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Cobe: Cobe, #1
Cobe: Cobe, #1
Cobe: Cobe, #1
E-book220 páginas3 horas

Cobe: Cobe, #1

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Sobre este e-book

Às vezes a vida está uma droga, e aí piora.

Após ser deixado para morrer por seus amigos, Cobe retorna para sua vila e a encontra deserta. O que aconteceu com sua família?

Sem amigos além de um cão vadio, chamado Sortudo, Cobe não tem esperanças de sobreviver, até que Adriana lhe dá um tiro na coxa.

Como as coisas poderiam piorar? Nunca faça uma pergunta para a qual não deseja a resposta.

Leia Cobe: A Maldição de Kampot para descobrir se ele um dia encontra a felicidade.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento31 de dez. de 2020
ISBN9781071581964
Cobe: Cobe, #1

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    Cobe - Greg Alldredge

    O Túmulo:

    Azarado, se estiver desperdiçando nosso tempo, eu quebro seu pescoço que nem um graveto.

    Cobe odiava ser chamado de Azarado. O único problema, no entanto... era Marion que o estava chamando assim. Se Cobe fosse duas vezes maior, ou Marion duas vezes menor, ele talvez acabasse com ele. O maior problema com essa teoria era: Cobe era um pequeno covarde, e Marion, um grande valentão. Além disso, Marion carregava uma barra de metal tão alta quanto Cobe. Se e quando ele tentasse se vingar de Marion, Cobe faria questão de fazê-lo com calma, e prolongar a dor de Marion. Ele faria mais questão ainda de que Marion estivesse dormindo antes, e de que a barra não estivesse por perto.

    Olhe, eu já disse o que encontrei. Já disse que não consigo abrir sozinho. Deve ser algo enorme pra ter uma pedra tão grande bloqueando. Cobe tentou usar a lógica. Ele deveria saber que isso jamais funcionaria com aquele grupo. Neste vilarejo, ele jamais encontrara uma grande variedade de pessoas para fazer amizade, as opções eram escassas. Parecia que todos os colegas de sua idade tinham músculos demais e cérebro de menos. Cobe desejava um dia encontrar alguém tão inteligente quanto ele, mas parecia destinado a falhar nessa busca.

    Seus pensamentos foram interrompidos por uma bola de lama arremessada contra seu crânio. Maldição, quem jogou isso? Se não querem ir abrir esse túmulo comigo, podem ir todos se foder, e eu me viro pra fazer isso sozinho.

    Fica calmo, Azarado, estamos só nos divertindo um pouco. Se você não ficasse estressadinho tão facilmente, talvez achasse a vida mais divertida. Aquele era Edie, ele não era nem de longe tão ruim quanto Marion, mas ainda assim, sabia ser um cretino. Cobe sonhava em se esgueirar para dentro da casa de Edie à noite e cortar a garganta dele, mas ele nunca criou a coragem de fazê-lo.

    Cobe continuou pelo caminho que subia todos os dias desde que começara a vigiar o rebanho da Matrona. Normalmente, ele subia até os vales mais altos, assim passava os dias em paz, longe dos imbecis da vila, como Marion, Edie e o resto. Ele os tolerava desde que conseguia se lembrar. Os cinco cresceram juntos: Cobe, Marion, Edie, Alon e Zibilly. Havia sido uma infância e anos escolares torturantes, e agora tudo apontava para uma vida adulta infeliz.

    Ele abandonaria o vilarejo isolado se tivesse algum lugar para ir, e a coragem de fazê-lo. Irritado, ele puxou discretamente um pedaço de carne seca de um dos bolsos secretos escondidos em seu casaco. A comida o ajudaria a manter o foco na tarefa e longe de matar os outros.

    De certa forma, Cobe se considerava sortudo. Ele poderia estar na mesma situação de Zibilly. Quando tinham por volta de oito anos, Marion espancou tanto Zibilly que o garoto não falara uma palavra desde então. Se sua mãe não fosse a Matrona do Vilarejo, Cobe tinha certeza de que Marion o teria banido para o deserto.

