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A Representação do Mito de Sísifo em O Convidado, de Murilo Rubião
A Representação do Mito de Sísifo em O Convidado, de Murilo Rubião
A Representação do Mito de Sísifo em O Convidado, de Murilo Rubião
E-book169 páginas2 horas

A Representação do Mito de Sísifo em O Convidado, de Murilo Rubião

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Sobre este e-book

O livro A representação do Mito de Sísifo em O Convidado, de Murilo Rubião examina a literatura muriliana sob a perspectiva do mito e também como o mito de Sísifo é representado nos contos de Murilo Rubião, por meio das ações das personagens e da construção de suas narrativas, revelando o modo como esses contos apresentam uma severa crítica social.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de jul. de 2020
ISBN9786555238419
A Representação do Mito de Sísifo em O Convidado, de Murilo Rubião

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    A Representação do Mito de Sísifo em O Convidado, de Murilo Rubião - Aguinaldo Adolfo do Carmo

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO LINGUAGEM E LITERATURA

    À minha namorada, Cybele.

    Aos meus pais, Antônio e Aparecida.

    Aos meus irmãos.

    AGRADECIMENTOS

    À minha namorada, Cybele, pelas palavras de incentivo, pela paciência e pelo apoio durante todo esse tempo.

    Aos meus pais, pela compreensão e apoio.

    Aos meus amigos, cuja força e parceria foram revigorantes.

    Aos meus irmãos, Daniel, Cristina, Adair e Adriana, por acreditarem em mim e me motivarem a seguir sempre em frente.

    Ao meu orientador, Professor Doutor Luciano Dias Cavalcanti, pela paciência, pela grande ajuda e pelos conhecimentos proporcionados.

    Às Professoras Doutoras Cilene Margarete Pereira e Maria Elisa Rodrigues Moreira, em reconhecimento às significativas indicações e esclarecimentos.

    Ao Professor Doutor Altamir Andrade, pelas ricas sugestões.

    Fardo tão grave, para alçar-te,

    O ardor de Sísifo não sobra.

    Por mais que nos lancemos à obra

    A arte é longa e o Tempo é breve.

    (Charles Baudelaire)

    APRESENTAÇÃO

    O que me levou a escolher Murilo Rubião para realizar esta obra? Na verdade, eu não o escolhi; creio que fui escolhido. O primeiro contato que tive com o fantástico foi na adolescência. Naquele tempo, comecei a me interessar pelos clássicos da literatura. Além da brasileira, gostava muito da inglesa e tinha certo preconceito quanto à literatura norte-americana, até que um amigo me apresentou o livro Histórias Extraordinárias, de Edgar Allan Poe. Confesso que hesitei a lê-lo, mas acabei cedendo e percebi que aquele preconceito tolo me fez perder boas oportunidades de leitura. Envolvi-me naquela leitura extraordinária, e, desde então, o fantástico começou a fazer parte da minha vida. Mais tarde, na graduação, tive a oportunidade de trabalhar com Poe em minha monografia. Dessa maneira, comecei a ter contato com a crítica literária referente ao fantástico e decidi, a partir daí, dar seguimento aos meus estudos do gênero dentro da área literária. Quando ingressei no mestrado, já havia decidido que trabalharia com a literatura fantástica. Nesse momento, a ideia era trabalhar com autores brasileiros do gênero; assim, tive de escolher um autor para dar início aos trabalhos. Li várias obras e ainda não havia chegado a um consenso, até que me deparei com Murilo Rubião. Lembro-me de ter lido algum conto dele na adolescência, mas não havia entendido direito e acabei abandonando-o. Quando comecei a reler seus contos, agora já mais maduro literariamente, fiquei maravilhado e decidi que seria aquele o autor com o qual eu trabalharia. Como fazia, e ainda faço, parte do grupo de pesquisa Minas Gerais: Diálogos, que mantém pesquisas literárias sobre autores de Minas, vi que Rubião seria o ideal para o meu trabalho: brasileiro, mineiro e fantástico. Depois disso, veio a ideia de trabalhar com a mitologia, campo pelo qual também sempre me interessei. Assim, como resultado de todo esse meu interesse pelo mundo fantástico, nada mais natural que eu quisesse compartilhá-lo.

    Nesta obra, portanto, busco não só mostrar a relação dos contos de Rubião com o mito de Sísifo, como também procuro discutir temáticas que incidem sobre os contos, como a Mitologia, a Filosofia, religião etc. O livro aborda o mito primitivo, a mitologia grega, a literatura fantástica e alguns pontos filosóficos de autores como Albert Camus e Jean-Paul Sartre. Dessa forma, procuro mostrar como os personagens submetem-se às situações absurdas do cotidiano, seus desdobramentos e enfrentamentos no mundo insólito de Murilo, suscitando temas como o alheamento do indivíduo na sociedade e o universo circular do autor.

