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Coletânea: Retalhos do Caos: REFLEXÕES E MEMÓRIAS SOBRE A PANDEMIA DA COVID 19
Coletânea: Retalhos do Caos: REFLEXÕES E MEMÓRIAS SOBRE A PANDEMIA DA COVID 19
Coletânea: Retalhos do Caos: REFLEXÕES E MEMÓRIAS SOBRE A PANDEMIA DA COVID 19
E-book219 páginas2 horas

Coletânea: Retalhos do Caos: REFLEXÕES E MEMÓRIAS SOBRE A PANDEMIA DA COVID 19

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Sobre este e-book

Aqui estão opiniões e depoimentos de representantes de diversos segmentos da sociedade, cada um mostrando suas peculiaridades e a maneira como se adaptou a mudanças impositivas e necessárias, como isolamento e distanciamento social.
Algumas, expõem fortaleza; outras, fragilidade. Notam-se momentos de desalento, solidão, incertezas, descrições da realidade nua e crua de um país de grandes desafios econômicos e sociais e onde muitos foram surpreendidos pela pandemia sem trabalho, sem renda, e seguem vivendo com o pouco que conseguem, seja através de doações, ações de governo ou pequenos bicos; o que minimiza as dificuldades.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de jan. de 2021
ISBN9786558590231
Coletânea: Retalhos do Caos: REFLEXÕES E MEMÓRIAS SOBRE A PANDEMIA DA COVID 19

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    Pré-visualização do livro

    Coletânea - Antonio Almeida

    Vírus

    2020 – O Ano sem Fim

    Elaine Maria Machado¹

    Ainda com os resquícios de 2019, que para muitos foi considerado um ano pesado, este novo ano começou. Na bagagem, restos de desilusões e desencantos do anterior. Carregando fardos pesados, o início de cada ano é sempre uma esperança de dias melhores, de lutas a serem vencidas, de superação e conquistas. Foram festas, comemorações, promessas e o sonho de que tudo seria diferente, as coisas melhores chegariam e, ao longo dos dias, as batalhas seriam ganhas e os obstáculos superados. Não tardou e o desencanto chegou. Muito além das águas que banham o litoral brasileiro, bem distante das belíssimas praias, muito afastado dos nossos costumes, ele chegou! Tão minúsculo, invisível a olho nu, tornou-se tão grandioso a ponto de fazer a humanidade cair ao seu contato. A realidade naquele lugar com costumes e cultura tão diferentes, a população começou a arder num inferno queimando em vida! Aqui, agora, no meu home office, não sei se estou fazendo um conto, uma crônica ou um relato dos problemas causados por ele.

    O tempo está passando com uma velocidade tão grande que nem parei para pensar em sinais de pontuação e organização dos parágrafos. Está saindo tudo numa correria desenfreada como os corpos saem dos hospitais para o cemitério. Todos estamos carregando nos ombros os desencantos deste terrível momento e não temos a certeza de quanto tempo isto ainda se arrastará entre nós. Ele ultrapassou barreiras, voou por entre as nuvens atrelado às pessoas inocentes, navegou pelos mares do desespero e chegou até nós; bateu à porta e, sem que atendêssemos foi entrando em nossas vidas e, sob o olhar tenebroso de cada pessoa, foi se espalhando. Instalou-se nos continentes. Contaminou o mundo de canto a canto, atingiu os grandes centros e foi chegando de mansinho numa certeza de que a vida de cada um seria ceifada por ele muito antes que eles pudessem imaginar. Matou e continua exterminando pessoas. O mundo ficou contaminado e pede socorro! O surto acelerado da doença está dominando tudo. Alguns leigos ainda pensam ser algo simples de se combater, até arriscam receitar isto ou aquilo para digladiar esta mamonazinha tão potente e indesejável que assola as pessoas, mas a medicina alerta para o grande caos que invadiu o mundo e orienta que apenas com o distanciamento social e muita ponderação poderemos combater e tirar este intruso do nosso caminho. O ano está na metade, porém parece que não tem fim diante da tempestade que aniquila as pessoas; a cada caso anunciado, uma tempestade cai sobre a cabeça da população que, aos poucos, tenta retomar a rotina, numa sobrevivência forjada, com o pânico de ser contaminado pelo coronavírus. Cientistas do mundo todo estão numa corrida desenfreada em busca da vacina, embora com poucos resultados positivos.