    Oh, como ele desejava que sua mãe tivesse sido alguém influente. Depois de ela fugir com o ferreiro, seu pai caiu no fundo de uma garrafa de bebida e nunca mais saiu de lá. Cobe achava que era melhor esquecer seu sobrenome inútil e ficar só com o primeiro nome. Um dia, as pessoas vão temer meu nome!

    Que droga, Azarado, quanto mais vamos ter que andar? Estou ficando cansado disso, e faz só uma hora que saímos. Alon, que nunca fora um dos meninos mais fortes, agarrara-se à camisa de Marion quando criança e nunca mais soltara. Ele virou seu perfeito servo. Cobe tinha Certeza de que iria longe na vida. Isso se conseguisse tirar os lábios dos pés de Marion o suficiente para ir atrás de seu próprio futuro.

    Eu já disse que leva um tempo pra chegar no vale. Eu faço essa viagem todos os dias. Se você não fosse um maricas, não seria um problema.

    Cobe estava certo de que havia cometido um erro ao chamá-lo de maricas, mas aquilo o tinha feito bem. Pelo menos até que mais uma bola de lama o atingiu.

    Pronto para a briga, ele se virou rapidamente, preparado para socar quem tinha arremessado a lama, até ver Alon de pé em frente a Marion, armado com mais duas porções de terra.

    Se não parar com isso, não vou mostrar onde o túmulo está. Eu levei três anos pra encontrá-lo por acaso. Quanto tempo você acha que vai levar pra você achar?

    Marion riu enquanto falou. Só anda logo, seu merdinha. Se não nos levar lá, vamos te espancar você até nos dizer o que queremos saber.

    E te estuprar depois que desmaiar. Alon foi um pouco longe demais para o gosto dos outros. Eles o encararam com olhares inquisidores.

    Cobe virou e continuou a dura subida sob a lua cheia. Ele xingou enquanto mordia a carne seca, baixo o suficiente para que o grupo de jovens atrás dele não pudesse ouvir. Cobe pensara em um plano especial, todinho para o babaca do Alon. Ele de alguma forma colocaria drogas no jantar da família, mas não sabia o que ou como, e, quando estivessem apagados, os trancaria na própria casa e poria fogo em tudo. Isso lhes mostraria com quem se meter!

    Três horas depois, a lua cheia quase alcançava seu zênite no céu noturno. Mais abaixo, no vilarejo, o ar ficava bem mais denso, mais quente, e opressivo à noite. Aqui nos altos vales, subia um frio no ar noturno, que trazia arrepios à pele exposta. Cobe fora esperto o suficiente para trazer seu casaco favorito e um cachecol para se proteger. Os outros, não. A trilha subindo o cânion íngreme os fazia suar, suor este que rapidamente evaporava na noite clara e gelada. Cobe sorriu ao ouvir a respiração chiada dos outros no ar frio e rarefeito.

    Falta quanto? Se não houver nada no fim desse caminho, você vai se arrepender. Marion nunca fora o mais brilhante dos rapazes, mas suas ameaças sempre pareciam muito mais leves que as consequências. Ele espancava qualquer um que o desagradasse. Ele cresceu tanto que se tornou o homem mais forte na vila, então até homens mais velhos lhe davam muita folga.

    Eu até diria pra você tirar a calcinha do rego, mas mulheres tendem a reclamar menos que vocês. Já adianto que é só subir mais aquela montanha ali. Fica naquele afloramento de rochas que vemos contra o céu.

    Em pouco tempo, Cobe escalou a parede da montanha acima, sempre se movendo. Fez com que fosse mais difícil as bolas de lama acertarem o alvo. Ele até teria subido mais rápido, mas precisava ficar sempre esperando os outros quatro.

    Os outros passaram as vidas no vale abaixo, vivendo do dinheiro de suas mães. Cobe os considerava mais inúteis que os animais que pastoreave – pelo menos os animais forneciam carne, lã e couro. Pelo deus adormecido, ele odiava esses quatro. Se houvesse qualquer outra pessoa a quem pudesse pedir ajuda nesta pequena aventura, ele teria pedido.

    Se conseguisse pensar numa forma de prendê-los nesse remoto vale nas montanhas e não ser pego por isso, ele o faria numa fração de segundo. Não conseguia se lembrar quantas noites passara acordado, pensando em suas mortes. Se rezasse, daria qualquer coisa para enviá-los para o Tormento. Ele vivera no Tormento a vida inteira.