    O autor

    PREFÁCIO

    O mágico Rubião e o mito de Sísifo

    Caro leitor, a publicação do estudo de Aguinaldo Adolfo do Carmo, A representação do Mito de Sísifo em O Convidado, de Murilo Rubião, vem em boa hora. Este estudo, originário de uma dissertação de mestrado em Letras, defendida na Universidade Vale do Rio Verde, foi encerrado justamente em 2016, ano em que se comemorou o centenário do mágico Murilo Rubião. Dada a riqueza da obra de Rubião e sua importância no cenário literário brasileiro, por que não continuarmos a celebrar esse grande autor, que acaba de fazer 100 anos, e levar aos seus apreciadores e a novos leitores uma análise crítica de seu livro de estreia?

    O autor mineiro é considerado o precursor do realismo mágico no Brasil e, para muitos, foi quem primeiro desenvolveu esse tipo de narrativa na América Latina, antecipando grandes autores como Jorge Luís Borges, Julio Cortázar, entre outros. Murilo Rubião também é conhecido pelo rigor ao escrever suas narrativas. O autor tinha como hábito reescrevê-las inúmeras vezes, sempre com o intuito de aprimorá-las, até a exaustão. Rubião é um autor fundamental para nos ajudar a decifrar o cotidiano absurdo em que vivemos com certa naturalidade. É pelo seu apuro técnico e sua argúcia analítica do modo de vida moderno que o escritor transfigura a vida cotidiana em suas narrativas fantásticas, como se colocasse uma lupa em nossos olhos, revelando-nos o absurdo da nossa existência.

    Para analisar os contos que compõem O Convidado, Aguinaldo do Carmo traça um percurso bastante interessante e profícuo, que nos possibilita compreender muito bem um conjunto de vetores com o qual Murilo Rubião elabora as narrativas.

    Em seu segundo capítulo, Considerações sobre o fantástico na literatura, o leitor tem acesso a um amplo panorama de como a narrativa fantástica construiu-se em seu processo de formação histórica. Para isso, o ensaísta utiliza-se de uma farta e imprescindível bibliografia sobre o tema (com é exemplar o clássico ensaio de Jean-Paul Sartre, "Aminadab, ou o fantástico considerado como linguagem", entre outros), de maneira a revelar os processos de formação do gênero fantástico. Assim, chega até a literatura brasileira e revela como Rubião insere-se nessa tradição de maneira diferenciada, rompendo com a predominância do realismo em nossa literatura.

    Em seu terceiro capítulo, O mito e a literatura, o ensaísta trata da relação do mito com a literatura, traçando ricos paralelos entre as duas percepções do mundo. Como sabemos, os mitos nos atingem, principalmente, por meio da memória coletiva, veiculados pela tradição clássica e/ou arcaica dos povos primitivos, ou por sua transposição para uma forma literária, o que possibilita a sua permanência, seu desenvolvimento e sua atualização. Dessa maneira, há no mito um caráter especificadamente estético, no sentido de que a mitologia pode ser vista como a matéria da qual se originou tudo, o elemento primário, terreno e modelo para a literatura. O retorno da mitologia na literatura moderna, por exemplo, aponta para captação do essencial do drama humano por meio do mitológico, seja ele utilizado como tema, motivo de enriquecimento estético, modo de materialização referencial, elemento criativo e divulgador, como também por sua universalidade, atemporalidade etc. Além desses pressupostos, podemos dizer que, quando um ficcionista recorre ao mito em seus textos, está, na verdade, em busca de um elemento intemporal e exemplar para o drama do homem no seu tempo.

    Em todas as civilizações, os mitos são fontes de inspiração para os mais diversos tipos de expressões artísticas, assim como as fantasias e criações imaginárias dos sonhos são também estímulos à atividade artística. Ao se relacionar com o mito, a literatura tende a explicar, a clarificar e a desenvolver algo que havia nascido de forma fragmentária e, por vezes, de modo pouco coerente. Logo, a literatura está estreitamente associada à dimensão mítica, porque uma das fortes marcas da natureza literária (como a do mito) é promover o encontro do indivíduo com a memória profunda (anamnese) da cultura. Esse encontro permite ao homem pensar sua vivência individual e coletiva, e questionar tanto o seu próprio destino como o da humanidade. Como aponta Mielietinski, outra importante característica do mito que podemos associar à literatura diz respeito à transformação do caos em cosmos, que pode ser considerada a própria essência do mito. Dessa maneira, a principal destinação da mitologia é explicar o lugar do homem no mundo de modo que se procure encontrar o equilíbrio na desordem vivenciada por ele. Assim como as metáforas, o mito exerce a função de fazer falar os níveis mais profundos do ser humano. Por meio da expressão simbólica, o homem pode vislumbrar seus questionamentos mais íntimos, que também são universais.

    É por meio da história do mito de Sísifo, que metaforiza e/ou simboliza a experiência do homem no mundo, que Aguinaldo do Carmo propõe a chave interpretativa para a análise da obra de Murilo Rubião. Aquela em que o indivíduo vivencia, em toda a sua existência, o eterno retorno, o trabalho circular, repetido diariamente sem nenhum sentido.

    No seu capítulo analítico, após o ensaísta nos ter esclarecido sobre as várias questões sobre o fantástico e a relações entre o mito e a literatura, adentramos nas análises imanentes de vários contos de O convidado. No conto homônimo

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