    Artistas tentam amenizar o caos com programações virtuais, porém estas já estão se tornando rotineiras visto o cansaço mental de qualquer um. A maioria em seus lares, trabalhando com a ajuda da internet como podem; aulas suspensas, professores se qualificando e ministrando aulas à distância, mães se reinventando para acompanharem os filhos e é a vida que segue seu destino conforme as medidas de prevenção vão sendo renovadas. As famílias estão sempre juntas, desde março, quando o país acordou com a pandemia. As crianças estão presas nos apartamentos sem ao menos poderem visitar o playground do prédio onde moram; os animais de estimação sem poderem sair para o passeio matinal; as idas ao supermercado somente uma vez por semana. Muitos estressados à espera de uma solução que nunca chega e, pelo visto, está muito além das expectativas; mesmo assim existem aqueles que insistem em achar que é apenas uma gripezinha e desafiam promovendo festas, indo ao shopping em descumprimento das normas de saúde da ONU – Organização Mundial da Saúde. Hoje vi que além mar, onde tudo começou, no foco da situação caótica, em que milhares de vidas foram vencidas, após o controle e a liberação da quarentena, outros focos surgiram e o lock down voltou e pensar que aqui ainda nem ultrapassamos o pico da doença. É estarrecedor pensar em uma vida normal para este ano. Estamos em junho e pelo que parece, este ano não terá fim. Estamos prisioneiros de uma mamona assassina que chega, não pede licença, entra nas casas e leva vidas. Até quando? Não Sabemos... O mundo pede socorro!


    1 Membro da ANALE (Academia Anapolina de Letras) cadeira nº 26 e da UBE (União Brasileira de Escritores)

    2020: de repente... O mundo Parou!

    e fez Movimentar uma Grande

    Corrente de Solidariedade!

    Sandra Rosa

    2020 começou de um jeito que ninguém esperava. O mundo literalmente parou, por causa da terrível pandemia da Covid-19. Um inimigo invisível fez um estrago no mundo inteiro, e continua fazendo, ceifando vidas preciosas, sem pedir licença!

    Ainda no final de 2019, teve-se notícia de que um vírus perigoso, denominado coronavírus, estava circulando na China. O caso veio à tona por meio de um médico que foi a óbito, vencido pela doença, nomeada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de Covid-19 (Corona VIrus Disease – Doença do coronavírus –, já o 19 se refere a 2019, ano em que os primeiros casos de Wuhan foram divulgados pelo governo chinês).

    O que se seguiu foi a propagação do coronavírus mundo afora, de maneira incontrolável, invadindo todos os países, obrigando governos a declararem quarentena, mediante distanciamento social, o quê, segundo epidemiologistas, enquanto não se desenvolve uma vacina, é a única maneira de se evitar o colapso no sistema de Saúde.

    Em todos os continentes, os casos aumentavam, dia a dia, o que levou a OMS a declarar uma Pandemia. Assim, o comércio e indústrias foram fechados, causando desemprego e muitos problemas econômicos.

    A população mundial estava refém do inimigo. As cenas que se viam nos telejornais eram de caos e horror. Países registravam mais de 1.000 óbitos, diariamente, incluindo profissionais da Saúde da linha de frente, na luta pela vida de seus pacientes, muitas vezes sem equipamentos de proteção adequados.

    As pessoas tiveram que se reinventar: quem tinha possibilidade, passou a trabalhar em casa (home office), dividindo-se entre as tarefas domésticas e o trabalho (profissional), já que, em consequência do isolamento social, os prestadores de serviços domésticos não poderiam se deslocar.

    Os professores do sistema público de ensino e dos estabelecimentos particulares tiveram que se desdobrar para levar aos alunos as aulas online, graças às inovações tecnológicas, via internet. Quantas lições aprendemos com isso! Apesar de sabermos que milhares de crianças ficarão no prejuízo, por ainda não terem acesso à internet.

    Entre os meses de março e junho de 2020, o Brasil praticamente parou. Em algumas capitais, o que se viam eram os enterros coletivos e os hospitais sobrecarregados. Nesse perío-

    do de quase quatro meses, foram registrados mais de 50 mil óbitos, oficialmente falando, porque, segundo especialistas, esse número pode ser ainda maior.

    Em meio a tantas informações desencontradas, vindas dos órgãos de Saúde, a população se viu perdida, sem emprego, sem ganha-pão, sem dinheiro, muitas vezes, sem ter o que comer. Apenas o auxílio emergencial do governo não foi suficiente, era preciso mais.