    Cobe nunca pensara muito a respeito, mas se o fizesse, talvez tivesse mudado de ideia a respeito dos colegas. Seu vilarejo era tão remoto e pequeno que os cinco rapazes tinham laços de sangue. O fato é que era raro novas pessoas se juntarem à sua pequena comunidade, e isso fazia com que casamentos consanguíneos fossem uma realidade. Os homens eram todos primos, mesmo que Cobe não o quisesse admitir. Compartilhavam o mesmo cabelo liso e escuro, a mesma pele morena, até mesmo as mesmas características faciais; olhos meio juntos e um nariz amassado.

    Ele provavelmente passara uma quantidade de tempo nada saudável pensando em como poderia assassinar os primos enquanto dormiam. É claro, tinha que ser enquanto dormiam. Não tinha jeito de vencê-los numa luta justa. Sanidade ou covardia pareciam sempre refreá-lo em sua vingança em busca de justiça.

    Aqui está. Cobe estava de pé sobre uma pedra maior que os cinco rapazes juntos.

    É só isso? Marion parou e inspecionou o tamanho da rocha à frente deles.

    Zibilly balançou a cabeça, olhando para Cobe com aversão.

    Alon parou com as mãos nos quadris, ainda armado com as pelotas de terra. É só uma pedra que caiu da lateral da montanha.

    Edie, sendo o esperto da turma, ao menos se deu ao trabalho de inspecionar a área em volta da rocha antes de comentar, Não, acho que tem alguma coisa, uma abertura por trás da pedra. Consigo ouvir um assobio, como se tivesse ar soprando em volta dela.

    Talvez sejam só os gases sendo soprados da bunda do Azarado. Alon sempre precisava apelar.

    Edie acenou em concordância. Possivelmente, mas o Cobe pode ter achado alguma coisa. Devíamos pelo menos tentar dar uma olhada.

    E como é que vamos mover essa rocha? Deve pesar mais que uma casa. Marion deu um tapinha na rocha com a palma da mão.

    Cobe indicou a rocha com as mãos. Podemos mover algumas das pedras que estão em volta, e usar essa barra de metal que você trouxe como uma alavanca.

    Marion olhou para a barra. Uma o quê?

    Cobe decidiu que não viveria tempo o suficiente para explicar vantagens mecânicas simples para Marion. Se tentasse, o sarcasmo em sua voz o faria ganhar uma surra. Ele não queria que esta aventura terminasse com ele perdendo a fala ou pior. Usando o cérebro ao invés da força, ele pulou da pedra, pegou a pesada barra de metal da mão de Marion e encontrou um ponto de apoio.

    Nós empurramos aqui, e toda vez que abrimos uma fresta nós enfiamos uma pedra no espaço para segurar a rochona no lugar. Quando tirarmos o peso de cima das pedras menores, podemos tirá-las com as mãos.

    Cobe via a fumaça enquanto Marion tentava seguir seu raciocínio, uma expressão vazia em seu rosto. Se não fosse por Edie e Zibilly, Cobe teria desistido e sairia em busca do rebanho. No entanto, todos trabalharam duro, alavancando, empurrando, enfiando pedras. Aos poucos o esforço começou a dar frutos, criando uma fresta entre o pedregulho e as pedras menores que preenchiam o vão. Antes que uma ou duas horas se passassem, um espaço se abriu o bastante para que os dois rapazes menores, Cobe e Alon, conseguissem se espremer para dentro.

    Me passe aquele embrulho, eu trouxe umas tochas. Cobe estendeu a mão para Zibilly, pedindo o fardo de tochas.

    Edie, rápido com a pederneira, acendeu duas tochas quase imediatamente.

    Está pronto para isso? Quer ir primeiro? Cobe ouvira várias histórias de fantasmas e contos contendo avisos para ladrões de túmulo, mas se achassem algo de valor, ele talvez escapasse daquele buraco de trinta famílias que chamava de lar.

    Cobe não se importaria nem um pouco de deixar Alon ir na frente, mas a decisão não coube a ele. Marion, Edie e Zibilly o pegaram, ergueram sobre as cabeças e o jogaram de cabeça no vão para dentro da caverna. A tocha voou para dentro após sua entrada, o fogo o chamuscando de leve.

