IMPLICAÇÕES DO CÂNCER DA CRIANÇA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
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Sobre este e-book
A escolarização que ocorre no hospital configura-se como educação não formal, que constitucionalmente apresenta-se como um direito, uma possibilidade de iniciar ou dar continuidade ao processo de escolarização para garantir a educação, a democratização e inclusão dos discentes que enfrentam problemas de saúde.
O processo de alfabetização da criança em tratamento oncológico é um grande desafio que tem como objetivo escolarizar e contribuir nos processos educativos a partir de uma visão democrática e inclusiva de educação para todos. Proporcionar à criança o contato com o saber, compreendendo que o processo de alfabetização amplia as possibilidades de diálogo com o mundo e contribui significativamente para a recuperação da saúde do discente.
Este livro possibilitará aos professores da educação básica, estudantes das licenciaturas e dos profissionais da saúde um olhar amplo do campo de atuação do professor no processo de alfabetização, especificamente, no atendimento pedagógico ao escolar em tratamento oncológico.
Prof. Dr. Jacques de Lima Ferreira
"Todos os direitos autorais desta obra serão convertidos em doação para o Hospital do Graacc"
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IMPLICAÇÕES DO CÂNCER DA CRIANÇA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO - Amália Neide Covic
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO MULTIDISCIPLINARIDADES EM SAÚDE E HUMANIDADES
Ao André, que sempre nos mobilizou para a vida.
Aos alunos-pacientes do Hospital do Graacc.
IMAGINE
Sentir-se à margem
não pertencer a nenhum grupo
não acreditar na própria capacidade
IMAGINE-SE
Incapaz de acreditar que possui um futuro a ser construído
é exatamente dessa forma que se sente uma criança a quem
são negadas as chances de escolarização
IMAGINE
Que alguém lhe peça para interromper por vários meses a sua
vida e retomá-la depois de algum tempo
é exatamente dessa forma que se sente uma criança
gravemente enferma a quem são negadas as chances de escolarização
Eduardo Kanemoto
Prefácio
Quem Pensa, Ri
Quem raciocina com intensidade e violência tem que expressar com descongestionamento. Rir não é não ter razão. Não há relação entre a solenidade e a verdade. Deixemos a seriedade aos que têm ideais em que perdem tempo e jeito. Pensemos, e acabemos de pensar com uma gargalhada. A dor do mundo é grande? Talvez seja. Como não há metro para ela, não sabemos. Mas, ainda que seja grande, curar-se-á aumentando-a com a nossa? Pensa a sério, mas não com sério. Pensa profundamente, mas não às escuras. Quer fortemente, mas não com as sobrancelhas. Sinceros? Quantos gramas de verdade é que a vossa sinceridade pesa? Quem pensa, ri; só não ri quem só faz cara que pensa. Ri, bruto!
(Fernando Pessoa)
Além de um livro, o que você tem em mãos é uma grande oportunidade de aprofundar seus conhecimentos e conceitos em relação ao desenvolvimento da linguagem que une o humano às suas humanidades, a interna e íntima e a externa e universal, em condições limites. Tenho certeza de que essa será uma viagem prazerosa desenvolvida em um percurso desafiador e estimulante que será de grande valor, seja no campo pessoal ou no profissional, ofertado não apenas aos educadores, mas a todos os interessados pelas questões humanas de profundidade. Como você mesmo(a) desenvolverá seu próprio percurso nessa fantástica viagem sem que precise de minha ajuda para isso, não é disso que quero falar aqui neste espaço.
Neste espaço gostaria de falar um pouco do responsável por este nosso encontro aqui, o próprio autor Eduardo Kanemoto, ou simplesmente Eduardo, Edu, como queiram, já destacando esta como uma de suas principais características para mim: colocar pessoas, por vezes muito diferentes em hábitos e valores, em contatos que, como mágica, resiste à passagem do tempo. Eu mesmo o conheci por meio da Amália, esposa dele e uma grande amiga minha de itinerários acadêmicos diversos, nessa condição de reunião de um grande multiculturalismo intelectual que estava sendo formado para a organização e condução de um grande congresso nacional na área da Escola Hospitalar. Foi-me marcante ver e aprender como o Eduardo integrava tanta diversidade em um mesmo lócus, unida por uma mesma linguagem de valores, intencionalidades e objetivos e como tudo funcionava muito bem.
Antes de falar qualquer outra coisa a respeito do Eduardo, sinto-me na obrigação de alertar que estou falando de uma pessoa incomum sob vários aspectos. Uma das muitas características que o tornou incomum sempre foi seu sorriso. O Eduardo sempre sorriu. Junto a todos e na grande maioria das situações, ele sempre sorriu. Longe de atribuir essa característica à sua descendência oriental, sempre vi isso como uma característica pessoal desenvolvida como estratégia de relacionamento construída, muito provavelmente, na infância buscando, inteligentemente, a redução de atritos adotando atitudes que levassem à sua aceitação pelos grupos sociais. Eu diria que essa estratégia deu certo, visto sua simpatia demonstrada pelo seu sorriso largo que provocava a sua aceitação social nos mais diversos coletivos. Funcionou. Sempre foi muito difícil brigar com o Eduardo.
Falando como pesquisador envolvido numa experiência de vida, boas oportunidades de comprovação desse fato se apresentaram muitas vezes nos debates e confrontos de ideias, das mais simples às mais complexas, nos quais Eduardo sempre demonstrou uma real abertura para as colocações feitas por seus interlocutores, ouvindo cada um de forma ativa e com uma postura afetuosa no trato das experiências pessoais vividas pelos outros. Nenhuma colocação de terceiros jamais foi tratada com desdém ou menosprezo na defesa de seus pontos de vista com o objetivo pobre de ganhar uma disputa intelectual. Nesse sentido, vou me permitir citá-lo deste próprio livro: Toda linguagem pressupõe uma interação com os demais seres humanos e uma busca de equilíbrio com o universo. Linguagem para estabelecer liames afetivos e linguagem para entender as leis que regem o cosmos
.
Ao contrário, sempre aberto para relações intelectuais de forma afetuosa, por mais divergentes que fossem. O que não significa seriedade fria e impessoal. Muitas das situações tensas que presenciei em debates intelectuais foram redimensionadas e recolocadas em novas perspectivas pelo Eduardo por meio do uso de humor inteligente, com equilíbrio entre timing e intensidade das colocações. Essa não era apenas uma forma barata de fugir ou dar um fim aos confrontos intelectuais. Era muito mais uma forma de encarar e lidar com as dificuldades que envolvem pessoas e vidas diferentes ao se buscar uma solução aos problemas. As pessoas todas têm valores