    E, em tempos tão incertos, só se tinha uma certeza: era preciso fazer algo, e o que se viu foi uma corrente de solidariedade, com milhões de elos, não somente no Brasil, mas em todos os continentes! A população, os comerciantes, os industriais se uniram em prol dos mais necessitados, por acreditarem que juntos somos mais fortes, e levaram esperança a muitas famílias, em forma de alimentos e produtos de higiene pessoal.

    Grandes empresas se associaram e construíram hospitais de campanhas equipados; redes hoteleiras ofereceram hospedagem aos profissionais da Saúde que não podiam voltar para casa, para evitar contaminar suas famílias, de modo que nos foi possível aprender que em momentos de dificuldades, não devemos esperar pelo governo, temos que ser uns pelos outros, sempre colocando a vida em primeiro lugar, pois economia se recupera e se reinventa, ainda que em médio ou longo prazo, mas a vida perdida não se pode trazer de volta.

    E tudo isso tem impacto na vida de cada um de nós. Depois dessa pandemia, nunca mais seremos os mesmos. Assim como não continuaram os mesmos todos os que passaram por momentos de crise em outros tempos, como nos casos das guerras, da gripe espanhola ou do holocausto.

    A partir de agora, teremos outra visão sobre a importância da Ciência e dos profissionais da Medicina.

    E qual principal lição devemos tirar disso tudo? Muito simples: a VIDA deve prevalecer sobre a economia de um país! De uma falência, é possível se recuperar, mas da morte, não!

    Uma imagem que ficou gravada na memória de muitos é a do papa Francisco, atravessando a Praça são Pedro, sozinho, em direção à imagem de Cristo. Na ocasião, fiz um poema:

    Quem era aquele que caminhava

    pela Praça de Pedro

    arrastando seus passos lentos

    como a carregar sobre si

    as dores de cada um

    e do mundo inteiro?

    Enquanto seguia

    em procissão solitária

    uma chuva fina caía

    como lágrimas de mãe

    que chora os filhos seus

    As lágrimas que desciam do céu

    banhavam as pedras da Praça de Pedro

    como a lavar o cheiro de morte

    e acalentar a tristeza de todos e de cada um

    Aquele era Francisco

    que ia ao encontro da Cruz

    prostrar-se sob o pés de Cristo

    acompanhado à distância

    por milhões de olhares perplexos

    ansiosos por derrotar o inimigo invisível

    que aterroriza a humanidade!

    A Cura

    Winnie Cardoso Pimentel

    Brigou, saiu de casa, a menina decide viver seu próprio isolamento, ora trabalho, ora seu novo lar!

    Mantém o mundo cinza como pintou. As paredes de sua casa eram acolhedoras, isentas de cobrança, isentas de culpados. Era só ela, sem toques e sem abraços.

    Havia vozes que ecoavam na caixa controlável, bastava apertar os botões: novela de romance com traição, assassinato, um milhão de reais, mais assassinatos; ela não se impressionava, comum, eram histórias repetidas com personagens diferentes. Havia som de motores, passavam urgentes carregando vidas apressadas, afinal, tempo é dinheiro e a cidade não para.

    Ninguém podia vê-la ali, apática; sua rotina era estressante: metas sobre metas na empresa, não se alimentava bem, dormia mal, vivia uma contagem regressiva para o dia final. Falava pouco aos pais que amava sobremaneira, faltosa aos que se importavam com aquele coração.

    A menina acorda, o mundo cinza que ela pintou se tornou vermelho, vermelho sangue. Assim as caixas alarmavam: morte disseminada? O ar que alimenta não é agora confiável? Transmite pelo toque? Covid- 19? Ela clama a proteção de Deus.

    Sofrimento, isolamento, impotência, quanta dor, a menina chora, e o isolamento designado a ser só dela, agora, pertencia a todos. Trancafiada no medo gemia, noites insones, olhos amedrontados, falta de ar.

    As caixas vomitavam o caos sem controle, os botões agora eram inúteis, todas as falas eram iguais: morte, incompetência, insuficiência.

    Não havia mais som de motores, não havia pressa, não podiam pagar o preço, o mundo parou.

    Chorava copiosamente ansiando pelo calor da vida de seus pais, pelos abraços apertados; as paredes agora sufocavam;

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