    Depois de xingar, pegar a tocha, e tentar se orientar, seu coração afundou. O túmulo parecia vazio. Alguém fora mais rápido que eles para pegar o tesouro.

    Um passo de cada vez, ele adentrou mais fundo na caverna vazia, consciente de que o próximo passo poderia ser o último. Ele não encontrou nada. Focado no espaço vazio, não pôde deixar de dar um pulo quando ouviu a voz de Alon atrás dele.

    Cadê o tesouro? Alon nunca fora particularmente talentoso em esconder suas emoções.

    Cobe o ignorou, a última coisa que queria era discutir com um babaca.

    Eu perguntei cadê todo o tesouro que você prometeu?

    Cobe nem chegara ao fundo da pequena caverna. Ele soltou um suspiro profundo e se virou para confrontar Alon pela última vez, assassinato em primeiro plano em sua mente. Ele não viu a tocha indo em direção à sua cabeça. Quando a cabeça em chamas da tocha acertou Cobe no lado direito do crânio, seu cabelo foi chamuscado até o couro cabeludo, e um estalo alto ecoou pela caverna.

    Sua última memória: Alon xingando enquanto fugia da cripta.

    A Loja:

    A vários dias de viagem de onde Cobe se encontrava desacordado, Adriana passou os olhos por sua loja mais uma vez, colocando o melhor trabalho que já tinha feito no balcão. Estava orgulhosa de seu sucesso. Desde que assumira os negócios da mãe, trabalhara dia e noite para construir uma reputação respeitável. Levara meses de trabalho, mas finalmente obtivera uma comissão para criar uma intricada caixa de música com duas dançarinas no topo, com a melodia de uma canção popular incluída no mecanismo.

    Agora aquele trabalho se encontrava embrulhado no papel de melhor qualidade que conseguira encontrar. Se a venda desse errado, poderia perder a loja e voltar para as ruas, consertando as criações de outras mulheres, como sua mãe fizera no início. Isso poderia lhe pesar mais do que suportaria.

    Por garantia, ela pegou o precioso embrulho e o colocou embaixo do balcão. Ela se retirou para os fundos da loja para ter certeza de que a forja estava desligada pela última vez. Sua mãe lhe advertira que a forja era perigosa, e Adriana levava o aviso a sério. Ela sempre verificava três vezes antes de sair.

    Ela fazia muitas coisas três vezes. Ela contava o troco três vezes, lia um contrato três vezes antes de assinar, e sempre verificava a forja três vezes antes de sair da loja. Quando estava muito estressada, podia acabar contanto em silêncio coisas irrelevantes enquanto caminhava, postes pareciam ser seus favoritos para isso. Contar objetos lhe dava uma sensação de controle em um mundo de outra forma tão fora de controle.

    Enquanto estava nos fundos, ela ouviu a porta da frente abrir e o pequeno sino que instalara tocar uma melodia perfeita, pois ela o verificara três vezes. Só um momento, logo estarei com vocês, disse em voz alta. Ela detectou um farfalhar e risadinhas baixas de uma voz profunda.

    Fique tranquila, sem pressa. Nós podemos nos virar, veio a vozinha irritante de um homem lá da frente.

    Ela verificou a forja pela terceira vez, e um sentimento levemente desconcertante a dominou. Ela pegou o atiçador para levar consigo, por garantia. Ela enfiou a cabeça pela porta, e lá estava o homem mais parecido com uma fuinha que vira na vida. Atrás dele, bloqueando a entrada, estava um bloco de carne um pouco maior que a própria porta. Ela não se surpreenderia se a criatura tivesse sangue de dragão correndo em suas veias. Posso ajudá-los? Esses dois não pareciam seus típicos clientes que gostavam de caixinhas de música.

    O Fuinha vestia um casaco feito de pele de algum animal morto, ou talvez de vários, todo costurado em um padrão caótico e louco de retalhos. Ele coçou o queixo, que era coberto por uma barba de cinco dias cheia de falhas. A melhor forma de descrever seus olhos seria como pequenos e famintos. Ele varreu a pequena área de vendas com o olhar, absorvendo os detalhes dos seus arredores. Adriana muitas vezes tinha

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