazenda em que morava ao contar os porcos, iniciei um caminho sem volta por uma educação mais justa e igualitária.

    Este livro é uma oportunidade de compartilhar os momentos de pesquisa e algumas vivências. Está organizado a partir de uma breve introdução e seis capítulos, com subdivisões, que têm como finalidade tratar cuidadosamente cada questão.

    O primeiro, Os Ciclos enquanto questão apresenta o histórico dos ciclos no Brasil, os aspectos legais que possibilitaram a vivência de várias experiências de desseriação do ensino. Por meio de levantamento detalhado sobre os mitos e equívocos em torno da política de ciclos é feito um trabalho de reconstrução histórica e pedagógica, com base na educação do final dos anos 1980, 1990 e início dos anos 2000.

    Conceitos como Espaço, Tempo, Qualidade e Sucesso também são discutidos, por serem relevantes para a compreensão do texto. Além de serem feitas distinções conceituais entre Ciclos de Aprendizagem, Ciclos de Formação e Promoção Automática.

    O segundo, Revendo aspectos teóricos, apresenta as ideias centrais e o debate em torno da abordagem do Ciclo de Políticas para análise de políticas educacionais a partir de cinco contextos: o contexto de influência, o contexto da produção de texto, o contexto da prática, o contexto dos resultados ou efeitos e o contexto de estratégia política. Para análise da política de ciclos, foi dada maior atenção ao contexto da prática. Mesmo considerando a interlocução entre os contextos, o tempo destinado à pesquisa não possibilitou atenção a todos os contextos propostos por Ball e discutidos por Mainardes.

    O capítulo traz ainda uma revisão de pesquisas sobre os ciclos, no Brasil, que ajudam a compreender a desseriação e outros aspectos que apontam para o que seria favorável e desfavorável em uma organização em ciclos.

    O terceiro Ciclos e heterogeneidade faz interlocução entre currículo, a heterogeneidade e os ciclos. A heterogeneidade aparece no cenário por estar presente no cotidiano escolar, mas nem sempre é considerada no currículo, formação e planejamento do professor, e na prática avaliativa. O texto traz possibilidades interventivas na sala de aula, a partir de formas diferenciadas de trabalho com os alunos.

    O quarto capítulo está destinado à descrição da metodologia utilizada na pesquisa. Traz dados do município, como se deu a implantação dos ciclos e como esta aconteceu no contexto da prática de uma escola e de um professor. São olhados documentos oficiais da rede municipal e da escola, que servem como estruturantes na escrita do texto. Além do uso dos instrumentos da observação e entrevista.

    O quinto capítulo traz a apresentação e a discussão dos dados observados na prática do professor, tido como referência na rede de ensino e na escola. O conceito de heterogeneidade está presente como elemento central. São descritos aqui a entrada no campo, com os cuidados exigidos em uma pesquisa qualitativa, envolvendo pessoas e sentimentos. Todos os resultados das observações, entrevistas e análises documentais, são olhados de forma cuidadosa, porém crítica, em permanente diálogo com os autores que fundamentam o texto.

    O capítulo seis, Considerações Finais, está organizado em categorias trabalhadas na metodologia da pesquisa, assim apresentadas: o planejamento, o currículo e as atividades diferenciadas, avaliação e formação continuada.

    Além de retratar um pouco a educação ao longo do período em que a pesquisa foi gerada, esse texto é atual e demonstra que muito do que existe hoje na escola e na prática dos professores é resultado das reflexões geradas pelas experiências vividas por estados e municípios, das quais algumas são retratadas neste livro.

    Problematizar aspectos arraigados no sistema de ensino histórico e politicamente demarca alguns valores que precisam continuar nos impulsionando: a coragem para mudar; o enfrentamento de estruturas que fortalecem o fracasso e o insucesso e a ousadia para romper o silêncio com novas propostas.

