40 Ideias de periferia
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40 Ideias de periferia - Tiaraju Pablo D'Andrea
quebradas.
01
A periferia sempre foi o território-Outro do pensamento hegemônico. Na década de 1990, quando corpos negros masculinos eram os principais alvos de um genocídio perpetrado pelas elites que comandam o Estado, a periferia e seus habitantes foram estigmatizados como violentos. Nos anos 2000, quando algum escasso recurso começou a circular nesses territórios, porém nada mais do que o mínimo para viver com dignidade, seus moradores foram taxados de consumistas. Anos depois, pesquisas de opinião detectaram fortes críticas ao Estado e também o aumento de negócios próprios nesses territórios. Com direito a grandes manchetes, a periferia tinha virado liberal. Em 2018, após a eleição de um presidente de extrema-direita, uma parcela dos setores progressistas acusou a periferia de ter votado no candidato vencedor. O dado frio apontava que nesses territórios 30% da população não foi votar, votou em branco ou anulou seu voto. Não importava. O que se fazia necessário naquele momento era apontar responsáveis. A periferia tinha virado conservadora. Em 2020, quando aportou no Brasil uma das mais graves crises sanitárias da história, é na periferia que morre a maioria das vítimas. Uma narrativa se consolida na sociedade de que o problema era de seus próprios habitantes, que não cumpriram as regras de isolamento social. Periferia tinha virado promíscua. Violenta, consumista, liberal, conservadora, promíscua. Periferia foi sempre taxada, catalogada, classificada. Mudam os tempos históricos, a narrativa de culpabilização da vítima continua. E a culpa é sempre do Outro.
02
Periferia é complexo de contradições. A produção capitalista do espaço destinou os terrenos mais baratos às pessoas mais pobres. Em aproximadamente oitenta anos, os territórios periféricos foram formados por uma grande leva migratória de nordestinos, negros, índios, brancos pobres e imigrantes. O encontro de diversas experiências produziu uma explosão criativa na produção da vida. A periferia é heterogênea culturalmente, mas possui sinais diacríticos de distinção que permitem o reconhecimento mútuo entre quem habita esses espaços. No entanto, no âmbito econômico, a imensa maioria pertence à classe trabalhadora. São os despossuídos dos meios de produção, inseridos nos mais baixos postos da esfera produtiva. Estamos falando de garis, pedreiros, porteiros, babás, empregadas domésticas, funcionárias públicas, estagiárias, vendedoras de lojas, profissionais do telemarketing, motoristas de aplicativos, entregadores, motoboys, operários, pequenos comerciantes, ambulantes, vendedoras, feirantes. Há também os desempregados, os aposentados, as donas de casa. Quem, por um acaso, se torna profissional liberal, comerciante ou empreende qualquer outro ofício que o faz melhorar de vida, quase sempre muda de bairro, repetindo um ciclo vicioso. Cabe, no entanto, um comentário: nenhuma expressão cultural está desconectada das condições econômicas de quem a produz. No mesmo âmbito, toda produção econômica é também cultural. Entre proximidades e distanciamentos, o dilema da população da periferia é compreender o que a separa e o que a une.
03
Periferia é o conjunto de várias quebradas. O ponto de partida da análise do fenômeno deve ser o território. Em uma cidade tão desigual como São Paulo, pode ser definida como uma vasta região de mais de 6 milhões de habitantes onde comparativamente se localizam os espaços mais empobrecidos. No