    Cremilda Barreto Couto

    Introdução

    Sumário

    INTRODUÇÃO 17

    1

    OS CICLOS ENQUANTO QUESTÃO 25

    1.1 BREVE HISTÓRICO DA PROBLEMÁTICA DOS CICLOS 25

    1.2 POLÍTICA DE CICLOS NO BRASIL 28

    1.3 CONCEPÇÃO DE CICLO 33

    1.4 SITUAÇÃO DOS CICLOS NO BRASIL 42

    2

    REVENDO ASPECTOS TEÓRICOS 47

    2.1 O CICLO DE POLÍTICAS - BALL E BOWE 47

    2.2 AS PESQUISAS SOBRE O CICLO NO BRASIL 49

    2.3 O QUE AS PESQUISAM FALAM SOBRE HETEROGENEIDADE? 60

    2.4 OUTRAS PESQUISAS 61

    3

    CICLO E HETEROGENEIDADE 69

    3.1 CURRÍCULO, HETEROGENEIDADE E CICLOS 69

    3.2 FORMAS DE DIFERENCIAÇÃO: TRABALHOS DIVERSIFICADOS PARA ATENDER AS DIFERENÇAS 77

    3.3 FORMAÇÃO DOS PROFESSORES, HETEROGENEIDADE E OS CICLOS 87

    3.4 CULTURA ESCOLAR COMO OBJETO HISTÓRICO – ESPAÇO

    E TEMPO DE CONSTRUÇÃO 93

    3.5 CURRÍCULO, CULTURA E

    HETEROGENEIDADE NO ESPAÇO ESCOLAR 95

    4

    METODOLOGIA 101

    4.1 CASIMIRO DE ABREU: SUA HISTÓRIA, SEUS COSTUMES, SUA GENTE... 101

    4.2 O MUNICÍPIO 102

    4.3 POPULAÇÃO 103

    4.4 HISTÓRICO EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO APÓS A ORGANIZAÇÃO

    DO SISTEMA EM CICLOS 103

    4.5 PROPOSTA EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO E

    A ESCOLA MUNICIPAL AURORA 104

    4.6 A ESCOLHA DA ESCOLA E A ENTRADA NO CAMPO 109

    4.7 OS INSTRUMENTOS UTILIZADOS 111

    5

    CAPÍTULO: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS 117

    5.1 APRESENTANDO A ESCOLA MUNICIPAL AURORA,

    OS ATORES NA CENA, A CENA E O PROFESSOR 117

    5.2 DISCUTINDO OS DADOS 129

    6

    CONSIDERAÇÕES FINAIS 145

    6.1 O PLANEJAMENTO, O CURRÍCULO E AS

    ATIVIDADES DIFERENCIADAS 145

    6.2 AVALIAÇÃO 147

    6.3 FORMAÇÃO CONTINUADA 149

    REFERÊNCIAS 155

    INTRODUÇÃO

    A política educacional vivida no município de Casimiro de Abreu/estado do Rio de Janeiro, a partir da experiência da organização do sistema em ciclos, no período de 1996 a 2000, oportunizou vivências que busco, neste livro, resgatar e compartilhar. Questões que fazem parte da minha caminhada na área educacional, atuando como professora do segundo segmento do ensino fundamental, do curso de formação de professores, e como professora do ensino superior, como diretora de escola, como chefe da Divisão Pedagógica do Ensino Fundamental, diretora do Departamento de Ensino, e subsecretária municipal de Educação, atuando como coordenadora do curso de Pedagogia, diretora adjunta e como pesquisadora e formadora.

    Algumas questões trazidas ao longo da organização dos ciclos foram acrescidas de questionamentos resultantes de leituras sobre a temática. Diante das polêmicas e dos muitos campos que podem ser abertos nessa investigação, optei por alguns recortes que se fizeram necessários. Até que ponto a proposta dos ciclos na prática possibilitou o trabalho com turmas heterogêneas? Esse é um aspecto presente nos discursos na política dos ciclos. Também questiono como esse trabalho tem sido desenvolvido em sala de aula.

    Este estudo tem como um dos seus referenciais a abordagem do Ciclo de Políticas de Stephen Ball, apresentado e discutido por Jefferson Mainardes¹.

    A abordagem do Ciclo de Políticas para análise de políticas educacionais do sociólogo Stephen Ball traz a ideia de um ciclo contínuo de contextos: o contexto de influência, o contexto da produção de texto, o contexto da prática, o contexto dos resultados ou efeito e o contexto de estratégia política.

    Na concepção de Ball, essa abordagem traz muitas contribuições para o estudo de políticas e suas fases são diferenciadas entre formulação e vivência das propostas.

    Dentre os cinco contextos formulados por Ball, a análise dar-se-á com base no contexto da produção do discurso e no contexto da prática, já que as políticas não são simplesmente implantadas, mas estão sujeitas à interpretação e à reinterpretação daqueles que as vivenciam no dia a dia das escolas.

    Esse processo se dá acompanhado de um olhar mais cuidadoso sobre a heterogeneidade, que é um aspecto presente nos discursos políticos e ideológicos propostos na política dos ciclos.

    Foram consideradas como questões propulsoras deste texto: quais alterações ocorreram na organização curricular nesse tempo de duração dos ciclos? Qual a influência da dilatação do tempo no planejamento curricular? Como os professores têm interpretado e reinterpretado o conceito de heterogeneidade na sala de aula? Até que ponto a proposta na prática possibilitou o trabalho com turmas heterogêneas e como tem sido esse atendimento na sala de aula?

    Na busca pela temática central, o tempo e o espaço também aparecem como questões importantes na reflexão da política de ciclos.

    No período de referência a Rede Municipal de Ensino da Casimiro de Abreu/RJ estava no segundo mandato da gestão do PDT, iniciada em 2001, por entender que todas as experiências acumuladas ao longo dessas duas gestões serviam como foco de observação na construção da educação. O interesse concentrou-se em uma escola considerada referência², selecionada pelo encaminhamento dado à proposta ao longo dos últimos anos e pelo resultado obtido na Prova Brasil³.

    Diante de toda a problemática que envolve os ciclos e da compreensão de seu significado, conhecer o aspecto histórico é de extrema relevância para abordagem da temática. Leite⁴ já sinalizava na década de 1950 para a necessidade de discussão do quadro de repetência que se instaurara no Brasil e sinalizava então a promoção automática como possível alternativa.

    Procurei estruturar o texto de forma que, primeiramente, pudesse compreender melhor a trajetória de construção da política de ciclos no Brasil. Para esse fim,

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1